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ArcelorMittal tem meta de ter ao menos 30% de mulheres até 2030

A ArcelorMittal lançou a meta, no ano passado, de ter ao menos 30% de mulheres entre seus empregados até 2030 no Brasil. O desafio é para todas as áreas da produtora de aço, incluindo as atividades operacionais, administrativas e cargos de liderança. “As mulheres já são a maioria da sociedade brasileira, das universidades e estão aumentando a representatividade nos cursos de engenharia. Essa mudança também deve acontecer na ArcelorMittal, aumentando a participação em todos os cargos e segmentos de negócio”, pontua Jefferson De Paula, presidente da ArcelorMittal Brasil e CEO ArcelorMittal Aços Longos LATAM e Mineração Brasil. Atualmente, dos cerca de 16 mil empregados da ArcelorMittal Brasil, 15% são mulheres. Na área operacional, 7% são mulheres, e em cargos de liderança, 10%.

A engenheira Tatiana Nolasco foi a primeira mulher a assumir como Diretora de unidade industrial (desde agosto de 2020) da ArcelorMittal no Brasil e na América Latina. A executiva é a diretora de negócio das plantas industriais de Barra Mansa e Resende. Em Belo Horizonte, na sede administrativa da ArcelorMittal, a liderança feminina também se faz presente. Na sede estão Sofia Trombetta Camisasca, que é Diretora de Pessoas, Saúde e Bem Estar, além da argentina Paula Harraca, Diretora de Estratégia, ESG, Inovação e Transformação do Negócio. Paula Harraca atua há mais de 17 anos na produtora de aço ArcelorMittal. Ela também é presidente-executiva da Fundação ArcelorMittal Brasil e do Açolab, primeiro hub de inovação aberta da indústria mundial de aço.

Fonte: O Tempo
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 07/03/2022

 

Preço internacional do aço sobe refletindo efeitos do conflito na siderurgia

Os preços do aço no mercado internacional já estão em rota de alta em decorrência dos impactos da invasão da Rússia à Ucrânia no fim da semana passada. O prolongamento da guerra irá agravar ainda mais as cadeias de produção de usinas de aço na Ucrânia, bem como as sanções à Rússia irão travar o comércio do país, que é o quinto maior produtor mundial de aço.

Rússia e Ucrânia são dois fornecedores relevantes de placas de aço - material semiacabado usado para fabricar chapas e bobinas de aço - no mercado global. Além de grandes exportadores de produtos acabados e itens como minério de ferro, pelotas e ferro-gusa.

“Não há razão para os preços não subirem”, afirma Carlos Loureiro, que atua há diversas décadas no mercado de aço brasileiro e do exterior e que atualmente preside o Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda).

“Os dois países são grandes exportadores líquidos de aço, tanto de produtos finais como semiacabados, porém com maior peso no mercado de placas”, afirma.

Segundo Loureiro, citando informações que recebeu de fontes, os preços de placas vendidas pelo Brasil - importante produtor - já estão sendo negociados com aumentos, diante das preocupações com a Ucrânia. A oferta começou a ficar apertada e o mercado reagiu tão logo os tanques russos cruzaram as fronteiras do país vizinho (dia 24).

Os negócios fechados no fim da semana passado com placas de origem brasileira ficaram na faixa de US$ 740 a tonelada (valor FOB). Ou seja, material colocado em portos brasileiros.

No entanto, segundo fontes do mercado de produtos siderúrgicos, novas cargas já eram oferecidas, no mínimo, a US$ 780 a tonelada, conforme informação da publicação especializada Metalbulletin divulgada pela Smart Steel Business.

No Brasil, são grandes produtores de placas para exportação a Ternium (do grupo Techint), a Companhia Siderúrgica de Pecém -CSP (controlada por Vale e as sul-coreanas Dongkuk e Posco) e ArcelorMittal Tubarão. A brasileira Gerdau também exporta excedentes de placas.

