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Análise: Copom ainda não fechou posição para subir o juro, mas deixa a porta mais aberta

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulgou um comunicado mais conservador, que deixa a porta mais aberta ainda para uma eventual alta de juros na sua reunião de setembro. Mas nada indica que os seus membros já tenham fechado uma posição para esse aperto adicional.

Os especialistas estavam de olho em dois pontos que poderiam indicar um aperto mais forte: uma alta da projeção de inflação do colegiado e um eventual reconhecimento de que os riscos negativos no cenário inflacionário superam os positivos.

Aparentemente, ambos pioraram, mas não o suficiente para comunicar de uma forma clara e direta que o Copom já decidiu, de antemão, fazer um ajuste para cima na meta da taxa Selic no seu próximo encontro.

A projeção de inflação para o horizonte relevante de política monetária está em 3,2%, percentual que está acima da meta, definida em 3%. Alguém mais rigoroso dirá que a inflação está acima da meta e, portanto, seria preciso uma dose maior de juros do que os 10,5% contemplados na projeção. Alguém mais pragmático vai argumentar que uma diferença de 0,2 ponto percentual é estatisticamente irrelevante numa projeção para um prazo tão longo.

A questão: onde o Copom se encaixa, entre o analista mais rigoroso e o mais pragmático? Em fins do ano passado, em uma entrevista de divulgação do Relatório de Inflação, o diretor de política econômica do BC, Diogo Guillen, disse que a projeção de inflação de 3,2% para 2025 estava acima da meta.

Mas, por outro lado, o Copom iniciou um ciclo de corte de juros em agosto de 2023, quando a projeção de inflação para 2024 se encontrava em 3,4%. Naquela ocasião, porém, havia gordura nas previsões de queda de juros do mercado embutida no boletim Focus. Assim, o Copom pode sinalizar que chegaria a 3% se adotasse uma trajetória de corte da Selic menos otimista do que o Focus.

Na situação atual, aparentemente, o Copom considera que 3,2% não são muito diferentes de 3%. Se pensasse de outra maneira, provavelmente a alta de juro já deveria ter começado agora.

De fato, o colegiado está fazendo algum esforço, desde a reunião de junho, para sinalizar que as projeções de inflação não indicam ainda necessidade de alta de juros.

Em junho, é bom lembrar, o Copom divulgou uma projeção alternativa que usava uma hipótese diferente no seu modelo sobre como o mercado antecipa o aperto. Alguns, no mercado, questionaram a metodologia. Mas o que importa, na verdade, é o que o Copom queria comunicar com a projeção: não precisava subir os juros. Agora, com a projeção de 3,2%, parece querer indicar a mesma coisa.

Outro ponto que criou grande expectativa ante da reunião era se o Banco Central iria adotar um balanço de risco assimétrico, com os riscos negativos superando os positivos. O BC divulgou no seu comunicado três riscos negativos, em vez dos dois de junho, e apenas dois riscos positivos.

Essa diferença entre os riscos altistas e baixistas quer dizer que o balanço de riscos se tornou assimétrico? Será preciso aguardar a ata do Copom para saber com certeza, mas há pelo menos três sinais que apoiam a visão de que segue simétrico.

Primeiro: se o balanço de riscos já estivesse assimétrico, o Copom teria que ter partido para ação. A combinação de uma projeção de inflação de 3,2%, acima da meta, com uma desconfiança mais forte de que a inflação vai superar o projetado demandaria uma elevação de juros já na reunião realizada nesta quarta-feira.

Outro sinal de que o balanço de riscos ainda é simétrico é que o comunicado não diz o contrário. Essa é uma informação crucial que costuma entrar no comunicado. Foi o que o Copom fez, por exemplo, em 2021, quando o balanço de riscos era assimétrico, e isso era dito com todas as letras no comunicado.

O terceiro sinal é que, no passado, o Copom divulgou balanços de riscos para a inflação com mais fatores para um lado do que para o outro sem que isso representasse, necessariamente, uma assimetria. Em setembro de 2019, por exemplo, o Copom citou dois riscos altistas e um baixista, mas sem indicar assimetria (naquele período, a assimetria perdurou até junho de 2019).

