Setor de máquinas agrícolas vê sinais de recuperação, mas falta de recursos preocupa
Setor de máquinas agrícolas vê sinais de recuperação, mas falta de recursos preocupa
O setor de máquinas e equipamentos agrícolas vem mostrando uma leve recuperação em 2025, segundo balanço mensal da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Em março, as vendas cresceram 31,9% na comparação anual. Em relação a fevereiro, o aumento foi de 5,1%. Os dados foram divulgados pela Abimaq durante a Agrishow, em Ribeirão Preto (SP).
No ano passado, o clima impactou negativamente as vendas do segmento, já que o produtor, receoso com a safra após um longo período de seca – somado às enchentes no Rio Grande do Sul –, optou por adiar investimentos e suspender a compra de máquinas.
O resultado foi um ano de queda expressiva na comercialização, com retração superior a 20% no faturamento. Considerando esse cenário, os números positivos registrados nos últimos meses indicam que 2025 tem se mostrado um ano de retomada e comportamento mais estável – dentro daquilo que o setor classifica como “normal”.
Diante desse contexto, a previsão da Abimaq para este ano é de um crescimento modesto, de 8,2%. “Não consideramos esse percentual o ideal, mas, dentro do cenário atual, é um resultado bastante factível”, avalia Pedro Estevão Bastos, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA) da Abimaq.
O primeiro trimestre de 2025 registrou um incremento de 24% em relação ao mesmo período do ano anterior. Trata-se de um número expressivo, mas, como mencionado anteriormente, é preciso considerar que, nos três primeiros meses de 2024, as vendas de máquinas agrícolas caíram 37,4% na comparação com o mesmo intervalo de 2023.
PAP 2025/26: falta de recursos preocupa
A Agrishow, considerada um “termômetro do agro”, termina nesta sexta-feira (2), quando os organizadores devem divulgar os resultados oficiais. Durante a feira, alguns fabricantes demonstraram mais otimismo, impulsionados pela expectativa de uma safra recorde de grãos e por condições climáticas mais favoráveis à agricultura neste ano.
Entretanto, dois fatores ainda preocupam o setor: as taxas de juros, que seguem elevadas (com a Selic em 14,25%), e a escassez de recursos no Plano Agrícola e Pecuário. Diante disso, crescem as expectativas em torno do novo Plano Safra, que entra em vigor em julho. A grande dúvida é: como o governo vai organizar o orçamento para assegurar os recursos necessários ao Plano Safra?
No PAP atual, o governo disponibilizou R$ 20 bilhões para os programas Moderfrota e Pronaf – valor que se mostrou insuficiente. “Em relação a essas duas linhas, que são as principais linhas de crédito para aquisição de máquinas agrícolas, ainda não temos uma definição clara do que vai acontecer”, explica Estevão.
A Abimaq solicitou R$ 21 bilhões para o Moderfrota e R$ 7 bilhões para o Pronaf, “o que configuraria um Plano Safra robusto”, avalia. “Na prática, porém, o governo tem destinado bem menos que isso. É por isso que o Plano Safra só tem durado cerca de seis meses. Com esses valores solicitados, o plano teria fôlego para atender o ano todo. Mas a dificuldade orçamentária do governo é muito grande.”
Na avaliação dele, para “montar um Plano Safra realmente robusto”, seria necessário algo em torno de R$ 25 bilhões. Ou seja, “para termos um bom plano, o governo teria que encontrar R$ 10 bilhões extras em algum lugar. E é justamente aí que mora a dificuldade.”
Estevão reconhece que o governo tem tentado construir um Plano Safra “forte”. “A gente percebe uma boa vontade muito grande”, no entanto, segundo ele, “a limitação orçamentária deve ser um obstáculo importante.”
Fonte: Portal Máquinas Agrícolas
Seção: Agro, Máquinas & Equipamentos
Publicação: 02/05/2025