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Produção de estruturas de aço supera 1 milhão de toneladas em 2021

Com crescimento de 37,5% no faturamento, as empresas da construção industrializada em aço apontam cenário otimista para os próximos anos.

O Centro Brasileiro da Construção em Aço (CBCA) – entidade gerida pelo Instituto Aço Brasil – em parceria com a Associação Brasileira da Construção Metálica (ABCEM), finalizou as edições de 2022 das pesquisas anuais feitas com os fabricantes.

Realizados pela e8 inteligência, os estudos referentes a 2021 apresentam números consideráveis de crescimento, com destaque para o aumento no faturamento e geração de emprego.

A pesquisa “Cenário dos Fabricantes de Estruturas de Aço” considera dados de estruturas metálicas, torres de energia para transmissão, torres para energia eólica, estrutura para parque de energia solar e defensas metálicas.

Em 2021, as 334 empresas participantes do cenário pesquisado produziram 1,04 milhões de toneladas de aço, um crescimento de 1,7% em relação a 2020, sendo 550,4 mil toneladas em produção de obras de estrutura metálica, 462 mil toneladas em produção para obras do segmento de energia e 32,2 mil toneladas em produção de defensas metálicas.

Esse montante levou a um crescimento de 37,5% no faturamento das empresas, saltando de 10,4 bilhões para 14,3 bilhões de reais no período.

Os dados apontam que, nos últimos 4 anos, o faturamento das empresas mais que triplicou. Também foi observado um aumento relacionado aos empregos, com crescimento de 0,7% na quantidade de colaboradores, chegando a 31,3 mil profissionais, o número mais alto nos últimos 5 anos.

Cerca de 36,5% dos fabricantes aumentaram seus quadros, reflexo do aumento da demanda.

Também realizada pelo CBCA em parceria com a ABCEM, a pesquisa “Cenário dos Fabricantes de Telhas de Aço e Steel Deck” analisou 108 empresas, com 88% delas atuando exclusivamente na produção de telhas de aço e 9% com telhas de aço e steel deck.

Nessa área, houve crescimento de 61,4% no faturamento das empresas em relação a 2020, o que corresponde a aproximadamente 7,1 bilhões de reais.

Já o estudo “Cenário dos Fabricantes de Perfis Galvanizados – Light Steel Frame e Drywall” mostrou crescimento de 10,3% (Light Steel Frame) e 7,4% (Drywall) na produção em relação a 2020, com expectativas otimistas para os anos seguintes.

As 35 empresas participantes apresentaram um faturamento de 1,4 bilhão de reais, um crescimento de 40,2% em relação ao ano anterior.

Fonte: Grandes Construções
Seção: Construção, Obras & Infraestrutura
Publicação: 20/10/2022

 

Geração solar por consumidores ultrapassa capacidade de Itaipu, diz associação

A geração solar distribuída, modalidade na qual os próprios consumidores geram a energia que consomem, ultrapassou a marca de 14 gigawatts (GW) de potência instalada no Brasil e já é maior do que a usina binacional de Itaipu, segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).

De acordo com a entidade, o Brasil tem, hoje, mais de 1,3 milhão de sistemas solares fotovoltaicos conectados à rede, que atendem a 1,7 milhão de unidades consumidoras. Desde 2012, os investimentos nesse setor somam R$ 76,7 bilhões. O presidente da Absolar, Rodrigo Sauaia, afirma que, até o momento, este já é o melhor ano da energia solar no país na última década.

“Do final de 2021 até outubro deste ano, a geração própria de energia solar saltou de 8,4 GW para 14 GW de potência instalada, um crescimento 66,7%, enquanto os investimentos saltaram neste período de R$ 42,4 bilhões para R$ 76,7 bilhões, um aumento de 80,9%”, afirma Sauaia.

O presidente do conselho de administração da entidade, Ronaldo Koloszuk, afirma que o crescimento este ano está ligado a fatores como o alto custo da energia elétrica no país e o barateamento dos preços do sistema solar. Além disso, consumidores que instalarem um sistema solar até janeiro de 2023 conseguem a manutenção das regras atuais de isenção de algumas cobranças até 2045.

Na geração distribuída, o consumidor gera a própria energia com a instalação de placas fotovoltaicas em telhados, fachadas e pequenos terrenos de residências, comércios, indústrias, produtores rurais e prédios públicos.

