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Importação crescente de aço afeta cadeia de reciclagem

A importação crescente de aço, principalmente da China, Índia, Turquia e Egito, que praticam preços mais baixos, está prejudicando a cadeia do setor e reduzindo a produção no Brasil e a demanda por sucata ferrosa. As usinas siderúrgicas e aciarias utilizam cerca de 30% de sucata na produção de aço.

“Com o menor processamento local de aço, há consequentemente uma diminuição na geração de sucata”, afirma Clineu Alvarenga,  presidente do Instituto Nacional de Reciclagem (Inesfa), órgão de classe que representa mais de 5,5 mil empresas recicladoras que praticam a economia circular, reinserindo insumos no ciclo da reciclagem para transformação.

Segundo Alvarenga, o consumo aparente de aço se mantém, “o que não acontece com a produção e consumo de sucata local.”

A guerra fiscal entre os estados, que persiste, também tem desestimulado a produção e criado situações de  concorrência desleal.

“A guerra fiscal está atrapalhando o setor siderúrgico como um todo, seja na importação de aço com incentivos de ICMS,  como ocorre no estado de Santa Catarina,  ou com incentivos na compra de sucata usados de forma irregular pelo Estado do Rio de Janeiro”, diz Alvarenga.

IMPOSTOS 

O Inesfa continua empenhado na questão tributária, atuando fortemente pela aprovação no Senado do Projeto de Lei 1.800/21, do deputado federal Domingos Sávio, que traz apensada a proposta do deputado federal Vinicius de Carvalho e que isenta recicladores e cooperativas de catadores do pagamento de PIS e Cofins na venda de materiais reciclados p/ a indústria. O PL já foi aprovado por todas as Comissões da Câmara dos Deputados.

A PEC da Reciclagem, de 2019, que altera a Constituição Federal para criar a imunidade de impostos sobre produtos feitos com material reciclado ou reaproveitado, também está avançando. Conforme Alvarenga, a PEC já tem 72 assinaturas favoráveis entre os parlamentares e deve receber inúmeras novas adesões neste ano. “A aprovação da PEC alinharia o Brasil aos países do Hemisfério Norte, que incentivam o setor há muitos anos.”

Fonte: IPESI
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 17/04/2025

 

OMC prevê retração no comércio global em 2025 e alerta para impacto das tarifas

O volume do comércio mundial de mercadorias deverá encolher 0,2% em 2025 nas condições atuais, segundo o mais recente relatório da Organização Mundial do Comércio (OMC), divulgado nesta quarta-feira (16). A projeção é quase três pontos percentuais abaixo do esperado em um cenário de tarifas baixas. Caso se intensifiquem as tensões comerciais e se reinstalem tarifas recíprocas, a retração poderá chegar a 1,5%.

A diretora-geral da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala, destacou a preocupação com o impasse tarifário entre Estados Unidos e China e os riscos que a incerteza na política comercial representa para o crescimento global, especialmente em economias mais vulneráveis. Em 2025, as exportações da América do Norte devem cair 12,6%, com importações recuando 9,6%, influenciando negativamente o comércio global.

Em contrapartida, Ásia e Europa devem apresentar crescimento modesto. O desvio de comércio causado pelas tensões entre EUA e China pode beneficiar países menos desenvolvidos, especialmente exportadores de têxteis e eletrônicos.

O comércio de serviços, que cresceu 9% em 2024, também deve sentir os efeitos das tarifas sobre bens, com crescimento global previsto de 4,0% em 2025, ritmo mais lento que o inicialmente estimado.

As previsões são mais otimistas para Europa e Ásia, enquanto América do Norte, Oriente Médio, África e América Latina devem enfrentar desaceleração ou queda nas exportações de serviços.

A OMC reforça que o atual cenário demanda uma revisão urgente dos acordos comerciais para garantir maior previsibilidade e competitividade no comércio global.

 
Fonte: Portos e Navios
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 17/04/2025

 

Trump cogita isenção para peças de automóveis e alivia pressão sobre montadoras

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que está considerando isenções em suas tarifas sobre veículos e autopeças importados, com o objetivo de dar mais tempo às montadoras para estabelecerem produção nos EUA.

“Estou analisando algo para ajudar as montadoras. Elas estão trocando peças por outras feitas no Canadá, México e em outros países, e precisam de um pouco mais de tempo, porque vão passar a fabricar aqui”, disse Trump a repórteres nesta segunda-feira, no Salão Oval.

