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Produção mundial de aço bruto cresce 3,7% em setembro, informa a Worldsteel

A produção mundial de aço bruto registrou crescimento de 3,7% em setembro, na comparação com um ano atrás, reportou nesta terça-feira (25) a World Steel Association (Worldsteel), baseada em Bruxelas. As informações dos 64 países afiliados à entidade apontaram volume de 151,8 milhões toneladas no mês.

O desempenho de setembro é puxado em grande parte pela siderurgia chinesa, que registrou alta expressiva no mês passado — 17,6%, com 87 milhões de toneladas, na base de comparação anual. A Índia, vice-líder mundial, também cresceu, 1,8%, e o Irã, décimo no ranking, 26,7%.

Os demais sete países posicionados entre os dez maiores produtores de aço do mundo fecharam o mês passado com recuo na produção: Japão, EUA, Rússia, Coreia do Sul, Alemanha, Turquia e Brasil. A siderurgia brasileira registrou recuo de 11,7%, conforme os dados da Worldsteel, com 2,7 milhões de toneladas.

Globalmente, o período de janeiro a setembro ainda teve retração de 4,3% no volume de aço em relação aos mesmos nove meses de 2021. O montante acumulado no período atingiu 1,405 bilhão de toneladas de aço bruto.

A siderurgia chinesa — afetada pela demanda de aço pelo setor imobiliário e pelo impacto dos bloqueios anticovid no país durante boa parte do ano — teve queda de 3,4% de janeiro a setembro. O país fabricou 780,8 milhões de toneladas, o correspondente a 55,6% do total do mundo.

O desempenho do Brasil até setembro mostrou recuo de 5,3%, com 25,9 milhões de toneladas. No ano passado, o país atingiu recorde histórico de 36,1 milhões de toneladas, número que dificilmente será alcançado neste ano.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 26/10/2022

Como a tendência da desglobalização pode mudar a indústria do aço

A pandemia e a guerra entre Rússia e Ucrânia causaram várias mudanças no mundo, uma delas é o possível fim da globalização na indústria, esse fenômeno tem sido chamado de nearshore outsourcing.

O termo é muito usado em empresas de TI, e consiste em fazer parcerias com países que fazem fronteira e tem o fuso-horário compartilhado.

De acordo com uma pesquisa feita pela FGV em janeiro deste ano, o aço foi o material que as indústrias mais sentiram falta quando o assunto era escassez de matérias-primas. 9,2% das indústrias apontavam o aço como principal material em falta no mercado. O aço está mais escasso nas indústrias que produzem metais, o número chegou a 50% em junho de 2021.

Antes da pandemia, a China mantinha o status de parceiro super confiável do Brasil, com mão de obra barata, eficiente e confiável.

Durante a pandemia este conceito foi quebrado devido às medidas de segurança sanitárias e os lockdowns realizados no país, gerando desconfiança em relação ao fornecimento da cadeia de suprimentos global, fato que motivou empresas a repensar seus modelos de cadeia de suprimentos, sendo o nearshore outsourcing o mais falado e utilizado mundialmente.

Segundo Giovanni Marques da Costa, gerente de marketing da Açovisa, a tendência é vista com muito otimismo uma vez que o Brasil é um dos países com maior parque industrial, sobretudo no setor metal mecânico do hemisfério sul.

“Estamos fortalecendo cada vez mais o relacionamento com as empresas deste setor na região sul do país que tem construído parcerias com montadoras, empresas de energia e outros setores que têm adotado ao nearshore outsourcing”, comenta Costa.

O Brasil é uma das primeiras opções na escolha de empresas globais na estratégia de aproximação da cadeia de suprimentos, seja abrindo filiais aqui ou elegendo o país como principal fornecedor de matéria-prima. Tirando assim ao longo do tempo a dependência de um único país, como a China.

Recentemente a Açovisa adquiriu a Bardella, a compra foi estrategicamente pensada para não só expandir o portfólio de produtos e serviços, mas também para aumentar a competitividade e alinhamento com as tendências atuais, com a nova planta a empresa pretende abrir um leque bem maior de clientes em todo o Brasil, e essa expansão de território é essencial para atender as necessidades dos mais diversos setores. Investir na expansão dentro do próprio país é um dos pontos que o torna mais vantajoso para o nearshore outsourcing.

O nearshore outsourcing proporciona o crescimento do parque fabril brasileiro, aumento da competitividade do país diante de gigantes industriais como China e Rússia, além disso agrega mais tecnologias industriais para o Brasil, uma vez que o know-how e tecnologia das empresas contratantes será passado para as empresas contratadas.