Apesar de a projeção e o balanço de riscos não indicarem claramente que o Copom já fechou de antemão com a decisão de alta de juros, o tom mais duro do comunicado dá indicações de que o colegiado vê chances maiores de que isso de fato ocorra em setembro, a depender da evolução do cenário.

Chama a atenção que, até junho, o Copom dizia que, “como usual”, eventuais ajustes futuros na taxa de juros seriam ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta. Desta vez, o comitê excluiu a expressão “como usual”, o que dá mais força para a ameaça de levar a Selic para acima de 10,5% ao ano.

Fonte: Valor
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 01/08/2024

 

Falta de mão de obra e tributação mais alta travam industrialização da construção civil

 

A industrialização na construção civil avançou, mas a falta de mão de obra especializada e a tributação mais alta em relação ao sistema convencional estão entre os principais empecilhos para modernizar a produtividade.

Apenas 24% das empresas da construção civil utilizam sistemas industrializados em mais de 75% de seus projetos. É o que mostra a Sondagem da Construção em Sistemas Industrializados, primeira radiografia do setor da construção industrializada no Brasil, elaborada pela FGV Ibre e encomendada pelo Modern Construction Show.

Segundo Ana Maria Castelo, responsável pelo estudo, os processos industrializados são realidade na construção civil, mas ainda não têm grande disseminação.

"É um copo meio cheio, meio vazio. Por um lado, tem um percentual elevando utilizando. Por outro, metade das empresas que afirmaram não utilizar nenhum tipo de sistema industrializado disseram que não o fazem por não ter o perfil de uma empresa que deveria investir em modernização. Mas entendo que elas não consideraram como podem usar os sistemas", afirma.

A construção industrializada está associada à produção dos componentes em ambiente industrial e, posteriormente, montados nos canteiros de obras, o que permite acelerar as obras e controlar os custos da produção.

De acordo com o estudo, cuja prévia será apresentada às 8h desta quarta-feira (31) na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), região central da capital paulista, 64,5% das empresas fazem uso de sistemas industrializados no Brasil. O principal segmento que utiliza essa solução é o residencial, com 50,8% das obras.

A maioria das empresas (58,4%) respondeu que os sistemas são utilizados em no máximo 50% de suas obras. Os mais empregados são os kits elétricos (82,1%), seguidos pelas estruturas pré-fabricadas de concreto (70,5%), pelo drywall (64,4%), pelas estruturas em aço (60,2%) e pelos kits hidráulicos (53,5%).

 

Entre os motivos apontados pelos entrevistados para adotar a construção industrializada, aparece em primeiro lugar o menor prazo de conclusão da obra, com 81,5% das respostas. Na sequência, vem a diminuição do uso de mão de obra no canteiro (71,6%), seguida do maior controle de custos (66%), menor geração de resíduos (63,9%), melhoria do desempenho (61,1%) e redução de impactos ambientais (59,3%).

No entanto, a principal dificuldade mencionada para não ampliar o uso da industrialização é uma dor também no sistema convencional de construção: a falta de mão de obra. A capacitação de projetistas e dos próprios gestores completa um quadro que aponta a necessidade de formação de pessoas. Quem investe o faz para melhorar sua produtividade, mas sente a dificuldade em encontrar profissionais qualificados. Os que não investem mencionam a falta de capacitação para iniciar o processo, aponta a sondagem.

"O setor sofreu um apagão de mão de obra em 2007 e 2013. Cada vez que se depara com um período de crescimento, se depara com falta de mão de obra e surge a preocupação em ampliar a discussão de industrializar a construção. Agora, traz especialmente a questão da sustentabilidade, porque gera menos resíduos", afirma Ana Maria.

"De 2014 a 2018, o setor enfrentou taxas de crescimento muito baixas, mas a discussão [de industrialização] avançou de qualquer forma", diz a economista.

 

O outro entrave pode ser resolvido com a reforma tributária, se o texto sancionado seguir o caminho atual. "O setor sempre bateu muito na questão de desestímulo à industrialização por causa da cobrança de ICMS. A princípio, como está sendo desenhado, a reforma será positiva nesse sentido porque irá unificar tributos e deixará de haver distinção", afirma Ana Maria.

Hoje, há uma relevante discrepância na incidência de impostos entre obras com diferentes sistemas construtivos. Os projetos tradicionais, construídos no canteiro de obras, recolhem ISS (Imposto sobre Serviços) com alíquota reduzida. Para um imóvel construído na fábrica, a construção precisa arcar ainda com o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), de carga mais alta.