As declarações podem oferecer algum alívio às fabricantes afetadas pelas tarifas sobre carros e caminhonetes, mas também aumentam a incerteza sobre a política comercial do governo. As ações da General Motors, Ford e da Stellantis (controladora da Chrysler) subiram após os comentários, revertendo as quedas registradas mais cedo.

As tarifas sobre importações de veículos ameaçam elevar os preços para consumidores americanos e causar rupturas nas cadeias de suprimento automotivas, que são profundamente integradas entre EUA, Canadá e México. Trump argumenta que as tarifas são necessárias para revitalizar a indústria manufatureira do país.

O governo impôs uma tarifa de 25% sobre veículos completos, com tarifas sobre peças programadas para entrar em vigor até 3 de maio. As medidas já preveem exceções para veículos com conteúdo suficiente para atender aos requisitos do acordo comercial da América do Norte.

As três grandes montadoras de Detroit vinham, há semanas, pressionando o governo Trump para excluir determinadas autopeças de baixo custo das tarifas planejadas. Segundo fontes próximas às negociações, Ford, GM e Stellantis aceitaram pagar tarifas sobre carros completos e componentes grandes, como motores e transmissões.

No entanto, as empresas alertaram que tarifas amplas sobre peças aumentariam os custos em bilhões de dólares e poderiam levar a alertas de lucro e cortes de empregos — efeitos contrários ao objetivo de Trump de reforçar a produção local.

Trump também afirmou nesta segunda-feira que pretende aplicar tarifas sobre importações farmacêuticas “num futuro não muito distante”.

As mudanças frequentes nos planos tarifários do presidente têm gerado sinais confusos para mercados, empresas e parceiros comerciais, que buscam entender como lidar com um governo que promete negociar dezenas de novos acordos para reduzir desequilíbrios comerciais.

Na segunda-feira, Trump elogiou as isenções concedidas a eletrônicos populares das tarifas de 125% aplicadas à China, bem como a tarifa global básica de 10%, dizendo que beneficiam empresas americanas como a Apple e citou investimentos da fabricante de chips Nvidia nos EUA.

“Olha, sou uma pessoa muito flexível. Não mudo de ideia, mas sou flexível”, disse Trump a repórteres.

“Ajudei o Tim Cook recentemente, e toda aquela operação”, continuou, referindo-se ao CEO da Apple. “Não quero prejudicar ninguém. Mas o resultado final é que vamos alcançar a grandeza para o nosso país.”

No fim de semana, porém, Trump indicou que o alívio para os produtos de tecnologia será temporário. Ele e seus assessores disseram que essas importações deverão ser alvo de tarifas setoriais específicas futuramente.

Fonte: Infomoney
Seção: Automobilística & Autopeças
Publicação: 15/04/2025

Brasil e EUA fazem primeira reunião 'pós-tarifaço'

A primeira negociação entre o Brasil e os EUA depois do tarifaço de Donald Trump ocorreu ontem. Os americanos dizem que estão negociando acordos com mais de 70 países.

Conforme a coluna apurou, os negociadores brasileiros e americanos discutiram essencialmente dois temas: primeiro, novos esclarecimentos sobre o pacote das ditas ‘tarifas recíprocas’, pela qual o Brasil sofre taxação adicional de 10% sobre todas suas exportações.

E segundo, o acesso para o aço brasileiro no mercado dos EUA. O governo brasileiro continua tentando negociar o restabelecimento pelo menos das cotas que foram impostas ainda no primeiro governo Trump, como a de 3,5 milhões de toneladas para o aço semiacabado, que é matéria-prima para a siderurgia americana.

Negociadores discutiram ideias sobre como avançar nos dois temas. Brasília e Washington vão marcar nova reunião.

Como já publicamos nesta coluna, o governo Trump mostra-se obcecado com a tarifa de importação de etanol do Brasil, de 18% comparado à alíquota de 2,5% nos EUA. Não será surpresa se, no final das contas, se barganha houver, etanol e aço acabem misturados num pacote, para satisfazer Brasília e Washington.

Enquanto o governo Trump corre para avançar em negociações bilaterais, sob pressão agora cada vez maior de parte de seu setor privado, as contas sobre a fatura do desastre provocado por Trump parecem continuar aumentando.

Trump reduziu algumas das tarifas exibidas em seu grande pedaço de papelão na semana passada no jardim da Casa Branca. A menos que ocorra outra mudança de política, a União Europeia agora enfrentará uma tarifa de 10% nos próximos três meses, em vez de 20%. Mas a tarifa sobre a China, o terceiro maior parceiro comercial dos EUA depois do Canadá e do México, passou de 34% para mais de 130%. E ainda tem altas tarifas sobre o aço e o alumínio.