“Esta tendência vai proteger não só o Brasil, mas os demais países que hoje são muito dependentes de grandes produtores de matéria-prima. No futuro os países terão mais controle sobre suas cadeias de produção, blindando-se de possíveis falta de produtos por dependência de países terceiros” explica Costa.

Fonte: Grandes Construções
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 26/10/2022

Principais entraves às exportações brasileiras estão relacionados à logística, mostra pesquisa da CNI

A competitividade das exportações brasileiras é prejudicada por uma série de entraves desde a origem, nas empresas, até o país de destino. Para subsidiar proposição de melhorias e recomendações de políticas públicas que solucionem esses problemas, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) elaborou uma nova edição da pesquisa Desafios à Competitividade das Exportações Brasileiras. Entre os 43 entraves avaliados, as questões relacionadas à logística de comércio exterior se destacam como as mais importantes, com quatro dos cinco principais obstáculos indicados pelos exportadores.

Entre os principais entraves estão o "custo do transporte internacional", as "elevadas tarifas cobradas pelas administrações portuárias", o "custo do transporte doméstico" e as "elevadas tarifas cobradas por aeroportos". Completam a lista dos cinco maiores gargalos "a volatilidade da taxa de câmbio". Para o ordenamento dos principais entraves foi considerada a soma dos percentuais de empresas que classificaram o item como “impactou muito” ou como “entrave crítico”. 

“A elaboração desse diagnóstico é fundamental para a orientar as prioridades da política de comércio exterior brasileiro. Esperamos que os resultados norteiem a estratégia de política comercial do Brasil e contribuam com respostas eficazes para ampliar a participação do Brasil no comércio mundial”, avalia a gerente de Comércio e Integração Internacional da CNI, Constanza Negri.

 

Custo do transporte internacional é principal obstáculo para todos os modais  

Principal obstáculo apontado pelas empresas exportadoras, o custo do transporte internacional é considerado crítico e de alto impacto por 60,7% das empresas participantes - percentual mais expressivo do que os 40,4% registrados na pesquisa anterior, em 2018. De acordo com o estudo, o entrave é considerado o mais importante, independente do principal modal de transporte utilizado na exportação: marítimo, rodoviário ou aéreo. A piora de percepção com o entrave é um reflexo da piora nos custos de transporte internacional nos últimos anos devido, sobretudo, aos efeitos da pandemia de Covid-19.

As elevadas tarifas cobradas pelas administrações portuárias também tiveram destaque no ranking geral e ocupam o segundo lugar, com avaliação de alto impacto ou crítico por 40% das exportadoras. E em terceiro na lista de principais obstáculos às exportações, de acordo com o levantamento, está o custo do transporte doméstico, avaliado nesses dois graus de impacto por 33,7% das empresas exportadoras.

“É importante destacar que os entraves às exportações considerados pelas empresas exportadoras como de alta relevância estão todos na esfera externa às empresas. De acordo com a avaliação das participantes, os entraves classificados como internos às empresas são todos de baixa relevância, ou seja, menos importantes”, ressalta Constanza Negri.

Dentre os 43 tipos de entraves avaliados pelas empresas, os 16 mais importantes (com percentual de assinalações em “crítico” ou “impactou muito” acima de 25%) foram considerados de alta relevância. No terço intermediário, ou seja, de relevância intermediária, estão os próximos 15 entraves; e no terço de baixa relevância estão os últimos 12 entraves em termos de importância.

Entraves de nove categorias foram avaliados

Esta edição do estudo dá continuidade ao trabalho de identificação e monitoramento dos principais entraves à exportação no Brasil, iniciado em 2002 pela CNI. A pesquisa dividiu os entraves nos seguintes grupos: macroeconômicos; institucionais; legais; burocracia alfandegária e aduaneira; acesso a mercados externos; tributários; mercadológicos e de promoção de negócios; logísticos; e internos às empresas. Na análise por categorias de entraves, além dos logísticos já destacados, aparecem em destaque entre aqueles de alta relevância os macroeconômicos, institucionais, tributários e legais.

ENTENDA AS CATEGORIAS DE ENTRAVES ÀS EXPORTAÇÕES

Logísticos:
infraestrutura brasileira e logística internacional
Os custos do transporte internacional pioraram desde a última pesquisa e é o desafio mais importante para os exportadores.

Macroeconômicos:
visão dos exportadores sobre a influência da taxa de câmbio e dos juros na exportação
A volatilidade do câmbio é o 4º maior dos 43 entraves.  Um a cada três empresários considera fator como “impacta muito” ou “crítico”. Comparado à última edição, houve melhora em relação aos juros para financiamento da produção e à exportação.

