Setor do aço reitera investimento de R$ 100 bi até 2028 com adoção das cotas de importação

Setor do aço reitera investimento de R$ 100 bi até 2028 com adoção das cotas de importação

A indústria siderúrgica instalada no país reiterou os planos de investir R$ 100,2 bilhões até 2028, à medida que a adoção de um sistema de cotas de importação com tarifa de 25% sobre o volume excedente, ao longo de 12 meses a partir de junho, parece ter começado a frear a entrada de produtos siderúrgicos a preços predatórios no mercado brasileiro.

Embora as estatísticas do primeiro semestre ainda mostrem avanço das compras externas e a adoção da medida seja muito recente, as importações recuaram 23% entre maio e junho, disse o presidente executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes.

“Estamos com uma lupa gigantesca sobre as importações. Mas a ‘farra do boi’ que existiu em 2023, com aço entrando de qualquer maneira e a preços predatórios, acabou”, disse o executivo, em entrevista coletiva durante a 34ª edição doCongresso Aço Brasil. “É um sistema novo, mas temos uma crença enorme de que vamos moralizar as importações”, acrescentou.

De acordo com o presidente do conselho diretor do Aço Brasil, Sérgio Leite, os investimentos de R$ 100 bilhões programados entre 2023 e 2028 estão vinculados ao sucesso do sistema de cota-tarifa. Segundo o executivo, nos últimos 15 anos, o setor investiu uma média de R$ 12 bilhões ao ano e, em 2023, chegou a R$ 15 bilhões. “Esses R$ 100,2 bilhões vieram do planejamento estratégico das empresas. O risco que existe é o sistema de cota-tarifa não apresentar resultado”, afirmou.

Apesar da elevação dos investimentos, 2023 foi marcado pelo forte aumento das importações de produtos siderúrgicos, de cerca de 50%, para cinco milhões de toneladas. Esse volume corresponde à produção de uma grande usina integrada de aço e a 16% da produção local.

Depois de dez meses de negociações com o governo, a indústria siderúrgica, via Aço Brasil, conseguiu, em maio, a aprovação de cotas de importação para nove tipos de aço (NCMs), de uma lista de 18 inicialmente levada às autoridades. Essas nove NCMs, conforme Marco Polo, representaram 40% das importações.

“Montamos uma sala de guerra dentro do Aço Brasil para monitorar as importações”, contou, acrescentando que a indústria segue acompanhando as potenciais “NCMs de fugas”, que podem estar sendo usadas para burlar as regras em vigor.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 07/08/2024