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O Brasil na era das terras raras, por Luís Nassif

As terras raras são um grupo de 17 elementos químicos,  essenciais para a produção de uma ampla gama de produtos tecnológicos, como:

– Eletrônicos: Os ímãs de terras raras são essenciais para a fabricação de dispositivos eletrônicos, como celulares, computadores e TV’s.

– Aeroespacial: As terras raras são usadas na fabricação de motores de aeronaves, foguetes e satélites,

– Automotivo: As terras raras são usadas na fabricação de catalisadores, motores elétricos e baterias.

– Energia: As terras raras são usadas na fabricação de turbinas eólicas, painéis solares e conversores de energia.

O Brasil tem grandes jazidas de terras raras, sendo o segundo maior detentor de reservas mundiais, ao lado do Vietnã. As principais jazidas brasileiras estão localizadas em:

– Areias monazíticas do litoral

– Jazidas próximas a vulcões extintos, como Poços de Caldas

– Elevado Rio Grande, em pleno mar.

As principais terras raras encontradas no Brasil são:

Lutécio: O lúteo é um elemento químico utilizado na fabricação de lasers, vidros especiais e pigmentos.

Praseodímio: O praseodímio é um elemento químico utilizado na fabricação de ímãs, vidros especiais e catalisadores.

Neodímio: O neodímio é um elemento químico utilizado na fabricação de ímãs, vidros especiais e lasers.

Samário: O samário é um elemento químico utilizado na fabricação de ímãs, vidros especiais e catalisadores.

Gadolínio: O gadolínio é um elemento químico utilizado na fabricação de ímãs, vidros especiais e lasers.

A questão central é que o país está se transformando em um exportador do minério bruto – com exceção do litio, trabalhado pela CBMM em Araxá. Especialista no tema, ex-presidente da Usiminas, Marco Antonio Castelo Branco defende a necessidade urgente de um trabalho de industrialização das terras, ao invés da venda em bruto.

Trata-se de um investimento pesado, que não pode ser bancado unicamente plo setor privado. Hoje em dia, o país está coalhado de mineradoras australianas, canadenses e brasileiras, mas com pouco poder de fogo. E a exploração desses minérios exige a soma de todas no aproveitamento das enormes jazidas existentes.

Sua proposta é a criação de consórcios, nos quais o Esado participaria inicialmente, através do BNDESPAR, garantindo o investimento mais pesado – e, obviamente, sendo remunerado. Depois, gradativamente deixando as empresas privadas assumirem a iniciativa.

Hoje, as regiões mais ricas do país em terras raras são aquelas com os menores índices de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). O governo Lula tem em mãos a possibilidade de montar políticas de investimento e inclusão social.

Fonte: Jornal GGN
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 11/12/2023

Mineradora Inglesa recebe aval da ANM para seguir com exploração de ferro no município de Piatã

A mineradora inglesa Brazil Iron recebeu aprovação da Agência Nacional de Mineração (ANM) para dois relatórios que confirmam a presença de jazidas de ferro no município de Piatã. O aval não regulariza as atividades de extração do minério devido à falta de autorização do órgão ambiental do governo baiano. No entanto, ações da empresa já comprometem recursos naturais e a qualidade de vida de moradores da região.

Há aproximadamente quatro anos, a região tornou-se palco de conflitos devido aos impactos sobre as comunidades quilombolas locais. Conforme divulgado pela Repórter Brasil em maio do ano passado, residentes alegam que as atividades de prospecção da mineradora causaram danos significativos, incluindo rachaduras em residências, destruição de plantações e assoreamento da nascente do córrego Bebedouro, crucial para o fornecimento de água durante a estação seca.

Desde outubro, a Brazil Iron enfrenta um processo na Justiça da Inglaterra movido por um escritório de advocacia britânico, representando 80 famílias das comunidades de Bocaina e Mocó, localizadas na zona rural de Piatã.

Uma liminar emitida pela Justiça inglesa, como decisão provisória, proibiu os representantes da mineradora de se comunicarem com os moradores. Advogados britânicos alegam que funcionários da empresa assediaram e intimidaram os quilombolas para que desistissem da ação judicial.

