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Esforço internacional: confira os países que já anunciaram auxílio ao RS

As cenas das enchentes no Rio Grande do Sul rodaram o planeta e comoveram líderes de países ao redor do mundo. Diversas nações já anunciaram envios de ajuda e doações ao estado brasileiro.

Na última semana, a CNN noticiou que Israel anunciou a doação de purificadores de água. O Japão também ofereceu ajuda humanitária, doando barracas de acampamento, colchonetes, cobertores, galões portáteis, lonas plásticas e purificadores de água.

O Reino Unido também fez doações ao estado brasileiro de itens médicos e emergenciais. Os britânicos também manifestaram interesse em conversar com o Itamaraty sobre ações bilaterais futuras na gestão integral de riscos e desastres, segundo o ministério.

Na América Latina, o Mercosul está unindo esforços para auxiliar o Brasil na situação. A Reunião de Ministros e Altas Autoridades de Gestão de Riscos e Desastres do Mercosul está em contato com o Secretário Nacional de Proteção e Defesa Civil do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional.

Desde o dia 5 de maio, os grupos de trabalho dedicados aos serviços hidrometeorológicos e aos alertas antecipados dentro do bloco econômico sul-americano têm permanecido ativos. Houve um diálogo contínuo entre técnicos e especialistas dos países-membros, abordando também os impactos das enchentes nas regiões da Argentina e do Uruguai.

O Uruguai, país que faz fronteira com o estado, já anunciou a disponibilização de helicópteros para auxílio nos resgates. Já a Argentina, outro país vizinho do Rio Grande do Sul, vai enviar pastilhas purificadoras de água.

A ONG norte-americana Samaritan’s Purse também colaborou, com 10 estações de purificação de água com capacidade de 400 mil litros por hora, e outros itens emergenciais.

Balanço Defesa Civil

Até o momento, mais de 140 pessoas morreram em decorrência das chuvas que atingem o Rio Grande do Sul desde a semana passada. O último balanço da Defesa Civil foi divulgado na manhã desta segunda (13). O número de municípios afetados permanece em 447.

Ao todo, 2.115.703 pessoas foram afetadas, sendo que 538.241 estão desalojadas e 80.826 permanecem em abrigos.

Desde o início das operações de socorro, já foram resgatadas 76.470 pessoas e 10.814 animais.

Ao todo, de acordo com o governo do Rio Grande do Sul, há um efetivo de 27.651 pessoas atuando nos resgates. A ação conta com o apoio de 4.405 viaturas, além de 41 aeronaves e 340 embarcações.

Fonte: CNN
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 14/05/2024

 

Brasil bate recorde na exportação de café em abril com 4,2 milhões de sacas

O Brasil exportou 4,2 milhões de sacas de 60 kg de café em abril, um volume recorde para o mês, superando o desempenho de abril de 2021, segundo relatório do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).

Os embarques também renderam a maior receita cambial da história para qualquer mês ao atingirem US$ 935,3 milhões. Essa performance implica crescimentos de 53,3% em volume e de 52,6% em valor na comparação com o mesmo intervalo de 2023.

No acumulado dos 10 meses do ano safra 2023/24, as remessas cafeeiras do país ao exterior somam 39,256 milhões de sacas, apresentando evolução de 28,5% na comparação com o registrado entre julho de 2022 e o fim de abril do ano passado. Em receita, o incremento é de 13,3%, com o valor chegando a US$ 7,939 bilhões.

As exportações brasileiras de café também são recorde no primeiro quadrimestre deste ano, ao somarem 16,242 milhões de sacas, 45,6% acima do aferido nos quatro primeiros meses de 2023. Com US$ 3,444 bilhões, os ingressos com os embarques alcançaram o maior volume da história para esses quatro primeiros meses, saltando 42,4% sobre os US$ 2,418 bilhões do ano passado e superando o recorde anterior de US$ 3,206 bilhões de janeiro a abril de 2022.

Segundo o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, as volumosas exportações registradas foram puxadas pelos cafés in natura, principalmente os canéforas (conilon + robusta), que também batem recorde no ano.

“Esse desempenho é possível devido à recuperação da colheita em 2023, o que possibilita que os embarques de arábica tenham volumes consideráveis e, em especial, que os de conilon e robusta apresentem performances históricas”, explica.