Os produtos acabados, como chapas e bobinas, por consequência, sofrerão aumentos, uma vez que as placas são matérias-primas para muitos fabricantes não verticalizados e até para siderúrgicas com problemas em seus altos-fornos - caso de Usiminas em Cubatão (SP).

Desde o início do conflito, com a intensidade dos ataques russos em alvos ucranianos, os preços do aço, metais e matérias-primas siderúrgicas disparam. Na bolsa LME Steel, desde dia 25 para cá, a cotação da bobina de aço laminada a quente saltou de US$ 800 para 880 a tonelada, FOB China.

Noutra ponta da cadeia produtiva, o minério de ferro (com menos intensidade) e carvão também estão em alta, afetando os custos das usinas de aço integradas.

O carvão metalúrgico, insumo das usinas de aço que já vinha em movimento de alta, passou de US$ 250 a tonelada para US$ 400 a partir do dia 24 (quando ocorreu a entrada de tanques russos na Ucrânia) até ontem.

De acordo com informações da World Steel Association (Worldsteel), entidade global que representa produtores de 85% do volume mundial de aço bruto, no ano passado a Rússia produziu 76 milhões de toneladas; a Ucrânia, 21 milhões de toneladas.

Grande parte de seus volumes é transformada em placas destinadas à exportação - União Europeia, outros países europeus e Ásia são os maiores importadores de aço russo e ucraniano. O Brasil, no ano passado, importou relevante volume de produtos siderúrgicos oriundos da Rússia.

Em termos de exportações líquidas - vendas ao exterior menos importação -, conforme a Worldsteel, a Rússia lidera o ranking mundial, com quase 30 milhões de toneladas. A Ucrânia está na quarta posição, com cerca de 14 milhões de toneladas.

Na cadeia produtiva do aço, os dois países são também grandes produtores e exportadores de minério de ferro, especialmente de pelotas para alto-forno, um produto de alto valor agregado. A Europa, como um todo, é o segundo maior comprador dos dois países - só perde para a China.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 04/03/2022

 

Minério supera os US$ 150 e alumínio renova recorde

Os preços do minério de ferro e das commodities metálicas, como alumínio e níquel, seguiram ontem em trajetória firme de alta, com os receios renovados de interrupção da oferta em meio à guerra na Ucrânia e às sanções impostas à Rússia. Já as duas principais referências do petróleo terminaram o dia em queda, depois de começar o pregão com altas expressivas.

Enquanto a principal matéria-prima do aço voltou a ser negociada acima de US$ 150 por tonelada nos portos chineses, o alumínio atingiu novo recorde, de US$ 3.741 a tonelada, e o níquel para três meses alcançou o maior nível em onze anos, de US$ 27.976 a tonelada, na Bolsa de Metais de Londres (LME).

Segundo a equipe de análise do UBS, a Rússia produz cerca de 4 milhões de toneladas por ano de alumínio primário, equivalente a cerca de 6% da oferta global. Potenciais restrições à Rusal ou interrupções na logística de alumina e bauxita podem ter “impacto material” nos fluxos comerciais de curto prazo, para além da Rusal, destacaram os analistas.

“Vemos risco de interrupção de oferta de 3,5 milhões a 4 milhões de toneladas de alumina para a fundição de alumínio na Rússia, o que poderia resultar em redução de 1,5 milhão a 2 milhões de toneladas na produção russa de alumínio”, escreveram, em relatório desta quinta-feira.

Esse impacto não seria imediato, uma vez que a companhia russa tradicionalmente opera com um a dois meses de estoque de alumina no seu país.

Já os preços do minério voltaram a superar os US$ 150 por tonelada no mercado à vista, acompanhando a forte valorização dos contratos futuros e as perspectivas mais otimistas para a produção de aço na China - a percepção é que o aço chinês poderá ocupar o espaço do material russo no mercado internacional com as sanções impostas recentemente.

