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Quase 50% das exportações brasileiras escaparam de tarifaço de Trump, diz MDIC

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) informou, nesta quinta-feira (31), que aproximadamente 44,6% das exportações brasileiras para os Estados Unidos estão fora da tarifa adicional de 50% aplicada unilateralmente pelo governo norte-americano na quarta-feira (30). Entre os produtos que se livraram da taxação extra estão os aviões, a celulose, o suco de laranja, o petróleo e o minério de ferro brasileiros.

Segundo o MDIC, a lista de 700 itens contendo esses produtos está na própria ordem executiva por meio da qual a Casa Branca aplicou a tarifa. A chamada “ordem executiva”, a grosso modo, compara-se a um decreto presidencial semelhante ao brasileiro. Ou seja: é uma decisão que cabe única e exclusivamente ao chefe do Poder Executivo. Neste caso, Donald Trump, presidente dos Estados Unidos.

A interpretação técnica da ordem executiva cabe à Secretaria de Comércio Exterior, do MDIC. “A tarifa adicional de 50% anunciada hoje incidirá sobre 35,9% das exportações brasileiras para os Estados Unidos, o que correspondeu a US$ 14,5 bilhões em 2024”, afirmou a pasta, comandada pelo vice-presidente, Geraldo Alckmin. “Estão expressamente excluídas da cobertura da ordem executiva, assinada na quarta-feira, 45% das vendas brasileiras para o mercado americano (US$ 18 bilhões em 2024)”, acrescenta a Secretaria.

“Além disso, 19,5% das exportações brasileiras para os EUA estão sujeitas a tarifas específicas, aplicadas a todos os países, correspondendo em 2024 a US$ 7,9 bilhões. Essas tarifas foram adotadas com base em segurança nacional (Seção 232) e, sobre esses produtos, não se aplica a medida anunciada ontem”, informou o MDIC. “No caso de autopeças, por exemplo, a alíquota é de 25%, aplicável a todas as origens”, esclareceu o ministério.

Ainda de acordo com a pasta, “em linhas gerais, a maior parte das exportações brasileiras (64,1%) segue concorrendo com produtos de outras origens no mercado americano em condições semelhantes”. O ministério explicou também que os produtos em trânsito não serão afetados pelas tarifas adicionais. “A decisão de 30/7 exclui da majoração tarifária mercadorias que tenham sido embarcadas, no Brasil, até sete dias após a data da ordem executiva, observadas as condições previstas”, concluiu o MDIC, em nota.

Fonte: SBT News
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 01/08/2025

Plano de contingência em relação às tarifas dos EUA é muito menos fiscal do que se espera, afirma Tebet

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, disse nesta terça-feira (29) que o Brics pode ser a solução para o Brasil em meio à imposição de uma tarifa de 50% aos produtos brasileiros pelo presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump. Ela também afirmou que o plano de contingência em relação ao "tarifaço" é "muito menos fiscal do que se espera".

Em entrevista ao programa Estúdio i, da Globonews, Tebet declarou que, se as tarifas fossem aplicadas há 15 anos, seria uma situação muito mais "caótica" para o Brasil, uma vez que o país hoje tem uma matriz econômica mais diversificada e mais parceiros comerciais. Por conta disso, ela defendeu o envolvimento do Brasil com o Brics, bloco econômico composto por países emergentes, como China e Índia.

"A grande realidade é que o Brasil conseguiu diversificar a sua matriz econômica e, mais do que isso, diversificar os seus parceiros", disse a ministra, comparando os percentuais de exportação do Brasil aos Estados Unidos com aqueles para países da Ásia. "Diante desse cenário, quando muitas vezes a gente ouve falar que o problema é o Brics, não. Hoje o Brics é a nossa solução. Hoje, quando a gente fala de comércio exterior, no caso do Brasil, é fundamental os países da Ásia, seja naquilo que nós vendemos ou que nós compramos."