Cafés mais exportados

De janeiro ao fim de abril, o café arábica permanece como o mais exportado, com 12,469 milhões de sacas, o que corresponde a 76,77% do total e representa alta de 31,3% na comparação com o primeiro quadrimestre do ano passado.

A variedade canéfora teve 2,559 milhões de sacas embarcadas no período, sendo o destaque entre os tipos do produto ao avançar 548% em relação ao mesmo intervalo de 2023 e ampliar sua representatividade atual para 15,75% do geral.

Na sequência, vêm o segmento do café solúvel, com 1,203 milhão de sacas – queda de 3,3% e 7,41% do total – e a seção do produto torrado e torrado e moído, com 11.136 sacas (-26,5% e 0,07% de representatividade).

“Após um março recorde, voltamos a registrar o melhor volume para um mês de abril da história nas exportações dos cafés verdes, puxados pelos canéforas, o que também ampliou o recorde nos embarques de conilon e robusta do Brasil no primeiro quadrimestre”, aponta o presidente do Cecafé.

Ele reporta que esse desempenho é reflexo do cenário internacional do mercado, com disponibilidade menor do café robusta indonésio e vietnamita, espaço que foi ocupado pelo Brasil.

“Outros países produtores, inclusive, vêm importando cafés brasileiros para atenderem seus compromissos de consumo e reexportação, como México, Colômbia, Vietnã e Indonésia. Os mexicanos, por exemplo, voltaram a ampliar as importações do nosso café verde, principalmente de canéforas, para utilização da matéria-prima em sua planta fabril de solúvel, referendando a qualidade de nossos cafés como base de produtos industrializados”, destaca.

Entre janeiro e abril deste ano, o México importou 307.606 sacas dos cafés in natura brasileiros, volume que representa expressiva alta de 877% na comparação com o mesmo intervalo de 2023.

Quanto ao recorde de receita cambial obtido com as exportações no primeiro quadrimestre, Ferreira completa que o cenário do mercado internacional é novamente o motivador.

“As bolsas internacionais dispararam em abril, potencializando o valor dos embarques como um todo e, claro, do Brasil. Isso foi importante para mitigar os elevados custos nas operações dos exportadores brasileiros, que seguem trabalhando exemplarmente para honrar seus compromissos apesar dos constates gargalos logísticos”, comenta.

Atrasos nas exportações

Somente em abril, 95 navios para exportação de café, ou 80% do total, registraram atrasos no Porto de Santos (SP), principal escoador do produto no Brasil, com representatividade de 70% do total no primeiro quadrimestre, conforme o Boletim Detention Zero (DTZ), elaborado pela ElloX Digital em parceria com o Cecafé.

O índice de alteração de escalas dos navios para exportação do produto no complexo portuário do Rio de Janeiro (RJ), responsável por 27% dos embarques no acumulado de 2024, foi de 70%; em Paranaguá (PR), de 42%; em Salvador (BA), de 29%; e em Vitória (ES), de 16%. No compilado geral, 210 navios para exportação de café, ou 54% de um total de 391 porta-contêineres, tiveram atrasos em abril.

“Os exportadores brasileiros seguem enfrentando intensos desafios logísticos, com o alto índice de atrasos de navios e a falta de espaços, que incorrem em ineficiências, principalmente no Porto de Santos, destacando-se como os principais entraves na adição de elevado custos, não planejados, aos players desse segmento”, reporta Eduardo Heron, diretor técnico do Cecafé.

O Porto de Santos, apesar dos gargalos, segue como o principal exportador dos cafés do Brasil ao exterior no primeiro quadrimestre, com o embarque de 11,386 milhões de sacas, o que representa 70,1% do total.

Na sequência, aparecem o complexo marítimo do Rio de Janeiro, que responde por 26,8% das exportações ao ter remetido 4,352 milhões de sacas ao exterior, e o Porto de Paranaguá (PR), com o embarque de 144.372 sacas e representatividade de 0,9%.

Principais destinos

Os 10 principais compradores dos cafés do Brasil elevaram suas aquisições nos primeiros quatro meses deste ano. Os Estados Unidos lideram o ranking, importando 2,669 milhões de sacas, ou 29,4% a mais frente ao primeiro quadrimestre de 2023, o que equivale a 16,4% das exportações totais.

