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O desabafo do CEO da Gerdau

Na sexta-feira, mais de 100 empresários, congressistas e membros dos governos federal e estadual se reuniram em São Paulo para um evento do Movimento Brasil Competitivo. Em pauta, as oportunidades e os desafios para o Brasil destravar suas vantagens quando o assunto é energia limpa e meio ambiente. Num painel com executivos e executivas de empresas como Cosan, Natura e Tigre o tema era a neoindustrialização verde. Mas um desabafo de Gustavo Werneck, CEO da Gerdau, que compunha a bancada, roubou a cena (é possível conferi-lo aqui, a partir de 1h56m). 

“A coisa mais importante para descarbonizar o setor industrial é ter indústria. Se não tem indústria, não precisa descarbonizar nada. Eu sinceramente estou num momento em que acredito que estamos indo pelo caminho mais fácil que é não ter indústria no Brasil”, disparou Werneck, dando o tom do que viria pela frente nos próximos 10 minutos. 

Num discurso de indignação, ele usou a palavra “dramático” cinco vezes para ilustrar a situação da indústria nacional e elencou as dificuldades sofridas pelo setor siderúrgico com a enxurrada de aço chinês que tem chegado ao país.

“Me lembro em 2015, por exemplo, nós tomamos uma decisão muito significativa de investir R$ 5 bilhões em equipamentos para produção de aços planos em nossas usinas em Minas Gerais, na crença de que a gente teria uma indústria naval no Brasil, que nunca veio. Na crença de que teríamos no longo prazo um fornecimento de aço muito significativo para o setor de energia eólica. Nesse momento, não tenho mais nenhum cliente de energia eólica. Todos se foram”, disse. 

E continuou. “Estamos passando por um momento muito difícil de desindustrialização e ela é mais crítica num ano como este no qual temos um recorde de importação de aço chinês no Brasil.”

No primeiro semestre deste ano, a receita da Gerdau caiu 6,2%. Com o menor crescimento no mercado interno, a China tem colocado o pé no acelerador nas exportações, com subsídios que tornam o preço do produto final por vezes menores que o custo dos produtores locais. Hoje, as importações diretas e indiretas correspondem a 29% do mercado brasileiro de aço, metade disso vinda dos chineses. 

Werneck tem sido cada vez mais vocal sobre o impacto da competição e tem batido ponto em Brasília para pleitear o estabelecimento de uma alíquota de 25% para a importação de produtos siderúrgicos – um pedido que não agrada consumidores intensivos em aço, como a indústria automotiva e de máquinas. Até agora, o governo só concordou em retirar incentivos à importação, com antecipação para 1º de outubro do fim da redução de 10% na alíquota de imposto de importação sobre 12 produtos de aço que só acabaria em 31 de dezembro. 

No evento do Movimento Brasil Competitivo – formado há 22 anos e do qual Jorge Gerdau, da família controladora, é chairman –, Werneck também foi enfático sobre o papel das importações de carros chineses sobre a indústria automotiva. Recentemente, a Gerdau concluiu um investimento de US$ 250 milhões na usina de Pindamonhangaba, no interior de São Paulo, para a produção de aços limpos, mais leves e resistentes e utilizados principalmente pela indústria de carros híbridos e elétricos. 

“Fizemos investimentos muito significativos na esperança de que essa indústria aconteceria. E nos deparamos com uma situação em que clientes tradicionais produtores de automóveis no Brasil, como a Ford, deixam o Brasil”, afirmou. “Temos uma penetração muito forte de veículos importados. Tem essa BYD, Build Your Dreams [montadora chinesa]. Talvez ela tenha construído o sonho de alguém, mas certamente não é o meu, porque para um veículo desse a gente não vende sequer um quilo de aço.”

“Em um momento no qual precisamos criar condição para a camada da população brasileira entre 18 e 25 anos que tem um desemprego na faixa de 25%, eu estou na infelicidade de ter demitido 700 pessoas este ano”. 