Sobre o plano de contingência que o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) planeja para reagir à tarifa, a ministra não entrou em detalhes por ainda estar "tudo na mesa". Ela só disse, de forma abrangente, que essas medidas não devem envolver “tanto dinheiro” do Orçamento.

"É muito menos fiscal do que se espera, até porque a solução não passa necessariamente pelo fiscal", afirmou Tebet. "Não é que não vá precisar [de dinheiro do Orçamento]. A gente está pensando nas pequenas e médias empresas. Elas precisam de liquidez, elas precisam de capital de giro. Elas precisam conseguir alongar os prazos das suas dívidas. Elas precisam de carência, elas precisam de juros mais baixos. Não tem como não discutir isso. Isso envolve BNDES, envolve Banco Central. É uma discussão que precisa ser feita."

Ela não especificou como seria o envolvimento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ou do BC na questão.

Tebet defendeu que a decisão de Lula sobre esse plano deva acontecer somente no dia 2 de agosto, para que seja possível fazê-la frente àquilo que se mantiver do que foi anunciado pelo governo Trump mais cedo neste mês de julho.

Segundo ela, esse plano deve socorrer os setores a médio prazo, em um período de um a dois anos, para que depois seja possível ver como as indústrias e os setores se redirecionaram no novo cenário. A ministra vê uma maior preocupação com a indústria do aço, que já estava sendo sobretaxada pelos EUA.

 
Fonte: Valor
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 30/07/2025

 

Grupo de empresas brasileiras tenta adiar o tarifaço para negociar propostas

As empresas brasileiras do Fórum de CEOs Brasil-Estados Unidos buscam um espaço na agenda do governo Trump para que o Brasil possa propor o adiamento da vigência das tarifas de 50% sobre produtos exportados do Brasil aos EUA. O tarifaço anunciado pelo presidente americano Donald Trump entra em vigor na sexta-feira, 1º de agosto.

O lado brasileiro do fórum, formado por 12 empresas brasileiras e 12 americanas, vem tentando uma agenda com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, e com o secretário de Estado Marco Rubio, mas ainda sem sucesso. A informação é do secretário-geral do Fórum de CEOs e vice-presidente global da empresa de tecnologia Stefanini, Ailtom Nascimento, que falou ao Valor, nesta segunda-feira (28).

“Desde o anúncio do tarifaço, a gente vem equacionando os impactos sobre as operações, não só sobre as integrantes do fórum como das empresas brasileiras que operam nos EUA”, disse Nascimento. “Nós mesmos estamos tentando abrir estas portas para o diálogo porque isso afeta duramente o Brasil, as empresas e a economia do país de uma forma bastante impactante.”

A Stefanini é uma das 12 empresas que integram o time brasileiro do Fórum ao lado de companhias como Embraer, WEG, Gerdau, JBS, Suzano, Raizen, Aeris Energy e Prumo Logística. Do lado americano estão empresas como Abbott Laboratories, Tyson Foods, Cargill, Dow Silicones Corporation e a gestora de investimentos Franklin Templeton.

Até o momento, somente o lado brasileiro do Fórum de CEOs está tentando interlocução com o governo americano, mas as americanas devem se engajar, após uma conversa realizada nesta segunda-feira (28) entre os integrantes do Fórum, informou Nascimento. “Afinal, elas também serão impactadas devido à própria exportação de suas operações no Brasil para os Estados Unidos.”

Os integrantes brasileiros do Fórum também produziram material para dar apoio ao governo brasileiro nas discussões com o governo americano. As recomendações foram compartilhadas com o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, na sexta-feira (25). “Buscamos uma série de possibilidades de conversas, em vários âmbitos, que poderiam ser interessantes ao governo americano”, afirma o secretário-geral do Fórum.

“O primeiro item da pauta é sugerir a prorrogação da data para entrada em vigor dessas novas tarifas para que tenhamos tempo hábil para equacionar essas recomendações que nós estamos fazendo e o governo brasileiro também quer fazer, colocando as coisas de forma bem concreta e factível, na mesa, para negociação”, disse Nascimento.

