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Construtoras veem alívio; indústria do aço, ‘medida inadequada’

A redução na tarifa para importação de vergalhões de aço, de 10,8% para 4%, anunciada ontem pelo Comitê-Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex/Camex), agradou os incorporadores, mas não resolve o problema do setor com o custo do material.

Segundo Fernando Carvalhal, diretor de engenharia da incorporadora Gamaro, o aço chega a representar até 8% do preço das obras. Os vergalhões têm função estrutural e são usados no concreto armado. Ele observou um aumento de 68% no preço do aço do fim de 2020 para cá, o que tem grande impacto sobre o custo total das obras. “Estamos com um empreendimento no Brooklin [bairro de São Paulo] com a mesma quantidade de aço da Torre Eiffel”, afirma.

O diretor da incorporadora enxerga a redução da tarifa de importação como uma ajuda ao setor, por permitir ao menos o estudo da importação do material.

Opinião semelhante tem Eduardo Zaidan, vice-presidente de economia do Sinduscon-SP, sindicato das construtoras do Estado de São Paulo. Para ele, a medida é um auxílio, mas a raiz dos preços elevados do aço está na falta de competição entre os produtores do material no país e no fato de as construtoras não terem alternativa a não ser comprar deles, uma vez que a obra é iniciada. “Se sou obrigado a comprar e tenho dois fornecedores, o que eles pedirem eu tenho que pagar. A única coisa que resolve esse problema é concorrência”, afirma.

Zaidan chama de “guerra de narrativas” a troca de acusações entre representantes da indústria do aço e da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), que tiveram um embate nesta semana sobre o aumento real do metal e quanto isso tem afetado as obras no país.

A CBIC divulgou um estudo na terça-feira que aponta o aço como o material que mais impactou no aumento total do custo das obras nos últimos dois anos. Entre julho de 2020 e janeiro de 2022, teria representado quase 22% do aumento do preço de um prédio de quatro andares.

Para o presidente-executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, a decisão do governo de cortar a tarifa de importação foi “inadequada”. Ele e outros representantes do setor reuniram-se anteontem com o ministro da Economia, Paulo Guedes, para tentar impedir o corte do imposto.

Mello Lopes afirmou que não há excepcionalidade que justifique a redução de impostos. O mercado brasileiro está abastecido e não existe especulação com preços, segundo ele.

Na avaliação dele, a decisão é “mais inadequada ainda” quando se considera que países produtores de aço tomam medidas para proteger suas indústrias do excesso de produção de produtos siderúrgicos que há no mundo. Há medidas restritivas à importação nos Estados Unidos e na União Europeia, exemplificou. No Brasil, a única proteção é a tarifa, que agora foi reduzida. “O mercado é soberano e vai responder pelo impacto da medida”, disse o executivo.

Favorável ao corte proposto pelo governo federal no imposto de importação sobre vergalhão de aço, a indústria de construção diz que a medida pode amenizar o aumento de preços em um insumo que representa, em construção de habitações mais populares, cerca um terço do custo de material.

Segundo José Carlos Martins, presidente da CBIC, a alta dos preços de aço no país foi certamente influenciada pela elevação de cotações de commodities. Ele diz, porém, que os preços domésticos subiram mais, que há “gordura” neles e por isso é preciso fazer um “choque de oferta”.

Os custos da construção, defende, subiram mais que o poder aquisitivo das famílias. De julho de 2020 até o fim do ano passado, diz, os custos de insumos do setor, incluindo mão de obra e material, subiram 30%, em taxa superior à da inflação do período.

Já Luiz França, presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), não vê motivos para existir qualquer barreira à entrada de aço estrangeiro e ressalta que a redução aprovada vale apenas até o fim do ano. “Se temos no Brasil uma indústria de aço competitiva e com bom preço, não tem por que haver Imposto de Importação.”

A entidade trabalha com um aumento de 101% nos últimos dois anos, de acordo com o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), da FGV. De acordo com França, isso tem forçado as incorporadoras a elevar o preço dos imóveis, o que aumenta o déficit habitacional do país.

Leonardo Correa e Caio Greiner, analistas do BTG, escreveram em relatório que a redução do imposto terá efeito pequeno sobre a redução do preço do aço, mas deve limitar novos aumentos no material no curto prazo. De acordo com eles, antes da redução o aço nacional tinha um desconto de 11% sobre o importado, que passou para 5% agora.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 12/05/2022

Siderúrgicas: “Muito barulho por nada”, diz BTG, sobre corte de tarifas de importação de aço

Após acompanhar a coletiva de imprensa da Gecex, o comitê executivo daCâmara de Comércio Exterior, vinculada ao Ministério da Economia, o BTG Pactual considerou que toda a reação causada pela redução das tarifas de importação de produtos siderúrgicos é “muito barulho por nada”.

