Concorrência estrangeira pressiona indústria do aço brasileira: setor clama por medidas de proteção

Concorrência estrangeira pressiona indústria do aço brasileira: setor clama por medidas de proteção

A indústria brasileira do aço atravessa um momento crítico. Com o crescimento das importações e a intensificação da concorrência externa – especialmente com o aço subsidiado vindo da China –, representantes do setor siderúrgico e da indústria de transformação alertam para riscos imediatos à sustentabilidade da cadeia produtiva nacional. Além da ameaça à competitividade, há preocupação com impactos diretos no emprego, arrecadação e investimento industrial.

Alerta vermelho para o aço nacional

Segundo dados recentes da Associação Brasileira da Indústria Processadora de Aço (Abimetal) e do Sindicato Nacional das Indústrias de Trefilação e Laminação de Metais Ferrosos (Sicetel), o Brasil está se tornando um dos principais destinos do excedente de aço produzido por países asiáticos. A entrada crescente desses produtos, muitas vezes com preços artificialmente baixos, acendeu o alerta entre empresários brasileiros.

“Se o Brasil não adotar medidas efetivas para conter essa concorrência desleal, há um risco real de desindustrialização. Precisamos urgentemente de políticas públicas que protejam a cadeia do aço e toda a indústria de transformação”, afirmou Ricardo Martins, presidente da Abimetal-Sicetel, em nota publicada no portal Fator Brasil.

Importações em alta e riscos para a siderurgia

O aumento expressivo das importações também preocupa a siderurgia nacional. Reportagem publicada pela Tribuna Online mostra que, nos primeiros meses de 2025, o volume de aço importado superou largamente o registrado no mesmo período do ano anterior. A Associação Brasileira de Siderurgia (IBS) estima que essas importações afetam diretamente a produção interna, levando à ociosidade das plantas industriais e à redução de postos de trabalho.

Com a iminente expiração das medidas antidumping e salvaguardas aplicadas nos últimos anos, empresas e entidades do setor têm pressionado o governo federal para estender e reforçar essas barreiras comerciais.

China no centro das atenções

No contexto global, a China se mantém como protagonista da crise. O país responde por cerca de 55% da produção mundial de aço e é acusado por diversos mercados de promover práticas comerciais desleais – como subsídios estatais, dumping e exportações com preços abaixo do custo de produção.

Maximo Vedoya, CEO da Ternium – uma das maiores produtoras de aço da América Latina –, foi categórico ao declarar que a atuação chinesa representa uma ameaça sistêmica ao ecossistema industrial global. “A China está exportando seus excedentes a preços irrealistas. Não se trata apenas de competição: trata-se de uma distorção que prejudica empresas, empregos e economias inteiras”, disse Vedoya em entrevista ao portal Brasil 247.

Medidas do governo e perspectivas

Em resposta à crescente pressão, o governo brasileiro anunciou, no início de maio, o aumento da alíquota de importação sobre determinados produtos siderúrgicos para até 25%. A medida, no entanto, é vista como paliativa por lideranças do setor. Há consenso entre especialistas e empresários de que apenas tarifas não serão suficientes para enfrentar a complexidade da crise atual.

“O momento exige uma estratégia mais ampla, com estímulo à inovação, linhas de crédito específicas, fortalecimento das compras governamentais de produtos nacionais e ações coordenadas no comércio internacional”, propõe Ricardo Martins.

Indústria ameaçada, empregos em risco

O enfraquecimento da indústria do aço pode gerar um efeito dominó. Além da siderurgia, diversos segmentos da indústria de transformação dependem do fornecimento de aço, como os setores automotivo, naval, de máquinas e equipamentos, construção civil e infraestrutura.

Com a competitividade reduzida, empresas tendem a frear investimentos, adiar projetos e cortar empregos. “Não é apenas um problema das siderúrgicas. Trata-se de um problema da economia brasileira como um todo”, alerta Vedoya.

Conclusão

O Brasil está diante de uma encruzilhada. De um lado, a promessa de crescimento econômico sustentado por investimentos em infraestrutura e transição energética. De outro, a ameaça crescente da concorrência desleal, que coloca em risco a própria base da indústria nacional.

Para garantir um futuro com indústria forte, empregos qualificados e inovação, será necessário mais do que medidas pontuais. Será preciso um pacto industrial que envolva setor produtivo, governo e sociedade civil, em defesa da soberania econômica do país.

Fonte: Infomet
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 19/05/2025