A principal proposta, além do pedido de adiamento da vigência das tarifas, é “um compromisso do nosso governo e das empresas de dobrar a relação comercial entre os dois países, nos próximos três anos.”

Segundo o secretário-geral do fórum, as integrantes brasileiras projetam investir US$ 7 bilhões (R$ 39,1 bilhões na conversão do dólar pelo Banco Central) no mercado americano até 2028.

Outra proposta é elevar o volume de empregos gerados pelas empresas brasileiras nos Estados Unidos. Somente as integrantes brasileiras do Fórum de CEOs geram mais de 84 mil empregos nos EUA, com potencial de gerar mais 13 mil nos próximos três anos, informa o secretário geral do fórum.

Até o momento, Nascimento afirma que as solicitações de agenda têm esbarrado nos trabalhos da Secretaria de Comércio americana. “Esta é uma semana na qual o Departamento de Comércio americano está trabalhando justamente nos acordos já firmados com a Europa, China, Japão entre outros países. E agora eles estão implementando essas negociações.”

 
Fonte: Valor
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 29/07/2025

Panorama das exportações de aço da China e as tendências recentes de preço no setor siderúrgico

As exportações de aço da China atravessam um momento decisivo, diante de desafios estruturais e de mercado. O primeiro semestre de 2025 foi marcado por medidas antidumping crescentes em mercados tradicionais (como EUA, União Europeia, Japão e Coreia do Sul), concorrência crescente de produtores do Sudeste Asiático e uma demanda global cada vez mais segmentada. Diante disso, a China está reconfigurando sua estratégia: moderniza sua estrutura produtiva, amplia as exportações de produtos de maior valor agregado e intensifica a expansão internacional de sua capacidade produtiva.

Evolução histórica e estratégias de ajuste

Entre 2006 e 2015, a produção de aço bruto da China saltou de 419 para 804 milhões de toneladas, fazendo sua participação global subir de 34% para 50%. Esse crescimento, contudo, veio acompanhado de poluição e desequilíbrios de oferta. Desde 2015, o país vem promovendo reformas estruturais, eliminando capacidades obsoletas e endurecendo regulações ambientais. Em 2024, a produção de aço bruto recuou pela primeira vez em décadas, com a participação chinesa no mercado global caindo de 61% (em 2022) para 55%.

Apesar da queda no volume, as exportações tornaram-se mais sofisticadas. A indústria se apoia agora em três pilares: exportação indireta via produtos de manufatura (como máquinas, eletrodomésticos e automóveis), expansão de capacidade produtiva no exterior (com destaque para a Dexin Steel, na Indonésia) e inovação tecnológica.

Transformação geográfica das exportações

Com barreiras nos mercados tradicionais, a China tem fortalecido sua presença em destinos emergentes. O Sudeste Asiático é agora o maior mercado regional, com destaque para Mianmar (+70%), Indonésia e Malásia. O Oriente Médio e a América Latina também ganham relevância: a Arábia Saudita cresceu 24%, enquanto a Tailândia se tornou alternativa após sanções do Vietnã.

Entretanto, esses mercados oferecem margens de lucro mais baixas e riscos regulatórios. Investigações anticontrabando e novas medidas antidumping, como nas Filipinas, limitam o crescimento sustentável. A dependência de exportações de baixo valor agregado, como lingotes, acende alertas sobre um "bloqueio de baixo nível".

Mudanças na estrutura de produtos exportados

Os lingotes de aço tornaram-se protagonistas, com um salto de 300% nas exportações no primeiro semestre de 2025. Sua isenção das principais tarifas antidumping e preço competitivo explicam esse crescimento. Em contrapartida, produtos como o aço laminado a quente e a frio sofrem com sanções mais severas, como a taxa antidumping de 27,83% imposta pelo Vietnã.

