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Empresas fecham cerco a Rússia; analistas já veem impactos em oferta de commodities e na logística

Em meio à escalada da invasão da Ucrânia pela Rússia, dois grandes produtores de commodities e que abastecem o mercado mundial, os preços já estão sendo bastante impactados, enquanto aparecem os primeiros efeitos sobre a oferta global de alguns desses materiais.

Matt Hope, analista global de commodities do Credit Suisse, destacou que, embora sanções às commodities russas tenham sido evitadas – uma vez que isso seria destrutivo para a economia ocidental -, houve uma surpresa com os movimentos agressivos das empresas para evitar qualquer ligação com a Rússia.

O Bradesco BBI também destacou que, mesmo em casos que não houve uma sanção direta aos produtos, algumas companhias deixaram de negociar com empresas russas. Já o JPMorgan ressaltou a dificuldade dos petroleiros do país em negociarem no mercado internacional, levando a commodity vinda da Rússia ao “ostracismo” e podendo levar a um cenário extremo de brent a US$ 185 o barril ao final do ano.

No geral, o Credit atualizou as suas estimativas para os metais básicos em um cenário de menor demanda. Para o banco, os preços da energia devem permanecer altos, com os países buscando redução da dependência russa. Este fator, combinado com o aumento da taxa de juros e a desaceleração da demanda de bens de consumo com o fim dos lockdowns em meio à desaceleração da pandemia do coronavírus, faz com que os analistas esperem que a demanda e a produção industrial global diminuam. Os impactos para as diferentes commodities são também diversos.

A oferta de alumínio continuará mais apertada, uma vez que o fornecimento da produtora líder Rusal é critico. Enquanto isso, os analistas do banco continuam esperando que o níquel se mantenha com boa oferta e o cobre continuará no caminho de ter excedentes. Já o minério de ferro deve ter um mercado “mais apertado”, mesmo com demanda mais fraca, devido à perda de produção de pelotas (pequenas bolinhas de minério usadas na fabricação do aço) produzidas na Ucrânia.

Os problemas de oferta podem se estender por mais tempo, conforme apontou em evento na última sexta-feira (4) Anatole Kaletsky, sócio-fundador e economista-chefe da Gavekal Research. Ele vê como cenário mais provável para a guerra da Ucrânia que a situação atual perdure por mais três ou seis meses.

A probabilidade de mais sanções à Rússia estão altas, incluindo em petróleo e energia, avalia Kaletsky. No curto prazo, ele avalia que esse tipo de sanção afetaria mais o Ocidente do que Moscou, por conta da elevação dos preços que se seguiria, o que pressionaria ainda mais a inflação mundial. “A Europa certamente precisa do gás natural da Rússia.”

Confira abaixo quais são os impactos que estão sendo sentidos:

Alumínio: Preços e prêmios em alta. Os preços do alumínio continuaram registrando altas recordes em meio ao início do
guerra Rússia-Ucrânia, abrindo caminho para US$ 4 mil a tonelada, ressalta o Bradesco BBI. As sanções anunciadas até agora não afetam o alumínio russo exportado diretamente – na verdade, os EUA sinalizaram que estão adiando as restrições específicas sobre o tema.

No entanto, não são necessárias sanções para que os suprimentos sejam impactados no curto prazo. Muitas empresas já começaram a anunciar suspensões das relações comerciais com a Rússia, incluindo grandes companhias de navegação como Maersk, que lida com alguns embarques para a Rusal, segundo aponta a Bloomberg. A norueguesa Norsk Hydro também decidiu não entrar em novos contratos ligados a entidades russas. A americana Alcoa anunciou que não adquiriria matérias-primas da Rússia.

“Nós notamos que a Rusal já interrompeu uma refinaria de alumina de 1,7 milhão de toneladas por ano na Ucrânia (até agora não há relatos de interrupção na produção de alumínio da Rusal nas fundições, mas é muito provável que ocorram rupturas, em nossa opinião). Além disso, os preços elevados da energia em toda a Europa podem adiar ainda mais o reinício da capacidade”, ressalta o BBI.

Cobre: ??Nenhum desenvolvimento relevante no lado da produção por enquanto (a Rússia responde por cerca de 4% do fornecimento de cobre global).

O banco observa, no entanto, que devido aos baixos estoques no momento, possíveis interrupções podem apertar o mercado e impulsionar os preços no curto prazo. A produção de cobre na Rússia está concentrada em três empresas: UMMC, Russian Copper e Norilsk Nickel, que por sua vez estão ligados aos oligarcas russos (UMMC: Iskander Makhudov; Russian Copper Corporation: Igor Altushkin e Nornickel: Vladimir Potanin), de acordo com a CRU.