Institucionais:
estratégia, eficiência e transparência governamental nas políticas ligadas ao comércio exterior
Os mais importantes e indicados como de muito impacto ou críticos foram a falta de estratégia governamental de comércio exterior com objetivos, metas e prazos (30,5%) e a baixa eficiência governamental para a superação das barreiras existentes nos mercados externos (29,5%).

Legais:
complexidade das leis e normas do processo de exportação e suas interpretações
Foram destaques no grupo a proliferação de leis, normas e regulamentos de forma descentralizada (26%) e as múltiplas interpretações dos requisitos legais por parte dos diferentes agentes públicos (25,8%).

Burocráticos, alfandegários e aduaneiros: 
exigências de documentos, procedimentos alfandegários e aduaneiros, sistemas de informação do processo de exportação, custo e duração
Na comparação com a última pesquisa, as taxas cobradas por órgãos anuentes e os procedimentos para despacho e liberação das cargas melhoraram.

Burocráticos, alfandegários e aduaneiros:
o principal desafio na categoria é o excesso e a complexidade dos documentos requeridos para exportações, a não aceitação de assinaturas eletrônicas e exigências de documentos originais. Avaliados como um só entrave, os desafios foram considerados muito impactantes ou críticos em 23,9% das respostas.

Acesso a mercados externos:
barreiras tarifárias e não tarifárias aos produtos brasileiros e a capacidade do governo de promover acesso a mercados internacionais
80% dos exportadores enfrentaram pelo menos um obstáculo nos mercados de destino das exportações.

Tributários:
na categoria, o principal entrave é a alta e complexa carga tributária incidente direta ou indiretamente nos produtos exportados. Três em cada cinco empresas indicaram que pelo menos um tributo impacta muito ou é crítico na competitividade das exportações.

Mercadológicos e de promoção de negócios:
dificuldade das empresas de vender e promover 
suas mercadorias no mercado externo.
Nove em cada 10 empresas usaram pelo menos um serviço de apoio à internacionalização para entrar no comércio internacional.

Internos às empresas:
entraves ligados à capacidade das empresas de exportar
Nesta edição, as exportadoras ouvidas consideraram que as maiores dificuldades estão em fatores externos às empresas, por isso os obstáculos internos avaliados são de baixa relevância e não ganharam destaque.

Como foi feita a pesquisa

Às empresas exportadoras, foi apresentada uma lista de 43 entraves e solicitado que avaliassem o impacto de cada um deles nos respectivos processos de exportação nos últimos dois anos. Os obstáculos foram classificados em uma escala que variava de 1 a 5, sendo que 1 indica que o entrave não causou impacto, 2 indica que impactou pouco, 3 aponta que foi moderado, 4 que impactou muito e 5 que foi um entrave crítico.

Para facilitar a análise, a ordenação dos entraves em termos de impacto sobre as exportações foi baseada na soma dos percentuais de empresas que os classificaram nas opções “impactou muito” e “crítico”. Em seguida, os obstáculos foram divididos em três grupos:

- No primeiro, de alta relevância e composto por 16 entraves, aqueles cujo percentual de empresas que o classificaram como “impactou muito” e “crítico” supera 25%;
- O segundo grupo, de relevância intermediária, inclui 15 entraves, aqueles com percentual de “impactou muito” e “crítico” abaixo de 25% e acima de 18%;
- E o terceiro, de baixa relevância, composto pelos 12 entraves com percentual de “impactou muito” e “crítico” abaixo de 18%.

Fonte: CNI
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 25/10/2022

Brasil abriga três fábricas consideradas faróis da manufatura 4.0

O Brasil passa a contar com três fábricas consideradas pelo Fórum Econômico Mundial como Faróis da Manufatura 4.0 (Manufacturing Lighthouses). Na mais recente ampliação da lista da Global Lighthouses Network, divulgada no início de outubro, foi incluída a fábrica da Flex, de Sorocaba (SP), que assim se junta às plantas da Renault, no Paraná, e da Modec, no Rio de Janeiro.

A rede Global Lighthouses foi criada pelo Fórum Econômico Mundial em 2018 com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento da Indústria 4.0 no mundo. No primeiro ano foram indicadas nove plantas; em 2019, mais sete. Atualmente, com as 11 recém-incluídas, a rede de faróis da manufatura 4.0 já soma 114 fábricas, em várias regiões do planeta.

O objetivo do Fórum é que esta rede “ilumine” o caminho para que outras indústrias de todo o mundo possam resolver os problemas enfrentados na implantação de tecnologias avançadas. “Os faróis estão ajudando fabricantes de todo o mundo a adotar tecnologias mais recentes por meio de uma jornada de aprendizado compartilhada, servindo como balizas para superar os desafios de atualização de tecnologia em escala na fabricação”, informa a nota divulgada pelo Fórum.

