Grupo de empresas brasileiras tenta adiar o tarifaço para negociar propostas

Grupo de empresas brasileiras tenta adiar o tarifaço para negociar propostas

As empresas brasileiras do Fórum de CEOs Brasil-Estados Unidos buscam um espaço na agenda do governo Trump para que o Brasil possa propor o adiamento da vigência das tarifas de 50% sobre produtos exportados do Brasil aos EUA. O tarifaço anunciado pelo presidente americano Donald Trump entra em vigor na sexta-feira, 1º de agosto.

O lado brasileiro do fórum, formado por 12 empresas brasileiras e 12 americanas, vem tentando uma agenda com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, e com o secretário de Estado Marco Rubio, mas ainda sem sucesso. A informação é do secretário-geral do Fórum de CEOs e vice-presidente global da empresa de tecnologia Stefanini, Ailtom Nascimento, que falou ao Valor, nesta segunda-feira (28).

“Desde o anúncio do tarifaço, a gente vem equacionando os impactos sobre as operações, não só sobre as integrantes do fórum como das empresas brasileiras que operam nos EUA”, disse Nascimento. “Nós mesmos estamos tentando abrir estas portas para o diálogo porque isso afeta duramente o Brasil, as empresas e a economia do país de uma forma bastante impactante.”

A Stefanini é uma das 12 empresas que integram o time brasileiro do Fórum ao lado de companhias como Embraer, WEG, Gerdau, JBS, Suzano, Raizen, Aeris Energy e Prumo Logística. Do lado americano estão empresas como Abbott Laboratories, Tyson Foods, Cargill, Dow Silicones Corporation e a gestora de investimentos Franklin Templeton.

Até o momento, somente o lado brasileiro do Fórum de CEOs está tentando interlocução com o governo americano, mas as americanas devem se engajar, após uma conversa realizada nesta segunda-feira (28) entre os integrantes do Fórum, informou Nascimento. “Afinal, elas também serão impactadas devido à própria exportação de suas operações no Brasil para os Estados Unidos.”

Os integrantes brasileiros do Fórum também produziram material para dar apoio ao governo brasileiro nas discussões com o governo americano. As recomendações foram compartilhadas com o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, na sexta-feira (25). “Buscamos uma série de possibilidades de conversas, em vários âmbitos, que poderiam ser interessantes ao governo americano”, afirma o secretário-geral do Fórum.

“O primeiro item da pauta é sugerir a prorrogação da data para entrada em vigor dessas novas tarifas para que tenhamos tempo hábil para equacionar essas recomendações que nós estamos fazendo e o governo brasileiro também quer fazer, colocando as coisas de forma bem concreta e factível, na mesa, para negociação”, disse Nascimento.

A principal proposta, além do pedido de adiamento da vigência das tarifas, é “um compromisso do nosso governo e das empresas de dobrar a relação comercial entre os dois países, nos próximos três anos.”

Segundo o secretário-geral do fórum, as integrantes brasileiras projetam investir US$ 7 bilhões (R$ 39,1 bilhões na conversão do dólar pelo Banco Central) no mercado americano até 2028.

Outra proposta é elevar o volume de empregos gerados pelas empresas brasileiras nos Estados Unidos. Somente as integrantes brasileiras do Fórum de CEOs geram mais de 84 mil empregos nos EUA, com potencial de gerar mais 13 mil nos próximos três anos, informa o secretário geral do fórum.

Até o momento, Nascimento afirma que as solicitações de agenda têm esbarrado nos trabalhos da Secretaria de Comércio americana. “Esta é uma semana na qual o Departamento de Comércio americano está trabalhando justamente nos acordos já firmados com a Europa, China, Japão entre outros países. E agora eles estão implementando essas negociações.”

 
Fonte: Valor
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 29/07/2025