Fonte: Valor
Seção: Energia, Óleo & Gás
Publicação: 20/10/2022

Mineradoras: manutenção de investimentos, exportações, faturamento e perdas no mercado à vista

Mineradoras veem manutenção de investimentos independentemente de eleições, diz Ibram

As mineradoras brasileiras preveem um cenário de manutenção de investimentos no setor independentemente do resultado das eleições, afirmou nesta quinta-feira o diretor de Sustentabilidade e Assuntos Regulatórios do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Julio Nery.

"As duas posições, mesmo sendo bastante diferentes, em uma a gente teria uma certa continuidade da política atual, a gente não espera grandes mudanças, e na outra seria algo que já foi observado", afirmou Nery, comentando as diferenças entre os candidatos Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Vamos dizer assim, um governo Lula... o que a gente espera é que ele seja mais ou menos na mesma linha do que foi nos anteriores. Então por isso a gente não espera que haja uma fuga de investimentos devido à eleição."

Segundo estimativas do Ibram, a indústria da mineração irá investir cerca de 40 bilhões de dólares no Brasil entre 2022 e 2026, sendo cerca de 4 bilhões de dólares em investimentos socioambientais.

Apesar das declarações, o Ibram já se colocou contra pelo menos uma das propostas incluídas no programa de governo do candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que seria a cobrança de uma taxa adicional de mineradoras que atuam em áreas de maior rentabilidade.

Mas o diretor do Ibram não deu mais detalhes nesta quinta-feira sobre as impressões do setor diante das eleições.

Os comentários de Nery ocorreram durante coletiva on-line para comentar os resultados da indústria mineral brasileira no terceiro trimestre.

RESULTADOS TRIMESTRAIS

A receita do setor caiu 30% entre julho e setembro ante um ano antes, para 75,8 bilhões de reais, apesar de um leve aumento na produção, devido a um recuo de 37,3% dos preços do minério de ferro no período, apontaram dados do Ibram.

O minério de ferro representou, no terceiro trimestre, 64% do faturamento total da indústria da mineração.

"Nossos resultados ao final do ano devem ser mais modestos do que foram em 2021", disse Nery, pontuando acreditar que haja estabilidade dos preços do minério de ferro pelo menos até o final deste ano.

Os preços da commodity foram impactados com a redução da produção e da demanda de aço na China, apontou o diretor. Restrições à produção industrial na China em razão da Covid-19 e fenômenos climáticos, como tufões e chuvas intensas, também influenciam o mercado e a produção de aço naquele país, que é o principal consumidor de minério de ferro brasileiro.

Nery destacou ainda que as consequências do conflito na Ucrânia também impactaram os mercados, com reduções na oferta de minério e crise de energia reduzindo a produção de aço na Europa.

As demais commodities também tiveram preços médios mais baixos que no terceiro trimestre de 2021, exceto níquel e zinco.

No total, a produção mineral somou 365 milhões de toneladas no terceiro trimestre, alta de 3% na comparação com um ano antes.


Exportações minerais somam US$ 11,62 bi no terceiro trimestre

As exportações minerais brasileiras somaram US$ 11,62 bilhões no terceiro trimestre deste ano, o que indica uma retração de 36,8% em relação ao mesmo período do ano passado. Em comparação ao trimestre anterior de 2022, houve aumento de 0,4%. 

As importações somaram US$ 4,77 bilhões no terceiro trimestre deste ano, com aumento de 86,7% sobre o resultado apurado em igual trimestre de 2021. Na comparação com o segundo trimestre de 2022, a queda atingiu 23,2%.

Os números foram divulgados hoje (20) pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). O saldo mineral (a diferença entre exportações e importações de minérios), é de 51% do saldo Brasil no terceiro trimestre de 2022, o que representa US$ 13,4 bilhões. Em relação ao segundo trimestre, houve uma queda de 56,4% em dólar.

O diretor de Sustentabilidade e Assuntos Regulatórios do Ibram, Julio Nery, atribuiu essa forte queda nas importações ao aumento do preço internacional das commodities minerais, principalmente do potássio, em função da guerra na Ucrânia. O potássio representa grande potencial nas importações brasileiras. Contribuiu também para a redução das compras no exterior o aumento do câmbio.

