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Produção e vendas de aço no Brasil sobem no ano até maio, diz Aço Brasil

A produção de aço bruto do Brasil de janeiro a maio deste ano subiu 0,6% sobre um ano antes, a 13,56 milhões de toneladas, enquanto as vendas internas no mesmo período subiram 1,9% ano a ano, a 8,32 milhões de toneladas, segundo dados divulgados nesta terça-feira pela entidade representativa do setor, Aço Brasil.

A exportação de aço neste período recuou 16% na comparação anual, a 4,24 milhões de toneladas, enquanto as importações do material no acumulado do ano até maio subiram 26,4%, para 2,31 milhões de toneladas, informou a entidade durante coletiva para apresentar os dados da indústria.

Fonte: Infomoney
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 19/06/2024

Apesar de estímulo, problemas no mercado imobiliário da China se agravam

O problemático mercado imobiliário da China não está respondendo a algumas das medidas de estímulo mais audaciosas adotadas pelo país até agora – pelo menos ainda não.

O governo chinês vem intensificando o apoio à habitaçãoe outros setores nos últimos meses, enquanto tenta revitalizar uma economia que continua decepcionando desde os primeiros dias da pandemia de covid-19.

Mas os dados de maio mostram que empresas e consumidores seguem cautelosos. Os preços das moradias continuam caindo em um ritmo acelerado e os investimentos em ativos fixos e produção industrial, embora em crescimento, perderam algum dinamismo.

“Os dados econômicos de maio sugerem que as autoridades têm muito a fazer para sustentar a frágil recuperação”, escreveu Yao Wei, economista-chefe do Société Générale para a China, em uma nota a clientes nesta segunda-feira (17).

O pior problema está no setor imobiliário, que vem lutando com um excesso de oferta e o fraco sentimento dos compradores desde 2021, quando um boom imobiliário de vários anos teve fim. O mercado parece não ter encontrado ainda um piso, mesmo depois que Pequimlançou, na metade de maio, suas medidas de estímulo mais agressivas até agora, na esperança de restabelecer a confiança.

Nas grandes cidades, os preços das novas moradias caíram 4,3% em maio, comparado ao mesmo período do ano passado, número pior que o de abril, quando houve uma queda de 3,5%, segundo dados divulgados nesta segunda-feira pela Agência Nacional de Estatísticas da China. Os preços no mercado chinês de segunda mão caíram 7,5% comparado à queda de 6,8% em abril.

As vendas de moradias caíram 30,5% em termos de valor nos primeiros cinco meses deste ano, comparado ao mesmo período do ano passado. “Esses dados certamente são decepcionantes e poderão disparar alguns sinais de alerta, uma vez que o pacote de apoio político de maio ainda não se traduziu em um declínio mais lento dos preços das moradias, quanto mais em uma estabilização”, diz Lynn Song, economista-chefe do ING para a China.

Os economistas também esperavam ver uma recuperação mais ampla este mês, depois que Pequim iniciou uma emissão planejada de 1 trilhão de yuans (US$ 138 bilhões) em bônus soberanos de longuíssimo prazo em maio. Os recursos terão como destino ajudar no pagamento de projetos de infraestrutura imobiliária apoiados pelas autoridades. Os investidores abocanharam o primeiro lote desses bônus.

O conjunto dos novos dados, no entanto, demonstra como o país ainda não está a todo vapor. As vendas no varejo, uma medida importante dos gastos do consumidor, cresceram 3,7% em maio em relação ao ano passado, comparado com 2,3% em abril, segundo a Agência Nacional de Estatísticas. Embora a tendência esteja caminhando na direção certa, ela ainda se encontra em um ritmo de crescimento relativamente moderado e abaixo do que a maioria dos economistas acredita ser necessário para iniciar uma grande retomada dos gastos do consumidor.

A expansão na produção industrial – 5,6% em maio, comparado ao mesmo período do ano passado – foi inferior ao aumento de 6,7% de abril. O crescimento dos investimentos em ativos fixos, do qual 40% veio dos setores imobiliário e de infraestrutura, também desacelerou para 3,5% em maio, face a 3,6% em abril.