Segundo o banco, o tom da Gecex ficou dentro do esperado, e a coletiva não trouxe nenhuma surpresa. “Mantemos nossa visão de que as medidas deverão ter um impacto imaterial para a indústria siderúrgica brasileira”, afirma.

A instituição acrescenta que o recente rali de venda de papéis de siderúrgicas, motivado pelo medo dos investidores dos possíveis impactos da medida, foi exagerado. “Continuamos a acreditar que as revisões de ganhos são mais prováveis que as de perdas no cenário atual.”

O banco também considera “altamente improvável” as estimativas do mercado de que as menores tarifas de importação proporcionarão uma queda entre 10% e 20% nos preços dos produtos siderúrgicos nos próximos trimestres.

Para o BTG Pactual, “embora a medida deva limitar novos aumentos de preço no curto prazo, acreditamos que ajudará muito pouco a reduzir os níveis atuais de preço”.

Siderúrgicas tentam reverter decisão sobre aço

Produtores de aço reuniram-se nesta terça-feira (10) com o ministro da Economia, Paulo Guedes, para tentar convencer o governo a ignorar pleito do setor da construção civil para redução do imposto de importação de vergalhões, disse a entidade que representa as siderúrgicas do país, Aço Brasil.

Na véspera, fonte com conhecimento do assunto afirmou que o governo federal avaliava zerar o imposto de importação que incide sobre onze produtos alimentícios e do setor de construção, “incluindo o aço”.

Mas na tarde desta terça-feira, executivos do Aço Brasil afirmaram, após reunião com Guedes, que a discussão no governo sobre o Imposto de Importação envolve apenas o vergalhão e que se trata de redução de 10,8% para 4% até o final deste ano.

Segundo a entidade, o Brasil é um dos países que menos reajustaram o preço do vergalhão no mercado interno nos últimos 12 meses e que os consumidores do produto, notadamente empresas do setor da construção civil, estão plenamente abastecidos desde meados do ano passado.

Fonte: Money Times
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 12/05/2022

 

Setor siderúrgico se opõe ao corte na tarifa de importação e diz ter o vergalhão mais barato do mundo

As empresas do setor siderúrgico esperam que o corte na tarifa de importação do vergalhão de aço, pautada para a reunião da próxima quinta-feira do Comitê Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex), não seja aprovado.

“A expectativa é que o governo acolha nossos argumentos e reverta a orientação que ontem foi comunicada”, disse o presidente do Conselho Diretor do Aço Brasil, Marcos Faraco.

Fontes do governo informaram ontem sobre a intenção de reduzir as tarifas de importação de 11 produtos, entre eles o aço. É o que está na pauta da reunião do Gecex.

A informação genérica sobre redução da tarifa de importação do aço teve repercussão nas empresas, disse o presidente-executivo do Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes.

O que está em discussão no governo e pode ser levado à reunião do Gecex, informou Faraco, é a redução do imposto de importação apenas sobre vergalhão de aço. A tarifa seria cortada de 10,8% para 4% de forma temporária: até o fim deste ano. Não estão em análise cortes de tarifas para outros produtos siderúrgicos.

Alta do vergalhão

Lopes afirmou que o ministro da Economia, Paulo Guedes, relatou que vinha sendo pressionado pelo setor de construção civil, mais especificamente pelas empresas que atuam no programa Casa Verde e Amarela, sobre os preços do vergalhão de aço.

“Trouxeram informação que não procede, indicando que o setor [siderúrgico] teria aumentado o preço acima de 100% e a construção civil estaria atravessando grandes dificuldades. Isso não ocorre de fato; todo mundo sabe que a construção civil está falando em dobrar o PIB, e que bom que seja assim.”

A informação que o governo teria intenção de reduzir a tarifa de importação do aço de maneira geral impactou as empresas, comentou. No entanto, trata-se de uma discussão apenas sobre o vergalhão de aço.

Vergalhão mais barato do mundo

Na reunião com Guedes, os representantes do setor siderúrgico rebateram as reclamações do setor de construção civil que teriam levado o governo a pensar em reduzir a tarifa de importação do vergalhão de aço.

Diante da queixa que o setor de construção estaria enfrentando grandes dificuldades e desempregando, o setor siderúrgico informou a Guedes que emprega diretamente 110.000 pessoas e, indiretamente, 3 milhões, informou Faraco.

Além disso, as empresas estão investindo R$ 12 bilhões este ano, com compromissos de mais R$ 41 bilhões nos próximos anos.