No ano passado, a Defensoria Pública da União (DPU) ingressou com outra ação buscando a suspensão das atividades da Brazil Iron, processo que está atualmente em tramitação na Justiça Federal, na capital Salvador. Gabriel César, defensor regional dos Direitos Humanos da DPU na Bahia, afirma: “Vamos notificar as autoridades e tomar as medidas necessárias” em relação à aprovação da ANM.

A ANM, ao ser contatada, esclarece em comunicado que “a avaliação e decisão sobre os relatórios finais de pesquisa não estão condicionadas à obtenção de licença ambiental”. Enquanto isso, o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), órgão ambiental estadual, não forneceu respostas às indagações da reportagem.

Detonações da mineradora causam rachaduras em residências da região | FOTO: Reprodução/Fernando Martinho |

A Brazil Iron, por meio de sua assessoria de imprensa, emitiu uma nota na qual “nega categoricamente todas as acusações feitas pelo escritório Leigh Day” e alega que os advogados britânicos estão “se aproveitando do interesse questionável de duas ou três pessoas na região e da boa fé de dezenas de famílias”.

A mineradora ainda classifica a ação movida pelo escritório como “abusiva e repugnante”, argumentando: “Isso representa um ataque contra uma região que tanto necessita de investimento e emprego”, conforme declarado no comunicado enviado à reportagem.

Denúncias de assoreamento de nascente
As duas aprovações concedidas pela ANM referem-se a uma área que impacta a nascente do córrego do Bebedouro, essencial para o abastecimento de água pela comunidade durante a estiagem. Durante a fase de pesquisa, a movimentação de terra realizada pela Brazil Iron teria causado o assoreamento da nascente, conforme relatam os moradores. Catarina Silva, líder quilombola, detalha: “Eles [Brazil Iron] começaram a degradar no topo do morro, e o rejeito de minério desceu até a nascente.”

Em março do ano passado, Catarina conduziu a equipe da Repórter Brasil até o local para evidenciar os efeitos do assoreamento causado pela mineração, conforme documentado em um vídeo. Esse problema foi também confirmado pelo departamento técnico do Inema e utilizado como uma das razões para a interdição das atividades da Brazil Iron pelo órgão ambiental em abril do mesmo ano.

A Repórter Brasil teve acesso à íntegra da ação judicial movida pela Defensoria Pública da União contra a Brazil Iron. No documento, a DPU se baseia em um estudo solicitado pelas comunidades, denominado “Impactos nos Recursos Hídricos do Alto Rio de Contas pela Mineradora Brazil Iron em Piatã-Bahia”. Concluído em junho de 2022, o estudo documenta, com fotos e depoimentos da comunidade, os impactos na nascente.

Em sua resposta, a Brazil Iron afirmou compreender a preocupação da comunidade em relação aos relatórios de pesquisa aprovados pela ANM, mas “assegura” que não haverá impacto sobre a nascente do Bebedouro. A empresa afirma manter um “programa ativo de conservação das nascentes do entorno do empreendimento”.

O texto também destaca: “Qualquer atividade futura obrigatoriamente seguirá a legislação vigente, que é cuidadosa com esse tipo de corpo hídrico, e respeitará todas as instruções dos órgãos reguladores, o que garante a preservação da nascente.”

Rachaduras e poeira excessiva
Além da nascente assoreada, os quilombolas relataram impactos em várias frentes durante os anos em que a mineradora inglesa conduziu perfurações e explosões para explorar a existência de minério na região.

As comunidades expressaram preocupações com o barulho gerado pelo uso de dinamites, as rachaduras nas paredes das casas e a excessiva poeira resultante da movimentação de caminhões — fatores que teriam contribuído para problemas respiratórios em algumas pessoas.

Em março do ano passado, os jornalistas da Repórter Brasil, durante sua visita a Piatã, dirigiram-se à sede da empresa para solicitar uma entrevista com um representante da mineradora sobre as queixas dos moradores.