A chave para os dados fracos da atividade econômica em maio — e para as perspectivas futuras da China — é a crise no mercado imobiliário, que as autoridades vêm tendo dificuldades para resolver.

O pacote de maio de ajuda ao setor imobiliário incluiu permitir aos governos locais comprar moradias não vendidas, eliminando as taxas de juro mínimas sobre os financiamentos imobiliários e reduzindo os pagamentos a potenciais compradores de moradias. Também inclui, como peça central, um chamado programa de reempréstimo de US$ 41 bilhões lançado pelo Banco do Povo da China, o banco central chinês, que fornecerá financiamentos aos bancos chineses para apoiar as compras de moradias por empresas estatais.

A esperança é que ao intervir como comprador de última instância de milhões de propriedades, o governo consiga limpar o estoque habitacional não vendido e convencer os cautelosos compradores de moradias a retornar ao mercado. Por sua vez, os consumidores chineses, que têm a maior parte de sua riqueza ligada aos imóveis, sentiriam-se mais confiantes em voltar a gastar, estimulando assim a economia em geral.

Mas o tamanho do programa de reempréstimos não foi grande o suficiente para convencer os compradores de moradias, diz Larry Hu, economista-chefe do Macquerie Group para a China. “Enquanto isso, suas perspectivas de renda também permanecem fracas, diante da situação econômica atual”, afirma ele.

Para que o mercado imobiliário chegue ao fundo do poço e alcance um novo equilíbrio, as taxas de financiamento imobiliário, que estão em cerca de 3% a 4% na China, precisam ser tão baixas quanto o rendimento dos alugueis, que estão atualmente abaixo de 2% nas grandes cidades, segundo diz Zhaopeng Xing, um estrategista sênior da ANZ dedicado à China. Segundo ele, um grande corte nas taxas de financiamento imobiliário precisará ocorrer em algum momento.

Outra parte importante do esforço da China para revitalizar o crescimento gira em torno do setor industrial, com os líderes canalizando mais investimentos para as fábricas para aumentar a produção e reduzir a dependência do país dos fornecedores estrangeiros de tecnologias essenciais.

O resultado foi um aumento da produção. Mas com o consumo interno incapaz de absorver todos esses bens, muitas fábricas foram forçadas a reduzir os preços e buscar mais compradores no exterior.

Dados divulgados este mês mostraram que as exportações chinesas cresceram mais rapidamente em maio do que em abril.

No entanto, o esforço exportador está encontrando resistência, uma vez que governos do mundo todo temem o impacto da competição chinesa mais barata sobre mercados e indústrias internos.

Na semana passada, a União Europeia disse que vai impor novas tarifas de importação aos veículos elétricos chineses, descrevendo a indústria automobilística chinesa como altamente subsidiada pelo governo, ao ponto em que as montadoras de outros países não conseguem competir de forma justa.

Os EUA também aplicaram tarifas pesadas aos automóveis e outros produtos chineses, enquanto países como Brasil, Índia e Turquia abriram investigações antidumping sobre o aço, produtos químicos e outros produtos chineses.

Pequim diz que essas medidas são protecionistas e que suas indústrias competem de forma justa com os concorrentes globais.

Fonte: Dow Jones
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 18/06/2024

 

Siderúrgicas brasileiras intensificam barreiras contra aço chinês com processos antidumping

Além das medidas lançadas pelo governo federal em abril, visando estancar as importações de aço, principalmente da China, siderúrgicas brasileiras decidiram atacar o material chinês por outro flanco. Fabricantes locais decidiram abrir vários processos antidumping na Secretaria de Comércio Exterior (Secex). As ações atingem, na maioria, produtos não incluídos no esquema de cotas-tarifas adotado nas medidas do governo, que passaram a vigorar no início de junho.

No início de março, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) obteve da Secex uma decisão para investigação das importações de folha metálica (estanhada e cromada) de origem chinesa. A CSN é a única fabricante desse tipo de aço no País, utilizado na fabricação de embalagens diversas, como latas de tintas. O pleito foi feito em novembro.