Em abril, havia mais de 9 mil canteiros de obra formais ativos no país, acrescentou. Em janeiro de 2020, eram menos de 5 mil. “O crescimento mês a mês tem sido cada vez mais consistente”, disse. “O setor de construção civil não passa por pesadelo.”

Faraco informou ainda que não há problemas de abastecimento no Brasil desde junho de 2021, a ponto de as empresas brasileiras terem voltado a exportar no terceiro trimestre de 2021. Em 2020, houve desarranjo das cadeias, lembrou.

“O Brasil tem hoje o vergalhão em dólar mais barato do mundo”, afirmou. Na Europa, o produto apresentou alta de 129% nos últimos 12 meses; nos Estados Unidos, de 78% e, no Brasil, de 45%. O único mercado onde a alta foi menor do que a do Brasil é a Rússia, disse.

“O vergalhão brasileiro é competitivo e o mais barato do mundo”, frisou. “Não faz sentido a discussão que está sendo trazida para o imposto de importação, uma vez que é inócua.”

Segundo Faraco, a redução da tarifa de importação atenderia apenas “a interesses específicos de um setor importador que quer se beneficiar de desvio de comércio internacional para aumentar suas margens de negócios.”

Os empresários apresentaram a Guedes um estudo pelo qual o aço representa de 3% a 5% do custo da construção civil e o impacto do vergalhão foi de 0,03% nos últimos 12 meses. No período, o Índice Nacional da Construção Civil (INCC) foi de 11,52%.

Segundo Faraco, o ministro se mostrou surpreso e questionou sua equipe se tinha essas informações. Ao final, fez um pronunciamento reconhecendo a transparência do setor e pedindo à sua equipe que, com base nas informações, reavaliasse as discussões que estavam acontecendo e na tarde de hoje voltassem a deliberar sobre o tema.

Construção civil nega pressão

O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, afirmou nesta que jamais disse a Guedes que seu setor está desempregando. “O que eu disse é que a venda de hoje é o emprego de amanhã”, informou ao Valor.

Por isso, ele afirma que os dirigentes do Instituto Aço Brasil “faltaram com a verdade” quando, ao relatar reunião mantida hoje com Guedes, contaram que o ministro se sentia pressionado pelo setor de construção, que estaria demitindo.

“Nunca falamos que não estávamos contratando”, disse Martins. O que ele vem repetindo é que, com as vendas em queda, poderá haver problemas para as empresas no futuro.

As vendas de imóveis financiados pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) começaram a cair no terceiro trimestre de 2021, disse o presidente da CBIC. Tanto que o conselho curador do Fundo alterou por duas vezes a curva de subsídios a imóveis, para tentar recuperar a demanda pelos imóveis. Já as vendas pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), que foram recorde em 2021, agora desaceleraram por causa da alta dos juros.

Segundo Martins, os preços do vergalhão de aço subiram 34% de julho de 2020 a julho de 2021. No ano passado, o produto importado chegava ao país com preços de 15% a 20% mais baratos, disse. “Aí, tiveram de baixar o preço”, disse, referindo-se às fabricantes nacionais. Mas, com a alta do dólar, os preços no mercado doméstico voltaram a subir.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 11/05/2022

Guedes orienta equipe a analisar dados que apontam aço brasileiro como o mais barato do mundo, diz fonte

O ministro da Economia, Paulo Guedes, teria orientado sua equipe a analisar dados apresentados por empresários do setor siderúrgico em audiência nessa terça-feira (10). Números mostrariam que o aço brasileiro é o mais barato do mundo, com exceção da Rússia – agora envolvida na guerra contra a Ucrânia – e China (fortemente subsidiada); e que o impacto do vergalhão de aço na inflação é de 0,03%.

O relato da reunião foi feito ao Valor por fonte do setor privado. A reportagem questionou o Ministério da Economia a respeito e aguarda resposta.

O encontro ocorreu sob o impacto da informação de que o governo pretende reduzir as tarifas de importação de 11 produtos, siderúrgicos entre eles, nessa quinta-feira (12). Segundo a fonte, os dados apresentados pelos executivos causaram surpresa ao ministro.

No encontro, Guedes teria dito que vem sendo pressionado pelo setor de construção civil, particularmente das empresas que atuam no programa Casa Verde e Amarela, para facilitar a importação do produto.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 11/05/2022

 

Siderúrgicas e construtoras travam queda de braço sobre corte de imposto do aço

A possibilidade de o governo zerar a tarifa de importação do aço para ajudar no combate à inflação colocou em oposição dois gigantes da indústria nacional: os setores de siderurgia e da construção civil. O pano de fundo é a preocupação do governo com o risco de um aumento de demissões no segundo semestre no Brasil, justamente no auge da campanha eleitoral, que tem o presidente Jair Bolsonaro como candidato à reeleição.

