Tarifas sobre o aço chinês pressionam preços e desafiam investimentos na siderurgia latino-americana
Tarifas sobre o aço chinês pressionam preços e desafiam investimentos na siderurgia latino-americana
O aumento expressivo das tarifas sobre o aço importado da China por países latino-americanos marca um novo capítulo na tentativa de preservar a competitividade da indústria siderúrgica regional. Brasil, México, Chile e outros mercados vêm adotando medidas comerciais mais rígidas para conter a entrada massiva de aço chinês, cujo preço mais baixo tem causado distorções no mercado local, pressionando a produção nacional e ampliando o risco de desindustrialização em setores estratégicos.
Com a China exportando anualmente milhões de toneladas de aço para a América Latina, os países da região enxergam a necessidade de agir. A decisão de impor tarifas ou criar sistemas de cotas sobre o aço chinês, no entanto, não é isenta de dilemas. De um lado, busca-se reequilibrar os preços internos, fortalecer o setor siderúrgico e preservar empregos industriais. De outro, há o risco de minar relações econômicas com a China, que nos últimos anos se consolidou como um dos principais investidores em infraestrutura, energia, mineração e logística em território latino-americano.
O caso do Brasil é emblemático. O país implementou um sistema de cotas tarifárias para limitar o volume de importações a preços considerados predatórios. O aumento vertiginoso nas compras de aço chinês – que chegaram a quase triplicar em alguns segmentos – gerou pressão sobre produtores locais e motivou fortes reações do setor, culminando na adoção das novas regras.
Apesar de o discurso oficial evitar mencionar explicitamente a China, é notório que as medidas miram principalmente o aço de origem chinesa, cujos custos são, muitas vezes, inferiores ao custo de produção nacional. Essa diferença tem levado a uma queda nos preços praticados internamente, dificultando a sobrevivência de empresas siderúrgicas locais, especialmente as de médio porte.
Especialistas alertam, no entanto, que essa política de contenção pode trazer consequências indesejadas. A China é, atualmente, um dos maiores investidores estrangeiros na América Latina, com forte presença em grandes projetos de infraestrutura e cadeias produtivas críticas. Restrições comerciais mais severas podem levar a uma reavaliação dessas parcerias, especialmente se forem interpretadas como hostis.
Ainda assim, governos latino-americanos argumentam que a proteção da indústria local é uma questão de soberania econômica. Em um cenário global marcado por disputas comerciais, sobrecapacidade produtiva e guerras tarifárias, a preservação da base industrial e o equilíbrio dos preços do aço tornam-se prioridade para diversas administrações.
O desafio será encontrar um ponto de equilíbrio: proteger os mercados internos da concorrência desleal sem fechar as portas para investimentos externos estratégicos. Nesse sentido, a relação com a China seguirá sendo cuidadosamente monitorada, exigindo diplomacia e estratégia por parte dos governos da região.
Fonte: Infomet
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 11/04/2025