As exportações minerais para a China, principal comprador do Brasil, tiveram queda de 43,6% em valor, em relação ao terceiro trimestre de 2021, e aumento de 2,9% em toneladas. Já na comparação com o segundo trimestre deste ano, houve expansão de 34,3% em toneladas e de 6,9% em valor.

MINÉRIO DE FERRO

O minério de ferro, principal produto do setor exportado pelo Brasil, teve redução no preço de 37,3% no terceiro trimestre de 2022, comparativamente a igual período do ano passado, e queda de 25,8% ante o segundo trimestre deste ano. Os dados do Ibram revelam que, à exceção de níquel e zinco, as demais commodities minerais também apresentam preços inferiores aos do terceiro trimestre de 2021.

No que tange às exportações de minério de ferro em especial, a queda em valor atingiu 44,7% no terceiro trimestre em comparação ao mesmo período do ano passado. Houve retração também em valor de 3,2% em relação ao segundo trimestre de 2022. Em termos de toneladas, foi registrada aumento de 1,5% e de 23,3%, respectivamente. As exportações de minério de ferro corresponderam a 70,5% das exportações brasileiras em dólar.

Em tonelagem, a redução nas importações minerais feitas pelo Brasil atingiu 20,5% em relação ao terceiro trimestre do ano passado e 23,3% ante o segundo trimestre deste ano. Também ocorreu aumento significativo em valor nas importações de potássio em relação ao terceiro trimestre de 2021 da ordem de 132,96%, de acordo com o Ibram. O potássio respondeu pela maior parcela das importações minerais (62,1%), seguido pelo carvão (24,3%).

APLICATIVO

O diretor-presidente do Ibram, Raul Jungmann, anunciou para o dia 17 de novembro o lançamento de um aplicativo, disponível para download na loja Google Play e App Store, que vai permitir às comunidades próximas às barragens do setor e também a “qualquer cidadão do Brasil e do exterior” tomar conhecimento da situação em que se encontram as barragens no país. Além disso, o aplicativo ficará à disposição do celular de qualquer pessoa e indicará onde buscar informações se algo acontecer, além de combater fake news (notícias falsas), e para saber rotas de fuga, por exemplo.

Foi aprovada ontem em reunião da direção do Ibram a constituição de um comitê de crise, que atuará não só em crises relacionadas aos associados, como também ao setor.


Faturamento da mineração pode ficar até 40% menor em 2022

O setor extrativo mineral deve encerrar 2022 com faturamento até 40% menor do que o apurado em 2021. Somente no terceiro trimestre deste ano, em Minas Gerais, um dos maiores produtores do País, o faturamento registrado teve uma queda expressiva de 38% frente a igual período do ano passado. O balanço, divulgado ontem, consta no estudo trimestral do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). 

Entre julho e setembro do ano passado, a receita do Estado foi da ordem de R$ 47,81 bilhões, enquanto neste exercício ficou em R$ 29,73 bilhões. Por outro lado, na comparação com o trimestre anterior, o setor em Minas teve uma melhora de 19%.

O diretor de Assuntos Minerários e Sustentabilidade do Ibram, Julio Nery, explica que algumas particularidades devem ser avaliadas. Segundo ele, o instituto não avalia o desempenho do Estado isoladamente, mas o setor produtivo como um todo. E diz que, mesmo que tenha havido queda de 38% no faturamento do terceiro trimestre de 2022 sobre o mesmo período de 2021, houve alta no comparativo entre os segundos trimestres de ambos os exercícios, com faturamento em torno de 33% maior. 

O desempenho total da indústria minerária brasileira no terceiro trimestre deste ano foi de R$ 57 bilhões, enquanto de julho a setembro de 2021 o saldo foi de R$ 108,7 bilhões. 

Segundo o estudo do Ibram, Minas, tecnicamente, tem a mesma representação significativa que o Pará, com 39% de participação no faturamento da mineração brasileira. Em seguida, com 4%, aparece o território de Goiás, depois os estados da Bahia, São Paulo e Mato Grosso, com fatias de 3% cada. Outros 9% são compostos por cidades com atividades minerárias nos demais estados do País. 

Julio Nery explica que a queda do faturamento está relativamente ligada à cotação do minério de ferro. “Nós estamos com uma cotação do minério de ferro na faixa dos 40% em relação ao ano de 2021. A substância metálica é um produto que representa 64% do setor produtivo de mineração e qualquer mudança que aconteça acaba mudando bem esse resultado”, explica.

