Plano de contingência em relação às tarifas dos EUA é muito menos fiscal do que se espera, afirma Tebet

Plano de contingência em relação às tarifas dos EUA é muito menos fiscal do que se espera, afirma Tebet

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, disse nesta terça-feira (29) que o Brics pode ser a solução para o Brasil em meio à imposição de uma tarifa de 50% aos produtos brasileiros pelo presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump. Ela também afirmou que o plano de contingência em relação ao "tarifaço" é "muito menos fiscal do que se espera".

Em entrevista ao programa Estúdio i, da Globonews, Tebet declarou que, se as tarifas fossem aplicadas há 15 anos, seria uma situação muito mais "caótica" para o Brasil, uma vez que o país hoje tem uma matriz econômica mais diversificada e mais parceiros comerciais. Por conta disso, ela defendeu o envolvimento do Brasil com o Brics, bloco econômico composto por países emergentes, como China e Índia.

"A grande realidade é que o Brasil conseguiu diversificar a sua matriz econômica e, mais do que isso, diversificar os seus parceiros", disse a ministra, comparando os percentuais de exportação do Brasil aos Estados Unidos com aqueles para países da Ásia. "Diante desse cenário, quando muitas vezes a gente ouve falar que o problema é o Brics, não. Hoje o Brics é a nossa solução. Hoje, quando a gente fala de comércio exterior, no caso do Brasil, é fundamental os países da Ásia, seja naquilo que nós vendemos ou que nós compramos."

Sobre o plano de contingência que o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) planeja para reagir à tarifa, a ministra não entrou em detalhes por ainda estar "tudo na mesa". Ela só disse, de forma abrangente, que essas medidas não devem envolver “tanto dinheiro” do Orçamento.

"É muito menos fiscal do que se espera, até porque a solução não passa necessariamente pelo fiscal", afirmou Tebet. "Não é que não vá precisar [de dinheiro do Orçamento]. A gente está pensando nas pequenas e médias empresas. Elas precisam de liquidez, elas precisam de capital de giro. Elas precisam conseguir alongar os prazos das suas dívidas. Elas precisam de carência, elas precisam de juros mais baixos. Não tem como não discutir isso. Isso envolve BNDES, envolve Banco Central. É uma discussão que precisa ser feita."

Ela não especificou como seria o envolvimento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ou do BC na questão.

Tebet defendeu que a decisão de Lula sobre esse plano deva acontecer somente no dia 2 de agosto, para que seja possível fazê-la frente àquilo que se mantiver do que foi anunciado pelo governo Trump mais cedo neste mês de julho.

Segundo ela, esse plano deve socorrer os setores a médio prazo, em um período de um a dois anos, para que depois seja possível ver como as indústrias e os setores se redirecionaram no novo cenário. A ministra vê uma maior preocupação com a indústria do aço, que já estava sendo sobretaxada pelos EUA.

 
Fonte: Valor
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 30/07/2025