Ana Maria diz que a falta de linhas de crédito para a adoção de inovações também foi citada pelos entrevistados como empecilho relevante. "A fase até a entrega das chaves é importante para o comprador ir pagando o financiamento com a construtora. Com a industrialização, o prazo de entrega diminui, e esse financiamento fica mais caro para o cliente. É questão importante pensar no financiamento de produção."

Para a economista, a construção civil brasileira precisa de ações institucionais efetivas para melhorar seus indicadores de produtividade e industrialização.

 

Ela afirma, porém, que o saldo da sondagem é positivo. Em todos os grupos —de empresa de menor a maior porte— as respostas sugerem uma melhora na disseminação da industrialização no setor da construção civil nos próximos 12 meses. A maioria (74%) irá aumentar os seus processos industrializados na parte de estrutura dos projetos.

Renato Cordeiro, head de Produtos da Francal, organizadora do Modern Construction Show, afirma que há anos o setor pede um mapeamento de mercado da construção industrializada. "O método tem importantes vantagens, como a agilidade, a eficiência e a sustentabilidade, e essas questões aparecem entre os principais motivos relatados pelos entrevistados", diz.

A pesquisa nacional foi realizada entre 15 de maio e 14 de junho com 510 empresas, dos setores de edificações (residenciais e não residenciais), infraestrutura e serviços especializados. O estudo completo será apresentado entre os dias 1º e 3 de outubro, no Modern Construction Show, no Novo Anhembi, em São Paulo.

Fonte: Folha de São Paulo
Seção: Construção, Obras & Infraestrutura
Publicação: 01/08/2024

 

Negócios em leilões de máquinas agrícolas devem crescer 13%

Com a definição do Plano Safra 24/25, o setor de máquinas agrícolas deve começar um movimento tradicional: o comércio de equipamentos usados em leilões virtuais. Para este ano, a expectativa é que esses leilões movimentem 13% mais que em 2023, com uma média de 12 mil máquinas ao mês neste segundo semestre.

“A chegada do Plano Safra neste ano gerou de maneira mais rápida a prospecção de vários clientes interessados em se desfazer de suas máquinas antigas para comprarem novas”, disse à reportagem Marcelo Bartolomei Pinheiro, diretor de operações da Superbid Exchange, plataforma de intermediação de ativos usados.

No Plano Safra, os juros da linha do Moderfrota ficaram em 10,5% para os médios produtores e em 11,5% para os grandes, o que foi considerado satisfatório pela Câmara de Máquinas Agrícolas da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).

Segundo o presidente da câmara, Pedro Estevão Bastos de Oliveira, o setor havia solicitado que ficassem entre 9% e 9,5%. “Não é um juro bom, mas também não é ruim. Se você for para o mercado, não vai encontrar um juro mais barato, vai achar de 16%, 17% nos bancos”, disse.

Os setores de grãos e de açúcar e etanol são os que mais devem renovar a frota. Dentre os vendedores na Superbid, há empresas como a Tereos, Atvos, BP, SLC e a cooperativa Coamo.

“Eles monetizam equipamentos usados, geram caixa e ao mesmo tempo mantêm a eficiência operacional com máquinas modernas”, afirmou Bartolomei. Esses equipamentos usados operaram por três a cinco anos e são substituídos pela necessidade de repor peças.

Para os compradores, os leilões são uma oportunidade de acesso a equipamentos mais modernos e maiores do que os equipamentos novos que comprariam em concessionárias. “São máquinas em bom estado, que foram usadas por trabalhadores qualificados e que tiveram a manutenção realizada por mecânicos treinados. Mas não são baratas. Estamos falando de tratores de R$ 200 mil a R$ 400 mil e colheitadeiras de até R$ 500 mil. Ocorre que elas, novas, custam alguns milhões, então é uma grande oportunidade”, disse.

Os compradores nos leilões são geralmente produtores de médio porte, principalmente de São Paulo, Paraná, Mato Grosso e Goiás. E que estão em regiões próximas aos vendedores, já que são responsáveis por transportar o equipamento após o negócio.

A Superbid prevê um crescimento na comercialização de equipamentos do agronegócio entre 19% e 22% neste ano.