Segundo a publicação especializada Fastmarkets MB, o minério com teor de 62% de ferro foi negociado a US$ 153,33 a tonelada no porto de Qingdao, com alta de 5,8% ante a véspera, alcançando o maior preço em seis meses.

Com esse desempenho, em março, a commodity passou a exibir valorização de 11,90%, elevando a quase 27% os ganhos acumulados em 2022.

A percepção de que a guerra entre Rússia e Ucrânia tende a afetar a oferta global de pelotas e de aço contribui para a força recente da matéria-prima, que desde o início da invasão acumula alta de quase US$ 20 por tonelada.

Os contratos futuros de minério de ferro marcaram mais uma sessão de ganhos, sustentados também pela retomada das operações nas siderúrgicas chinesas com o fim das restrições impostas durante a Olimpíada de Inverno.

Na Bolsa de Commodity de Dalian, os contratos mais negociados, para maio, encerraram o dia com valorização de 6,8%, para 797,50 yuan por tonelada, depois de terem subido quase 10% durante a sessão de negócios.

Segundo a Mysteel, o consumo diário de finos de minério importados nas 64 siderúrgicas chinesas acompanhadas pela consultoria subiu 8,2%, na terceira semana consecutiva de alta, para 511,8 mil toneladas na última semana.

Já os estoques de finos de minério, ainda conforme a consultoria, permaneceram estáveis nas usinas monitoradas.

Notícias de que o governo chinês tem avaliado flexibilizar as medidas de controle em relação à covid-19 contribuem para a valorização da commodity.

Depois de começar o dia batendo nos US$ 116 o barril, os preços dos contratos para maio do Brent, a referência global, terminaram o dia em queda de 2,18%, a US$ 110,46, na ICE, em Londres, enquanto os preços dos contratos para abril do WTI, a referência americana, caíram 2,45%, a US$ 107,67 o barril, na Bolsa de Mercadorias de Nova York (Nymex).

Apesar da queda de ontem, a escalada do conflito pode trazer de volta o movimento altista para os contratos de petróleo. Isso porque a leitura é que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (Opep+) ignoraram a questão geopolítica na reunião de quarta-feira, apenas fazendo “referência a um mercado de petróleo equilibrado e a desenvolvimentos geopolíticos que estão gerando volatilidade”, nas palavras do Commerzbank. “Também não houve indicação de qualquer intenção de compensar as interrupções de fornecimento da Rússia”, ainda segundo o banco alemão em seu relatório diário. “A pressão sobre a Opep+ para se distanciar mais da Rússia provavelmente aumentará visivelmente quando sua próxima reunião for realizada em 31 de março.”

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 04/03/2022

 

Mulheres conquistam espaço no setor de equipamentos para construção e mineração

De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a presença feminina no setor da construção civil, do Brasil, aumentou cerca de 50% na última década. O dado representa mais de 200 mil mulheres trabalhando neste ramo e o crescimento não deve parar por aí. A tendência para o futuro é as mulheres conquistarem cada vez mais espaço em setores dominados historicamente pelos homens, como é o caso também do universo de equipamentos pesados.

Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, no dia 08 de março, a Link-Belt promove reflexões sobre a mulher na sociedade e os desafios que ela ainda enfrenta. Para contribuir com essas, trouxemos as histórias de algumas mulheres atuantes no segmento de escavadeiras:

Vendedora externa na Pavimaquinas, distribuidor das escavadeiras Link-Belt nos estados de Santa Catarina e Paraná (Brasil), Angelita Tomazi, tem 53 anos e é um exemplo desta nova realidade. A profissional está há nove meses na empresa e revela que sempre recebeu todo o apoio e o incentivo dos seus líderes. “Basta ter dedicação, força de vontade e acreditar que, assim como os homens, nós somos fortes no mercado de trabalho. Nós precisamos também ter coragem de aceitar novos desafios e não ter medo do julgamento alheio”, afirma.