Após reportagem do Estadão revelar na segunda-feira, 9, que o governo estava pronto para oficializar a medida, lideranças do setor desembarcaram hoje em Brasília para tentar reverter a medida, que será decidida em reunião nesta quarta-feira, 11. Outros 10 itens também deverão ter a tarifa cortada, incluindo alimentos e insumos da construção civil.

Depois de um encontro com o ministro da Economia, Paulo Guedes, os representantes das siderúrgicas foram até o Palácio do Planalto. Nas reuniões, ressaltaram que o setor tem dado apoio ao governo Bolsonaro e, agora, podem ser penalizados com essa medida, segundo apurou a reportagem.

O presidente executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo Lopes, disse que a redução do imposto de importação entrou no radar do governo a pedido da construção civil, que reclamou do aumento dos preços dos vergalhões utilizados no setor. Ele acusou o segmento de repassar ao ministro da Economia, Paulo Guedes, dados incorretos, como do aumento de preços de mais de 100% e de que está havendo demissão. “Isso não procede. Guedes falou de pressão intensa da construção civil, eles trouxeram ao ministro informações que não procedem”, disse Lopes.

A resposta chegou rápido. O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), José Carlos Martins, reagiu às declarações. “Não estamos demitindo porque honramos nossos compromissos. Estamos assumindo custos que eles nos geram e irão gerar desemprego futuro”, disse ele. As declarações foram feitas enquanto Polo ainda dava entrevista. Para ele, é desespero das siderúrgicas.

“Nós nunca noticiamos isso, pelo contrário. Todas as nossas estatísticas mostram que estamos contratando. O que disse ao Paulo Guedes: a venda de hoje é emprego de amanhã. Não vender hoje significa que na eleição em outubro vai ter desemprego”, revelou Martins. Segundo ele, a Cbic está pronta para um debate público para clarear todos os pontos. Ele ponderou que um terço do aumento de custo vem da alta do aço.

A Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) divulgou nota na noite desta terça-feira para reforçar posição defendida pelo presidente da Cbic em relação ao preço do aço. Segundo a Abrainc, o material tem impactado o setor principalmente nos últimos dois anos, após sofrer, segundo a associação, uma variação de 101%. "O custo do aço no Brasil sempre foi um dos mais baratos do mundo, mas agora a situação mudou, principalmente quando comparamos o poder de compra do brasileiro em relação aos imóveis", diz a nota assinada pelo presidente da Abrainc, Luiz França.

Insumo elevado

O Estadão teve acesso ao estudo apresentado ao ministro Paulo Guedes pela Cbic. Os dados mostram que o insumo com maior peso no aumento do custo de material de construção, observado entre julho de 2020 e janeiro de 2022, foi o aço. O presidente da Cbic citou que o programa Casa Verde e Amarela, por exemplo, não tem reajuste. "Vendeu em 2020, subiu 30%, 40% o custo do material, e tem que honrar", explicou. Ele ressaltou que 34% do aumento de custo do programa em um ano é do custo do aço.

Segundo Martins, o presidente de uma empresa siderúrgica declarou que eles estavam aproveitando a desvalorização do real para aumentar os preços. A queixa é que desde junho de 2020, depois que o mercado aqueceu novamente, as empresas estão controlando a oferta para que seja inferior a demanda. E, com isso, pressionar os preços.

Em nota divulgada nesta terça, a Abrainc também citou o impacto dos preços do aço no custo das obras do programa Casa Verde e Amarela. Na avaliação do presidente da Abrainc, Luiz França, o impacto da alta do aço sobre o segmento é "enorme pela magnitude do programa de moradia popular". "Não é correto pensar que essa variação prejudique uma ou outra empresa. Isso é um grande erro, uma vez que o CVA (programa Casa Verde e Amarela), por exemplo, representa 80% de todas as moradias construídas no Brasil e, com isso, gera anualmente 1,4 milhão de empregos."

Já o setor de aço diz que há oferta abundante do produto no Brasil e que, enquanto na Europa os preços subiram mais de 100% e, nos Estados Unidos, 70%, no Brasil a alta foi de 40%.

O anúncio da redução do tributo derrubou ações das siderúrgicas, com Usiminas, CSN e Gerdau caindo 6,78%,5,82% e 4,36%, respectivamente.