Segundo o executivo, a Gerdau consegue produzir um aço com um décimo das emissões de carbono da China, por conta tanto da matriz energética brasileira quanto o uso de carvão vegetal nos alto-fornos e da grande utilização de sucata de aço no seu processo.

“Estamos num momento dramático, o que é uma pena porque conseguimos construir uma capacidade produtiva muito competitiva do ponto de vista ambiental e estamos vendo isso ser colocado em xeque”, afirmou. 

Ainda que o foco tenha ficado na competição com a China e na necessidade do que chamou de “medidas de curto prazo” para preservar a competitividade nacional – leia-se aumento de alíquotas –, o CEO da Gerdau falou também sobre as dificuldades tributárias. 

“Hoje aqui no Brasil e tenho 118 pessoas na minha área tributária. Na América do Norte, incluindo México, Estados Unidos e Canadá, eu tenho quatro”, afirmou. As operações têm tamanho semelhante – e, nos últimos dois anos, a divisão americana superou inclusive a brasileira em receita pela primeira vez nos 122 anos da companhia. 

Num contraste aparente com o discurso, ele encerrou afirmando que se mantém “otimista” e que a companhia vem buscando sempre os melhores benchmarks internacionais e iniciativas de eficiência operacional para manter a competitividade. 

“Do muro para dentro, dificilmente se encontrará hoje uma indústria no mundo que é tão competitiva como a nossa no Brasil. Mas tudo quando sai dos muros de nossas empresas fica complexo demais.”

Fonte: Exame
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 31/10/2023

Siderúrgicas terão dificuldades em negociações de preços com montadoras, vê Inda

As siderúrgicas brasileiras devem entrar em posição desfavorável nas discussões com montadoras sobre preços de aços planos para o próximo ano, diante do atual cenário marcado por volume crescente de importações da liga e perspectiva de produção de veículos cortada para baixo pelas fabricantes neste mês.

"Vai ser uma briga muito boa, vai ser difícil para as usinas manterem o preço", afirmou o presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), Carlos Loureiro, nesta quinta-feira ao comentar sobre mercado de aços planos brasileiro.

A entidade divulgou mais cedo que as vendas de aços planos pelos distribuidores caíram 5,8% em setembro ante agosto, ficando estáveis sobre um ano antes, a 323,3 mil toneladas.

A divulgação ocorreu depois que o Aço Brasil, representante das siderúrgicas, informou na terça-feira queda de 9,3% na produção de aço em setembro e vendas internas caindo 6% na comparação com o mesmo mês de 2022."Por enquanto, ninguém está fechando nada. Está tudo no ar... As condições para as usinas discutirem preços são muito mais no sentido de se ter descontos", afirmou Loureiro.

E depois de um setembro que viu as importações de aços planos no Brasil subirem 185% frente a um ano antes, a perspectiva para outubro não é de recuo na entrada de material importado, disse o executivo.

"Provavelmente vamos ter em outubro aumento de importação, porque todo aquele material que está no porto pode ser internalizado" diante de receios de imposição pelo governo federal de tarifa de importação.

A indústria siderúrgica nacional tem defendido o estabelecimento de Imposto de Importação de 25% sobre as importações de aço, diante do avanço das importações brasileiras do material, que tem como principal fornecedor a China.

"Outubro, novembro e dezembro já estão comprados", acrescentou Loureiro, referindo-se à tendência de fortes importações pelo país e citando que as siderúrgicas chinesas estão exportando a preços abaixo do custo fixo com ajuda de subsídio estatal.

Em setembro, o volume de aço plano no porto de São Francisco do Sul (SC), principal entrada de aço importado no Brasil, aguardando internalização somava cerca de 300 mil toneladas, segundo estimativas do Inda. Loureiro não mencionou o volume atual armazenado no terminal, mas afirmou que apesar de ter "diminuído um pouco, continua alto".