Paul Krugman, prêmio Nobel da economia, acha que na verdade os observadores que afirmam que as tarifas diminuíram estão perdendo a maior parte da história.

Ele nota que economistas que realmente analisaram os números, como os do Yale Budget Lab, estimam que o regime tarifário de 9 de abril aumentará os preços ao consumidor ainda mais do que o pacote de 2 de abril. É que Trump nivelou as tarifas adicionais sobre todos os países em 10%, mas aumentou extraordinariamente a alíquota sobre as importações procedentes da China.

Com isso, a estimativa é de que a versão mais recente da guerra comercial de Trump aumentará os preços ao consumidor em 2,9% nos EUA. Isso é cerca de dez vezes o impacto provável da infame tarifa Smoot-Hawley de 1930, que fez uma recessão passar a depressão e causar mais estragos na economia mundial, pavimentando o terreno para mais nacionalismo e guerra.

Krugman indaga o que os EUA deveriam estar negociando. Afinal, os outros países não podem prometer reduzir suas barreiras comerciais quando, em muitos casos, não há nenhuma barreira. Lembra que Peter Navarro, o assessor de comércio de Trump e chamado por Elon Musk de idiota, tem afirmado que os impostos sobre valor agregado são tarifas de fato, "mas não são, e as nações da União Europeia literalmente não podem se dar ao luxo de abrir mão deles".

Para Krugman, outros países "podem fazer concessões falsas que Trump pode reivindicar como vitórias falsas". Lembra que foi isso que ele fez com a China durante seu primeiro mandato, alegando que Pequim tinha feito concessões significativas - alegações que, no final, eram falsas. "De fato, os produtores de soja americanos nunca recuperaram totalmente a perda de participação no mercado. E lembre-se também de como Trump fez pequenas alterações no NAFTA (acordo dos EUA com México e Canadá) e alegou ter negociado um pacto comercial totalmente novo."

Fonte: Valor
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 14/04/2025

Tarifas sobre o aço chinês pressionam preços e desafiam investimentos na siderurgia latino-americana

O aumento expressivo das tarifas sobre o aço importado da China por países latino-americanos marca um novo capítulo na tentativa de preservar a competitividade da indústria siderúrgica regional. Brasil, México, Chile e outros mercados vêm adotando medidas comerciais mais rígidas para conter a entrada massiva de aço chinês, cujo preço mais baixo tem causado distorções no mercado local, pressionando a produção nacional e ampliando o risco de desindustrialização em setores estratégicos.

Com a China exportando anualmente milhões de toneladas de aço para a América Latina, os países da região enxergam a necessidade de agir. A decisão de impor tarifas ou criar sistemas de cotas sobre o aço chinês, no entanto, não é isenta de dilemas. De um lado, busca-se reequilibrar os preços internos, fortalecer o setor siderúrgico e preservar empregos industriais. De outro, há o risco de minar relações econômicas com a China, que nos últimos anos se consolidou como um dos principais investidores em infraestrutura, energia, mineração e logística em território latino-americano.

O caso do Brasil é emblemático. O país implementou um sistema de cotas tarifárias para limitar o volume de importações a preços considerados predatórios. O aumento vertiginoso nas compras de aço chinês – que chegaram a quase triplicar em alguns segmentos – gerou pressão sobre produtores locais e motivou fortes reações do setor, culminando na adoção das novas regras.

Apesar de o discurso oficial evitar mencionar explicitamente a China, é notório que as medidas miram principalmente o aço de origem chinesa, cujos custos são, muitas vezes, inferiores ao custo de produção nacional. Essa diferença tem levado a uma queda nos preços praticados internamente, dificultando a sobrevivência de empresas siderúrgicas locais, especialmente as de médio porte.

Especialistas alertam, no entanto, que essa política de contenção pode trazer consequências indesejadas. A China é, atualmente, um dos maiores investidores estrangeiros na América Latina, com forte presença em grandes projetos de infraestrutura e cadeias produtivas críticas. Restrições comerciais mais severas podem levar a uma reavaliação dessas parcerias, especialmente se forem interpretadas como hostis.

Ainda assim, governos latino-americanos argumentam que a proteção da indústria local é uma questão de soberania econômica. Em um cenário global marcado por disputas comerciais, sobrecapacidade produtiva e guerras tarifárias, a preservação da base industrial e o equilíbrio dos preços do aço tornam-se prioridade para diversas administrações.

O desafio será encontrar um ponto de equilíbrio: proteger os mercados internos da concorrência desleal sem fechar as portas para investimentos externos estratégicos. Nesse sentido, a relação com a China seguirá sendo cuidadosamente monitorada, exigindo diplomacia e estratégia por parte dos governos da região.