No mês passado, a Aperam South America, produtora de aços especiais inox, obteve decisão de direito definitivo antidumping contra importações de dois tipos de aço inox oriundos da China. A empresa entrou em julho do ano passado na Secex com pedido de extensão de medida aplicada em 2013, revalidada em 2019, indicando que os dois produtos sofreram alterações por parte de exportadores chineses para driblar o antidumping para continuar vendendo ao Brasil.

Outros pedidos de investigação estão a caminho. Segundo o Estadão apurou com pessoas ligadas às empresas, recentemente pelo menos três pedidos entraram na Secex. A China, maior produtor mundial de aço e maior exportador de produtos siderúrgicos, é o alvo dos pleitos. Estimativas apontam que os embarques do país ao exterior neste ano podem chegar a 113 milhões de toneladas, alta de 25% ante 2023. O Brasil, além de outros países da América Latina, são mercados em que as usinas chinesas vêm fazendo desova de excedentes devido à retração da demanda no mercado chinês.

Os novos pedidos envolvem desde aços galvanizados, galvalume, aços pré-pintados até os laminados a frio. Além da CSN, os pleitos são endereçados por Usiminas e ArcelorMittal, dois importantes fabricantes desses tipos de aço usados no setor automotivo, na indústria de linha branca e na construção civil.

No caso do aço pré-pintado, utilizado na fabricação de telhas e revestimentos de fachadas e em geladeiras, freezers e fogões, a petição conta com o apoio da Tekno, um grande produtor desse tipo de aço, conforme acesso do Estadão à petição. A maior fabricante no País é a CSN.

O consumo de pré-pintado no mercado nacional é da ordem de 300 mil toneladas por ano. Neste ano, de janeiro a maio, já entraram 99 mil toneladas, conforme dados oficiais. Mantido o ritmo, o volume totalizaria quase 240 mil toneladas em 2024 - cerca de 80% da capacidade de produção local, disse uma pessoa que atua nesse segmento.

Em março, um mês antes da divulgação das medidas, a Gerdau também avaliava entrar com pedido de medidas comerciais contra a entrada de vergalhões e outros tipos de aço. A empresa tomaria a decisão após a divulgação do “pacotaço de abril” de medidas contra o excesso de importações pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). CSN, Usiminas, ArcelorMittal e Gerdau não se manifestaram.

A invasão de aço estrangeiro ganhou dimensão nacional a partir do segundo trimestre de 2023, quando os volumes começaram a subir mês a mês e as siderúrgicas passaram a alertar o governo, em encontros com o ministro Geraldo Alckmin e depois com Fernando Haddad, da Fazenda. Ao final do ano, os desembarques somaram 5 milhões de toneladas, representando aumento acima de 40% sobre 2022 considerando apenas aços acabados. Quase dois terços do volume que entrou nos portos brasileiros tinha como origem a China.

As medidas de 23 de abril que entraram em vigor dia 1º de junho, após nove meses de negociações com produtores e consumidores de aço, definiram o sistema de cotas-tarifas pelo prazo de um ano, ao invés de uma sobretaxa direta de 25% para todas as origens como pedia as siderúrgicas. De 31 tipos de aços apresentados pelo setor, apenas 11 foram contemplados.

Foi uma saída salomônica do governo brasileiro, uma vez que a China, maior exportador de aço para o Brasil, é, ao mesmo tempo, o maior parceiro comercial do País, importando de minério de ferro a grãos e carnes, entre outros bens primários.

As cotas - média das importações de 2020 a 2022, acrescida de 30% - segundo informações do setor abrangem menos da metade (45%) do total de aço importado pelo País em 2023 de diversas origens: China, Rússia, Coreia do Sul, Japão, Turquia e outros países. A Gerdau, por exemplo, como informou em entrevistas o presidente, Gustavo Werneck, teve seu mix de produtos contemplado com apenas 25%.

O vergalhão, material usado em obras civis e de infraestrutura e na construção imobiliária, ficou de fora. A companhia está fazendo rearranjo de suas operações brasileiras em vários Estados para focar em produtos mais competitivos, paralisando usinas de custos mais elevados e investindo no aumento da escala de produção de outras para melhorar suas margens de ganho frente ao importado.