FLEX – Ao ser admitida na Global Lighthouse Network, a Flex (antiga Flextronics) divulgou nota à imprensa. Nela, informa que este reconhecimento é “resultado da jornada de aplicação de tecnologias da 4ª Revolução Industrial, iniciada em 2017, que colocou ênfase em três frentes: sustentabilidade, pessoas e crescimento econômico”. A planta da Sorocaba é a segunda do grupo a ser admitida na rede global: em 2021 a planta de Althofen, na Alemanha, já havia sido incluída.

“A fábrica da Flex em Sorocaba está liderando o caminho para o futuro da manufatura, aproveitando as tecnologias 4.0 para alcançar não apenas eficiência e qualidade, mas também priorizando a sustentabilidade e o atendimento aos funcionários, que são elementos críticos para as fábricas da Global Lighthouse Network”, disse Francisco Betti, head de Plataforma de Produção e Modelagem de Manufatura Avançada do Fórum Econômico Mundial.

“A Flex está focada em entregar excelência em manufatura para seus clientes e o site em Sorocaba é um exemplo brilhante. Estamos honrados em ser reconhecidos como uma das primeiras fábricas da Global Lighthouse Network no Brasil”, disse Hooi Tan, presidente de Operações Globais e Cadeia de Suprimentos da Flex.

Entre as inovações introduzidas na fábrica brasileira da Flex estão o sistema de gerenciamento de desempenho de fábrica digital habilitado para IoT (Internet das Coisas) conectado a 44 linhas de produção. Isso fornece dados em tempo real e transparência, resultando em redução de perda de material em 81% e um aumento na eficácia geral do equipamento (OEE) de 23%.

Além disso, foi desenvolvido um ecossistema de economia circular, incluindo logística reversa de resíduos eletrônicos, utilizando IoT e nuvem para rastreamento em tempo real; a criação de uma linha digital de ergonomia de ponta a ponta com monitoramento em tempo real dos operadores; a implementação de soluções robóticas que eliminaram tarefas repetitivas; e ainda uma solução avançada de Supply Chain em tempo real para acelerar o fluxo de produtos, criando transparência sob demanda e permitindo a resiliência da cadeia de suprimentos.

RENAULT – O Complexo Ayrton Senna, que abriga quatro fábricas da Renault, integra a rede do Fórum desde 2020. Segundo a própria empresa, um dos fatores principais para a conquista do reconhecimento foi a utilização de tecnologias e processos digitais desde o início da produção dos veículos até o processo de venda.

O processo produtivo do complexo conta com várias tecnologias que facilitam e aceleram o dia a dia de produção. A reposição de peças e transporte de ferramentas são realizadas por mais de 200 AGVs – Automatic Guided Vehicles (Veículos Guiados Automaticamente), com rotas programadas e controladas que garantem a chegada de peças e materiais aos destinos corretos, garantindo a programação das plantas produtivas.

A linha de produção conta com diversas configurações de robôs, desde colaborativos, que trabalham em ações específicas do processo produtivo e auxiliam o operador em trabalhos menos ergonômicos ou que exigiriam muita força braçal, até robôs de maior porte, que atuam principalmente no procedimento de solda, na área de carroceria e garantem dinamismo e velocidade ao processo produtivo.

Os supervisores e chefes de produção da Renault do Brasil possuem um tablet que permite a visualização clara do fluxo produtivo, garantindo o acompanhamento em tempo real e aumentando a capacidade reativa para qualquer problema ou situação envolvendo a linha de produção. A ferramenta também otimiza o armazenamento e a consolidação de dados que posteriormente são utilizados para melhorar processos e está conectada à área comercial e de supply chain. Ao todo, em 2020, o complexo já contava com mais de 200 profissionais conectados utilizando tablets.

Outra tecnologia que garante segurança e confiança para os clientes, segundo a Renault, é o RFID – Radio Frequency Identification, que permite a visualização da localização e o rastreio de todos os veículos que são produzidos na fábrica até chegarem às concessionárias ou no porto para transporte. Com o uso da tecnologia, a Renault conseguiu reduzir em cerca de 30% o tempo de expedição dos veículos.

MODEC – Já o caso da Modec é bem distinto – aliás, quando de sua admissão em 2020 era um caso único na rede -, pois trata-se de uma FPSO, uma plataforma de petróleo. O FPSO Cidade de Campos dos Goytacazes MV29 foi desenvolvida, construída e é operada pela Modec, empresa japonesa que atua no Brasil desde 2003.