Entretanto, em vez de dialogar com a equipe de reportagem, o então gerente de logística e atual vice-presidente da Brazil Iron chamou a polícia. Esse incidente gerou protestos de diversas entidades, incluindo a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e o Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ).

Após a tentativa de intimidação da reportagem, o Inema realizou uma fiscalização nas instalações da mineradora e optou por interditá-la em abril do ano passado. A medida foi justificada por pelo menos 15 irregularidades, incluindo a falta de previsão de recursos para a recuperação das casas rachadas na comunidade.

Em resposta, a Brazil Iron minimiza os impactos em comunicado, afirmando que apenas três casas podem ser afetadas pela poeira da mineração, devido à topografia da região. O texto destaca: “A empresa disponibiliza frequentemente caminhões-pipa para umedecer as vias, tornando essa tese ainda mais implausível”.

‘Eles controlam o que acontece na Bahia’
A Justiça inglesa estabeleceu um prazo até abril do próximo ano para que seja apresentado um relatório abrangente com todos os danos que a Brazil Iron teria causado às comunidades quilombolas na Chapada Diamantina, explicou o advogado Jonny Buckley, do escritório Leigh Day, que representa as comunidades no processo. Somente após essa avaliação será possível determinar o montante de uma eventual indenização, caso o processo prossiga.

Buckley destaca que a ação judicial está em curso na Justiça da Inglaterra devido à sede das empresas controladoras da Brazil Iron estar no país britânico. “Elas controlam o que acontece na Bahia”, argumenta o advogado. Outro motivo, segundo Buckley, é a dificuldade de os quilombolas conseguirem acesso à Justiça no Brasil. “São comunidades rurais e remotas, e a mineradora tem muito poder, pois é a principal fonte de renda da região”, avalia.

Duas quilombolas, Ana Joana Bibiana Silva e Leonisia Maria Ribeiro, entrevistadas pela Repórter Brasil em 2022, faleceram nesse intervalo de tempo sem acesso a qualquer tipo de indenização. Leonisia compartilhou seu medo da casa desabar devido às explosões de minério, enquanto mostrava as rachaduras na parede.

A Brazil Iron é a subsidiária brasileira da holding inglesa Brazil Iron Trading Limited. Fundada após a aquisição de direitos minerários na Chapada Diamantina em 2011, a empresa tem 45 pedidos de pesquisa mineral protocolados na ANM, abrangendo diversos municípios da Chapada Diamantina.

Antes da interdição pelo Inema, a companhia tinha autorização para extrair 600 mil toneladas de minério por ano, ainda no estágio de pesquisa e exploração. Em relação ao processo movido pelo escritório inglês, a empresa considera a ação desproporcional, destacando que está sem operar há mais de um ano.

Caso retorne às atividades, a Brazil Iron possui planos ambiciosos, incluindo a construção de uma planta de pelotização com capacidade para processar 10 milhões de toneladas por ano. Além disso, pretende estabelecer uma ferrovia até o litoral baiano para exportação do minério. A estimativa da empresa é investir cerca de R$ 16 bilhões, gerando aproximadamente 50 mil empregos diretos e indiretos, segundo sua assessoria de imprensa.Jornal da Chapada com informações do portal Repórter Brasil.

Fonte: Jornal da Chapada
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 11/12/2023

Mineração traça sua rota de neutralidade carbônica

A indústria mineral foi à COP 28 como protagonista. Primeiro, porque é responsável por cerca de 19% das emissões mundiais combinadas de gases de efeito estufa (GEE) de Escopo 1 e Escopo 2 em 2020, de acordo com dados da S&P Global. Em segundo lugar, com faturamento global perto de US$ 1 trilhão, o setor tem um importante papel na descarbonização.

As maiores empresas de mineração já definiram a rota de neutralidade carbônica, com destaque para as metas das 30 gigantes do setor. E mais: não existirá transição energética sem a participação ativa da mineração, uma vez que suas empresas fornecem desde o lítio para as baterias elétricas até as terras raras para produção de equipamentos eólicos.