Pelotas de minério de ferro: mercado ainda mais apertado à frente, destaca o BBI, pois a logística e a produção já foram impactadas. A Rússia responde por cerca de 10 milhões de toneladas e a Ucrânia por cerca de 15 milhões de toneladas do mercado marítimo (ambos os países representam 20% do mercado total e 30% do mercado de pelotas).

Os consequentes impactos na produção e sanções devem levar a uma menor oferta de pelotas de minério de ferro, especialmente para o Leste Europeu. Os prêmios poderia,  portanto, aumentar no curto prazo, à medida que os clientes correm para tentar garantir os volumes.

A Ucrânia não conseguiu embarcar qualquer minério de ferro desde que a invasão começou, com o principal porto de minério de ferro (chamado Yuzhny) bem como a infraestrutura ferroviária sendo interrompidas. O principal produtor regional (Ferrexpo) anunciou força maior, a ArcelorMittal interrompeu as operações de mineração subterrânea, enquanto a Metinvest (maior produtor nacional de minério de ferro) ainda está com a produção em andamento, mas a logística provavelmente será afetada, apontam os analistas do BBI.

Já o Credit Suisse ressalta que a sua previsão original para o preço do minério de ferro para 2022, elaborada em outubro de 2021, era de US$ 120 a tonelada no primeiro semestre e de US$ 100 a tonelada no segundo semestre. Mais recentemente, passaram a ver os números como baixos, especialmente para a segunda metade do ano, vendo a partir daí US$ 135 de média no segundo trimestre e a US$ 130 na segunda metade do ano, com o cenário de escassez de mão-de-obra impactando a oferta, enquanto continuam esperando que a produção de aço da China aumente.

“Não sabemos por quanto tempo as exportações de minério de ferro da Ucrânia serão cortadas – provavelmente depende de quanto tempo o conflito continuará. Mas, se durar ao longo do ano como modelamos, certamente suporta uma visão de um preço forte de ao menos US$ 130 a tonelada no segundo semestre, em nossa opinião”, avaliam os analistas.

Aço: O BBI destaca que já houve aumentos de preços de aços planos anunciados na Europa com o aumento das preocupações com a oferta. A siderúrgica russa Severstal anunciou que cessou os embarques para a União Europeia devido a sanções (ela exportou 5,3 milhões de toneladas de aço em 2021, dos quais cerca de 3 milhões de toneladas para a União Europeia).

Além disso, a siderúrgica ucraniana Metinvest (cerca de 40% da produção de siderurgia do país), declarou força maior devido à invasão russa, ao bloqueio de embarques marítimos e à proibição de pagamentos transfronteiriços, segundo a fornecedora de informações sobre energia e commodities Platts.

A ArcelorMittal também anunciou aumentos de preços esta semana para produtos de aços planos, com a Platts mencionando a expectativa de oferta mais apertada, especialmente no sul da Europa, onde há algum pânico no mercado com relação à oferta de aço.

Carvão: A Rússia responde por cerca de 16% das exportações globais de carvão metalúrgico e cerca de 17% do carvão térmico, de acordo com a CRU. Do total, cerca de 55% a 60% é exportado para a China e Nordeste da Ásia e 12% para a União Europeia.

“Não esperamos interrupções relevantes em exportações de carvão, dada a dependência que o mundo (e especialmente a União Europeia) tem das fontes de energia russas, embora a volatilidade no curto prazo possa dar suporte aos preços. Observamos que o fornecimento global de carvão também está sendo impactado por questões climáticas na Austrália”, avalia o BBI.

Papel e Celulose: O impacto é relativamente mais limitado, apontam os analistas do Bradesco BBI, mas não totalmente desprezível, com os preços de petróleo e gás natural devendo pressionar fabricantes de papel, enquanto a Rússia é um importante exportador de kraftliner para a Europa (cerca de 200 mil toneladas por ano).

Entre as notícias recentes que podem impactar o setor, destacam (i) a International Paper podendo encerrar a produção de celulose e papel na fábrica de Svetogorsk na Rússia (capacidade de 720 mil toneladas por ano), pois está enfrentando um fornecimento inadequado de matérias-primas cruciais para a produção; (ii) enquanto a sueco-finlandesa Enso interrompeu toda a produção e vendas na Rússia até novo aviso (cerca de 3% da receita total do grupo); (iii) a finlandesa UPM cessou entregas para a Rússia (cerca de 2% das vendas de 2021).