Paralelamente, a exportação indireta ganhou força. Produtos manufaturados com conteúdo de aço (como máquinas e veículos) já representam 72% das exportações do setor, com crescimento de 20% ano a ano.

Disputa de preços e tensões tarifárias

A China ainda possui vantagem de preço em relação à maioria dos exportadores globais, mas a recente valorização das cotações chinesas está corroendo essa vantagem. A pressão é maior sobre as bobinas laminadas a quente, afetando diretamente os volumes de exportação. Estrategicamente, a China busca contornar barreiras por meio de exportações a partir de terceiros países e compras de declarações aduaneiras de pequenas e médias empresas, embora essas práticas impliquem riscos fiscais e comerciais.

Tendências recentes de preços e spreads no mercado doméstico

O diferencial de preço entre o aço laminado a frio e o laminado a quente foi de 382 yuan/tonelada em julho de 2025, encerrando a tendência de queda observada desde o segundo trimestre. A desaceleração nas exportações, impulsionada pelas disputas tarifárias com os EUA, afetou especialmente o mercado de laminados a frio.

Ao mesmo tempo, o diferencial entre laminado a quente e vergalhão está em 162 yuan/tonelada. Apesar da baixa temporada na construção civil, a demanda da manufatura sustentou os preços do laminado a quente. A expectativa é que esse spread oscile entre 130 e 170 yuan/tonelada no curto prazo.

Outro destaque é o comportamento das chapas médias, cuja diferença de preço em relação ao laminado a quente caiu drasticamente para 63 yuan/tonelada em 24 de julho. A razão principal é o redirecionamento da produção nas siderúrgicas e a recente recuperação dos preços do laminado a quente.

Conclusão

A indústria siderúrgica chinesa está em meio a uma transformação estrutural. Entre pressões regulatórias, disputas comerciais e a necessidade de agregar valor, o setor busca caminhos sustentáveis: diversifica mercados, amplia investimentos no exterior e acelera a modernização tecnológica. Ao mesmo tempo, o comportamento dos spreads de preço entre as diferentes categorias de aço revela a complexidade das dinâmicas de mercado e a necessidade de estratégias cada vez mais refinadas.

Fonte: Infomet
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 29/07/2025

 

O mundo tem muito aço, mas ninguém quer parar de fazê-lo

Na fábrica da Tata Steel, em Ijmuiden, nos arredores de Amsterdã, caldeirões de aço fundido do tipo lava são derramados em bandejas longas e finas que endurecem em idênticas 40 por 4 pés lajes de aço.

Os produtos finais, no entanto, são estritamente altos de alta costura. Cada item é feito sob encomenda: invólucros de bateria que não vazam, peças de carros de zona de zona que absorvem a força de um acidente, latas que preservam com segurança alimentos por anos.

Muito poucas empresas do mundo podem produzir esse tipo de aço avançado de alta qualidade. Mesmo assim, o Tata está sendo atingido pelas mesmas forças que estão atingindo todas as siderúrgicas: os fabricantes estão produzindo mais aço do que o mundo pode usar.

Estima -se que o excesso de produção de aço atinja 721 milhões de toneladas até 2027, de acordo com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico.

Uma resposta seria simplesmente fazer menos aço. O problema é que nenhum país quer ser o único a parar de produzir um material considerado essencial para sua segurança econômica e nacional.

A fabricação de aço sempre ocupou uma posição de tamanho grande como um símbolo de poder econômico e prestígio. Constitui o tecido da vida moderna, usada não apenas para edifícios, estradas, carros, geladeiras, eletrônicos, garfos e parafusos, mas também para armas, tanques e caças.

Na Europa, o reconhecimento de que os Estados Unidos não podem mais ser considerados como o principal garantidor de sua segurança destacou ainda mais o papel crítico do Steel na defesa.