Esse é outro desafio, pois a porcentagem de GEE citada acima poderá aumentar, à medida que a procura de minerais essenciais para a transição energética, como o lítio e o cobre, pode crescer com a adoção de tecnologias limpas em todo o mundo. Por isso, empresas de mineração estão buscando alternativas para fontes energéticas de seus processos produtivos, como hidrogênio verde, gás natural ou autoprodução de energia renovável.

A análise do relatório da S&P Global, intitulado Caminhos para a Neutralidade Carbônica, mostra o arrojo das companhias do setor. A BHP Group, com capitalização de mercado de US$ 127,3 bilhões, afirma que quer reduzir sua emissão de gases de efeito estufa (GEE) em 30% até 2030.

Vale está entre as mais ativas

A Vale, quarta maior do setor, também coloca como objetivo ser neutra em 2050 e reduzir em 15% as emissões de GEE da sua cadeia de valor até 2035.

No conjunto, 20 das 30 maiores empresas do setor de mineração do mundo estabeleceram metas de zero emissões líquidas ou de neutralidade de carbono, sendo 2050 o ano-alvo mais comum para cortes de emissões. Esse movimento é resultado da pressão de financiadores, acionistas, governos e dos próprios clientes.

Para a S&P Global, alguns dos maiores cortes diretos de emissões virão da mudança para energias renováveis, ??que vão alimentar as operações das minas. A afirmação está baseada nos relatórios divulgados pelas 10 principais mineradoras.

A produtora de minério de ferro Fortescue Metals Group, por exemplo, direcionou investimentos em energia renovável, armazenamento de baterias e eletrificação de equipamentos, ou uso de energia oriunda do hidrogênio, para reduzir 71% de suas emissões de Escopo 1 até 2030.

Na avaliação da S&P Global, o uso de energias renováveis depende do acesso à rede elétrica ou da disponibilidade de recursos financeiros para instalar fontes solares ou eólicas perto de uma mina. A escala destes investimentos estaria, inclusive, levando as mineradoras a procurar parceiros confiáveis, ??que ajudem a desenvolver centrais de energias renováveis ??para abastecer as operações.

Mineração brasileira tem metas claras para a COP 28

Refletindo uma atitude global, a mineração brasileira tem iniciativas claras na COP 28, com destaque para o recém-lançado ‘Projeto de Descarbonização do Setor Mineral’, uma iniciativa do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), em parceria com o governo do Reino Unido e com o Mining Hub, espaço de inovação do setor mineral.

O projeto tem a adesão inicial de 11 mineradoras e complementa outra ação estratégica do IBRAM, que é o 3º Inventário de Gases de Efeito Estufa. De acordo com a revista Brasil Mineral, as duas medidas servirão de base para o Instituto estruturar, a partir de 2024, um roadmap do carbono na mineração, estipulando metas setoriais de redução de emissões.

Segundo a publicação, a direção do IBRAM acredita que o roadmap irá influenciar na tramitação dos processos de licenciamento ambiental, favoravelmente às mineradoras que se engajarem na agenda setorial do clima, conduzida pelo Instituto.

Para o diretor-presidente do Instituto, Raul Jungmann, o projeto atende a um compromisso do setor mineral, que é “incontornável e inadiável”, ou seja, é necessário diagnosticar emissões e agir para descarbonizar operações.

Outro dado informado pelo IBRAM é que, durante 2022, foram mapeadas iniciativas de inovação para descarbonização fora e dentro do Brasil, onde foi identificada a oportunidade de colaboração com o governo do Reino Unido, por meio da Energy Systems Catapult, agência sem fins lucrativos.

A participação do Instituto na COP 27, realizada no ano passado, incluiu o lançamento do ‘Guia de Resiliência Climática’, com objetivo de orientar as mineradoras nas análises e providências relacionadas aos riscos climáticos, que comprometem o desempenho das operações do segmento.

Fonte: Além da Energia
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 07/12/2023

 

Vendas de veículos elétricos impulsionam estratégias de mineradoras no Brasil

A rápida expansão das vendas de veículos elétricos em nível mundial está impulsionando as estratégias das empresas de mineração, desde juniores a gigantes.

A tendência gerou um crescimento de projetos de lítio, cobre e níquel, entre outros.