Com a tendência de queda nos preços, os distribuidores de aços planos mantêm a estratégia de evitar estoques elevados do material para evitar prejuízos. Em setembro, os estoques nas empresas associadas ao Inda somaram 843,4 mil toneladas, praticamente estáveis ante agosto e equivalentes a 2,6 meses de vendas, dentro da média histórica do setor.

Loureiro afirmou que o aço nacional laminado a quente está 15% a 16% mais caro que o importado, diferença chamada pelo setor de "prêmio".

O peso sobre os preços no mercado interno deve aumentar em novembro, disse o presidente do Inda, uma vez que a Usiminas pode retomar a produção do alto-forno 3 de Ipatinga (MG), parado desde abril para reforma geral.

A Usiminas tinha previsto anteriormente um religamento em agosto, mas o processo foi adiado por diversas vezes, com o mais recente acontecimento em torno do equipamento envolvendo a morte neste mês de um operário que trabalhava na obra de reforma. "A curto prazo, é mais provável que os preços no Brasil caiam, se nada for feito" para conter as importações, disse o presidente do Inda. "Principalmente quando tiver a volta da Usiminas ao mercado", acrescentou, referindo-se ao alto-forno 3.

A expectativa do Inda para outubro é de crescimento de 5% nas vendas ante setembro, para 339,5 mil toneladas.

 
Fonte: Reuters
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 27/10/2023

Minério de ferro indica ganhos na semana com medidas de apoio da China

Os contratos futuros do minério de ferro subiram nesta sexta-feira, revertendo a fraqueza anterior e no caminho certo para ganhos semanais, já que sinais adicionais de estabilização da economia chinesa sustentaram o sentimento impulsionado por estímulos extras para o maior produtor de aço do mundo.

O minério de ferro mais negociado na bolsa de Dalian encerrou as negociações diurnas com alta de 2,1%, a 889,50 iuanes (121,57 dólares) por tonelada métrica, encerrando a semana com ganho de cerca de 4%.

Os lucros das empresas industriais da China ampliaram os ganhos pelo segundo mês em setembro, aumentando os sinais de uma economia em estabilização, já que as autoridades lançaram uma série de medidas políticas de apoio.

Pequim aprovou no início desta semana um apoio fiscal adicional para a recuperação econômica da China.

Nesta semana, houve um aumento da volatilidade dos preços do minério de ferro, já que persistem as preocupações sobre a possibilidade de as siderúrgicas chinesas reduzirem ainda mais a produção para cumprir os protocolos de controle de emissões, especialmente durante os meses de inverno.

Fonte: Terra
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 27/10/2023

15 de 29 setores da indústria estão confiantes em outubro, aponta CNI

O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) de outubro mostra que 15 de 29 setores da indústria, grandes empresas e os industriais das regiões Centro-Oeste, Nordeste, Norte e Sudeste estão confiantes.

A pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) ouviu 2.044 empresas, sendo 832 de pequeno porte, 730 de médio porte e 482 de grande porte, entre 2 e 12 de outubro de 2023.

- Clique aqui para baixar a pesquisa.

A pesquisa mostra que na passagem de setembro para outubro, a confiança ficou menor em 18 de 29 setores. Com o resultado, migraram da confiança para a falta de confiança seis setores:

Equipamentos de informática,
Eletrônicos e ópticos,
Máquinas e equipamentos,
Obras de infraestrutura,
Celulose e papel,
Calçados e suas partes, e
Metalurgia.

Dois setores fizeram a transição contrária, da falta de confiança para a confiança: Veículos automotores e Produtos de material plástico.

A confiança caiu em todos os portes de indústria. Com o resultado, as pequenas e médias indústrias, que registravam confiança positiva ou neutra até setembro, passam a registrar falta de confiança em outubro.

O ICEI das pequenas empresas passou de 49,9 pontos para 49 pontos, e a das médias empresas caiu de 50,6 pontos para 49,6 pontos. Dessa forma, apenas as grandes empresas seguem confiantes.