Após a reunião, participantes do setor privado disseram que Guedes “se sensibilizou” e pediu que a equipe reavalie a questão. De acordo com o presidente executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo Lopes, o que está em discussão no governo é a redução do tributo apenas para vergalhões, de 10,8% para 4% e não todos os produtos derivados de aço, como foi noticiado.

Na reunião, Guedes disse que a “grande preocupação” do governo é o combate à inflação, o que, para os representantes da indústria, não será resolvido com a redução do imposto de importação, já que o vergalhão de aço tem pouco impacto no preço dos produtos. “O mercado está abastecido, o Brasil tem o vergalhão mais barato do mundo”, disse Marco Polo.

O presidente do Conselho Diretor do Aço Brasil e vice-presidente da Gerdau Aços Brasil, Argentina e Uruguai, Marcos Faraco, disse que a decisão é “inócua” e atende apenas segmentos que querem aumentar a margem de seus negócios. “Nossa expectativa é que o governo reverta a decisão", afirmou.

Fonte: Estadão
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 11/05/2022

 

Redução de imposto de importação do vergalhão de aço não teria efeito na inflação, diz setor

Em reunião com o ministro da Economia, Paulo Guedes, nesta terça-feira, o setor de produção de aço defendeu que uma possível redução do imposto de importação do vergalhão de aço não teria efeito no combate à inflação.

De acordo com o presidente do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, a redução prevista pelo governo seria só para o vergalhão de aço, que teria seu imposto de importação modificado de 10,8% para 4% de julho até o fim do ano.

Fontes do governo, contudo, têm dito que o imposto seria zerado. Não há ainda nenhum documento oficial. A medida deve ser discutida na quarta-feira pelo Comitê Executivo da Câmara de Comércio Exterior (Gecex).

Segundo Mello Lopes, Guedes relatou que vinha recebendo “pressão intensa” de construtores ligados ao programa Casa Verde e Amarela para uma redução dos preços. O presidente do Aço Brasil afirmou que as informações levadas por esses construtores ao ministro “não procedem”.

— O impacto inflacionário do aço na inflação é baixíssimo, a lógica é que o setor não seja penalizado em função de pressões que um determinado segmento, que seja premiado desse tipo de redução de imposto de importação,está fazendo —disse Mello Lopes.

Marcos Faraco, presidente do Conselho Diretor do Aço Brasil  e vice-presidente da Gerdau Aços Brasil, Argentina e Uruguai, também participou da reunião e relatou que disse ao ministro que o mercado está plenamente abastecido e que o país tem o vergalhão mais barato do mundo em dólar.

— Não faz nenhum sentido essa discussão que está sendo trazida da redução da alíquota de importação. Ela é inócua, não atende ao interesse da economia, não atende ao interesse do setor, atende simplesmente interesses específicos de um setor importador — defendeu.

Segundo Faraco, os representantes do setor apresentaram estudos ao ministro que mostrariam o pequeno impacto da inflação do vergalhão nos preços da construção de modo geral. Ele relatou que Guedes pediu a equipe do ministério para reavaliar as discussões com base nas informações apresentadas pelo Aço Brasil.

— Nossa expectativa é que o governo olhe nossos argumentos. A gente acredita sim que o governo entende, tem bom senso e a nossa expectativa é que reverta essa orientação que ontem foi de alguma forma comunicada — disse.

Durante a coletiva, o presidente do Instituto Aço Brasil disse que o setor de construção civil passou informações ao ministro de que o preço teria aumentado acima dos 100% e que o setor estaria passando por dificuldades e levando ao desemprego.

Em nota, o presidente da Câmara Brasileira da Indústria e Construção (CBIC), José Carlos Martins, disse que a entidade nunca disse que houve uma redução de contratação do setor, mas que fez um alerta da queda das vendas pelo FGTS.

"A informação correta é que hoje a indústria da construção está contratando por ter vendido bem no passado. Afinal, como sempre enfatizamos, a contratação de ontem é o emprego de hoje. Foi feito, sim, um alerta ao poder público de que recentemente as vendas caíram no FGTS em torno de 50% e que pode resultar no desemprego futuro, pela retração nos lançamentos. Afinal, existe um descasamento entre a capacidade de compra das pessoas com o preço do imóvel", aponta.

Ainda segundo o presidente da CBIC, o aumento do custo da construção é muitas vezes puxada pelo aço.

"Estudo feito pela CBIC mostrou que em uma habitação, por exemplo, um terço do acréscimo teve um único componente, o aço. Ou damos um choque de oferta ou os brasileiros continuarão com acesso precário a moradias e a tantas outras coisas", diz.

Fonte: O Globo
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 11/05/2022