“A indústria de veículos elétricos está em expansão, mas também em constante transformação, na busca pela melhor tecnologia para produção de baterias. Então dentro dessa tendência veremos a transformação da transformação. Dito isso, considero o lítio como o insumo mais difícil de substituir para a produção de baterias do que outros materiais”, disse José Carlos Martins, CEO da mineradora Cedro Mineração e fundador da consultoria de metais Neelix, à BNamericas.

Esta semana, a mineradora Vale anunciou um capex de US$ 6,5 bilhões para 2024, com US$ 2,5-3 bilhões alocados para metais de transição energética, como cobre e níquel.

A Vale, uma das maiores produtoras mundiais de minério de ferro, estimou que as vendas de veículos elétricos crescerão 24%, anualmente, até 2030, atingindo globalmente a marca de 46 milhões de unidades naquele ano. Este ano, as vendas estão projetadas para alcançar 14 milhões de unidades.

A maior cidade da América do Sul, São Paulo, por exemplo, informou que investirá US$ 1 bilhão nos próximos anos para substituir seus ônibus a diesel por veículos elétricos.

Diante da expansão, as empresas focadas em lítio avançam com seus projetos no país.

ATLAS LITHIUM

A Atlas Lithium, empresa de exploração mineral com sede nos Estados Unidos, conseguiu financiamento de US$ 50 milhões para avançar a primeira fase do seu projeto Neves, em Minas Gerais.

A empresa estima o investimento de US$ 49,5 milhões para a primeira fase do projeto, que foca na produção de concentrado de espodumênio.

Os fundos foram garantidos pelas empresas químicas de lítio Chengxin Lithium Group e Yahua Industrial Group, fornecedoras de hidróxido de lítio para Tesla, BYD e LG, entre outras, informou a Atlas em um comunicado.

A Goldman Sachs foi a consultora financeira da Atlas Lithium durante as transações.

"A capacidade de se tornar um produtor de lítio com diluição mínima para os acionistas é uma conquista significativa. Garantir clientes fortes, com usuários finais de primeira linha, também é fundamental para a ambição da Atlas Lithium de se tornar um fornecedor importante de lítio de alta qualidade", avaliou o CEO e presidente Marc Fossa.

O financiamento envolve US$ 10 milhões em ações da Atlas e US$ 40 milhões como pré-pagamento de 80% da fase 1 da produção de concentrado em Neves.

A produção da primeira fase está estimada em 150 mil toneladas por ano de concentrado de espodumênio para baterias, a partir do primeiro trimestre de 2024, com cada umas das empresas químicas recebendo 60 mil toneladas por ano.

A Atlas disse que está avaliando uma segunda fase para aumentar a capacidade para 300 mil toneladas por ano até meados de 2025.

LITHIUM IONIC

A canadense Lithium Ionic, por sua vez, anunciou que contratou um executivo brasileiro para desenvolver seu projeto de lítio Bandeira, de US$ 230 milhões, também localizado no estado de Minas Gerais.

A empresa contratou Paulo Guimarães Misk como diretor de operações. Misk é um engenheiro de minas com mais de 38 anos de experiência, que atua no Brasil, na gestão operacional de diversas empresas multinacionais de mineração em uma ampla gama de commodities, incluindo lítio.

“Paulo demonstrou excelente liderança na construção e transformação de operações em suas funções anteriores na Largo, Anglo American e AMG. Estamos muito satisfeitos em recebê-lo na nossa equipe de liderança à medida que entramos na próxima fase de desenvolvimento do projeto Bandeira”, disse Blake Hylands, CEO da Lithium Ionic, em um comunicado.

 
Fonte: BN Americas
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 07/12/2023

Como mineração da Braskem em Maceió levou ao risco de colapso de 5 bairros

A instalação em Maceió na década 1970 da empresa Salgema, que anos depois se tornou uma das operações da gigante Braskem, forçou a retirada de cerca de 60 mil pessoas de 5 bairros da capital alagoana desde 2019. Agora, desde que um alerta da Defesa Civil foi emitido no fim de novembro, as localidades estão sob risco de colapso.