O indicador deste grupo teve uma pequena redução, de 53,6 pontos para 53,4 pontos. 

Entre as regiões, a confiança avançou 1,8 ponto na região Nordeste, mas o ICEI caiu em todas as demais regiões em outubro. O recuo mais intenso nas regiões Centro-Oeste (-1,8 ponto) e Sudeste (-1,7 ponto) e mais moderado nas regiões Sul (-0,7 ponto) e Norte (-0,1 ponto).

Apesar da queda, com exceção da região Sul, o índice de todas as demais regiões ficou acima dos 50 pontos.

O ICEI varia de 0 a 100 pontos. Valores acima de 50 pontos indicam confiança do empresário. Valores abaixo de 50 pontos indicam falta de confiança do empresário.

Fonte: CNI
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 26/10/2023

Produção de aço do Brasil cai 9,3% em setembro, venda recua 6%

As siderúrgicas brasileiras produziram menos aço em setembro na comparação com o mesmo mês de 2022, com mercado interno em retração, exportações praticamente estáveis e importações mais que duas vezes maiores, segundo dados da entidade que representa o setor, Aço Brasil.

A produção de aço bruto somou 2,53 milhões de toneladas no mês passado, queda de 9,3% na comparação com um ano antes e recuo de 7% em relação a agosto.

Com isso, o setor terminou setembro com utilização de capacidade instalada de 59,6%, queda ante os 65,6% de um ano antes.

O setor, que tem cobrado do governo federal a imposição de imposto de importação de 25% sobre aço, viu a internalização de material produzido no exterior disparar 134% em setembro sobre um ano antes, atingindo 549 mil toneladas.

Segundo o Aço Brasil, as importações de setembro representaram o maior patamar desde junho de 2021, superando o pico de agosto, de 495,7 mil toneladas.

De janeiro ao mês passado, as importações de aço pelo Brasil somaram 3,7 milhões de toneladas, salto de quase 58% sobre o mesmo período de 2022. O volume importado já supera a produção anual de usinas inteiras do país, como a CSP, da ArcelorMittal, instalada no Nordeste.

Enquanto isso, as vendas das usinas nacionais no mercado interno acumula queda de 5,4% nos nove primeiros meses de 2023, a 14,75 milhões de toneladas, tendo recuado apenas em setembro 5,9%, a 1,72 milhão de toneladas.

No final do mês passado, grandes produtores de aço do Brasil fizeram a mais forte cobrança pela criação de mecanismos de proteção comercial do Brasil nos últimos anos, com dirigentes de empresas como Gerdau e ArcelorMittal citando possibilidade de onda de demissões diante da capacidade ociosa em torno de 40% do setor.

O aumento das importações de setembro já era esperado pelo setor, diante do acumulo de material em portos do país, notadamente de São Francisco do Sul (SC), que no mês passado tinha cerca de 300 mil toneladas esperando para serem internalizadas no país, segundo informação da entidade representativa dos distribuidores de aços planos, Inda.

Segundo o Aço Brasil, a participação dos importados no consumo aparente nacional subiu da média de 12,3% dos últimos 10 anos para 23,2% em setembro, o segundo maior patamar da história do setor. A entidade afirmou ainda que 67% das importações em setembro vieram da China.

As exportações de aço pelo Brasil em setembro somaram 853 mil toneladas, praticamente estáveis ante as 841 mil toneladas de setembro do ano passado. No acumulado do ano, as vendas externas do setor somam cerca de 8,9 milhões de toneladas, queda de 4,4% sobre o mesmo período de 2022.

Fonte: Reuters
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 25/10/2023

Mineração registra queda de 29% em faturamento no 3T23, diz IBRAM

Redução na produção, em toneladas, e oscilação de preços internacionais geram resultado inferior, em dólar, na comparação com o terceiro trimestre de 2022. O Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) destaca riscos no ambiente de negócios das mineradoras e anuncia projeto setorial de descarbonização.