A Aperam também não teve produtos inox contemplados nas medidas, assim como a CSN não teve para folhas metálicas, chapas pré-pintadas e aço galvalume. A alternativa das empresas frente à competição com material chinês foi abrir ações antidumping, disse ao Estadão pessoas que atuam no setor.

Desvio de especificação para burlar o antidumping

O embate com produtos chineses, via antidumping, vem de longa data. Desde 2019, as ações envolvem mais de uma dezena de tipos de aço carbono, inox e tubos. As ações envolvem laminados planos de aços ao silício, tubos com costura de aços inoxidáveis, tubos de aço carbono sem costura e não ligados, chapas grossas, laminados planos a frio de aços inoxidáveis e carbono, tubos sem costura, cordoalhas, barras chatas de aço ligado, entre outros, de acordo com informações dos órgãos de comércio exterior do MDIC.

Segundo dados do MDIC e da indústria, em alguns casos, o volume importado já representa bem mais da metade do consumo interno do produto, o chamado “import penetration”. Em inox, por exemplo, fabricados pela Aperam, a participação do aço chinês no mercado nacional supera 40% em certos produtos.

A companhia aponta os dois casos de alteração na composição química do aço para driblar o antidumping que receberam do Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex) parecer favorável à revisão anticircunvenção - ou seja, contra atos para enganar, ludibriar ou burlar - com extensão do direito antidumping definitivo. Foi fixada penalidade (sobretaxa) de US$ 629,44 por tonelada, em despacho de 24 de maio.

Esses produtos de inox estavam entrando no País com desvios de especificações para burlar os direitos de proteção comercial adotados em 2013, pelo período de seis anos. Essas medidas foram estendidas, em 2019, e vão vigorar até o final deste ano, agora reforçadas pela revisão anticircuvenção.

Rodrigo Damasceno, diretor comercial da Aperam, disse ao Estadão que os volumes respondiam por 30% a 40% das importações totais de aço inox. Ele explica que exportadores chineses, mais produtores do país, fizeram modificações na composição de ligas do inox 304 - carro-chefe da empresa, que leva níquel e cromo, utilizado em 90% dos produtos fabricados com inox - e no 430, que leva cromo e outros elementos.

Os produtos são vendidos ao Brasil para as mesmas aplicações dessas duas ligas originais (304 e 430), configurando uma irregularidade para fabricação de bens diversos com uso de inox, informa Damasceno. “A medida do governo é uma correção, pois havia uma redução do porcentual de cromo e níquel no aço para entrar no País”.

Na época (2013 e 2019), a sobretaxa estipulada foi de US$ 200 a US$ 300 a tonelada, mas como não houve colaboração de nenhum produtor ou exportador chinês no processo de investigação de desvio de qualidade dos produtos mencionados, o governo brasileiro decidiu pela sobretaxa de US$ 629,44 a tonelada, explica o executivo da Aperam.

No final do ano será feita nova análise dos volumes importados. “Se esses volumes continuarem, o governo poderá fazer a renovação do direito por mais cinco anos”, ressalta o executivo da Aperam.

Investimento de R$ 600 milhões congelado

O aço inox é empregado na fabricação de utensílios domésticos diversos, na indústria alimentícia (tanques de leite, de cerveja), material hospitalar, escapamentos de automóveis e bens de linha branca. Segundo dados do MDIC, importações de aços inoxidáveis planos e não planos subiram de 113 mil toneladas em 2019 para 170 mil em 2022 e ficaram próximas de 160 mil toneladas no ano passado. O mercado nacional demanda cerca de 360 mil toneladas. Ou seja, um índice de penetração de quase 45%.

“A competição saudável, em bases leais de mercado, faz parte do jogo. Mas a depreciação e os artifícios de produtos chineses para tomar mercado não é uma disputa leal”, afirma Damasceno. Ele diz que a empresa teve de se esforçar para direcionar parte da produção a mercados de países da América do Sul.