Assim como o minério de ferro foi responsável por 64% do faturamento do setor entre julho e setembro, o minério de ouro consta com 8% de participação, enquanto o minério de cobre representa 5% do total. O calcário dolomítico aparece com 4%, a bauxita com 3%, o granito com 2% e outras substâncias representam os 14% restantes. 

Tributação 

O Ibram também divulgou que a Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem) teve queda expressiva na arrecadação em relação ao minério de ferro em todo o País. No comparativo de julho a setembro deste ano com o mesmo período de 2021, o produto apurou retração de 43,8%. Neste intervalo do ano passado, a arrecadação do tributo foi de R$ 2,9 milhões, enquanto no mesmo período deste ano o recolhimento foi de R$ 1,6 milhão. 

Assim como o minério de ferro, os minérios de ouro, cobre e outros também registraram baixas. Já a bauxita, apresentou aumento na arrecadação de 44% do terceiro trimestre de 2022 com o mesmo cenário em 2021. Em relação ao segundo trimestre de 2022, o estudo aponta aumentos para ouro, ferro, cobre e bauxita. O saldo total de arrecadações no País foi de R$ 3,2 milhões no terceiro trimestre de 2021, enquanto, no mesmo período deste ano, a soma foi de R$ 1,9 milhão.

No ranking de 12 estados brasileiros com 2.610 cidades que foram beneficiadas com a Cfem no terceiro trimestre de 2022, Minas Gerais aparece no topo da lista, com 502 municípios. A contraprestação paga ao Estado equivale a 59% do recolhimento da exploração mineral de todo o País. Em balanço de arrecadação, a soma total em Cfem foi de R$ 1,96 bilhão de julho a setembro, o que equivale a uma queda de 40,5% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram recolhidos R$ 3,30 bilhões em compensações. 
 

Minério de ferro amplia as perdas no mercado à vista rumo a US$ 90 por tonelada
O minério com teor de 62% recuou 2,5% no norte da China, para US$ 91,40 por tonelada, o menor nível desde 19 de novembro de 2021

Os preços do minério de ferro ampliaram as perdas no mercado à vista, diante da piora das perspectivas para a demanda de aço no mundo e da maior oferta da matéria-prima.

Depois de Vale e Rio Tinto terem elevado a produção na comparação com o segundo trimestre, a BHP informou, nesta quarta-feira (19), que também ampliou os volumes produzidos entre julho e setembro.

Segundo índice Platts, da S&P Global Commodity Insights, o minério com teor de 62% recuou 2,5% no norte da China, para US$ 91,40 por tonelada, o menor nível desde 19 de novembro de 2021.

Com esse desempenho, a principal matéria-prima do aço passou a exibir desvalorização de 4,7% no acumulado de outubro. No ano, as perdas foram elevadas a 23,2%.

Na Bolsa de Commodity de Dalian (DCE), os contratos mais negociados, para janeiro, recuaram 3,1%, a 667 yuan por tonelada.

 

*Com agências de notícias (Reuters, Agência Brasil, Diário do Comércio e Valor)
Fonte: Infomet
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 21/10/2022

Produção cai após quatro altas e emprego na indústria sobe em ritmo menor em setembro

A produção industrial caiu de 54,5 pontos em agosto para 49 pontos em setembro de 2022, depois de quatro altas consecutivas, de acordo com a Sondagem Industrial, da Confederação Nacional da Indústria (CNI). A pesquisa mostra ainda que o emprego na indústria avançou pelo quinto mês consecutivo. O índice de evolução do número de empregados ficou em 51,4 pontos, acima da linha divisória de 50 pontos, que separa aumento de queda do emprego industrial. Foram consultadas 1.739 empresas, sendo 696 pequenas, 601 médias e 442 grandes, entre 1º e 11 de outubro de 2022.

No quesito conjuntural, alguns indicadores mostraram desaceleração, no entanto, seguem em patamar elevado, a exemplo, da intenção de investimento que recuou de 1,6 ponto para 57,4 pontos, mas após a forte alta registrada no mês anterior, o índice permaneceu em patamar elevado frente a média histórica de 51,4 pontos.