Fonte: Globo Rural
Seção: Agro, Máquinas & Equipamentos
Publicação: 31/07/2024

 

Aumento nas importações faz desempenho das empresas de transporte de cargas crescer fortemente

 

O forte aumento nas importações de eletroeletrônicos, automóveis, painéis solares, polímeros e produtos pneumáticos estão fazendo com que as empresas que atuam no segmento de transporte de cargas apresentem crescimento excepcional. A multinacional brasileira especializada em integração de cargas Asia Shipping, por exemplo, anuncia expansão de 50% no primeiro semestre deste ano, em comparação ao mesmo período do ano anterior. A movimentação de cargas saltou de um volume embarcado de 73.311 TEUs (medida equivalente a um contêiner de 20 pés) nos seis primeiros meses de 2023 para 112.970 no mesmo período de 2024.

“São segmentos que cresceram acima da média. O aumento, por exemplo, de 34% das vendas de eletroeletrônicos no Brasil, reflexo do maior consumo destes itens no primeiro semestre, refletiu nas importações”, analisa Rafael Dantas, diretor comercial da Asia Shipping. Já as vendas de automóveis importados aumentaram 235% no período, segundo dados da Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores (Abeifa).

O executivo também destaca que o setor de energia solar se consolida e permanece com grande potencial de crescimento. “A crise climática impõe estratégias mais sustentáveis e a adoção de fontes de energias limpas e renováveis só tende a crescer”, afirma Dantas.

Em função do cenário geopolítico mundial, o modal de transporte de maior importância no semestre para a empresa foi o aéreo. “As dificuldades de ordem geopolítica estão acontecendo no modal marítimo. No segundo semestre, a modalidade aérea tende a aquecer ainda mais”, revela o diretor da Asia Shipping. “Questões como a guerra no Mar Vermelho e secas no Panamá tornam-se grandes desafios e, nestes momentos, conseguimos contribuir para os clientes tomarem decisões mais inteligentes para os seus negócios”, analisa.

AGILIDADE – Neste sentido, a empresa adquiriu recentemente parte da startup Dati, passando a oferecer uma plataforma em nuvem e baseada em inteligência artificial (IA). A solução automatiza toda a rotina de importação e realiza de forma autônoma quase 87% das rotinas dessa frente de negócios, desde o acompanhamento do pedido até a entrega da carga, possibilitando ao importador e exportador a visibilidade da sua operação em uma única tela.

Com análises também de cenários, a tecnologia ajuda na tomada estratégica de decisões, além de oferecer integração com os sistemas de gestão das empresas – ERPs. “O cliente agora pode fazer o desembaraço de forma digital e em uma plataforma única. Não precisa mais ficar olhando o tracking de cada frente “for order”, passando a receber todas as informações na mesma plataforma. Todos os fornecedores da parte logística podem ser integrados neste sistema”, complementa o executivo.

Fonte: IPESI
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 31/07/2024

 

Entenda porque as recuperações judiciais bateram recorde no primeiro semestre

O cenário econômico brasileiro enfrenta um aumento significativo no número de recuperações judiciais. No primeiro semestre de 2024, houve um aumento de 71% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Assim, este crescimento acentuado pode fazer de 2024 um ano recorde para recuperações judiciais no país. Além disso, o número também ultrapassa a quantidade de pedidos de recuperação feitos nos anos completos de 2022 (891) e 2021 (833). 

Até agora, empresas como a Odebrecht Engenharia e Construção (OEC), Casa do Pão de Queijo, Coteminas, Dia e Polishop, são algumas das empresas que pediram recuperação judicial neste ano.

O que é Recuperação Judicial?
Definição e Propósito

A recuperação judicial é um mecanismo legal destinado a ajudar empresas em dificuldades financeiras a reorganizar suas dívidas e operações sob a supervisão do judiciário. O objetivo é permitir que a empresa continue operando enquanto busca solucionar suas questões financeiras, evitando a falência.

Processo de Recuperação Judicial

O processo começa com o pedido de recuperação judicial, seguido pela apresentação de um plano de recuperação que deve ser aprovado pelos credores. O plano geralmente inclui medidas como renegociação de dívidas, venda de ativos e reestruturação operacional.