O destaque desta FPSO é o seu projeto de digitalização, que tornou as operações mais seguras e eficientes, que conta com mais de 10 mil sensores instalados. “A Modec impulsionou a produção, aproveitando o Advanced Analytics para manutenção preditiva, um gêmeo digital de sua planta de processo e uma plataforma de dados proprietária para acelerar o desenvolvimento e implantação de novos algoritmos”.

Segundo a empresa, essas tecnologias permitiram redução de 65% no tempo de inatividade da FPSO MV29 desde o início da produção. “Temos uma grande quantidade de dados de nossas operações no Brasil e, com a ajuda de ferramentas digitais, podemos antecipar problemas e garantir a operação segura e estável”, disse, na ocasião, Soichi Ide, Chief Digital Officer e vice-presidente do Grupo Modec, acrescentando que o processamento desses dados trouxe avanços tangíveis para as operações, “como o uso de aprendizado de máquina para realizar manutenção preditiva em equipamentos e identificação precoce de problemas em nossa planta de processamento”.

Entre os 114 Faróis da Manufatura estão fábricas de vários setores industriais. Da indústria automotiva, como a da BMW, da Alemanha; farmacêutica, como a unidade italiana da Bayer; de autopeças, como a Bosch, da China; siderúrgicas, como a Tata Steel, da Holanda; de processamento de gás, da Saudi Aramco, da Arábia Saudita; de componentes eletrônicos, a Foxconn, da China; e também de ferramentas, com a fábrica da Sandvik Coromant, em Gimo, na Suécia.

Fonte: Usinagem-Brasil
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 24/10/2022

Faturamento do setor mineral cai 30% no terceiro trimestre de 2022

O Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) divulgou nesta 5ª feira (20/10) dados inéditos sobre o desempenho da indústria da mineração no 3º trimestre de 2022 (3T22). Os resultados do 3T22 são, no geral, superiores aos do 2º trimestre (2T22), mas abaixo dos registrados no 3º trimestre do ano passado (3T21).

Na comparação entre o 3T22 e o 2T22 o faturamento apresenta elevação de 33%, de R$ 57 bilhões para R$ 75,8 bilhões. Mas, na comparação entre o 3T22 e o 3T21, o Ibram informa que houve declínio no faturamento: de R$ 108,7 bilhões para R$ 75,8 bilhões (-30%). Nesse período de comparação houve destaque para as quedas nos preços de commodities – principalmente do minério de ferro, que é líder em produção e em exportação entre os minérios.

A produção mineral brasileira cresceu 3% em toneladas no 3T22 na comparação com igual período de 2021 (3T21): passou de 355 milhões para 365 milhões de toneladas. Este valor é uma estimativa do IBRAM, em razão de a Agência Nacional de Mineração (ANM) ainda não ter divulgado os dados oficiais.

Segundo o diretor-presidente do IBRAM, Raul Jungmann, o desempenho do setor no 3T22 representa uma evolução em relação ao 2º trimestre, porém, sinaliza que o fechamento do ano será aquém dos resultados de 2021. “É um setor historicamente cíclico, sazonal, que sofre influências de diversas fontes. Ainda assim, mantém posição fundamental para a prosperidade econômica do Brasil, ao proporcionar oportunidades de emprego e arrecadação de tributos e encargos de forma expressiva” – R$ 26,1 bilhões de arrecadação de tributos e encargos no 3T22.

A redução da produção e da demanda de aço na China é um dos fatores que influencia o preço do minério de ferro e, consequentemente, o desempenho da mineração brasileira em termos de produção e exportação. Restrições à produção industrial na China em razão da covid-19, fenômenos climáticos, como tufões e chuvas intensas, também influenciam o mercado e a produção de aço naquele país, principal consumidor de minério de ferro brasileiro – entre outros minérios. As consequências do conflito na Ucrânia também estão prejudicando os mercados, acrescenta o IBRAM, com reduções na oferta de minério e crise de energia reduzindo a produção de aço na Europa.

Investimentos no Brasil

Raul Jungmann também destaca que no período 2022-2026 a indústria da mineração irá investir US$ 40 bilhões no Brasil, sendo cerca de US$ 4 bilhões em investimentos socioambientais. “É um imenso volume de capital, que poderia ser muito maior, se o Brasil contasse com instrumentos de financiamento da atividade mineral, como mantém para outros setores igualmente importantes, como o agronegócio”, afirma. Em termos de empregos, de janeiro a agosto o setor criou mais 5,6 mil vagas, totalizando 203,8 mil vagas diretas, segundo dados oficiais (Novo CAGED). De janeiro de 2021 a agosto de 2022 são 18.313 vagas criadas.