No episódio do podcast O Assunto desta quarta-feira (6), os jornalistas Lenilda Luna, que cobre a atuação da Braskem na cidade há 27 anos, e Cau Rodrigues, coordenador de conteúdo do g1 Alagoas, recontam a história da extração pela empresa do sal-gema em Maceió. O minério é utilizado na fabricação de soda cáustica e PVC.

Rumores sobre vazamento de cloro

Luna contou que, até 2018, quando foi registrado um tremor que provocou rachaduras em imóveis de Alagoas, não se falava no risco de desabamentos devido à atividade de mineração da Braskem. Segundo ela, por muito tempo, anos atrás, falava-se apenas sobre a possibilidade de vazamento de cloro pelo ar, mas não de afundamento do solo.

“A gente tinha ideia de que a sal-gema era extraída do subsolo, mas não visualizava, não tinha informações, de em que quantidade, como era isso, a que profundidade.... Muito menos que estava transformando Maceió num queijo suíço, essa imagem a gente não tinha”, explica.

Segundo Lenilda, a empresa foi instalada em 1977 e, no começo da década de 1980, iniciou-se uma discussão sobre os riscos que a extração do minério apresentava. No entanto, ela afirmou que só na década seguinte, quando ela já atuava como repórter, passaram a ser feitos treinamentos com a imprensa devido aos rumores do risco de vazamento de cloro pelo ar.

À medida que a Braskem investiu em ações de responsabilidade social, segundo Lenilda, o assunto deixou de ser debatido e virou o que ela chama de “mostro quieto”. “[Foi] como aquele vulcão que, como tá dormindo há muito tempo, você começa a acreditar que ele é só uma montanha inofensiva”, explica.

Tremor de 2018

O assunto só voltou à tona após o tremor de 2018, quando foram feitos estudos que identificaram a culpa da atividade da Braskem no fenômeno.

“A gente não pensava no subsolo [até o tremor], a gente não tinha essa ideia de um buraco, de um grande queijo suíço na cidade. As paredes [debaixo do solo] não estavam mais aguentando o vão que ficou lá embaixo [...], que a terra começou a pressionar pra acomodar. Isso [aconteceu] em bairros densamente povoados”, explica.

Ordens de evacuação

As áreas sob risco de afundamento começaram a ser desocupadas em 2019, a partir de ordens de evacuação para mais de 14 mil imóveis.

Conforme explicou Cau Rodrigues, a Braskem criou programa de compensação financeira para oferecer apoio de realocação e indenização para famílias que tinham ido para outros bairros. No entanto, segundo o jornalista, muita gente precisou ir para bairros muito distantes pois não encontrava imóveis do mesmo padrão de antes pela mesma região.

“Há famílias que saíram do bairro do Pinheiro [que foi evacuado], que fica a 5 km do Centro, e foram para bairros muito mais fastados, a 10, 15 km do Centro, porque foi onde conseguiu comprar imóvel no mesmo padrão que vivia antes, mas já numa área muito mais afastada”, afirma.

"Há parte dos bairros [evacuados] onde ainda é possível transitar. E quando a gente passa por esses locais onde antes havia prédios, escolas, são ruínas ou terrenos baldios, porque muitos prédios precisaram ser demolidos devido ao risco de cair."

O jornalista lembrou, ainda, que famílias que hoje moram no entorno dos bairros já atingidos também estão à espera de qualquer possilidade de alerta para deixar suas casas. "Muita gente está vivendo sob alerta com sua muda de roupa pronta para sair de casa", diz.

Fonte: G1
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 07/12/2023

Coalizão parte para a defesa da manutenção do imposto sobre o aço chinês

Em um momento em que as siderúrgicas se movimentam e pressionam o governo para que aumente a taxação do aço vindo do exterior para 25%, em especial o da China, os segmentos que dependem do insumo partem para defender a manutenção do atual imposto, de 9,6%, e argumentam que o aço produzido no país sai mais caro no mercado interno do que as empresas de siderurgia cobra de seus clientes no exterior.