“O aço é fundamental para a força industrial da Grã -Bretanha, para nossa segurança e nossa identidade como um poder global primário”, disse o secretário de Negócios e Comércio da Grã -Bretanha, Jonathan Reynolds, ao Parlamento em abril, quando o governo passou por uma legislação de emergência para assumir o controle dos dois últimos fornos operacionais do país.

Nenhum país pode fabricar tudo por si só, disse Elisabeth Braw, bolsista sênior do Atlantic Council, um think tank. Mas quando você liste os produtos aos quais deseja acesso garantido a qualquer momento, “aço é um deles”, acrescentou.

Na última década, uma enxurrada de aço barato da China transformou o mercado global. A gigantesca coleção de moinhos do país – construída em parte com o apoio do governo e muitas vezes sem os controles ambientais exigidos na Europa – produzem mais aço e alumínio, do que o resto do mundo combinado. À medida que a economia da China diminuiu, mais desses metais foram exportados a preços do Cutthroat.

O resultado está afundando os preços, diminuindo lucros e trabalhadores desempregados. Medido pelo quilograma, o aço custa menos que a água engarrafada. Receitas menores também significam menos dinheiro para investir em novas tecnologias de baixo carbono, essenciais para atingir os objetivos climáticos da União Europeia, alertou a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico em maio.

Isso colocou os governos em um lugar difícil. Eles querem proteger os empregos e um setor considerado crucial para a segurança nacional, mas também manter os custos baixos e evitar ter que pagar subsídios. Eles querem acelerar a transição para a energia mais limpa, mas também mantêm a criação de aço competitiva.

“Este é um dos remanescentes realmente problemáticos dos auge da globalização”, disse Braw. As pessoas não esperavam que o mercado “pudesse ser distorcido dessa maneira, e especialmente não de uma maneira que colide com os interesses de segurança nacional, mas é aí que estamos”.

Nesta primavera, Tata, um conglomerado indiano, demitiu 1.600 pessoas na fábrica de Ijmuiden. Em 2024, os fabricantes de aço nos 27 países da União Europeia anunciaram um total de 18.000 cortes de empregos e o fechamento de cerca de 9 milhões de toneladas de capacidade de produção.

E nos primeiros seis meses deste ano, a Alemanha, o maior produtor de aço do bloco, viu o declínio da produção de aço 11,6 % – mais de 17 milhões de toneladas – do mesmo período em 2024.

A União Europeia impõe penalidades comerciais destinadas a impedir a China de despejar seu aço barato em seus mercados. Mas o aço chinês continua chegando, levando países que não eram tradicionalmente exportadores de aço, como a Coréia do Sul e o Japão, a se juntar à busca de compradores em outros lugares.

“É um efeito dominó”, disse Lucia Sali, chefe de comunicações da Associação Europeia de aço.

E agora, além dos altos custos de energia e mão -de -obra, tecnologia de envelhecimento e concorrência feroz da China, os siderúrgicos europeus também devem enfrentar a punição de tarifas americanas. O presidente dos EUA, Donald Trump, impôs 50 % de tarifas sobre quase todas as importações de aço e alumínio no mês passado, duas vezes o valor que ele anunciou em março, em uma tentativa de proteger e bombear produtores americanos.

As tarifas de Trump não apenas ameaçam reduzir significativamente a quantidade de aço da Europa pode vender nos Estados Unidos. Eles também significam que outros produtores de aço em todo o mundo procurarão redirecionar cada vez mais suas exportações para a Europa, aumentando ainda mais a concorrência com as empresas em casa.

A Grã -Bretanha está em uma posição melhor do que a maioria. Trump isentou o British Steel da tarifa adicional de 25 % em aço e alumínio e concordou em remover a tarifa restante de 25 % no futuro.

Ainda assim, as plantas envelhecidas da Grã -Bretanha estão tendo problemas para sobreviver.