Faturamento

Em termos de faturamento, o minério de ferro representou, no 3T22, 64% do faturamento total da indústria da mineração. O desempenho de faturamento desse minério apresentou queda de 43%, sendo R$ 48,2 bilhões no 3T22 e R$ 85,1 bilhões no 3T21. Na comparação com o 2T22 o faturamento cresceu 35%. Importante observar que o preço médio desse minério apresentou queda de 37,3% no 3T22 na comparação com o 3T21.

O faturamento relacionado ao ouro no 3T22 caiu 4%. Foi de R$ 6,4 bilhões no 3T21 e de R$ 6,2 bilhões no 3T22 (na comparação com o 2T22 o faturamento cresceu 20%). O ouro representou 8% do faturamento da indústria mineral no 3T22. O preço médio do ouro apresentou queda de 3,5% no 3T22 na comparação com o 3T21.

O cobre teve queda de 13% no faturamento. Ele baixou de R$ 4,6 bilhões no 3T21 para R$ 4 bilhões no 3T22 (na comparação com o 2T22 o faturamento cresceu 39%). O cobre respondeu por 5% do faturamento total no 3T22. O preço médio do cobre apresentou queda de 19,3% no 3T22 na comparação com o 3T21.

Comparativamento ao 3T21, calcário dolomítico (35%), bauxita (51%) e granito (46%) apresentaram altas expressivas em faturamento no 3T22: R$ 3,2 bilhões; R$ 1,8 bilhão; R$ 1,5 bilhão, respectivamente.

MG e PA apresentam queda no faturamento com mineração. GO teve crescimento.

Os principais estados mineradores, Minas Gerais e Pará, observaram queda no faturamento. Ela pode ser justificada pelas reduções de preços das commodities metálicas, principalmente.

MG registrou faturamento de R$ 47,8 bilhões no 3T21 e de R$ 29,7 bilhões no 3T22, uma redução de 38%; o PA registrou R$ 47,2 bilhões no 3T21 e R$ 29,7 bilhões no 3T22, queda de 37%. No 3T22 MG e PA responderam, cada um, por 39% da produção mineral nacional. Na comparação entre o 3T22 e o 2T22, MG apresentou crescimento de 19% no faturamento e PA de 60%. O Pará teve aumento de 20% nas suas exportações em relação ao 2T22, enquanto MG teve queda de 12%.

Goiás registrou crescimento no faturamento total de 30%. Passou de R$ 2,2 bilhões no 3T21 para R$ 2,9 bilhões no 3T22. GO respondeu por 4% da produção mineral brasileira no 3T22. Na comparação entre o 3T22 e o 2T22, GO apresentou crescimento de 74% no faturamento. O aumento no faturamento do estado pode ser atribuído ao aumento no faturamento do calcário dolomítico e fosfato, pois o estado é um dos maiores produtores destas substâncias. Goiás também é importante produtor de níquel, nióbio, ouro e cobre.

A Bahia registrou faturamento de R$ 2,6 bilhões no 3T21 e 3% a menos no 3T22 (R$ 2,5 bilhões) – o estado respondeu por 3% da produção mineral brasileira no 3T22. Na comparação entre o 3T22 e o 2T22, a BA apresentou queda de 14% no faturamento.

São Paulo registrou aumento de 20% no faturamento no 3T22 (R$ 2,2 bilhões), na comparação com o 3T21, principalmente em relação à produção de agregados para a construção civil e granito, sendo que o estado também é importante produtor de água mineral e fosfato; em relação ao 2T22 o aumento no faturamento foi de 44%.

Mato Grosso registrou aumento de 25% no faturamento no 3T22 (R$ 2,1 bilhões), na comparação com o 3T21, muito em razão da produção de ouro e calcário dolomítico, este muito usado na correção de solos; em relação ao 2T22 o aumento foi de 16%. SP e MT respondem, cada um, por 3% da produção mineral brasileira.

Fonte: ABM Notícias
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 24/10/2022

Nova era dos carros elétricos cria disputa bilionária por investimentos

A governadora do Michigan, Gretchen Whitmer, não ficou feliz. A Ford Motor (F), uma empresa cujo próprio nome é sinônimo de Detroit, acabava de anunciar que havia escolhido dois estados do sul, Tennessee e Kentucky, como locais para um projeto de veículos elétricos de US$ 11 bilhões.

Os dois estados haviam conquistado a Ford com incentivos enormes, e Whitmer sabia que Michigan precisava fazer mais para competir. Ela então pediu aos legisladores em uma carta em outubro de 2021 que colocassem “mais instrumentos em nossa caixa de ferramentas econômicas para atrair investimentos privados”.