A Alemanha, com representatividade de 14,5%, adquiriu 2,352 milhões de sacas (+64,4%) e ocupou o segundo lugar na tabela. Na sequência, vêm Bélgica, com a compra de 1,671 milhão de sacas (+199,5%); Itália, com 1,314 milhão de sacas (+42,1%); e Japão, com 813.817 sacas (+26,3%).

Até o décimo lugar, destaca-se, ainda, o desempenho do Reino Unido, que saltou para a sexta posição no ranking com a importação de 522.233 sacas de todos os tipos de cafés do Brasil, entre janeiro e abril de 2024, volume que implica substancial crescimento de 108,2% em relação ao primeiro quadrimestre de 2023 e equivale a 3,4% do total.

Fonte: Portal Máquinas Agrícolas
Seção: Agro, Máquinas & Equipamentos
Publicação: 14/05/2024

Projetos em ação: 2024 é promissor para a construção civil

O ano de 2024 promete trazer meses de dinamismo para a construção civil. Afinal, as perspectivas do mercado são bastante positivas.

Mas por qual razão as expectativas são tão animadoras para construtoras e incorporadoras? Após um 2023 difícil e de retração, o cenário que está se desenhando neste ano é de recuperação.

Nesse contexto, é essencial analisar como os indicadores econômicos influenciam e moldam as atividades da construção civil em geral.

Por isso, queremos explorar o panorama econômico que impulsiona os projetos da construção civil em 2024.

Vamos destacar os fatores macroeconômicos que moldam as tendências do setor e as perspectivas para o futuro. Nosso objetivo é mostrar que a sua empresa deve estar preparada para aproveitar o bom momento.

Aumento generalizado de preços: impactos na construção civil

A inflação, quando está fora de controle, afeta todos os setores da economia. Porém, seu impacto é especialmente sentido no varejo e na construção civil.

Isso se deve ao fato de que ambos os setores lidam diretamente com a produção, distribuição e comercialização de bens e serviços tangíveis. Sendo assim, os dois setores são mais sensíveis às flutuações de preços.

Quando a inflação sobe, os custos de produção e os preços dos materiais de construção aumentam. O aumento pressiona as margens de lucro das construtoras e desestimula investimentos.

Ainda, a alta nos preços ao consumidor reduz o poder de compra das famílias, diminuindo a demanda por novos projetos de construção.

O brasileiro conhece muito bem os impactos da inflação e vimos isso de perto nos últimos anos. A novidade é que, finalmente, estamos vendo o retorno da estabilidade dos preços.

Inflação dentro da meta do Banco Central: boas perspectivas para o mercado

Em 2023, a inflação alcançou 4,62%, colocando o índice dentro da meta estabelecida pelo Banco Central.

Isso aconteceu pela primeira vez desde 2020. Tal fato sugere um ambiente mais favorável para o crescimento e a estabilidade da construção civil em 2024.

Com custos mais previsíveis e demanda impulsionada, o setor está melhor posicionado para contribuir positivamente para a economia e para o desenvolvimento nacional.

INCC-M em queda: mais uma notícia positiva para a construção civil

O Índice Nacional de Custo da Construção – M (INCC-M) registrou um aumento moderado de 0,20% em fevereiro. A notícia é positiva para a construção civil e marca uma leve desaceleração em comparação com o mês anterior.

Essa estabilização indica uma tendência de controle nos custos da construção a curto prazo.

Além disso, o crescimento acumulado do índice nos últimos 12 meses é de 3,23%. O número representa uma descompressão significativa dos custos em relação ao ano anterior, quando houve uma expansão anual de 8,76%.

Isso sugere um ambiente mais favorável para investimentos e atividades no setor da construção civil.

Juros mais baixos: mercado de construção mais aquecido

Em 2023, o Banco Central começou um ciclo de cortes na taxa básica de juros. O movimento será ainda mais acentuado em 2024.

A Selic, que chegou a alcançar 13,75%, caiu para 12,25% em 2023. Mais cortes são esperados para os próximos meses. O Banco Central estima que a taxa esteja em 9% até o fim do ano.

Isso porque a economia brasileira se mostrou resiliente à inflação e mostra estar preparada para receber os cortes.