Assim como Angelita, a responsável pelo Departamento de Importações da Malvex, distribuidor de escavadeiras Link-Belt no Peru, Soledad Sánchez, tem 51 anos e ocupa um cargo de liderança para as operações da empresa. Inclusive, ela acredita que as mulheres possuem habilidades únicas e que podem fazer a diferença, especialmente nesse segmento. “Nós nos destacamos pela aptidão, pelo critério e pela capacidade de desenvolvermos soluções para qualquer transtorno que possa surgir nas atividades do comércio exterior”, diz. Quanto à relação estabelecida com os seus colegas de trabalho, Soledad afirma não ter enfrentado nenhum tipo de preconceito ou resistência por parte dos colaboradores homens. “Nunca tive problema em trabalhar com profissionais do sexo masculino. Inclusive, o diretor geral da Malvex, Kjell Malmstrom, sempre foi justo, no sentido de não discriminar o sexo feminino e valorizar a capacidade e eficiência dos profissionais”, complementa. 

Já a coordenadora Financeira da Link-Belt Latin America, Bárbara Nassif, de 30 anos, revela que a Link-Belt sempre acreditou no potencial dela, desde quando iniciou sua carreira. “Comecei como estagiária, após um período fui efetivada e tive muitas oportunidades de aprendizado e crescimento. Sou muito grata pela Link-Belt fazer parte do meu desenvolvimento profissional”, diz. Ela também acredita que é muito importante as mulheres estarem nesse mercado, mesmo diante dos desafios, para mostrarem o seu potencial e ganharem cada vez mais espaço.

Outro exemplo de mulher que conquistou o seu espaço no segmento de máquinas pesadas é a responsável pelos departamentos Comercial e Marketing da SP Máquinas, distribuidor das escavadeiras Link-Belt nos estados do Pará e Mato Grosso (Brasil), Marli Ferreira, de 44 anos. A profissional, inclusive, atribui essa conquista ao suporte oferecido pela fabricante norte-americana. “Eu acredito que a Link-Belt representa muito, não só para a minha carreira como mulher, mas para a minha família também. Afinal, por meio dela concretizamos sonhos e tivemos a oportunidade de aprendermos muito”, revela Marli.

Mulheres também marcam presença em campo, como operadoras das escavadeiras

Engana-se quem pensa que a participação feminina no ramo de equipamentos para construção e mineração se resume às posições administrativas e comerciais. As mulheres estão marcando presença também como operadoras de escavadeiras. “Eu fico muito feliz em ver que cada vez mais as mulheres estão ocupando uma área tão “taxada” de ser para homens, por ser um tipo de trabalho mais pesado. É uma grande oportunidade de reconhecimento”, destaca a motorista e operadora de máquinas, no estado de São Paulo (Brasil), Isabele Dias, de 23 anos. No entanto, a jovem profissional também lamenta que a rotina de trabalho ainda seja rodeada de preconceitos. “Quando eu chego nas obras, os homens comentam, olham diferente e até não acreditam no orçamento que eu passo ou no serviço que irei prestar. Eles não confiam e me julgam como se eu não tivesse o conhecimento necessário para estar ali”, comenta Isabele ao citar os desafios enfrentados.

Outra jovem operadora de equipamentos pesados, Myllena Cerqueira, de 20 anos, atua com escavadeiras no município de Tucumã, localizado no estado do Pará (Brasil). Para ela, a única forma das mulheres conquistarem de vez os espaços dominados pelos homens é acreditando nelas mesmas. “O lugar da mulher é onde ela quiser, independentemente se é dentro de uma escavadeira hidráulica ou em casa. O nosso lugar é onde nós desejamos chegar”, reforça.