O faturamento estimado do setor mineral apresentou queda de quase 29% no 3º trimestre, na comparação com igual período do ano passado: caiu de R$ 75,8 bilhões para R$ 53,9 bilhões. No segundo trimestre de 2023 o faturamento também havia sido superior: R$ 65,3 bilhões, o que representa uma redução de 17,5%. O setor mineral vem acumulando quedas no faturamento, principalmente, desde o 3º trimestre de 2021. O dado de faturamento do terceiro trimestre de 2023 é estimado, uma vez que o site de divulgação de dados de valor de operação da ANM encontra-se fora do ar, já há algum tempo.

A exportação total de minérios também caiu no 3º trimestre em relação ao mesmo período de 2022: 4,5% em dólar; mas cresceu 3,5% em relação ao segundo trimestre deste ano. Já em toneladas houve aumento nas duas comparações: 3,3% e 10,2%, respectivamente. O principal produto exportado, o minério de ferro, apresentou elevação de preço de 5,5% e elevação em toneladas de 11,4%, no terceiro trimestre em relação ao segundo trimestre; no entanto, apresentou queda de 3,2% (em dólar) e aumento de 3,4% em toneladas, em relação ao mesmo período do ano passado.

A criação de empregos segue em alta no setor mineral. Em agosto deste ano, a indústria minerária mantinha 208,8 mil trabalhadores empregados diretamente. Em agosto de 2021 eram 198 mil; em agosto de 2022 eram 203,4 mil trabalhadores; em janeiro de 2023 eram 201 mil.

O desempenho da indústria da mineração foi apresentado no dia 18 de outubro (quarta-feira), pelo Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM). Para o Instituto, os resultados do terceiro trimestre refletem variações na produção em toneladas e oscilações nos preços internacionais dos minérios. Além da expressiva queda no faturamento, os custos para as mineradoras seguem em ascensão, lembra o diretor-presidente do IBRAM, Raul Jungmann, que apresentou os dados em entrevista à imprensa.

São custos relacionados à criação de taxas por municípios e estados, cobradas junto às mineradoras, em valores significativos, sob o pretexto de fomentar ações de fiscalização. Os valores são arbitrados sem que haja qualquer análise sobre a capacidade de absorção das taxas pelas mineradoras. Segundo o IBRAM, o recolhimento desses encargos podem alcançar R$ 6,3 bilhões por ano, aproximando-se do valor de arrecadação da CFEM (royalty do setor mineral).

—Esta é uma questão muito grave porque fere a competitividade das mineradoras brasileiras em relação às concorrentes internacionais, inibe novos investimentos, gera insegurança e imprevisibilidade na gestão das empresas. Esse quadro afeta o desempenho do setor e reflete automaticamente na arrecadação de impostos e encargos e, ainda, pode afetar a balança comercial brasileira— diz.

No 3º trimestre a pesquisa IBRAM aponta que o setor viu seu recolhimento de tributos e encargos encolher 30%, assim como o faturamento: caiu de R$ 26 bilhões no 3º trimestre de 2022 para R$ 18,3 bilhões no 3º trimestre de 2023. Nessa conta está incluída a CFEM. Essa arrecadação específica caiu 23%, de R$ 2 bilhões para R$1,5 bilhão, comparativamente com o mesmo período do ano passado. Esses valores haviam sido superiores no segundo trimestre de 2023: impostos totais de R$ 22,5 bilhões e CFEM de R$ 1,9 bilhão.

Além das recentes medidas arrecadatórias sobre o setor mineral, a greve da Agência Nacional de Mineração (ANM) e a própria situação frágil em que a agência se encontra em termos de pessoal, equipamentos e orçamento alimentam um cenário negativo para o desenvolvimento da indústria da mineração. —As mineradoras precisam contar com uma atuação do agente regulador e fiscalizador condizente com sua realidade e perspectivas, mas não é o que acontece há muito tempo, uma vez que a ANM está com seus recursos orçamentários contingenciados —afirma Jungmann, lembrando que os municípios onde a mineração é relevante para a economia local e regional têm reclamado da falta de repasse dos valores de CFEM.