Vale ressaltar que as reduções nas taxas de juros também é uma iniciativa que acompanha outros mercados. Afinal, outros países já estão vendo taxas de juros mais baixas no horizonte, como Estados Unidos e nações da Europa.

Taxas reduzidas tornam o financiamento de projetos imobiliários mais acessível. Assim, os consumidores são mais propensos a buscar crédito para a compra de imóveis, estimulando a demanda por novas construções.

Além disso, as empresas do setor se beneficiam de custos de capital mais baixos, o que pode incentivar investimentos em novos empreendimentos.

É hora de colocar a mão na massa: construção civil em alta em 2024

Com a conjuntura econômica favorável e as perspectivas otimistas, 2024 se apresenta como um ano promissor para a construção civil. O setor está pronto para "colocar a mão na massa".

Além do cenário econômico favorável, o setor precisa olhar para outros dois pontos importantes:

? A demanda por novas moradias, muito impulsionada pelo programa “Minha Casa, Minha Vida”, também pode trazer altos retornos para construtoras e incorporadoras.

? Projetos de infraestrutura urbana também estarão em alta no primeiro semestre do ano, em especial. Como estamos em ano eleitoral, as prefeituras irão realizar planos engavetados, aumentando as atividades na construção civil.

Fonte: Gazetaweb
Seção: Construção, Obras & Infraestrutura
Publicação: 14/05/2024

 

CSN critica governo e prevê importação forte de aço em maio e junho

A CSN (CSNA3) bateu pesado nas medidas anunciadas em abril pelo governo para conter a importação de aço. Segundo a companhia, ela continua sendo um estímulo para os chineses inundarem o mercado brasileiro de produtos siderúrgicos, principalmente aqueles nos quais a CSN tem forte atuação, como aços revestidos.

“O mercado está bastante acirrado em função do importado. É uma pena que o governo brasileiro continue lento com relação à reação que deveríamos ter aos importados. E digo que não é só no setor siderúrgico. Temos que estar atentos sobre todos os segmentos que fazem a nossa economia. Não é uma coisa pontual, é uma coisa geral”, disse Benjamin Steinbruch, presidente da CSN, durante teleconferência de resultados do 1T24, realizada nesta sexta (10).

“O governo brasileiro tem a obrigação e de agir rápido no sentido de proteger sua indústria como um todo”, comentou o executivo, afirmando que o problema não acontece só com o setor siderúrgico, mas em vários outros, como automobilístico e de peças. “Infelizmente, o governo brasileiro, apesar de estar mais atento, ainda está muito ‘lerdo’ no sentido de reagir e muito consciencioso com relação aquilo que tem que ser feito”, afirmou.

CSN (CSNA3): resultado inverso

Steinbruch criticou as medidas recentes do governo para coibir a importação de aço que, segundo ele, em vez de impedir a chegada de produtos de fora ao Brasil, criou mais condições para entrada no país do produto siderúrgico do exterior a partir do cálculo feito para engatilhar a inibição das classes diversas do aço.

Confira o calendário de resultados do 1º trimestre de 2024 da Bolsa brasileira

“Em maio e junho provavelmente a importação vai ser muito forte”, prevê o presidente da CSN. “Continua sendo um estímulo a importação, que não faz sentido nenhum e está prejudicando efetivamente a economia toda brasileira”, complementou.

Ebitda afetado pelo minério

Sobre os resultados da CSN no 1T24, disse que o impacto negativo no Ebitda no período ocorreu devido à queda de preço do minério de ferro, mesmo com a produção recorde do produto no período.

“Esse impacto que houve no primeiro trimestre vai ter volta já que os preços praticamente subiram 20% outra vez. Nós acreditamos que o impacto negativo que tivemos de Ebitda no 1º tri nós vamos ter de positivo no 2º tri”, disse a analistas.

Mesmo com a competição dos importados, Benjamin Steinbruch crê que a siderúrgica tenha também melhor resultado no 2º trimestre.

“No cimento, as condições são normais, a gente vem crescendo tanto em quantidade como em margem. Estamos conseguindo subir o preço”, comentou sobre o terceiro segmento de atuação da CSN.

“Então, acredito eu que o cimento vem demonstrando potencial e devargazinho, com as sinergias que a gente tem capturado, ficaremos com uma posição bastante consolidada com a aquisição de Lafarge-Holcim e a produção das plantas anteriores (já existentes)”, disse.