Devido ao grande aumento das importações de aço, inchadas pelo material burlado, a empresa congelou um investimento de R$ 600 milhões programado para sua usina em Timóteo, no Vale do Aço, em Minas Gerais. “As medidas são um sinal positivo, mas vamos esperar para ver se vão dar resultado antes de tomar a decisão para retomada dos investimentos”, afirma o diretor.

Os recursos seriam aplicados em melhorias tecnológicas na usina e no enobrecimento do mix de produtos, com a instalação de novo equipamento de laminação a frio de aço em bobinas na usina.

Fonte: Estadão
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 18/06/2024

Indique

Reajuste de preços de pneus terá impacto no frete e inflação

A Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP) encaminhou ao Comitê de Alterações Tarifárias, órgão da Câmara de Comércio Exterior (Camex), no último mês um pedido de aumento da tarifa de importação de pneus de carga e de passeio dos atuais 16% para 35%.

A ANIP alega um “surto de importações” de pneus de países asiáticos, principalmente originários da China, Vietnã, Malásia, Índia, Japão e Tailândia, as quais estariam prejudicando as fabricantes brasileiras de pneus associadas à ANIP. A decisão da Camex deve sair entre julho e agosto.

De acordo com a Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Pneus (Abidip), a medida é temerária, pois coloca em risco empresas e empregos em um momento que o dólar está em R$ 5,43 e o frete marítimo internacional em U$$ 10 mil por contêiner, distante de sua média de U$$ 2 mil.

A Abidip diz que a tentativa de aumento de tarifa de importação "escamoteia o controle de mercado por um grupo de seis empresas estrangeiras que dominam o setor no país, caso o governo ceda à pressão desse grupo".

“A indústria nacional não tem capacidade de atender o mercado. As empresas de transporte rodoviário não estão vendo melhora na situação do país”, afirma Jean Carlos Rocha, proprietário da Elo Soluções Logísticas Integradas.

O presidente da Abidip, Ricardo Alípio da Costa, diz que os fabricantes querem forçar o reajuste de preços dos pneus importados para que eles aumentem o preço dos pneus nacionais.

“Os fabricantes já são protegidos por medidas antidumping e benefícios fiscais, mas sua sede de lucro é insaciável. Além disso, com o dólar nesse nível e os seguidos aumentos do frete marítimo sufocarão o mercado e o consumidor, que é quem paga a conta no final. O imposto de importação, base de cálculo em efeito cascata de todos os demais tributos, é o vetor que estimula ou aniquila a concorrência”, afirma

De acordo com empresários do setor de transporte, a ANIP já conta com o reajuste da tarifa de importação. Mesmo antes da decisão do governo, as empresas associadas à ANIP já anunciaram no início deste mês reajustes que vão até 5% no preço dos pneus.

O volume de importações de pneus de carga no Brasil subiu nos últimos anos. Segundo a Anip, entre 2020 e 2023, o crescimento foi de 295%, enquanto as vendas das empresas estrangeiras, que têm parte da produção no Brasil, estariam em queda.

No entanto, dos 20 maiores importadores de pneus, apenas um é distribuidor de pneus importados para o mercado de reposição. Os demais são empresas integrantes da própria ANIP, como Bridgestone, Michelin, Continental e Goodyear, além de montadoras de veículos como Fiat e BMW.

Além disso, a associação dos importadores diz que a ANIP vem trabalhando com baixa capacidade instalada. “Eles querem ter o controle do mercado sem aumentar sua capacidade de competitividade”, afirma Alípio.

De acordo com dados da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), 65% do transporte de cargas no Brasil é feito por meio de estradas e rodovias. O mesmo estudo aponta que 67,5% das pistas estão em condições ruins, regulares ou péssimas, exigindo troca constante de pneus.

Dados da CNA mostram que o produtor brasileiro de soja gasta, hoje, para levar a produção da fazenda até o porto, em média, US$ 92/tonelada, quatro vezes mais do que na Argentina e nos Estados Unidos, por conta da deficiência da logística nacional. Esse valor representa aumento de 228% em relação à década passada, quando a quantia gasta era de US$ 28/tonelada. O custo do frete é de cerca de 30% do total do preço final do produto.