Além disso, outra fonte de possíveis interrupções está relacionada ao fornecimento de madeira, já que a Rússia responde por cerca de 20% do mercado global de celulose de fibra longa e madeira serrada, de acordo com a agência especializada RISI.

Gargalos logísticos se aprofundam na região: Os analistas do BBI também destacam que seria negligente não apontar os gargalos logísticos se aprofundando  na região à medida que a guerra avança. As principais companhias de navegação (por exemplo, One Network, MSC, Hapag-Lloyd e Maersk), que respondem por cerca de metade da capacidade global de transporte de contêineres, estão se afastando dos portos ucranianos e evitando a Rússia, de acordo com RISI.

Os analistas do Bradesco BBI avaliam que as cadeias de suprimentos provavelmente ficarão ainda mais pressionadas pela situação, especialmente porque a Rússia e a Ucrânia estão localizadas próximas às principais rotas de transporte, como o Mar Negro.

Os períodos de guerra têm sido historicamente inflacionários e as curvas de custo global das commodities podem se deslocar para cima, traduzindo-se em maior suporte aos preços das commodities, avaliam. Para eles, os produtores integrados de commodities de baixo custo estão melhor posicionados.

Nesse cenário macroeconômico e geopolítico, as ações que podem continuar a ter desempenho taticamente superior, na visão do BBI, são  empresas como CBA (CBAV3), de alumínio e Vale (VALE3), enquanto também enxergam assimetria de valor significativa na Usiminas (VALE3), sendo que todas elas possuem recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) pela casa.

Fonte: Infomoney
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 07/03/2022

 

Siderúrgicas da China e da Índia devem se beneficiar da guerra entre Rússia e Ucrânia

A invasão da Ucrânia pela Rússia está atrapalhando a indústria siderúrgica, elevando os preços e criando uma oportunidade para produtores indianos e chineses exportarem para a Europa.

A ArcelorMittal disse que fechou sua usina Kryvyi Rih, no sul da Ucrânia, que respondeu por cerca de 6,6% da produção total da empresa em 2020. No início da semana, a maior siderúrgica da Ucrânia, Metinvest, declarou força maior, citando dificuldades logísticas e de pagamento, enquanto a russa Severstal disse que estava redirecionando as exportações para fora da União Europeia.

A Rússia foi o quinto maior produtor de aço bruto em 2021, enquanto a Ucrânia foi o 14º maior. Ambos estão entre os cinco maiores exportadores líquidos globais de aço, segundo a consultoria de commodities Argus. Os preços à vista do aço laminado a quente do norte da Europa subiram 21% para 1.175 euros por tonelada na última semana, de acordo com a FactSet.

O aumento dos preços deve beneficiar os exportadores chineses e indianos, tornando os embarques mais lucrativos diante das tarifas da União Europeia (UE). A indiana Jindal Steel & Power subiu 21% nos últimos três meses e a Tata Steel subiu 14%, contra uma queda de 4,3% no índice BSE Sensex.

As produtoras de aço da China enfrentam produção limitada e uma desaceleração no setor de construção, mas os preços do aço laminado a quente na bolsa de Xangai na sexta-feira estavam em seu nível mais alto desde outubro do ano passado. As produtoras chinesas Beijing Shougang, Angang Steel e Inner Mongolian Baotou Steel Union subiram mais de 10% no mês passado.

Fonte: Dow Jones
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 07/03/2022

 

Cotação do minério de ferro sobe 19,4% em apenas uma semana

 A retomada na produção de aço da China impulsiona a valorização do minério O preço do minério de ferro subiu 19,4% somente nesta semana. A alta registrada na bolsa de commodities de Dalian, na China, onde os valores do insumo são negociados, é a maior desde 21 de fevereiro de 2020. Entre os fatores que impulsionam os preços, que atingiram US$ 128,65 na sexta-feira (4), estão os conflitos instalados no Leste europeu com a invasão russa à Ucrânia. 

De acordo com o analista da Terra Investimentos Régis Chinchila, esse movimento ocorre porque a oferta do minério de ferro pode se tornar mais escassa devido às incertezas com a produção da Ucrânia, que, hoje, é responsável por suprir a demanda mundial com cerca de 45 milhões de toneladas ao ano. 