Causas do Aumento nas Recuperações Judiciais
Contexto Econômico

A economia brasileira tem enfrentado desafios significativos nos últimos anos, incluindo inflaçãoalta, taxas de juros elevadas e uma recuperação lenta pós-pandemia. Esses fatores contribuem para um ambiente de negócios difícil, onde muitas empresas lutam para se manter solventes.

O economista-chefe da Serasa, Luiz Rabi, afirmou ao Estadão que o aumento de pedidos de recuperação judicial se deve a uma combinação de fatores, o que inclui, principalmente, a inadimplência de 73 milhões de consumidores, gerando endividamento das empresas. Além disso, a taxa de juros elevada deixa a dívida mais cara, o que também prejudica as empresas.

Impacto da Inflação e dos Juros Altos

A inflação alta aumenta os custos operacionais das empresas, enquanto as taxas de juros elevadas encarecem o crédito, dificultando a renegociação de dívidas e o financiamento de operações. Esses fatores combinados levam muitas empresas a buscar a recuperação judicial como última alternativa.

Setores Mais Afetados

De acordo com os dados do Serasa, os setores mais afetados pela recuperações judiciais em 2024 foram comércio, com crescimento de 65%; serviços, 62%; e indústria, com 44%. Sendo que o maior caso de recuperação judicial até agora é da Odebrecht Engenharia e Construção (R$ 4,7 bilhões).

Varejo

O setor varejista, particularmente as pequenas e médias empresas, tem sido fortemente impactado pela diminuição do poder de compra dos consumidores e pelos altos custos operacionais.

Construção Civil

A construção civil enfrenta dificuldades devido à alta dos custos dos materiais e à desaceleração dos projetos imobiliários, o que leva a um aumento nas recuperações judiciais.

Impacto no Mercado de Trabalho

Aumento nas recuperações judiciais pode levar a demissões em massa e à redução de investimentos, afetando negativamente o mercado de trabalho. A instabilidade nas empresas pode resultar em menor confiança dos investidores e em uma desaceleração econômica.

Efeitos nos Credores

Os credores, incluindo bancos e fornecedores, enfrentam riscos significativos com o aumento das recuperações judiciais. A recuperação de créditos pode ser prolongada e incerta, afetando a liquidez e a saúde financeira dos credores.

Desafios para o Setor Financeiro

O aumento nas recuperações judiciais também representa desafios para o setor financeiro. Bancos e instituições financeiras precisam gerenciar o aumento das inadimplências e reavaliar suas estratégias de crédito.

Reformas Legislativas

Para lidar com o aumento das recuperações judiciais, o governo pode considerar reformas legislativas que facilitem os processos de recuperação e aumentem a proteção para credores e devedores.

Incentivos Econômicos

Incentivos econômicos, como linhas de crédito especiais e programas de apoio a pequenas e médias empresas, podem ajudar a mitigar os impactos das dificuldades financeiras e reduzir a necessidade de recuperações judiciais.

Adaptação das Empresas

As empresas precisam adaptar suas estratégias para enfrentar os desafios econômicos. Investir em inovação, eficiência operacional e gestão financeira sólida são passos essenciais para melhorar a resiliência empresarial.

Papel das Instituições Financeiras

As instituições financeiras podem desempenhar um papel crucial ao oferecer suporte e aconselhamento para empresas em dificuldades, ajudando a evitar recuperações judiciais e promovendo a estabilidade econômica.

Considerações finais

O aumento de 71% nas recuperações judiciais no primeiro semestre de 2024 destaca os desafios econômicos enfrentados pelas empresas brasileiras. A combinação de inflação alta, juros elevados e um ambiente de negócios difícil levou muitas empresas a buscar a recuperação judicial como última alternativa. 

Enquanto algumas empresas lutam para reorganizar suas finanças e continuar operando, as implicações para a economia são significativas. A necessidade de reformas legislativas, incentivos econômicos e estratégias empresariais adaptativas são essenciais para enfrentar essa crise e promover a recuperação econômica.

Fonte: Seu Crédito Digital
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 30/07/2024

 

Máquinas e equipamentos: inovação para produzir mais

 

Os fabricantes de máquinas e equipamentos estão atravessando a primeira metade do ano com um cenário de perdas de receita, mas não sinalizam que vão tirar o pé do acelerador quando o assunto é o lançamento de soluções. Para as propriedades em busca de inovação, com aplicações de precisão e automação de plantio e colheita, a lista inclui pulverizadores gigantes, destinados a cobrir extensas áreas de cultivo, como de soja e milho, além de “combos” de tratores e plantadeiras que garantem a distribuição inteligente de sementes em terrenos irregulares.