Alavancagem monitorada

O presidente da companhia garantiu a continuidade dos investimentos, principalmente do projeto P15 de beneficiamento do Itabirito, em Congonhas (MG). E reforçou, ainda, que a alavancagem da empresa segue controlada.

“A gente se comprometeu a ficar abaixo de 3x (dívida liquida/Ebtida) e nós continuamos comprometidos, apesar da escorregada para 3,13x – mas foi muito em função da queda de Ebitda (no 1T24), com a redução dos preços do minério de ferro”, afirmou.

“Nosso objetivo é trabalhar entre 2,5x e 3x, e procurar ao máximo possível estar perto dos 2,5x. Acreditamos no nosso operacional e que a gente volte a estar dentro dessa faixa que propusemos a trabalhar (de alavancagem)”, complementou.

Fonte: Infomoney
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 13/05/2024

 

Como ficam os municípios mineradores na reforma tributária

A reforma tributária do consumo, veiculada pela Emenda Constitucional no 132/2023, vem abrindo margem para acalorados debates e já deu sinais de que novos ajustes e emendas constitucionais serão necessários. Se ela trouxe alguns avanços, por certo, provocou algumas distorções. Com relação aos municípios mineradores, os desajustes causados são absurdos.

É ressabido que o minério não dá “duas safras”, ou seja, os recursos minerais se exaurem. Da mesma forma, é consabido que os danos ambientais proporcionados por essa atividade são sensíveis. Os recentes desastres de Mariana e Brumadinho bem ilustram os riscos a que a população dessas cidades fica exposta.

Por tudo isso, é óbvio que boa parte dos recursos gerados pela mineração deve ficar com os municípios mineradores, sobretudo para que eles possam desenvolver e estimular “atividades econômicas substitutivas”, porque “onde se tira minério não se produz nem capim”!

O legislador nacional estava em débito com os municípios mineradores há anos, e esperava-se que a reforma de 2023 corrigisse alguns desequilíbrios e compensasse os prejuízos causados. Entretanto, não foi isso o que aconteceu.

O primeiro golpe nos municípios mineradores foi dado pela ruinosa Lei Kandir (LC 87/1996), que desonerou a exportação de commodities. A mineração, em sua maior parte, se destina à exportação. Por isso, os estados mineradores geram recursos financeiros para a nação, mas não recebem os recursos tributários gerados pela atividade. Em outras palavras, a mineração gera tributos para a União, entretanto, os estados e os municípios mineradores ficam sem os recursos do ICMS.

Apesar das promessas de compensação desse prejuízo pela União, o esperado “acertos de contas” pedidos pelos estados jamais ocorreu. A ADO 25, na qual os estados mineradores cobraram reparação, resultou em um acordo singelo, incapaz de reparar as perdas dos municípios mineradores. Para se ter uma ideia, apenas em Minas Gerais, eram necessários mais de R$ 170 bilhões para reparar os prejuízos causados. Entretanto, foram pagos pouco mais de 5% desse montante. Um absurdo!

Ao contrário do esperado, a recente EC 132/2023 abriu mais uma ferida nos entes federados mineradores e agravou muito a situação dos municípios mineradores.

Primus, porque o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), que virá para substituir o ICMS, também não incide na exportação de commodities. Assim, os estados e municípios mineradores seguirão sem a receita de seu principal tributo, recaindo sobre a atividade apenas os tributos federais. Secundus, porque a repartição da receita do IBS privilegiou o critério populacional (80% devem ser distribuídos na proporção da população do município), enquanto, do ICMS, 65% (no mínimo) era compartilhado na proporção do valor adicionado. Assim, se o ICMS ficava em sua maior parte com o município minerador produtor da riqueza, o IBS gerado por essas cidades, usualmente de pequena população, deve ser compartilhado com os demais municípios.

Exaustão das jazidas

O que se pode imaginar é que, no futuro, quando a exaustão das jazidas ocorrer (o que deve acontecer em poucos anos), o município minerador não terá riqueza alguma para ser explorada, e nada deve ser colocado no lugar da mineração. Os prefeitos que hoje já contam com recursos diminutos passarão a ter recursos ainda menores. Possivelmente, os entes exportadores de commodities, assim, devem, em alguns anos, se transformar em “cidades fantasmas”, parecidas com aquelas vilas abandonadas do velho oeste norte-americano. Os reformistas não se deram conta das distorções e das injustiças que estavam provocando.