Os desafios relatados pelas operadoras não se restringem ao mercado brasileiro. Cecilia Mora, de 46 anos, é da Argentina e trabalha no ramo da construção civil há quase 20 anos. Atualmente opera escavadeiras Link-Belt na empresa Romax S.A, uma companhia argentina familiar. A profissional reforça a necessidade de as mulheres terem que enfrentar as dificuldades e diante deste cenário, Cecilia pede que as mulheres não desistam. “Eu sei, leva tempo, mas você tem que continuar. Vá em frente e mostre que a mulher merece ter espaço dela. Ela é realmente qualificada para o cargo que ocupa.”, finaliza Cecília, incentivando as mulheres a persistirem na conquista do reconhecimento profissional.

Fonte: Revista OE
Seção: Máquinas & Equipamentos
Publicação: 04/03/2022

 

Em retomada de grandes feiras rurais, Paraná sedia a partir de sábado a Expobel

Com a pandemia arrefecendo no Paraná, as grandes feiras do estado voltam à ativa. Neste sábado (5), Francisco Beltrão, no Sudoeste do estado, dá o pontapé inicial na 30ª edição da Feira Agropecuária, Industrial e Comercial de Francisco Beltrão (Expobel). O evento, que segue até 13 de março, deve reunir 400 mil pessoas no Parque de Exposições Jayme Canet Júnior.

O objetivo da feira é gerar negócios entre visitantes e expositores de segmentos como indústria, comércio, agropecuária, transportes, veículos, máquinas, gastronomia e equipamentos. “A Expobel de Francisco Beltrão vai marcar a retomada dos grandes eventos na Região Sul do Brasil. A feira representa a oportunidade de mostrar tudo que é produzido em Beltrão e região”, afirma o prefeito Cleber Fontana (PSDB).

Além das exposições e rodadas de negócios, o evento é marcado por grandes shows nacionais. Neste ano estão programadas apresentações de nomes como Marcos e Belutti, Barões da Pisadinha, Jorge e Mateus e Chitãozinho e Xororó.

A Expobel marca um retorno definitivo das feiras rurais após os períodos mais críticos da pandemia. Além da feira de Francisco Beltrão, o Paraná já recebeu o Show Rural, em fevereiro, em Cascavel, e se prepara para a ExpoLondrina, em abril. Os três estão entre os maiores eventos no estado, capazes de movimentar a economia local e gerar negócios para produtores rurais, comerciantes e industriários.

Fonte: Gazeta do Povo
Seção: Máquinas & Equipamentos
Publicação: 04/03/2022

 

Conflito pode abrir espaço para aço brasileiro, diz especialista

A guerra no Leste europeu, travada entre Rússia e Ucrânia, após a invasão e intensos ataques dos russos ao país vizinho, gera enormes consequências no mercado global de aço e de matérias-primas ligadas à cadeia mínero-siderúrgica. Os dois países são grandes produtores mundiais de bens siderúrgicos e de matérias-primas metálicas.

“Além de grandes produtores, são dois países muito relevantes em termos de exportações”, afirma Germano Mendes de Paula, professor-doutor da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e especialista na indústria siderúrgica, com pós-doutorado na Universidade de Oxford.

Em linhas gerais, destaca o especialista, num contexto de desarticulação das cadeias produtivas na Ucrânia e da imposição de sanções para as exportações russas de minério de ferro, ferro-gusa e semi-acabados (como placas e tarugos), isso tende a gerar um desvio de comércio a favor de produtos brasileiros.

Mendes cita, por exemplo, que as exportações de ferro-gusa - matéria-prima de usinas de aço de fornos elétricos - da Rússia teriam que ser deslocadas para China, que é um mercado pequeno e instável. Há também algum espaço para aumentar as exportações de semi-acabados (placas). “Mas, para as mineradoras de ferro (que já trabalham mais próximas da capacidade efetiva), os efeitos tendem a ser mais no preço do que na quantidade”, diz.