Além disso, a indústria se mostrou menos otimista no mês de outubro em relação aos próximos seis meses, com queda das expectativas de demanda pelos produtos, de exportação, de compra de insumos e de contratação de empregados. Ainda assim, as expectativas permanecem no território positivo para os próximos meses.

Indústria avalia que normalização das cadeias de suprimentos está mais próxima

A falta ou o alto custo da matéria-prima se mantém há mais de dois anos como o maior problema enfrentado pelo setor industrial brasileiro. No terceiro trimestre de 2022, entretanto, o problema foi bem menos sinalizado pelos empresários, atingindo 38,1% das empresas, 14,7 pontos percentuais abaixo do segundo trimestre, quando atingia 52,8% das empresas.

A economista da CNI Larissa Nocko lembra que, desde o início da pandemia no primeiro trimestre de 2020, a falta ou o alto preço da matéria-prima tem sido o principal entrave à produção.

“Apesar da desaceleração da produção em setembro e das expectativas menos otimistas, a normalização da cadeia e suprimentos é um elemento central para a retomada do ritmo de produção industrial”, explica.

A elevada carga tributária se mantém na segunda colocação entre os principais problemas do setor industrial, atingindo 32,8% das empresas no terceiro trimestre de 2022. As taxas de juros elevadas e a demanda interna insuficiente, que atingem 24,9% e 24,7% das empresas, respectivamente.

Ritmo de alta de preços dos insumos desacelerou e contribuiu para melhora financeira das indústrias

O preço médio das matérias-primas desacelerou no terceiro trimestre de 2022 em relação ao segundo semestre e alcançou o menor patamar desde o período pré-pandemia. O indicador de evolução do preço de matérias-primas ficou em 56,2 pontos entre julho e setembro deste ano, uma queda de pouco mais de dez pontos em relação a abril e junho, quando registrou 66,9 pontos. O dado varia de 0 a 100 pontos, com uma linha de corte de 50 pontos. Números acima desta linha apontam crescimento e abaixo queda. Esse dado reforça a percepção da indústria de normalização, ainda que parcial, da cadeia de suprimentos e, por consequência, da maior satisfação com a situação financeira das empresas.

Os indicadores que medem a satisfação com o lucro operacional, a satisfação com as condições financeiras das empresas e a facilidade de acesso ao crédito avançaram, respectivamente, 1,9 ponto, 1,9 ponto e 2,6 pontos. O indicador de situação financeira mostra um cenário mais favorável no terceiro trimestre de 2022 na comparação com o segundo. Apesar da melhora, os empresários ainda avaliam que o acesso ao crédito é difícil e que o lucro operacional se situa em patamares insatisfatórios.

Fonte: CNI
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 19/10/2022

Preço médio do frete por km aumenta 11% no terceiro trimestre e 56% em relação ao mesmo período de 2021

De acordo com o mais recente Índice de Frete Repom (IFR), o preço médio do frete por quilômetro rodado encerrou o terceiro trimestre de 2022 em R$ 7,87, alta de 11%, em relação ao trimestre anterior, e de 56%, se comparado ao mesmo período de 2021. Nos comparativos mensais de 2022, o valor do frete vem apresentando oscilações entre recuos e altas e, no comparativo entre agosto e setembro, a redução chegou a 4,6%.

No acumulado de 2022, o preço médio do frete por km está em R$ 7,10. Segundo a Repom, dentro deste valor, 40,12% corresponde a gastos com combustível; 34,45% a custos com o caminhão; e 9,57% a impostos. Os números do último IFR também revelam que o percentual de custo de mão de obra do caminhoneiro na composição do preço médio do frete diminuiu de 14,82% no ano passado, para 12,12%, neste ano.

“Quando comparamos o cenário atual com 2019, período pré-pandemia, em que o custo de mão de obra do caminhoneiro correspondia a 18% do valor do frete, percebemos que esses profissionais acabam barateando sua mão de obra para continuarem trabalhando, já que o preço dos demais itens só aumentou o custo operacional do frete nos últimos anos. Esses números apontam que as despesas estão pesando cada vez mais no bolso dos caminhoneiros”, destaca Vinicios Fernandes, diretor da Repom.

O IFR também apurou que, em 2021, 14% da frota de caminhões que circulam nas rodovias do Brasil tinha idade média de até três anos; 29% entre 4 a 10 anos; 43% entre 11 e 20 anos; e 12% com mais de 20 anos. “Isso significa que a maior parte da frota circulante está envelhecida e que a renovação está acontecendo de forma lenta, um reflexo do aumento do preço dos caminhões e das taxas de juros, o que impulsiona a demanda por manutenção e o consumo de combustível”, reforça Fernandes.

