Exportações de aço da China disparam e provocam onda de protecionismo pelo mundo, diz OCDE
Exportações de aço da China disparam e provocam onda de protecionismo pelo mundo, diz OCDE
O crescimento das exportações de aço da China em meio ao excesso de capacidade global tem provocado uma onda de medidas protecionistas mundo afora, alerta a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em relatório publicado nesta terça-feira, 27.
A entidade afirma que “as exportações de aço da China dispararam para um nível recorde de 118 milhões de toneladas em 2024”, superando o pico da crise do aço de 2015-2016.
O documento observa que “as pressões provocadas por exportações a preços baixos levaram a um salto nas novas investigações antidumping”. Em 2024, “19 governos iniciaram 81 investigações antidumping envolvendo produtos siderúrgicos”, número cinco vezes maior que o registrado no ano anterior. “Quase 80% dos casos foram iniciados contra produtores asiáticos, com a China respondendo por mais de um terço do total”, diz a OCDE.
Além das disputas formais, crescem também medidas amplas, como aumentos generalizados de tarifas sobre o aço em diversos países. A entidade nota que “cada vez mais países têm adotado medidas mais abrangentes para proteger suas indústrias siderúrgicas, por meio de aumentos tarifários setoriais”.
O relatório aponta ainda que as exportações chinesas não afetam apenas os mercados diretamente importadores. Muitas vezes, “produtores sujeitos a medidas comerciais buscam contornar restrições, desviando exportações para outros mercados ou enviando produtos por países intermediários”. A OCDE calcula que, entre 2013 e 2020, o volume de comércio siderúrgico suspeito de reencaminhamento totalizou “21,5 milhões de toneladas métricas (13,3 bilhões de euros)”.
Estabilidade do Brasil
O Brasil tem mantido uma postura de contenção diante da crise global do aço, com capacidade produtiva estagnada e medidas defensivas para proteger seu mercado, segundo o relatório. A OCDE aponta que o Brasil não registrou qualquer crescimento de capacidade entre 2020 e 2024, permanecendo com 50,9 milhões de toneladas por ano. A participação do país na capacidade global é de apenas 2,1%.
A estabilidade contrasta com o avanço de outras economias emergentes, como a Índia, cuja capacidade aumentou 26,2% no período, e o Irã, com alta de 22,6%. Ainda assim, o Brasil aparece entre os países que adotaram barreiras comerciais. Segundo a OCDE, “Brasil, México e Turquia aumentaram as tarifas com a intenção de enfrentar aumentos substanciais de importações verificados nos últimos anos”.
As ações incluem investigações antidumping. O Brasil foi um dos países que mais iniciaram processos em 2024, com “oito investigações envolvendo produtos siderúrgicos”, mesmo número que Austrália e atrás apenas de Turquia e Estados Unidos, com dez casos cada.
O relatório destaca ainda que a América do Sul, onde o Brasil é o principal player, viu as importações de aço aumentarem “cerca de 60% entre 2020 e 2024”, reflexo do redirecionamento das exportações chinesas, que atingiram recorde de 118 milhões de toneladas em 2024.
Fonte: Estadão
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 28/05/2025