Dois meses depois, os legisladores entregaram a ela um fundo de US$ 1 bilhão para subsídios corporativos. E um mês depois disso, Whitmer mergulhou fundo para obter um acordo gigante da General Motors (GM): uma fábrica de caminhões elétricos e uma fábrica de baterias de US$ 6,6 bilhões.

A generosidade de Michigan - e de Tennessee e Kentucky - foi possibilitada em parte por centenas de bilhões de dólares em ajuda federal injetada nos estados americanos como parte do Plano de Resgate do presidente Joe Biden.

O dinheiro destinava-se a suavizar o golpe de um apocalipse fiscal induzido pela pandemia que nunca aconteceu. Em vez disso, deixou os estados cheios de dinheiro, acentuando uma concorrência feroz para ganhar os empregos automotivos do futuro e melhorando os resultados de empresas como Ford, GM e Panasonic Holdings, fornecedora de baterias da Tesla (TSLA) de Elon Musk.

 

Existe o risco de que o dinheiro distribuído em meio ao frenesi do desenvolvimento de carros elétricos não tenha destinação produtiva, como a fábrica de televisão altamente subsidiada do Foxconn Technology Group em Wisconsin que nunca se materializou.

Para combater esse risco, autoridades estaduais e locais que ajudam a financiar esse boom de carros elétricos dizem que buscaram proteções para impedir que os contribuintes sejam prejudicados. Mas os riscos estão ficando maiores: o custo por emprego permanente para alguns projetos é agora oito vezes a média vista há menos de uma década contando outros setores.

O hub da Ford no Tennessee custará cerca de US$ 414.000 para cada trabalho direto, Michigan está contribuindo com US$ 450.000 por trabalho da GM, enquanto a Geórgia se comprometeu a renunciar uma receita que equivale a US$ 212.000 por trabalho para ganhar megaprojetos da Rivian Automotive e da Hyundai Motor nos últimos dois anos , segundo dados compilados pela Bloomberg News.

O custo médio por emprego que contou com incentivos econômicos nos Estados Unidos foi de cerca de US$ 52.000 em 2015, medido em dólares de hoje, de acordo com um estudo de Tim Bartik, economista da W.E. Upjohn Institute for Employment Research em Kalamazoo, Michigan.

Competição e subsídio sem precedentes

Os estados competem entre si para atrair empresas desde pelo menos a Grande Depressão de 1929. Mas a escala e a ferocidade disso agora – para fábricas de veículos elétricos, fábricas de semicondutores e outros megaprojetos – são algo sem precedentes.

“Nunca vi o mesmo tipo de aumento de subsídios em todos os EUA acontecendo ao mesmo tempo”, disse Michael Farren, pesquisador sênior do Centro Mercatus da Universidade George Mason e crítico dos incentivos corporativos. “Está bem claro que há um fator de motivação externo, e esse fator é o fundo de ajuda do Plano de Resgate Americano.”

As empresas que recebem incentivos economizaram em média 30% em impostos estaduais e municipais a partir de 2015, uma taxa que triplicou desde 1990, segundo o estudo da Bartik. O mesmo estudo descobriu que os incentivos não se correlacionam fortemente com os níveis de desemprego atuais ou passados dos estados, ou com o crescimento econômico futuro.

Para os céticos, que são muitos na academia e nos círculos políticos, esses subsídios são um mau uso dos recursos estatais que, de outra forma, poderiam ser destinados a hospitais ou escolas.

Os incentivos criam um efeito de corrida para o fundo, em que os governos locais tentam furiosamente se igualar em doações que geram recompensas não comprovadas. Há também uma questão de saber se as fábricas de veículos elétricos e de baterias empregarão tantas pessoas ou pagarão tão bem quanto os carros com motor de combustão, sem entrar no mérito aqui do combate ao aquecimento global.

“Os estados justificaram enormes pacotes de subsídios para as montadoras, em parte para capturar os empregos mais numerosos de upstream, mas esses empregos claramente vão encolher muito”, disse Greg Leroy, diretor executivo da Good Jobs First, que escreveu um relatório sobre o assunto.

Planos de US$ 50 bi em investimentos

Os US$ 350 bilhões que o Congresso reservou para estados e municípios em maio de 2021 coincidem com uma transformação da indústria automobilística que ocorre uma vez a cada século, à medida que as montadoras se preparam para aposentar o motor de combustão em favor da bateria.

Embora existam limites estritos sobre como os governos locais podem usar o dinheiro do alívio da Covid, a ajuda ajudou a liberar dinheiro para incentivos corporativos.