Mercadorias e preço do frete

Na análise das mercadorias transportadas que mais oneram o preço do frete, o IFR identificou que o valor médio, no segmento do agronegócio, aumentou 65% em 2022 em relação a 2020. Na análise detalhada sobre o tipo de mercadoria com maior custo médio de frete, o milho e a soja são os campeões de variação desde 2016. Se comparado a 2021, neste ano, o frete do milho ficou 67% mais caro, e o da soja 33%.

Já o aço, metal e cimento, tiveram um incremento de 132% no preço médio do frete por km em relação a 2020. O preço para transporte dos itens como pedras, britas, mástique e cimento cresceu 64%, em relação a 2020; e do ferro, cobre e aço, 47%.

Fonte: Caminhões & Carretas
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 19/10/2022

Brasil pode liderar descarbonização do aço

Avançar no processo de reduzir emissões de gases poluentes para mitigar o aquecimento global e tornar seus produtos mais sustentáveis é o grande desafio da indústria do aço hoje. Neste cenário, o Brasil tem potencial de liderar este processo de descarbonização. É o que aponta um relatório recente divulgado pela consultoria McKinsey & Company que o Prática ESG teve acesso com exclusividade.

A consultoria traça três potenciais caminhos para a descarbonização nessa indústria: otimização da operação existente, ajustes nos investimentos (Capex) de empresas, e novas tecnologias.

Considerada um dos maiores vilões das emissões de gás carbônico (CO2), a siderurgia é, mundialmente, o setor industrial que mais joga o gás na atmosfera. De acordo com a World Steel Association, representa entre 7% e 9% dos gases de efeito estufa (GEE), que, além do CO2, inclui também óxido nitroso e metano.

João Guillaumon, sócio da McKinsey e um dos responsáveis pelo estudo, comenta que as empresas brasileiras são beneficiadas por serem globalizadas, seja por ter exportações significativas, principalmente de produtos semiacabados, como também no controle acionário -- muitas têm sócios estrangeiros, ou pertencem a multinacionais. “Desta forma, as exigências de descarbonização por parte dos clientes e acionistas internacionais estão antecipando os efeitos de regras e limitações sobre a emissão de carbono que ainda estão sendo elaborados no Brasil.”

Para Guilherme Abreu, gerente geral de sustentabilidade da ArcelorMittal Brasil, que opera na produção de aços no país, com capacidade instalada superior a 12,5 milhões de toneladas/ano e receita líquida de R$ 69 bilhões em 2021, os debates e ações na área estão evoluindo. O executivo salienta que as unidades do grupo no Brasil contribuem para cerca de 2,9% das emissões globais e o país está se movimentando, por meio de compromissos assumidos internacionalmente, para reduzir em 50% as suas emissões absolutas até 2030 e ser um país neutro em carbono até 2050. “Metas que consideramos ousadas e em consonância com o Acordo de Paris.”

Para cumprir o combinado, a ArcelorMittal já investiu cerca de 300 milhões de euros no desenvolvimento de tecnologias de carbono neutro em seus Centros de Pesquisa e Desenvolvimento até agora. Até 2030, deverá investir mais US$ 10 bilhões. A empresa não abre dados do Brasil.

“O Brasil possui vários diferenciais que favorecem uma migração para uma economia de baixo carbono: matriz elétrica 85% renovável, geografia favorável à produção de energia eólica e solar e uso de biomassa renovável”, diz Abreu.

De fato. A questão energética é um atrativo e tanto para um setor tão intensivo em uso de combustíveis fósseis para esquentar suas matérias-primas e transformá-las em aço e produtos derivados. O relatório da McKinsey destaca o acesso a fontes de energia alternativas um dos grandes diferenciais do Brasil, em especial ao hidrogênio verde. “A disponibilidade de energias renováveis competitivas coloca o Brasil entre os produtores do hidrogênio verde mais competitivos do mundo. Mesmo sob as projeções mais otimistas sobre a disponibilidade da matéria-prima na Europa, é mais econômico para a região comprar e importar do Brasil”, diz o texto.