O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte e de Carga do Estado de São Paulo (Setcesp), Adriano Depentor, diz que a possibilidade de ajuste é preocupante. “Os autônomos não têm essa capacidade de grandes negociações. As pequenas empresas também não. Causa apreensão e vamos acompanhar essa situação”, diz.

O presidente da Federação dos Caminhoneiros Autônomos e de Cargas em Geral do Estado de São Paulo, Norival de Almeida, diz que a possibilidade de aumento de imposto preocupa. “Já é difícil repassar os custos com 16%, imagina com 35%”, disse.

Fonte: Grandes Construções
Seção: Automobilística & Autopeças
Publicação: 14/06/2024

 

Capacidade de armazenagem agrícola cresce 4,7%, indica IBGE

A capacidade de armazenamento disponível no Brasil alcançou 210,9 milhões de toneladas no segundo semestre de 2023, representando um aumento de 4,7% em relação ao primeiro semestre do mesmo ano, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira (13) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número de estabelecimentos de armazenagem cresceu 4,8%, com 418 novos locais, totalizando 9.102 estabelecimentos.

O estoque de produtos agrícolas totalizou 44,6 milhões de toneladas, uma alta de 13,2% frente as 39,4 milhões de toneladas de 31 de dezembro 2022.

“Esse aumento nos estoques dos produtos está diretamente ligado às safras recordes que tivemos em 2023. Além disso, também registramos exportações recordes desses produtos, com a soja ultrapassando 100 milhões de toneladas exportadas e o milho chegando a 56 milhões de toneladas exportadas. Mesmo assim, tivemos um estoque recorde desses produtos. Observamos muito milho estocado fora das unidades de armazenagem, nos pátios das unidades, e esse milho não é contabilizado para essa pesquisa. Devido ao volume recorde da produção no ano passado, os produtores armazenaram parte do milho nessas condições”, explica Carlos Alfredo Guedes, gerente de Agricultura do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA).

O gerente comenta que houve crescimento nos estoques de café “devido à grande safra do ano passado. Apesar de ser um ano de baixa bienalidade negativa, em que esperávamos uma safra menor, as condições climáticas do segundo semestre beneficiaram a colheita de café”.

“Registramos uma diminuição nos volumes estocados de arroz, com apenas 1,5 milhão de toneladas, o segundo volume mais baixo na história da pesquisa. O trigo também apresentou queda, com 6,4 milhões de toneladas, devido a problemas climáticos no final de 2023. O excesso de chuva na região sul prejudicou a colheita de trigo, resultando em uma redução drástica na safra do ano passado. Isso tudo influenciou o volume estocado desses produtos em 31 de dezembro de 2023”, salienta Guedes.

O levantamento o IBGE aponta que, no segundo semestre de 2023, todas as regiões do Brasil apresentaram aumento no número de estabelecimentos de armazenagem: Norte (3,1%), Nordeste (2,3%), Sudeste (1,4%), Sul (5,1%) e Centro-Oeste (6,7%).

O Rio Grande do Sul lidera com 2.387 estabelecimentos, seguido por Mato Grosso, que tem 1.621 estabelecimentos e a maior capacidade de armazenagem do país, com 55,5 milhões de toneladas, e Paraná com 1.369 estabelecimentos. Juntos, esses três estados representam 60% da capacidade total de armazenamento do Brasil.

Segundo o IBGE, os cinco principais produtos agrícolas armazenados em 31 de dezembro de 2023 apresentaram os seguintes volumes: os estoques de milho lideraram com 21 milhões de toneladas, um aumento de 15,8% em relação a 31 de dezembro de 2022, representando 47,1% dos produtos levantados pela Pesquisa. Em seguida, os estoques de soja atingiram 11,3 milhões de toneladas, crescendo 39,6% e correspondendo a 25,4% do estoque total.

