Vendas de veículos elétricos impulsionam estratégias de mineradoras no Brasil

Vendas de veículos elétricos impulsionam estratégias de mineradoras no Brasil

A rápida expansão das vendas de veículos elétricos em nível mundial está impulsionando as estratégias das empresas de mineração, desde juniores a gigantes.

A tendência gerou um crescimento de projetos de lítio, cobre e níquel, entre outros.

“A indústria de veículos elétricos está em expansão, mas também em constante transformação, na busca pela melhor tecnologia para produção de baterias. Então dentro dessa tendência veremos a transformação da transformação. Dito isso, considero o lítio como o insumo mais difícil de substituir para a produção de baterias do que outros materiais”, disse José Carlos Martins, CEO da mineradora Cedro Mineração e fundador da consultoria de metais Neelix, à BNamericas.

Esta semana, a mineradora Vale anunciou um capex de US$ 6,5 bilhões para 2024, com US$ 2,5-3 bilhões alocados para metais de transição energética, como cobre e níquel.

A Vale, uma das maiores produtoras mundiais de minério de ferro, estimou que as vendas de veículos elétricos crescerão 24%, anualmente, até 2030, atingindo globalmente a marca de 46 milhões de unidades naquele ano. Este ano, as vendas estão projetadas para alcançar 14 milhões de unidades.

A maior cidade da América do Sul, São Paulo, por exemplo, informou que investirá US$ 1 bilhão nos próximos anos para substituir seus ônibus a diesel por veículos elétricos.

Diante da expansão, as empresas focadas em lítio avançam com seus projetos no país.

ATLAS LITHIUM

A Atlas Lithium, empresa de exploração mineral com sede nos Estados Unidos, conseguiu financiamento de US$ 50 milhões para avançar a primeira fase do seu projeto Neves, em Minas Gerais.

A empresa estima o investimento de US$ 49,5 milhões para a primeira fase do projeto, que foca na produção de concentrado de espodumênio.

Os fundos foram garantidos pelas empresas químicas de lítio Chengxin Lithium Group e Yahua Industrial Group, fornecedoras de hidróxido de lítio para Tesla, BYD e LG, entre outras, informou a Atlas em um comunicado.

A Goldman Sachs foi a consultora financeira da Atlas Lithium durante as transações.

"A capacidade de se tornar um produtor de lítio com diluição mínima para os acionistas é uma conquista significativa. Garantir clientes fortes, com usuários finais de primeira linha, também é fundamental para a ambição da Atlas Lithium de se tornar um fornecedor importante de lítio de alta qualidade", avaliou o CEO e presidente Marc Fossa.

O financiamento envolve US$ 10 milhões em ações da Atlas e US$ 40 milhões como pré-pagamento de 80% da fase 1 da produção de concentrado em Neves.

A produção da primeira fase está estimada em 150 mil toneladas por ano de concentrado de espodumênio para baterias, a partir do primeiro trimestre de 2024, com cada umas das empresas químicas recebendo 60 mil toneladas por ano.

A Atlas disse que está avaliando uma segunda fase para aumentar a capacidade para 300 mil toneladas por ano até meados de 2025.

LITHIUM IONIC

A canadense Lithium Ionic, por sua vez, anunciou que contratou um executivo brasileiro para desenvolver seu projeto de lítio Bandeira, de US$ 230 milhões, também localizado no estado de Minas Gerais.

A empresa contratou Paulo Guimarães Misk como diretor de operações. Misk é um engenheiro de minas com mais de 38 anos de experiência, que atua no Brasil, na gestão operacional de diversas empresas multinacionais de mineração em uma ampla gama de commodities, incluindo lítio.

“Paulo demonstrou excelente liderança na construção e transformação de operações em suas funções anteriores na Largo, Anglo American e AMG. Estamos muito satisfeitos em recebê-lo na nossa equipe de liderança à medida que entramos na próxima fase de desenvolvimento do projeto Bandeira”, disse Blake Hylands, CEO da Lithium Ionic, em um comunicado.

 
Fonte: BN Americas
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 07/12/2023