Entretanto, um outra inexplicável distorção trazida pela EC 132/2023 ofende ao bom senso e sacrifica ainda mais os municípios mineradores: a destinação da arrecadação do Imposto Seletivo.

Spacca

A ideia central da EC 132/2023 foi a criação de um tributo sobre valor agregado dual dividido em dois, um nacional (CBS) e outro subnacional (IBS). Porém, o modelo aprovado veio acompanhado por alguns outros novos tributos, como o Imposto Seletivo (IS) e o esquisito “IPI — ZFM”.

O IS federal pretende ser um verdadeiro sin tax (“imposto sobre o pecado”), com propósitos exclusivamente extrafiscais, que deve incidir sobre a “produção, comercialização ou importação dos bens e serviços prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente”. O tributo, que será cobrado a partir de 2027, em substituição ao IPI, foi modelado para incidir sobre “externalidades negativas”.

Reconhecendo a existência dessas externalidades negativas nas atividades mineradoras, o artigo 153, § 6º, VII, da Constituição (CRFB/1988) reformada, conta agora, na extração de recursos minerais, com o IS-mineração, que deve ser “cobrado independentemente da destinação, caso em que a alíquota máxima corresponderá a 1% do valor de mercado do produto”. A tributação da mineração pelo IS, assim, só ocorre porque a atividade proporciona externalidades ambientais negativas. Obviamente, portanto, a destinação da receita gerada pelo tributo deve guardar “referibilidade” com essa atividade invasiva, ou seja, os recursos devem ser destinados às localidades que sofrem a externalidade negativa. Isso é óbvio!

O bom senso nos leva a concluir que esse específico tributo (IS-mineração) apenas foi instituído em razão dos prejuízos causados pela atividade mineradora e para compensar os sofridos municípios mineradores (sobretudo em razão das perdas proporcionadas pela Lei Kandir). Após os desastres ambientais de Mariana e Brumadinho, ficou evidenciado que os municípios mineradores sofrem severamente o impacto da extração minerária e os riscos de acidentes e prejuízos ao meio ambiente e à população dessas localidades são notórios.

Distorções da Lei Kandir

Se a reforma não corrigiu as distorções federativas causadas pela Lei Kandir, ao contrário, sacrificou ainda mais os entes federados exportadores de commodities, uma vez que os recursos do IS ficam nos cofres da União e não são direcionados para os municípios mineradores! Pasmem!

Em primeiro lugar, vale verificar que, nos termos do artigo 153, § 6º, I, da CRFB/1988, o IS não deve, a princípio, incidir sobre exportações, consagrando o princípio da tributação no país de destino. Entretanto, no caso da atividade minerária, o IS incide até mesmo na exportação de produtos minerais. Nesse sentido, o IS-mineral pode deixar um “resíduo tributário” na exportação, esvaziando a regra de imunidade, encarecendo as commoditiesnacionais no mercado internacional.

Em segundo lugar, o produto da arrecadação do IS não toma em consideração as localidades que sofrem com as externalidades negativas.

Nos termos do artigo 159, I, 40% da receita do IS fica com a União. Um percentual de 50% da arrecadação do IS é compartilhada com os entes subnacionais da seguinte forma: 21,5% vão para o Fundo de Participação dos Estados; 25,5%, para o Fundo de Participação dos Municípios e 3% para aplicação em programas de financiamento ao setor produtivo das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Nos termos do artigo 159, II, tal como se dava com o IPI, mais 10% da receita do IS é distribuída para os estados, proporcionalmente ao valor das respectivas exportações de produtos industrializados. Nos termos do § 3º do artigo 159, os estados deverão entregar aos respectivos municípios 25% dos recursos relativos ao IS que receberem e esse montante deve ser compartilhado observando os critérios estabelecidos no artigo 158, § 2º (25% dos 10%, portanto, 2,5%).