No entanto, o aquecimento do mercado imobiliário interno da China também explica a alta nos preços. “A China está retomando produção do aço e demanda pelo minério de ferro após o governo solicitar uma redução devido à poluição nas Olimpíadas de Inverno, e o conflito Rússia-Ucrânia, além de deixar a oferta do insumo mais apertada, ainda abriga sanções agressivas das empresas contra a Rússia”, explica o especialista. 

Em relação à nova guinada da construção civil na China,  o presidente do Conselho de Mineração e Siderurgia da Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas), Rowan Pedro de Araújo, lembra que as medidas adotadas após a crise que atingiu o mercado daquele País e uma das principais empresas de construção chinesa, a Evergrande, foram suficientes para uma retomada rápida. 

“A construção civil é um grande termômetro para o mundo e para o mercado de minério de ferro, principalmente pelo aquecimento da produção de aço usado nas construções. A China é uma locomotiva no mundo, e se você tem uma economia forte lá, ela puxa todo o tipo de mercado. O governo chinês agiu rápido e socorreu a Evergrande e injetou bilhões para acalmar o mercado, porque a China entendeu que as consequências seriam maiores se não agisse”, afirmou Araújo. 

Agenda verde

Contudo, o especialista avalia que, além dos conflitos no Leste europeu e o novo momento otimista da construção civil na China, a agenda da descarbonização está impulsionando o mercado dos carros elétricos. A demanda aumentada de carros que não utilizam combustíveis fósseis para a mobilidade movimenta as siderúrgicas e empresas automobilísticas. 

Em conjunto a uma recuperação da economia em um cenário de crise sanitária mais controlada, a produção de aço aumenta para suprir esses mercados e também aquele da linha branca, que consiste na fabricação de equipamentos como geladeiras e fogões. Araújo ressalta, nesse sentido, que 99% do minério de ferro hoje é destinado à produção de aço. 

Futuro dos preços 

Segundo o analista da Terra Investimentos Régis Chinchila, a tendência é de que os preços atinjam, ainda neste ano, o valor de US$ 135 até o segundo trimestre. “Nós não sabemos por quanto tempo as exportações de minério de ferro da Ucrânia serão cortadas. Provavelmente, dependerá de quanto tempo o conflito continua e isso deve manter a valorização do minério de ferro”, afirma Chinchila. 

Ainda segundo o especialista da Terra Investimentos, as empresas brasileiras continuarão aumentando a produção para atender à oferta internacional, sendo que, em Minas Gerais, o preço mais alto de venda do minério pode incrementar a arrecadação do Estado devido ao pagamento de tributos. Caso o preço se mantenha alto, o presidente da Comissão de Mineração e Siderurgia da ACMinas, Rowan Pedro de Araújo, acrescenta que o cenário pode ser fundamental para Minas Gerais, já que, desde o rompimento das barragens, o Estado deixou de exportar milhões de toneladas de minério de ferro. 

Fonte: Diário do Comércio
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 07/03/2022

 

ArcelorMittal tem meta de ter ao menos 30% de mulheres até 2030

A ArcelorMittal lançou a meta, no ano passado, de ter ao menos 30% de mulheres entre seus empregados até 2030 no Brasil. O desafio é para todas as áreas da produtora de aço, incluindo as atividades operacionais, administrativas e cargos de liderança. “As mulheres já são a maioria da sociedade brasileira, das universidades e estão aumentando a representatividade nos cursos de engenharia. Essa mudança também deve acontecer na ArcelorMittal, aumentando a participação em todos os cargos e segmentos de negócio”, pontua Jefferson De Paula, presidente da ArcelorMittal Brasil e CEO ArcelorMittal Aços Longos LATAM e Mineração Brasil. Atualmente, dos cerca de 16 mil empregados da ArcelorMittal Brasil, 15% são mulheres. Na área operacional, 7% são mulheres, e em cargos de liderança, 10%.

A engenheira Tatiana Nolasco foi a primeira mulher a assumir como Diretora de unidade industrial (desde agosto de 2020) da ArcelorMittal no Brasil e na América Latina. A executiva é a diretora de negócio das plantas industriais de Barra Mansa e Resende. Em Belo Horizonte, na sede administrativa da ArcelorMittal, a liderança feminina também se faz presente. Na sede estão Sofia Trombetta Camisasca, que é Diretora de Pessoas, Saúde e Bem Estar, além da argentina Paula Harraca, Diretora de Estratégia, ESG, Inovação e Transformação do Negócio. Paula Harraca atua há mais de 17 anos na produtora de aço ArcelorMittal. Ela também é presidente-executiva da Fundação ArcelorMittal Brasil e do Açolab, primeiro hub de inovação aberta da indústria mundial de aço.