Nesta primavera, o governo assumiu o Complexo Britânico de Aço em Scunthorpe, uma cidade industrial no norte da Inglaterra. Jingye, a empresa chinesa que possuía a fábrica, ameaçou desligá -la, citando perdas de £ 700.000 (US $ 1,2 milhão) por dia. Seus dois fornos de explosão são os últimos do país a produzir aço do zero, usando minério de ferro e carvão, em vez de sucata.

Em 2024, o governo também ajudou a resgatar a Tata Steel, que administra uma grande fábrica em Port Talbot, no País de Gales, com uma doação de 500 milhões de libras para fazer a transição para um forno de arco elétrico mais verde que derrete aço reciclado.

Na Holanda, a planta da Tata Steel em Ijmuiden está em melhor forma. O site, que é do tamanho de 1.100 campos de futebol e fica ao lado de uma praia pública, é um dos maiores empregadores industriais do país. A planta é a segunda maior da Europa.

A paisagem inclui pilhas de fumaça imponentes e cadeias de montanhas em miniatura feitas de montes de minério de ferro e carvão. A Tata Steel planeja converter a planta movida a carvão em hidrogênio renovável até 2030 e está negociando com o governo holandês para subsídios.

E a empresa continua a investir na próxima geração de trabalhadores, admitindo 150 a 200 pessoas em sua academia de treinamento a cada ano.

Mas a fábrica de Ijmuiden ainda tem dores de cabeça. Os reguladores holandeses têm lutado contra a Tata Steel em tribunal por multas e um potencial fechamento de um forno de coque por causa de suas emissões tóxicas. A transição planejada para a tecnologia de emissões mais baixas custará bilhões e levará tempo.

No momento, o aço feito com hidrogênio verde em fornos de arco elétrico e outros métodos de produção mais verde vomitam muito menos emissões, mas custam 30 % a 60 % a mais que a produção convencional, de acordo com várias estimativas.

E depois há as tarifas. A Tata disse em comunicado que 12 % de suas vendas estavam “relacionados nos EUA” e que passou na maioria dos 25 % de tarifas que entraram em vigor em março para seus clientes americanos, que incluem Ford Motor, Chrysler, Caterpillar e Duracell.

Mas, a empresa acrescentou, teme -se que, com 50 % de tarifas, “nosso aço pode se tornar muito caro”.

Fonte: The Straits Times
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 28/07/2025

 

Mesmo com Selic a 15%, mercado imobiliário não para

Com a Selic batendo em 15% ao ano, muitos setores da economia pisam no freio. O crédito encarece, o consumo desacelera e a confiança cai. Mas há um setor que, mesmo diante das tempestades, continua de pé: o mercado imobiliário.

Apesar do custo elevado do dinheiro e do aperto nos orçamentos familiares, a construção civil no Brasil segue resistindo — e, em alguns segmentos, cresce. Afinal, o país ainda tem um déficit habitacional próximo de 7 milhões de moradias e uma demanda latente que não se dissipa, mesmo em tempos duros.

A construção civil como base da economia

A construção civil é um dos motores da economia brasileira. Responde por cerca de 6% do PIB e emprega, direta e indiretamente, milhões de trabalhadores.

Seu impacto é transversal: movimenta indústrias de cimento, aço, cerâmica, logística, arquitetura, design e serviços financeiros. É por isso que os governos costumam olhar com atenção para o setor em momentos de instabilidade, visto que investir em habitação e infraestrutura é uma forma de aquecer o cenário econômico como um todo.

Além disso, a área é estratégica por atender a uma demanda fundamental da sociedade: moradia. Com a população urbana crescente, o Brasil segue precisando construir — e rápido.

Os efeitos dos juros altos no setor

Todavia, o cenário atual é desafiador. A taxa Selic pressiona tanto os consumidores quanto as empresas. No financiamento habitacional, significa encarecimento das parcelas, maior exigência de entrada e menos acesso ao crédito.

Hoje, no Sistema Financeiro da Habitação, as taxas estão na faixa de TR + 10,99% a 11,49% ao ano, enquanto, no Sistema Financeiro Imobiliário, elas chegam a TR + 12% a.a. Isso afasta as famílias da classe média que estão na fronteira da capacidade de pagamento.