Capacidade dos silos

Em termos de capacidade útil armazenável, os silos predominam no País, tendo alcançado 110 milhões de toneladas no segundo semestre de 2023, o que representou 52,2% da capacidade útil total. Os silos predominam na Região Sul, sendo responsáveis por 64,6% da capacidade armazenadora regional e 46,2% da capacidade total de silos do país. Em relação ao primeiro semestre de 2023, os silos apresentaram um acréscimo de 4,6% na capacidade.

Em sequência, os armazéns graneleiros e granelizados, que atingiram 77,8 milhões de toneladas de capacidade útil armazenável, 6,3% superior à capacidade do período anterior, e aparecem com maior intensidade no Centro-Oeste, com 51,6% da capacidade da Região e 58,4% da capacidade total. Este tipo de armazenagem é responsável por 36,9% da armazenagem nacional.

Em relação aos armazéns convencionais, estruturais e infláveis, somaram 23,1 milhões de toneladas, o que representou um aumento de 0,2% em relação ao primeiro semestre de 2023. Esses armazéns são predominantes na Região Sul (33,8%), seguido pela Região Sudeste (31,7%), e contribuem com 10,9% da capacidade total de armazenagem.

Fonte: Portal Máquinas Agrícolas
Seção: Agro, Máquinas & Equipamentos
Publicação: 14/06/2024

 

Análise de risco pode evitar desastres em obras de infraestrutura

Uma cratera que se abriu em um condomínio residencial próximo à construção de uma obra da linha 6-Laranja de metrô, em São Paulo, levanta questões sobre a importância da análise de risco em obras de infraestrutura.

O incidente, ocorrido no final de maio, não causou vítimas, mas trouxe à tona a relevância de procedimentos preventivos para evitar desastres similares.

A análise de risco é um processo que identifica, avalia e gerencia os riscos potenciais que podem afetar a execução de uma obra, explica Vinicius Fontão, co-CEO da corretora Galcorr, especializada em seguros de grandes riscos.

Realizada por corretores de seguros, essa análise assegura que todos os possíveis problemas sejam previstos e mitigados, garantindo a segurança dos trabalhadores, do público e do patrimônio envolvido.

"A importância dessa prática vai além da simples identificação de perigos; ela inclui a criação de planos de contingência e a alocação de recursos para lidar com eventuais imprevistos", explica o executivo.

Fontão ressalta que, apesar da importância, muitas obras não realizam essa análise quando contratam seguros para o período de execução do projeto. Com isso, falhas não previstas na identificação de possíveis ameaças, podem aumentar a vulnerabilidade do projeto a incidentes imprevistos, como o ocorrido na obra da concessionária responsável pelas obras do metrô em São Paulo.

Segundo o executivo da Galcorr, a análise de risco não deve ser feita apenas no momento da elaboração do seguro, mas também durante a execução do projeto.

"Realizar essa análise continuamente permite a identificação de novos riscos que podem surgir ao longo do tempo, garantindo uma resposta rápida e eficaz. Entre as vantagens de se realizar análises periódicas estão a minimização de atrasos no cronograma, a redução de custos adicionais e a melhoria na qualidade e segurança da obra", comenta.

Na Galcorr, 144 sinistros foram registrados no produto de Riscos de Engenharia (obras de infraestrutura) entre 2014 e 2023. Nesse período, o total de sinistros somou R$ 44 milhões, dos quais cerca de R$ 30 milhões foram decorrentes de eventos naturais como vendavais, ciclones e alagamentos.

Fontão explica, como exemplo, o sinistro ocorrido em uma obra da Linha 04 do Metrô do Rio de Janeiro (Rio-Barra), onde um alagamento causado por fortes chuvas resultou em uma indenização de cerca de R$ 21 milhões.

"Tragédias como essa podem causar desde a perda de materiais e equipamentos até sérios danos à infraestrutura, comprometendo a continuidade da construção e gerando custos adicionais. Com uma gestão de risco bem feita e as avaliações necessárias, é possível prever riscos e evitar que desastres, naturais ou não, prejudiquem o andamento do projeto", complementa Fontão.

Fonte: Grandes Construções
Seção: Construção, Obras & Infraestrutura
Publicação: 14/06/2024