As divulgações financeiras variam de acordo com o estado, e alguns retêm dados a pedido de uma empresa ou para se manterem competitivos em relação a outros estados. Isso torna o quadro completo dos incentivos corporativos incompleto.

O que se sabe é que as montadoras globais e fabricantes de baterias estabelecidos anunciaram planos de investir pelo menos US$ 50 bilhões em pelo menos 10 estados para construir fábricas de montagem e baterias de veículos elétricos desde o início de 2021.

Os estados assumiram compromissos totalizando pelo menos US$ 10,8 bilhões para atrair esses investimentos, de acordo com uma contagem de incentivos divulgados publicamente pela Bloomberg News e pela Good Jobs First. Esse número quase certamente subestima o número real.

O hub de veículos elétricos que a Ford e o parceiro de baterias SK Innovation escolheram para instalar no Tennessee é um bom exemplo de como o custo total de um pacote de incentivos normalmente não é divulgado ao público.

A Blue Oval City, um local de 10 quilômetros quadrados a uma hora de carro a nordeste de Memphis, abrigará uma fábrica de montagem da nova picape F-150 elétrica e uma fábrica de baterias que, juntas, prometem criar 5.800 empregos. A construção vai gerar 33.000 empregos temporários; uma vez concluídas, as plantas gêmeas e seus fornecedores darão suporte a 27.000 posições diretas ou indiretas e adicionarão US$ 3,5 bilhões anualmente à economia do Tennessee, disseram autoridades estaduais.

Quando o projeto foi anunciado, as autoridades estaduais divulgaram uma doação em dinheiro de US$ 500 milhões a ser aprovada pela legislatura; reportagens da imprensa local mais tarde estimaram o custo em US$ 884 milhões.

Documentos contratuais obtidos pela Bloomberg News mostram que o valor do pacote é de pelo menos US$ 2,4 bilhões, que inclui incentivos fiscais, terras doadas, melhorias de infraestrutura e subsídios salariais de curto prazo do governo federal. Mas mesmo esse número pode não ser preciso - exclui um subsídio de eletricidade fornecido pela Tennessee Valley Authority, uma concessionária federal.

Autoridades do Tennessee disseram que o cálculo de incentivos da Bloomberg News é “enganoso” porque alguns investimentos em infraestrutura foram feitos anos antes e alguns dos custos de treinamento da força de trabalho são estimativas. Eles também argumentam que a nova receita do imposto predial, mesmo com alíquota reduzida, é mais do que os governos locais obteriam sem o projeto.

“A Blue Oval City será transformadora para o oeste do Tennessee”, disse Lindsey Tipton, porta-voz do departamento de desenvolvimento econômico do estado. “Para projetos futuros, ofereceremos subsídios, mas a um custo por trabalho muito menor e mais alinhado com um pacote de incentivos típico de nosso departamento.”

A Ford disse que sua decisão foi influenciada por muitos fatores além dos incentivos financeiros.

“As parcerias público-privadas são essenciais para que os Estados Unidos sejam líderes na transição global para veículos elétricos”, afirmou a empresa em comunicado.

Mesmo os estados que tentaram se afastar dos incentivos cederam à pressão para competir por empregos, disse Dennis Cuneo, ex-executivo da Toyota Motor (TM) e consultor local que ajudou as montadoras a escolher locais.

“Incentivos são como agentes livres [jogadores que ficam disponíveis no mercado para fechar contratos] no beisebol - ninguém gosta, mas você tem que contratar se quiser vencer”, disse ele.

Geórgia: incentivos são investimentos que fazemos

A Geórgia, que emergiu como grande vencedora na atual rodada de investimentos, conseguiu dois negócios de US$ 5 bilhões em veículos elétricos da Rivian e da Hyundai que prometem criar mais de 15.000 empregos. O estado ofereceu incentivos no valor de US$ 3,3 bilhões para ganhar os projetos.

O chefe econômico do estado, Pat Wilson, disse que a Geórgia compete ajudando as empresas a se moverem rapidamente com locais prontos para escavar e burocracia limitada, em vez de colocar mais dinheiro na mesa. Ele chamou o cálculo de incentivos por emprego da Bloomberg News de “terrivelmente enganoso” porque inclui incentivos fiscais na lei estadual que não são discricionários.

“Eu vejo os incentivos que colocamos na mesa de outra forma: como a Geórgia sendo um investidor parcial nesses projetos”, disse Wilson em entrevista. “Sabemos que a folha de pagamento para esses empregos e os benefícios que fornecem vão se espalhar e beneficiar a saúde de comunidades e famílias em todo o estado.”

 
Fonte: Bloomberg News
Seção: Automobilística & Autopeças
Publicação: 24/10/2022