Com isso, a base de compradores encolhe, as vendas desaceleram e as incorporadoras são forçadas a oferecer condições promocionais para manter o ritmo. E não para por aí: os custos também subiram. A mão de obra acumula alta de quase 10% nos últimos 12 meses, e os materiais de construção já ultrapassaram 6% de inflação até março de 2025.

Os juros altos aumentam o custo de capital para as empresas. Linhas de crédito para obras, aquisição de terrenos e capital de giro ficam mais caras, dificultando a vida de construtoras regionais ou de pequeno porte, que dependem de bancos comerciais.

Por que o imóvel continua sendo um ativo desejado?

Mesmo com todas as dificuldades, o brasileiro continua buscando o imóvel como forma de investimento e segurança. E isso tem explicações culturais e econômicas.

O “tijolo” carrega um valor simbólico no Brasil: é herança, patrimônio, segurança para o futuro. Em momentos de volatilidade na bolsa ou de incerteza com a renda fixa, muitos preferem investir em algo tangível, que pode ser usado, alugado ou deixado como legado.

Além disso, o imóvel é visto como proteção contra a inflação. Mesmo que a rentabilidade aparente seja menor no curto prazo, ele preserva valor ao longo dos anos, sobretudo em regiões urbanas com alta demanda.

Investir em imóveis é uma ideia que pode até ser controversa, mas nunca ultrapassada — especialmente para quem busca segurança patrimonial em um cenário de incerteza econômica.

Como as empresas estão reagindo e inovando?

Diante do cenário macro desafiador, as construtoras estão se reinventando. Algumas das principais estratégias adotadas priorizam produtos econômicos, com unidades menores, mais acessíveis e adaptadas ao perfil do MCMV.

Junto disso, há a automação e o crédito digital, com o uso de tecnologias para agilizar a análise de crédito, personalizar ofertas e reduzir custos de venda, além da gestão de despesas, a partir da renegociação com fornecedores e de novos modelos de obra.

E, claro, ganha atenção a exploração da Faixa 4 do MCMV, que permite financiamentos de imóveis de até R$ 500 mil por até 35 anos, com taxa de 10,5% ao ano fixos — abaixo das linhas tradicionais do mercado.

Os números recentes ajudam a explicar essa resiliência. Segundo dados atualizados do FGTS (base maio/2025), os volumes de financiamento seguem crescendo no país, mesmo com o crédito mais caro.

O setor espera movimentar R$ 126,27 bilhões em imóveis novos ao longo do ano, o que representa um aumento de 29,68% em valor na comparação com 2024. Em termos de unidades, corresponde a 479.699 moradias financiadas, um avanço de 10,88%.

Quando somamos imóveis novos e usados, o total projetado chega a R$ 143,63 bilhões — crescimento de 18,35% — distribuídos em 606.172 unidades financiadas (+2,72%). Os dados reforçam que, mesmo com juros altos, o crédito habitacional segue aquecido, sustentado em peso pelos programas com apoio do FGTS.

O setor que constrói futuro

Mesmo com os juros altos, o mercado imobiliário brasileiro segue relevante. A demanda estrutural por moradia, somada ao apoio de políticas públicas e à capacidade de adaptação das empresas, mantém o setor vivo.

Construtoras que investem em eficiência, tecnologia e entendem o seu público continuam vendendo. E, para muitas famílias — especialmente da Faixa 4 do MCMV — ainda é possível financiar com condições acessíveis e realizar o sonho da casa própria.

Afinal, juros sobem e descem, mas o déficit habitacional, a necessidade de moradia e o desejo de segurança patrimonial permanecem. Enquanto houver chão, haverá construção. E, enquanto houver sonho, haverá imóvel para realizá-lo.

Fonte: Money Times
Seção: Construção, Obras & Infraestrutura
Publicação: 28/07/2025