Do lado das finanças, na comparação anual até o fim de abril, os fornecedores de maquinário acumulam uma queda de 21,2% na receita líquida total em 2024. No primeiro quadrimestre, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), o faturamento líquido do setor cravou R$ 74,9 bilhões.

Somente em abril, a diminuição na receita foi de 20,1% sobre o mesmo mês de 2023, com R$ 18,5 bilhões faturados. Parte do derretimento dos números seria resultado da redução das exportações em 2,6% – a previsão anterior era de alta de 0,6% – e de decréscimo de 8,3% nas vendas internas, quando o esperado era um avanço de 5,5%. As inundações no Rio Grande do Sul também pressionam a fatura para baixo: o Estado responde por cerca de 10% das vendas internas do segmento.

Na avaliação de Marina Pereira, gerente de pesquisa e desenvolvimento da Associação Brasileira de Automação-GS1 Brasil, o mercado de equipamentos tem tudo para dar a volta por cima ainda em 2024. “Quarenta e três por cento das fazendas demonstram interesse de investir em tecnologia para otimizar processos”, diz. “A maior intenção de investimentos está na agricultura, com equipamentos de controle de plantações, pulverizadores e irrigação sustentável.”

 

A análise da executiva é baseada na pesquisa Índice Agrotech GS1 Brasil, finalizada no início do ano. O estudo, obtido com exclusividade pelo Valor, ouviu 449 profissionais da alta gestão de fazendas em todo o país, sobre os equipamentos mais utilizados e as previsões de compras nos próximos meses. “A maior proporção de aportes está concentrada nas operações de grande porte. Mais de 30% delas pretendem aplicar de 3% a 5% do faturamento bruto em novas máquinas e soluções”, afirma Pereira.

São essas cifras que animam o planejamento de Eduardo Kerbauy, vice-presidente da fabricante New Holland Agriculture para a América Latina. “Os dois últimos anos têm sido desafiadores, mas repletos de novas tecnologias para o produtor, independentemente do tamanho da operação”, diz.

Recentemente, a marca, conhecida no Brasil desde os anos 1970 pelas linhas de colheitadeiras, ampliou o portfólio com o pulverizador Guardian SP310F, destinado ao cultivo de soja, milho e algodão. “Com uma barra de pulverização frontal de 36,6 metros ou 40,2 metros, faz com que o produto aplicado atinja imediatamente o alvo”, explica. Munida de um tanque de 4.500 litros em aço inox e um sistema que monitora as aplicações, a máquina promete vida mansa para o operador.

“Ao fim da pulverização, somente com um toque na tela, o Guardian recolhe para o tanque o produto que restou na tubulação, faz o enxágue com água limpa e injeta ar no sistema para deixá-lo livre de resíduos”, detalha Kerbauy, acrescentando que o equipamento foi uma das atrações da Bahia Farm Show, feira de tecnologia agrícola realizada em junho, em Luís Eduardo Magalhães (BA). “Os Estados que mais demandam esse tipo de solução têm terrenos menos acidentados, como Mato Grosso, Bahia e Tocantins.”

Fábio Dotto, diretor de marketing de produtos Valtra e Fendt, marcas que pertencem à gigante americana AGCO, aposta nos novos tratores Valtra da Série Q5, veículos sem troca de marcha, com velocidade de até 40 km/h. Indicados para lavouras de grãos e de cana-de-açúcar e atividades florestais, custam a partir de R$ 1,5 milhão e saem da loja com um pacote de tecnologia embarcada. “Incluem recursos de piloto automático, que otimiza as manobras, sem a ação do condutor”, explica.

Sobre a demanda de encomendas, Dotto diz que a cultura da cana está “bastante aquecida”, com produtores em busca de máquinas. “Além do segmento de grãos, em especial soja e milho, que sempre busca inovação para produzir mais com menos [esforço]”, diz.

Na opinião de Marcelo Traldi, vice-presidente da Fendt e Valtra na América do Sul, a agricultura vem buscando mais precisão nas ferramentas de olho na sustentabilidade das operações. O intuito é aplicar o insumo certo no local certo, reduzir a demanda por mão de obra e ampliar a conectividade das máquinas para uma melhor gestão, analisa. “Todas as inovações de hoje e as que serão incorporadas nos próximos anos seguem o caminho da precisão”, resume.