O artigo 158, § 2º, foi substancialmente alterado com relação aos anteriores critérios de partilha do ICMS. No que diz respeito ao IBS dos estados rateados com os municípios (25%) e aos 10% da receita do IS (de que trata o artigo 159, II), 80% do total deve ser compartilhado observando o critério populacional; 10% com base em indicadores de melhoria nos resultados de aprendizagem e de aumento da equidade (de acordo com o que dispuser lei estadual); 5% com base em indicadores de preservação ambiental (de acordo com o que dispuser lei estadual) e 5% em montantes iguais para todos os municípios do estado.

Assim, a alteração do critério de partilha do artigo 158, II, da CRFB/1988, com relação ao novo tributo sobre o consumo (IBS) e ao IS, fará com que os municípios mineradores percam receitas significativas. Para piorar, a União vai ficar com 40% de toda receita gerada pelo IS.

Entretanto, o IS é um tributo essencialmente extrafiscal, portanto, não pode ser instituído com propósitos arrecadatórios. A propósito, trata-se do único tributo cuja função extrafiscal é expressamente reconhecida pelo texto constitucional, o que revela seu perfil de genuíno instrumento de políticas públicas voltado à indução de comportamentos omissivos ou comissivos que se revelem convergentes ou contrários aos valores constitucionalmente albergados.

A extrafiscalidade exsurge quando o direito tributário abre seus poros à influência de valores e objetivos constitucionalmente estabelecidos, transmutando o tributo de uma simples fonte de receitas públicas em um genuíno instrumento de indução de comportamentos consentâneos a políticas públicas que densificam objetivos de Estado. Não pode, portanto, a União instituir o IS com propósitos arrecadatórios, mas deve restringi-lo a objetivos e funções necessariamente extrafiscais, servindo aos objetivos e propósitos (insista-se, extrafiscais) almejados com sua instituição como importantes referências para o seu controle de constitucionalidade.

Assim, não poderá a União instituir IS se sua incidência e exigência não militarem no sentido de contribuir para a consecução dos objetivos extrafiscais que fundamentaram sua criação. Portanto, para que o IS se revele constitucional, deve haver coerência (“referibilidade”) entre sua instituição e os fins colimados (juízo de adequação).

Baixa tributação de mineradoras

Como ressabido, é antigo o debate acerca da baixa tributação das atividades mineradoras e a possibilidade de geração de externalidades ambientais negativas, razão pela qual os clamores dos entes federados mineradores é uma constância. Foi por isso que, ainda que de forma singela, o artigo 153, § 6º, VIII, da CRFB/1988, com clara finalidade arrecadatória e de forma absolutamente excepcional, previu que, na extração, o IS deve ser cobrado, independentemente da destinação do produto, a uma alíquota máxima de 1% do valor de mercado do produto.

Porém, se observado o critério de partilha do imposto, fica evidenciado que o “IS extração”, obviamente, não deve reforçar o caixa dos Munícipios mineradores, como deveria, mas se constitui em uma fonte arrecadatória genérica de recursos tributários, sobretudo para a União.

Com a partilha prevista, o IS-extração terá propósitos exclusivamente arrecadatórios, pouco ou nada tendo a ver com as atividades poluentes e degradantes ao meio ambiente. Trata-se de um claro “imposto para atividades de extração”, para o qual não interessa o destino do produto extraído (mercado interno ou estrangeiro). Os danos, que são permanentes, ficam com o território dos entes mineradores, enquanto os ganhos arrecadatórios ficam com a União ou são socializados para os outros entes federados. Por isso, esse equívoco precisa ser corrigido.

As receitas do IS-extração devem ser direcionadas para os municípios que sofrem as externalidades negativas. Ou isso acontece, ou o IS-extração já surge revelando uma farsa.

Mais uma vez, os municípios que enriquecem o país e que sofrem com externalidades negativas são espoliados e ficam sem os recursos necessários para incentivar atividades substitutivas da mineração quando as jazidas se exaurirem. É necessário que se corrija esse absurdo.

Não podem os municípios mineradores, que geram riquezas para o País, ficarem sem tributos, viver sob ameaça de serem inundados por lama tóxica e ainda sofrerem com a indiferença do legislador nacional.

*Onofre Alves Batista Júnior

é sócio do Coimbra, Chaves & Batista Advogados, professor associado de Direito Público da Graduação e Pós-graduação da UFMG, pós-doutor em Democracia e Direitos Humanos pela Universidade de Coimbra, doutor em Direito pela UFMG e mestre em Ciências Jurídico-Políticas pela Universidade de Lisboa.

