Setor do aço alerta para riscos com tarifas dos EUA e defende retomada de acordo de cotas
Setor do aço alerta para riscos com tarifas dos EUA e defende retomada de acordo de cotas
A recente decisão do governo norte-americano de manter a tarifa de 25% sobre as importações de aço — aplicada anteriormente sob a Seção 232 — reacendeu preocupações na indústria siderúrgica brasileira. Embora não tenha havido um novo aumento tarifário sobre os produtos do Brasil, o setor alerta para os efeitos indiretos da medida, como o redirecionamento de fluxos globais de aço para o mercado interno brasileiro.
Segundo representantes da indústria, o anúncio dos Estados Unidos sobre a aplicação de tarifas recíprocas deve acender um sinal de alerta, especialmente quanto à possibilidade de países que antes exportavam para o mercado norte-americano — e que agora enfrentam barreiras — passarem a direcionar seus produtos para o Brasil. Embora o impacto direto sobre as exportações chinesas de aço não deva ser significativo, uma vez que o país asiático já vinha sendo taxado e apresentando redução nas vendas ao mercado norte-americano, outras origens, como o Vietnã, despertam atenção.
Nesse contexto, lideranças do setor reforçam a necessidade de fortalecer os instrumentos de defesa comercial. Um dos exemplos citados é o caso da investigação de dumping no segmento de aço fino laminado a frio, em que, mesmo diante de indícios claros de práticas desleais, o governo optou por não aplicar imediatamente medidas compensatórias. A demora em agir, segundo a indústria, transmite uma mensagem de pouca urgência diante de ameaças concretas.
Além das preocupações com a concorrência desleal no mercado interno, a indústria brasileira também se mobiliza para restaurar o acordo de cotas de exportação de aço firmado com os Estados Unidos em 2018, que permitia a entrada de até 3,5 milhões de toneladas de semiacabados e 687 mil toneladas de produtos laminados por ano, sem incidência tarifária. O acordo vigorou até março de 2025, quando foi suspenso pelo governo norte-americano em decisão unilateral, retomando integralmente a tarifa de 25%.
A defesa da retomada do acordo tem sido uma prioridade tanto para a indústria quanto para o governo brasileiro, que vem conduzindo esforços diplomáticos junto às autoridades dos EUA. A expectativa do setor é de que a reativação das cotas seja benéfica para ambos os países. Em 2024, por exemplo, as usinas norte-americanas importaram cerca de 6 milhões de toneladas de placas de aço, sendo 3,4 milhões provenientes do Brasil, evidenciando a complementaridade entre as duas economias.
A não reconstrução do acordo pode representar perdas bilaterais, comprometendo o abastecimento da indústria norte-americana e limitando o escoamento da produção siderúrgica brasileira. Por isso, o setor segue confiando na continuidade do diálogo entre os dois governos para restabelecer condições mais equilibradas e previsíveis no comércio internacional de aço.
Fonte: Infomet
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 07/04/2025