Minerais críticos para a transição energética 

Segundo o dirigente do IBRAM, a mineração vivencia a perspectiva de ampliar a oferta de minerais considerados críticos para a transição energética, ou seja, insumos para o desenvolvimento de novas tecnologias e equipamentos voltados a ampliar as fontes de enegia renovável, de modo a se promover a descarbonização da economia. O próprio governo federal, lembra Jungmann, situa a mineração como setor estratégico para a transição a uma economia de baixo carbono, “mas, se o Brasil não retirar todas essas amarras que impedem o desenvolvimento do setor mineral, e, inclusive, estimular a pesquisa geológica em maior escala, a mineração brasileira perderá a oportunidade de liderar a oferta desses minerais globalmente”, afirma.

Projeto de descarbonização do setor mineral — Além de fornecer os insumos minerais para promover a transição energética aos demais setores, o IBRAM vai lançar seu programa setorial relacionado às suas emissões. No dia 26 de outubro, o Instituto vai apresentar em sua sede, em Brasília, um projeto voltado a identificar as oportunidades de redução de gases de efeito estufa nos processos industriais e construir um plano de ação para que o setor possa realizar a transição energética por meio de esforços coletivos, de forma a somar iniciativas e alcançar objetivos de forma mais eficaz.

O projeto de descarbonização é resultante de uma parceria do Instituto com o Mining Hub e com a Embaixada Britânica no Brasil.

Outros dados sobre o desempenho da indústria mineral no terceiro trimestre de 2023, em relação ao mesmo período em 2022: . Exportações minerais de US$ 11 bilhões (queda de 4,5%) e 108,4 milhões de toneladas (+3,3%);

Exportação de minério de ferro (71,7% das exportações minerais): US$ 8 bilhões (-3,2%) e 104,9 milhões de toneladas (+3,4%);

Exportação de ouro: US$ 868,3 milhões (-32,3%) e 22,1 toneladas (-14,7%);

Exportação de outros minérios: bauxita (-8,4%); caulim (-36,5%); cobre (+5,1%); manganês (-3,9%); nióbio (+3,1%); pedras e revestimento (-19,4%);

Importações minerais: US$ 2,46 bilhões (queda de 48%) e 10,7 milhões de toneladas (+11%);

Importações: carvão (-35%); cobre (-90%); enxofre (-89%); potássio (-55%); rocha fosfática (-13%); pedras e revestimentos (+6%); zinco (-65%);

Saldo da balança mineral: US$ 8,64 bilhões (elevação de 25%). O saldo mineral equivale a 32% do saldo Brasil no 3º trimestre;

Arrecadação de CFEM por minério: minério de ferro corresponde a 73,4% do total: R$ 1,1 bilhão; ouro: R$ 78 milhões; cobre: R$ 60 milhões; bauxita: R$37 milhões;

Arrecadação de CFEM por estado: MG e PA têm as maiores participações na arrecadação de CFEM, com 48 % e 36%, respectivamente. Os cinco maiores estados mineradores, juntos, correspondem a 88,8% da arrecadação nacional da CFEM;

Investimentos: o setor mineral vai investir US$ 50 bilhões no Brasil até 2027, sendo US$ 6,5 bilhões em projetos socioambientais; cerca de US$ 17 bilhões em minério de ferro; UUS$ 5,2 bilhões em minérios fertilizantes; e cerca de US$ 5 bilhões em bauxita;

Investimentos por estado: o Pará deverá receber 32% do total até 2027; Minas Gerais 26,3%; Bahia 23,6%.

Fonte: Portal Fator
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 23/10/2023