Fonte: Infomet
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 11/04/2025

 

Guerra comercial e tarifaço de Trump: impactos e oportunidades para a indústria metalúrgica brasileira

A intensificação da guerra comercial entre Estados Unidos e China, marcada pela recente elevação de tarifas por parte do governo norte-americano, impôs novos desafios ao comércio global, com reflexos imediatos sobre os mercados de commodities e sobre o Brasil — especialmente na indústria metalúrgica.

O chamado "tarifaço de Trump", que ampliou tarifas sobre centenas de produtos chineses, reacendeu incertezas no ambiente internacional. A medida é parte de um movimento estratégico dos Estados Unidos para reduzir sua dependência da China, mas tem provocado reações em cadeia nos mercados, afetando a confiança dos investidores e pressionando os preços de matérias-primas como minério de ferro, petróleo e soja — todas fundamentais à economia brasileira.

Origens da disputa e efeitos globais

Desde 2018, quando os primeiros embates tarifários entre Washington e Pequim começaram, o comércio global passou a operar sob novas regras, mais voláteis e protecionistas. A escalada mais recente das tarifas amplia a percepção de risco e pode limitar o crescimento de países exportadores de commodities e bens industriais — especialmente os que dependem fortemente da China ou dos Estados Unidos como mercados destino.

Repercussão na cadeia metalúrgica

A indústria metalúrgica brasileira, que engloba a produção de aço, fundidos, forjados e transformados metálicos, sente os efeitos de forma direta. De um lado, há a pressão da queda nas commodities, o que pode reduzir receitas de exportação e desorganizar a estrutura de custos. De outro, existe a possibilidade de absorver parte da demanda redirecionada por players que desejam evitar a dependência do aço chinês.

Segundo especialistas, a reconfiguração do comércio internacional pode favorecer, pontualmente, exportadores brasileiros — desde que sejam capazes de oferecer confiabilidade logística, escala produtiva e qualidade técnica. Nesse cenário, os Estados Unidos podem buscar fornecedores alternativos na América Latina, criando brechas para empresas brasileiras.

Riscos à competitividade

Apesar da oportunidade, representantes da indústria alertam para os riscos de curto e médio prazo. O presidente do CIESP (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), Rafael Cervone, afirmou ao portal IPESI que o Brasil precisará “navegar em forte turbulência” e que o ambiente exige ação estratégica. “É preciso garantir segurança jurídica, estabilidade regulatória e estímulo à competitividade para que a indústria consiga responder às mudanças com agilidade”, disse.

Além disso, o avanço do protecionismo em outras regiões pode restringir o acesso a mercados tradicionais, exigindo do Brasil uma política comercial mais ativa. Há consenso entre especialistas de que a diversificação de parceiros comerciais e o avanço em acordos bilaterais são fundamentais para mitigar riscos estruturais.

Setores mais impactados

Dentro da cadeia metalúrgica, os segmentos com maior exposição ao mercado externo — como siderurgia, autopeças e bens de capital — tendem a sentir os efeitos de forma mais acentuada. A queda nos preços internacionais do aço, por exemplo, impacta margens de exportadores e pode dificultar novos investimentos.

Empresas do setor também devem monitorar com atenção a movimentação dos estoques globais, variações no frete internacional e as decisões de política monetária nos países desenvolvidos, que afetam diretamente a liquidez e o custo do capital.

Infobox: 5 impactos diretos na indústria metalúrgica brasileira

Redução no preço do minério de ferro – Pressão nas margens de produtores e volatilidade nas exportações.
Instabilidade nos fluxos comerciais globais – Dificuldade para manter previsibilidade em contratos e escoamento da produção.
Aumento da concorrência internacional – Com redirecionamento de produtos chineses a outros mercados, o Brasil pode enfrentar maior competição.
Possibilidade de novos mercados nos EUA – A substituição de produtos chineses pode abrir portas para exportadores brasileiros.
Necessidade de ação governamental – O setor demanda apoio institucional para ampliar acordos e garantir competitividade.
Perspectivas e caminhos

A médio prazo, o Brasil precisa alinhar esforços públicos e privados para transformar instabilidades em vantagens estratégicas. Além de uma política comercial mais firme, é essencial avançar em frentes como logística, desoneração da cadeia produtiva e fomento à inovação industrial.

A guerra comercial pode ser uma ameaça — ou uma oportunidade. Tudo dependerá da capacidade do país de se adaptar, responder com inteligência e ocupar espaços que se abrem em meio à turbulência.

Fonte: Infomet
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 10/04/2025