Fonte: O Tempo
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 07/03/2022

 

Preço internacional do aço sobe refletindo efeitos do conflito na siderurgia

Os preços do aço no mercado internacional já estão em rota de alta em decorrência dos impactos da invasão da Rússia à Ucrânia no fim da semana passada. O prolongamento da guerra irá agravar ainda mais as cadeias de produção de usinas de aço na Ucrânia, bem como as sanções à Rússia irão travar o comércio do país, que é o quinto maior produtor mundial de aço.

Rússia e Ucrânia são dois fornecedores relevantes de placas de aço - material semiacabado usado para fabricar chapas e bobinas de aço - no mercado global. Além de grandes exportadores de produtos acabados e itens como minério de ferro, pelotas e ferro-gusa.

“Não há razão para os preços não subirem”, afirma Carlos Loureiro, que atua há diversas décadas no mercado de aço brasileiro e do exterior e que atualmente preside o Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda).

“Os dois países são grandes exportadores líquidos de aço, tanto de produtos finais como semiacabados, porém com maior peso no mercado de placas”, afirma.

Segundo Loureiro, citando informações que recebeu de fontes, os preços de placas vendidas pelo Brasil - importante produtor - já estão sendo negociados com aumentos, diante das preocupações com a Ucrânia. A oferta começou a ficar apertada e o mercado reagiu tão logo os tanques russos cruzaram as fronteiras do país vizinho (dia 24).

Os negócios fechados no fim da semana passado com placas de origem brasileira ficaram na faixa de US$ 740 a tonelada (valor FOB). Ou seja, material colocado em portos brasileiros.

No entanto, segundo fontes do mercado de produtos siderúrgicos, novas cargas já eram oferecidas, no mínimo, a US$ 780 a tonelada, conforme informação da publicação especializada Metalbulletin divulgada pela Smart Steel Business.

No Brasil, são grandes produtores de placas para exportação a Ternium (do grupo Techint), a Companhia Siderúrgica de Pecém -CSP (controlada por Vale e as sul-coreanas Dongkuk e Posco) e ArcelorMittal Tubarão. A brasileira Gerdau também exporta excedentes de placas.

Os produtos acabados, como chapas e bobinas, por consequência, sofrerão aumentos, uma vez que as placas são matérias-primas para muitos fabricantes não verticalizados e até para siderúrgicas com problemas em seus altos-fornos - caso de Usiminas em Cubatão (SP).

Desde o início do conflito, com a intensidade dos ataques russos em alvos ucranianos, os preços do aço, metais e matérias-primas siderúrgicas disparam. Na bolsa LME Steel, desde dia 25 para cá, a cotação da bobina de aço laminada a quente saltou de US$ 800 para 880 a tonelada, FOB China.

Noutra ponta da cadeia produtiva, o minério de ferro (com menos intensidade) e carvão também estão em alta, afetando os custos das usinas de aço integradas.

O carvão metalúrgico, insumo das usinas de aço que já vinha em movimento de alta, passou de US$ 250 a tonelada para US$ 400 a partir do dia 24 (quando ocorreu a entrada de tanques russos na Ucrânia) até ontem.

De acordo com informações da World Steel Association (Worldsteel), entidade global que representa produtores de 85% do volume mundial de aço bruto, no ano passado a Rússia produziu 76 milhões de toneladas; a Ucrânia, 21 milhões de toneladas.

Grande parte de seus volumes é transformada em placas destinadas à exportação - União Europeia, outros países europeus e Ásia são os maiores importadores de aço russo e ucraniano. O Brasil, no ano passado, importou relevante volume de produtos siderúrgicos oriundos da Rússia.

Em termos de exportações líquidas - vendas ao exterior menos importação -, conforme a Worldsteel, a Rússia lidera o ranking mundial, com quase 30 milhões de toneladas. A Ucrânia está na quarta posição, com cerca de 14 milhões de toneladas.