“O Brasil vende o aço 83% mais caro dentro do país do que na exportação. Até onde me consta, as siderúrgicas não fazem caridade para vender mais barato ao exterior”, argumenta José Velloso, presidente executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). A Abimaq lidera uma coalizão de 20 setores, entre eles infraestrutura (Abdib), naval (Sinaval), autopeças (Abipeças), ferroviário (Abifer), saneamento (Sindesan) e construção civil (CBIC), que se posiciona contra a sobretaxa.

Um exemplo, acrescenta o dirigente, está no custo para as indústrias da bobina quente – tipo de aço utilizado em capôs de carro e porta de geladeiras, por exemplo. O insumo local está hoje 14,9% acima do  importado, de acordo com levantamento semanal da Platts, do grupo S&P. “Estamos falando de uma commodity, há referências de preços. E, mesmo com o atual imposto, sai mais barato trazer do exterior. Enquanto houver essa disparidade, vai ter importação.”

Outro argumento da coalizão pela manutenção da atual taxa está em um iminente repasse de preços, caso a sobretaxa sobre o aço chinês seja aplicada. Velloso lembra que, somente entre as 8,5 mil empresas do setor de máquinas e equipamentos, cerca de 90% compra o aço de distribuidoras, que não estão no debate de preços.

 “Ninguém vai fiscalizar, caso ocorra a taxação, se os preços locais vão seguir nos mesmo patamares ou se as distribuidoras vão embutir o aumento do imposto nos preços. A história já nos mostrou que sempre há o reajuste”, acrescenta o executivo.

Conforme o IM Business já mostrou, o CEO da ArcelorMittal Brasil, Jefferson De Paula, que também preside o Instituto Aço Brasil, defende o aumento do imposto por um ano até que o mercado se reequilibre. “Nós queremos estar nas mesmas condições de Estados Unidos, União Europeia e México [países que aplicaram tributação semelhante]. Nós acreditamos e defendemos o livre comércio, mas ele precisa ser justo. Não dá para sermos bonzinhos do nosso lado enquanto o outro lado trabalha com subsídios”, defendeu.

Como efeito imediato, cerca de 400 funcionários da ArcelorMittal em Resende (RJ) vão entrar em férias coletivas entre novembro e dezembro – o mesmo ocorrerá em Piracicaba (SP) e Juiz de Fora (MG), que terão seu período de parada técnica estendido neste ano. Em outra frente, a Gerdau anunciou a demissão de 700 funcionários e a Usiminas sinalizou que poderá desligar seu alto-forno em Ipatinga (MG).

“Nós empregamos mais que as siderúrgicas e estamos com uma previsão de 10% de queda na receita e, mesmo assim, estamos mantendo empregos”, rebate o presidente executivo da Abimaq. O setor de máquinas emprega pouco mais de 390 mil pessoas e tem faturamento anual em torno de R$ 300 bilhões, enquanto o do aço tem 127 mil funcionários e saldo comercial positivo de US$ 6 bilhões.

José Velloso aponta ainda que são as siderúrgicas que têm tirado mais proveito do custo mais baixo do aço chinês do que as próprias indústrias. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram um aumento de mais de 880% na importação de aço semi-acabado, que, em sua maioria, é utilizado pelo setor de siderurgia. O volume exportado passou de 45 mil para 443 mil toneladas, o equivalente a US$ 253,1 milhões.

“Nenhuma indústria tem laminador para terminar uma placa de aço. E, também, nem toda a empresa tem fluxo de caixa para esperar de seis a sete meses entre o pedido na China e a chegada do produto”, prossegue o presidente da Abimaq. 

As importações de aço da China dispararam 58% no acumulado do ano até setembro, enquanto a produção nacional caiu 8,4%; as vendas recuaram 5,4%; e as exportações cederam 4,4%, segundo dados do Instituto Aço Brasil.  A previsão é que a entrada de aço chinês no país cresça 50% em 2023 em relação ao ano passado, para 5 milhões de toneladas, ou 25% do consumo anual de aço no país (20 milhões de toneladas).

Fonte: Infomoney
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 05/12/2023