Na Fendt, um dos destaques é o Combo Suplantar, que reúne a nova série de tratores Fendt 700 Vario e a plantadeira Momentum (de 18 a 24 linhas de plantio). Os equipamentos executam o plantio em zonas planas ou irregulares, com o depósito de sementes sempre na mesma profundidade, garante. “É feito na medida para lavouras de média escala.”

Apesar do movimento de baixa nas vendas indicado pela Abimaq, Traldi diz que a Fendt, marca alemã centenária que chegou ao Brasil apenas em 2019, segue expandindo negócios com a abertura de lojas. “A recente expansão para o Paraguai e a nomeação de concessionários para atender os Estados do Sul do Brasil, onde ainda não estávamos presentes, são importantes para a nossa estratégia”, conta. A fornecedora lançou ainda um programa de pós-vendas com garantia de três anos para algumas linhas de tratores e pulverizadores, fabricados a partir de 2024.

Para Rodrigo Junqueira, gerente-geral da AGCO e vice-presidente da Massey Ferguson América do Sul, há 30 anos trabalhando no agronegócio, alguns aspectos que influenciam o mercado, como o clima e o preço das commodities, podem não estar favoráveis para o setor de grãos. Mas outros cultivos, como o da cana-de-açúcar, cítricos e café, mostram margens positivas, com atração de investimentos. “Outro segmento que vem crescendo é o de feno e forragem, que atende pecuaristas e criadores de cavalos”, acrescenta.

Um dos carros-chefes da Massey Ferguson neste ano oferece também uma solução combinada, formada pelo trator MF 8S e plantadeira, indicada para produtores de grãos do Sul e Sudeste, e plantações de média dimensão de algodão no Cerrado e no Norte. “O trator vem com uma cabine que isola a vibração do motor, permitindo mais conforto para o operador, enquanto a plantadeira é dobrável, o que facilita o deslocamento entre as lavouras”, detalha.

O conjunto, de acordo com as configurações escolhidas, custa cerca de R$ 3 milhões. “Mas o retorno do investimento é alto”, ressalta Junqueira. “Temos um cliente que reduziu o número de linhas de plantio em 42% com a solução, com um incremento de produtividade na soja de 1,56 saca por hectare.”

O ganho de produtividade, principal motivo que faz um fazendeiro investir em aparatos de maior porte, também é o atrativo da nova colheitadeira de grãos X9, da John Deere. É capaz de colher mais de 100 toneladas por hora, com menos de 1% de perdas e um consumo de combustível 30% menor do que unidades similares, relata Marcelo Lopes, diretor de vendas da John Deere Brasil. “O novo motor permite o trabalho por até 14 horas, sem reabastecimento.”

Lopes, há 35 anos no setor, não abre os números de entrega da colheitadeira lançada em abril, mas afirma que a novidade já pode ser vista nas plantações. “Foram vendidas desde a fase de pré-venda na Agrishow 2024 [feira internacional de tecnologia agrícola em Ribeirão Preto (SP), finalizada no início de maio].”

Segundo o executivo, a indústria de maquinário caminha para uma nova etapa de adoção de tecnologias, que ele chama de “sensoriar e agir”. “O que inclui soluções autônomas, aplicações de precisão e de automação de plantio e colheita”, explica. “E não é somente nas grandes propriedades que vemos demanda por inovação. Quem investe hoje em tecnologia, independentemente do porte da produção, sabe o retorno que terá.”

Em novembro de 2023, a John Deere anunciou a construção do Centro Brasileiro de Desenvolvimento de Tecnologia, em Indaiatuba (SP), com previsão de inauguração no fim de 2024. A ideia é que o complexo, com investimentos de R$ 180 milhões, seja voltado para a agricultura tropical.

O objetivo é promover sinergia entre os times de pesquisa dedicados à concepção de tecnologias para sistemas de produção, como grãos e cana-de-açúcar, diz Lopes. “Serão testadas em território brasileiro, considerando variáveis locais como solo e clima.”

Fonte: Valor
Seção: Agro, Máquinas & Equipamentos
Publicação: 30/07/2024