Fonte: Conjur
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 13/05/2024

 

Chuva no Sul provocará recessão de 3,5% no agro do Brasil inteiro

O agronegócio será o setor da economia mais impactado pelas enchentes no Rio Grande do Sul. Relatório elaborado pelo Bradesco estima que o desastre provocará uma recessão de 3,5% no agro nacional em 2024. O Estado representa 12,6% de todo o PIB (Produto Interno Bruto) agropecuário no país. Eis a íntegra do relatório do banco (PDF – 352 kB).

Os preços dos alimentos em todo país devem ser pressionados por causa dos prejuízos na safra gaúcha. O Rio Grande do Sul é o maior produtor de arroz do país, respondendo por 71% da produção. As cheias ligaram um alerta vermelho para o risco de desabastecimento nacional e o governo autorizou a importação emergencial do produto.

Além do arroz, o Rio Grande do Sul também é um dos maiores produtores nacionais de soja, trigo e carnes, segundo dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).

 

Neste momento, o Estado está no fim da colheita de verão e cerca de 70% da soja e 80% do arroz já foram colhidos.

De acordo com o Bradesco, supondo que metade do que não foi colhido tenha sido perdido nas lavouras por causa das enchentes, seriam 800 mil toneladas de arroz e 3,2 milhões de toneladas de soja a menos na produção brasileira de 2024. Ou seja, 7,5% da produção de arroz no Brasil e 2,2% de soja podem estar comprometidos.

O relatório ressalta que as estimativas são conservadoras, uma vez que não há como saber o comprometimento da parcela já colhida em fase de beneficiamento. No caso do trigo, o plantio só começou. Ainda há tempo para ser realizado na janela ideal –que vai até julho. Mas os danos em solo e as perdas do produtor de soja podem reduzir a intenção de plantio e a produtividade.

Além disso, o Estado respondeu por 12% dos abates de suínos e 9,5% dos abates de frangos em 2023. Com parte da produção impactada pelas enchentes, haverá outro impacto negativo, especialmente para suínos, que têm ciclo de criação mais longo.

As perdas no agronegócio podem ser ampliadas por causa dos problemas de logística, que afetam tanto o escoamento da safra, bem como impede a chegada de insumos. O entrave deve afetar sobretudo os segmentos de laticínios e carnes, que são mais perecíveis.

O cenário deve se refletir diretamente nos preços dos alimentos no país. O Bradesco lembra que em 2008, quando um ciclone subtropical atingiu o Rio Grande do Sul, os preços do arroz subiram cerca de 40% no atacado e 20% no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) em um mês.

Há também alguma preocupação com os preços da soja. Já houve queda da produção do grão neste ano no Brasil e possíveis perdas no Rio Grande do Sul resultariam em uma menor oferta no mercado doméstico.

Por causa disso, o Bradesco estima um impacto potencial de 0,2 ponto percentual na inflação deste ano, estimativa que considera uma alta de 5% da cotação da soja e um choque próximo de 20% do arroz no atacado.

CRESCIMENTO DO PAÍS EM XEQUE

Os dados mais recentes do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que a economia gaúcha foi de R$ 581,3 bilhões em 2021. O Estado representa a 4ª maior economia do país (6,5%). O banco Bradesco estimou em R$ 600 bilhões a atividade econômica do Estado em 2022.

 

Segundo a instituição financeira, o impacto do desastre sobre o PIB nacional deve ficar de 0,2 a 0,3 ponto percentual. A queda também pode colocar em xeque o crescimento econômico de 2% do Brasil previsto em 2024.

Analistas estimam que o PIB do Brasil terá crescimento de 2,05% em 2024, segundo o Boletim Focus, do BC (Banco Central). Portanto, uma redução de 0,3 ponto percentual levaria a expansão do PIB para algo perto de 1,75%, o que é uma desaceleração em relação a 2023, quando o Brasil avançou 2,9%.

De acordo com o estudo do Bradesco, será preciso analisar os dados de maio na atividade econômica, uma vez que a expectativa do banco é de normalização em junho. Uma extensão dos estragos derrubará ainda mais a projeção do PIB.

 
Fonte: Poder 360
Seção: Agro, Máquinas & Equipamentos
Publicação: 13/05/2024