Na cadeia produtiva do aço, os dois países são também grandes produtores e exportadores de minério de ferro, especialmente de pelotas para alto-forno, um produto de alto valor agregado. A Europa, como um todo, é o segundo maior comprador dos dois países - só perde para a China.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 04/03/2022

 

Minério supera os US$ 150 e alumínio renova recorde

Os preços do minério de ferro e das commodities metálicas, como alumínio e níquel, seguiram ontem em trajetória firme de alta, com os receios renovados de interrupção da oferta em meio à guerra na Ucrânia e às sanções impostas à Rússia. Já as duas principais referências do petróleo terminaram o dia em queda, depois de começar o pregão com altas expressivas.

Enquanto a principal matéria-prima do aço voltou a ser negociada acima de US$ 150 por tonelada nos portos chineses, o alumínio atingiu novo recorde, de US$ 3.741 a tonelada, e o níquel para três meses alcançou o maior nível em onze anos, de US$ 27.976 a tonelada, na Bolsa de Metais de Londres (LME).

Segundo a equipe de análise do UBS, a Rússia produz cerca de 4 milhões de toneladas por ano de alumínio primário, equivalente a cerca de 6% da oferta global. Potenciais restrições à Rusal ou interrupções na logística de alumina e bauxita podem ter “impacto material” nos fluxos comerciais de curto prazo, para além da Rusal, destacaram os analistas.

“Vemos risco de interrupção de oferta de 3,5 milhões a 4 milhões de toneladas de alumina para a fundição de alumínio na Rússia, o que poderia resultar em redução de 1,5 milhão a 2 milhões de toneladas na produção russa de alumínio”, escreveram, em relatório desta quinta-feira.

Esse impacto não seria imediato, uma vez que a companhia russa tradicionalmente opera com um a dois meses de estoque de alumina no seu país.

Já os preços do minério voltaram a superar os US$ 150 por tonelada no mercado à vista, acompanhando a forte valorização dos contratos futuros e as perspectivas mais otimistas para a produção de aço na China - a percepção é que o aço chinês poderá ocupar o espaço do material russo no mercado internacional com as sanções impostas recentemente.

Segundo a publicação especializada Fastmarkets MB, o minério com teor de 62% de ferro foi negociado a US$ 153,33 a tonelada no porto de Qingdao, com alta de 5,8% ante a véspera, alcançando o maior preço em seis meses.

Com esse desempenho, em março, a commodity passou a exibir valorização de 11,90%, elevando a quase 27% os ganhos acumulados em 2022.

A percepção de que a guerra entre Rússia e Ucrânia tende a afetar a oferta global de pelotas e de aço contribui para a força recente da matéria-prima, que desde o início da invasão acumula alta de quase US$ 20 por tonelada.

Os contratos futuros de minério de ferro marcaram mais uma sessão de ganhos, sustentados também pela retomada das operações nas siderúrgicas chinesas com o fim das restrições impostas durante a Olimpíada de Inverno.

Na Bolsa de Commodity de Dalian, os contratos mais negociados, para maio, encerraram o dia com valorização de 6,8%, para 797,50 yuan por tonelada, depois de terem subido quase 10% durante a sessão de negócios.

Segundo a Mysteel, o consumo diário de finos de minério importados nas 64 siderúrgicas chinesas acompanhadas pela consultoria subiu 8,2%, na terceira semana consecutiva de alta, para 511,8 mil toneladas na última semana.

Já os estoques de finos de minério, ainda conforme a consultoria, permaneceram estáveis nas usinas monitoradas.

Notícias de que o governo chinês tem avaliado flexibilizar as medidas de controle em relação à covid-19 contribuem para a valorização da commodity.

Depois de começar o dia batendo nos US$ 116 o barril, os preços dos contratos para maio do Brent, a referência global, terminaram o dia em queda de 2,18%, a US$ 110,46, na ICE, em Londres, enquanto os preços dos contratos para abril do WTI, a referência americana, caíram 2,45%, a US$ 107,67 o barril, na Bolsa de Mercadorias de Nova York (Nymex).

Apesar da queda de ontem, a escalada do conflito pode trazer de volta o movimento altista para os contratos de petróleo. Isso porque a leitura é que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (Opep+) ignoraram a questão geopolítica na reunião de quarta-feira, apenas fazendo “referência a um mercado de petróleo equilibrado e a desenvolvimentos geopolíticos que estão gerando volatilidade”, nas palavras do Commerzbank. “Também não houve indicação de qualquer intenção de compensar as interrupções de fornecimento da Rússia”, ainda segundo o banco alemão em seu relatório diário. “A pressão sobre a Opep+ para se distanciar mais da Rússia provavelmente aumentará visivelmente quando sua próxima reunião for realizada em 31 de março.”

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 04/03/2022