O uso do hidrogênio verde para o processo de redução do minério é um dos três pilares tecnológicos que a consultoria acredita que farão a diferença para o setor se descarbonizar e alcançar o net zero (zero emissões líquidas de carbono) na produção do aço. Os outros dois são o desenvolvimento de mecanismos de captura, utilização e armazenamento de carbono (CCUS) - processo que captura até 90% das emissões, evitando a intensificação do efeito estufa; e o avanço do uso da biomassa.

Esta última tecnologia engloba a produção do biocarbono, que é obtido a partir da carbonização de biomassa, sendo uma fonte de energia renovável, que não solta na atmosfera carbono. É nesta frente que a Tupy, multinacional brasileira que desenvolve e produz componentes estruturais em ferro fundido de alta complexidade, atua.

Em parceria com o Senai, a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a companhia investe no desenvolvimento de briquetes - bloco denso e compacto de materiais energéticos - de biomassa como forma de substituição parcial ao coque industrial na fabricação de produtos. O valor investido especificamente no projeto não é, porém, revelado. “A conclusão dos estudos está prevista para 2024, quando poderemos iniciar a adoção da tecnologia validada. Tratamos este tema como prioridade”, afirma Fernando Cestari de Rizzo, CEO da Tupy, que reportou receita de R$ 7 bilhões no ano passado.

De acordo com o executivo, considerando os investimentos em ativos, a empresa alocou em 2021 mais de R$ 90 milhões em tecnologia, treinamentos e busca de novas alternativas para alcançar um cenário favorável à descarbonização. Somente em pesquisa e desenvolvimento (P&D), foram ao todo R$ 25 milhões, sendo 70% alocado em iniciativas voltadas para a sustentabilidade.

“Também temos estimulado e subsidiado a pesquisa e o desenvolvimento de universidades e institutos de pesquisa brasileiros. Isso tem um impacto social muito importante, ao reconhecer talentos e competências que temos no país, e aplicá-las em soluções que serão comercializadas para mais de 30 países”, explica o executivo.

A produtora de aço Gerdau também não fica para trás. A gigante nacional de R$ 78 bilhões de receitas em 2021, assumiu em fevereiro um compromisso de reduzir suas emissões de gases de efeito estufa dos escopos 1 e 2 (relacionados a sua própria produção) para um valor menor do que 50% da média global da indústria do aço. A neutralidade do carbono é esperada para 2050.

Atualmente, a empresa afirma possuir uma das menores médias de emissão de gases de efeito estufa (CO2 e), de 0,90 t de CO2 2e por t de aço, o que representa aproximadamente a metade da média global do setor, de 1,89 t de CO2 e por t de aço, segundo os dados de 2020 divulgados pela World Steel Association. Para 2031, a estimativa é chegar a 0,83 t de CO2 e por tonelada de aço.

“Para isso, já demos os primeiros passos com a instalação de parques solares em Minas Gerais e um parque fotovoltaico em Midlothian, no Texas, nos Estados Unidos. Ambas as iniciativas têm como objetivo fornecer energia renovável para as unidades de produção de aço”, explica Cenira Nunes, gerente geral de meio ambiente da Gerdau.

Segundo a executiva, como iniciativa de descarbonização de curto prazo, a empresa já instalou em Ouro Branco (MG), uma das unidades de produção de biocoque, que contém até 2% de biomassa em substituição ao carvão mineral. Só isso confere redução de 32kgCO2 e/ton de aço ou 10.000 tCO2 e/mês. Foi desenvolvido ainda um projeto com comunidades locais para o abastecimento de biomassa - o carvão era importado.

O carvão vegetal funciona como biorredutor na fabricação do ferro-gusa, principal formador do aço. Para 2022, a perspectiva é a unidade de Ouro Branco dobrar o consumo de biocoque de carvão vegetal e avançar no desenvolvimento de biomassas de bagaço de cana e resíduos de milho e café.

Para 2022, a Gerdau anunciou que os investimentos em melhorias de práticas ambientais superam R$ 800 milhões. “Estes investimentos contemplam a expansão de ativos florestais, atualização e aprimoramento de controles ambientais, incrementos tecnológicos que resultam em eficiência energética e redução de emissões de gases de efeito estufa”, fala Cenira. Está nos planos ainda ampliar o uso da sucata ferrosa como matéria-prima para a produção de aço.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 19/10/2022