A disrupção tende a aumentar os preços do aço na União Europeia e os custos do ferro-gusa importado nos EUA

Sobre a produção siderúrgica, Mendes destaca que a maior parte do que faz a Ucrânia está no leste do país e, em função das restrições nas cadeias de suprimentos, disponibilidade de mão de obra e logística para embarques, já foram interrompidos os embarques de aço do país.

Em 2021, os semi-acabados foram responsáveis por 39% da produção ucraniana e por 45% das suas exportações.

A Ucrânia produziu 21 milhões de toneladas de aço bruto em 2021, 1% da produção global, mas superando a maioria dos produtores da União Europeia, exceto Alemanha e Itália. O país exporta em torno de 80% da produção, tornando-se um dos dez maiores exportadores de aço globalmente - cerca de 15 milhões a 16 milhões de toneladas por ano. De embarques líquidos (exportação menos importação) são 14 milhões de toneladas.

Já as exportações russas são ainda mais significativas, observa o professor e especialista da UFU. “A Rússia teve exportações líquidas de 28 milhões de toneladas em 2021, das quais 54% de semi-acabados. Cabe lembrar que a NLMK [siderúrgica russa] fornece placas para seus próprios ativos de relaminação (DanSteel e NBH), na Dinamarca e Bélgica, respectivamente, fornecimento que, obviamente, tendem a ser afetados pelo conflito”, afirma.

Segundo Mendes, alguns clientes agora estão diversificando aço russo devido aos riscos de interrupção das exportações e se verificou que o custo do seguro para o transporte marítimo através do Mar Negro também aumentou. “Se houver interrupção no embarques russos, isso apertará ainda mais o mercado do Mar Negro e aumentará os preços na União Europeia.”

Os preços da bobina laminada a quente (material de referência no comércio mundial de aço) do Mar Negro já subiram 16% numa comparação mensal, informa o especialista.

Na sua avaliação, a disrupção tende a aumentar os preços do aço na União Europeia e os custos do ferro-gusa importado nos EUA. Mendes informa que as exportações de aço da Ucrânia incluíram 2,6 milhões de toneladas para a União Europeia em 2021 (8% do total das importações da UE), enquanto a Rússia embarcou 3,7 milhões de toneladas para a região (o equivalente a 12%).

“Enquanto os preços mais altos de materiais e energia tendem a gerar um impacto negativo na demanda de médio prazo, a interrupção de aproximadamente 21% das importações da União Europeia (e 5,5% dos EUA) tende a aumentar os preços do aço no curto prazo”, afirma.

Mendes cita ainda que Rússia e Ucrânia são grandes exportadores de metais, caso de ferro-gusa, que atendem fornos elétricos em mercados como Estados Unidos. Ucrânia responde por 28% e Rússia por 34%. Combinados, embarcaram 62% aos americanos.

Assim, diz o professor, a interrupção provavelmente aumentará os custos de ferro-gusa para produtores em aciarias elétricas nos EUA. No ano passado, informa, o país comprou 53% das exportações ucranianas de ferro-gusa.

Por fim, ele destaca que, somando-se tudo, a interrupção nos embarques de minério de ferro e carvão metalúrgico dos dois principais países da CEI (Comunidade de Estados Independentes) pode aumentar os custos siderúrgicos de uma forma geral.

A Ucrânia produz em torno de 80 milhões de toneladas por ano de minério de ferro e exporta perto 46 milhões, das quais 18 milhões de toneladas na forma de pellets (pelotas). As principais produtoras são Ferrexpo e Metinvest, cujas operações estão suspensas

A Rússia, por sua vez, produz ao redor de 105 milhões de toneladas, com vendas ao exterior de 22 milhões de toneladas. Do volume exportado, 12 milhões são de pelotas de ferro, produzidas principalmente por Metalloinvest e SVST.

Em resumo, Ucrânia e Rússia exportam aproximadamente 4% de minério de ferro transoceânico. Mas são grandes atores do mercado em pelotas de ferro - 25% do volume estimado de 130 milhões de toneladas por ano.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 03/03/2022