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Exportações injetaram US$ 7 bilhões nas montadoras brasileiras

Em termos de valores, as exportações de veículos Made in Brazil injetaram nos caixas das montadoras instaladas aqui US$ 7,6 bilhões até setembro, um valor que representa alta de 37% sobre os nove meses do ano passado e, mais ainda, um valor similar ao total obtido em todo o ano passado.

As exportações de veículos produzidos no Brasil seguem em ritmo de crescimento e só não foram maiores por causa do quadro econômico na Argentina, ainda o principal destino da produção brasileira, disse Marcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, na sexta-feira, 7.

"A restrição de liberação de licenças para importação na Argentina reduziu os embarques para lá. Também não exportamos mais volumes para a Colômbia porque extrapolamos a cota de exportação, sem imposto, de 50 mil unidades", disse o representante da entidade.

Exportações puxadas pelos veículos leves

Segundo os dados do balanço da associação, as exportações cresceram 31% no acumulado até setembro, na comparação com os nove meses do ano passado. Foram embarcadas 363,5 mil unidades no período. Apenas em setembro, os embarques chegaram a 28,5 mil unidades, queda de 40% ante setembro do ano passado.

Do total embarcado no janeiro-setembro, 341,5 mil unidades tratam dos modelos leves, alta de 33%. Os caminhões foram 18 mil unidades, crescimento de 8% sobre 2021. Já os embarques de ônibus somaram 4 mil unidades, resultado que representa alta de 40%.

Fonte: Automotive Business
Seção: Automobilística & Autopeças
Publicação: 10/10/2022

Vendas de veículos elétricos e híbridos atingem recorde em setembro

As vendas de veículos elétricos e híbridos registraram recorde em setembro, com 6.388 emplacamentos, crescimento de 52% em relação a agosto, que contabilizou 4.246 unidades. Os dados foram divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) nesta sexta-feira, 7.

Ao todo, entre janeiro e setembro foram licenciados 34.232 veículos elétricos e híbridos, aumento de 59% na comparação com todo o ano de 2021, que registrou 21,4 mil emplacamentos.

Recorde de veículos elétricos para atender ao Rota 2030

Segundo a Anfavea, setembro foi o mês em que as fabricantes de veículos precisaram entregar os resultados das metas de eficiência energética previstas no Rota 2030. A performance de cada marca toma como base a média de consumo e emissões da frota vendida por cada montadora, diante disso, algumas empresas podem ter se esforçado para vender mais elétricos nesse mês com o objetivo de melhorarem seus resultados.

O presidente da associação que representa as montadoras no país, Marcio de Lima Leite, destacou ainda que o recorde de vendas de veículos elétricos e híbridos indica a relevância da eletrificação e a importância da criação de políticas para fomentar o segmento.

“Apesar dos números serem tímidos, temos um recorde na venda de veículos elétricos e híbridos. Isso é um dado importante e que precisamos acompanhar e fazer políticas que tenham e levem em conta a relevância da eletrificação. Ela é fundamental para um setor competitivo e para as rotas de descarbonização”, afirmou.

Já o segmento de caminhões e ônibus elétricos e a gás registrou em setembro uma queda significativa nas vendas. Após 87 emplacamentos em agosto, o setor anotou 39 unidades em agosto, recuo de 55%. Fevereiro foi o melhor mês de vendas para a modalidade em 2022, com 201 unidades comercializadas. 

Por outro lado, no total, entre janeiro e setembro foram emplacados 813 caminhões e ônibus com tecnologias alternativas de combustão. Significa crescimento superior a 580% em relação às 119 unidades registradas ao longo de todo o ano passado.

“A gente observa que em 2022 disparou o volume de caminhões e ônibus elétricos e a gás para longas distâncias. Isso mostra que as novas propulsões estão sendo absorvidas pelo mercado. A quantidade unitária ainda é muito baixa se comparada ao total, mas há uma tendência de crescimento”, analisou o vice-presidente da Anfavea, Gustavo Bonini.

Fonte: Automotive Business
Seção: Automobilística & Autopeças
Publicação: 10/10/2022

 

Mercado de usinagem está aquecido e ritmo deve se manter

Para a maioria dos participantes do X Encontro Tecnológico da Bener, o mercado de usinagem – máquinas, ferramentas, acessórios etc. – está aquecido e assim deve se manter no próximo ano. Um número menor de pessoas demonstra certo receio, seja por possíveis reflexos da política no setor industrial ou pela extensão do cenário atual de falta de componentes.

“O mercado continua comprador”, avalia Jacques Mazo, gerente de Vendas América do Sul da Seco Tools. “Os investimentos estão sendo feitos, muitos já foram concretizados. O mercado continua aquecido e não vemos perspectiva de desaceleração. Muito pelo contrário, pelas informações que temos também o segmento aeroespacial vai voltar e vai voltar forte no próximo ano”.

Érico Nascimento, especialista de Aplicação MTS (Machine Tools Solutions) da Sandvik Coromant, tem visão semelhante. Segundo ele, o departamento em que trabalha é voltado ao acompanhamento dos investimentos em novas máquinas e equipamentos realizados pelas empresas e esse movimento está tendo continuidade. “Sinal de que as indústrias estão investindo para aumentar sua capacidade produtiva e a qualidade de seus produtos”. E isto pode ser notado no X Encontro da Bener, “que teve uma boa visitação, com clientes em busca desde máquinas de pequeno porte até máquinas portais, com objetivo de agregar capacidade e tecnologia às suas produções”.

Para Fábio Gomes, gerente de Marketing da Oximag, o crescimento expressivo que a sua empresa registrou em setembro é um sinal de que o mercado está positivo e a tendência é de melhora em 2023. “Tanto que estamos dando sequência aos nossos projetos de expansão da área fabril”, destaca. De acordo com Gomes, foi possível perceber a tendência de alta no evento, com muitos visitantes interessados em melhorar seus processos de produção e agregar novas tecnologias. No X Encontro, a Oximag deu destaque às linhas de morsas, levantadores magnéticos, além da placa magnética quadrangular.

“O ritmo da atividade industrial está muito bom e os negócios não se abalaram com as eleições. Acho que o empresário aprendeu, o mercado brasileiro está amadurecendo… Se a política não atrapalhar, vamos continuar evoluindo”, observa Marcos Silva, gerente de Produto e Marketing da Iscar do Brasil. Quanto ao X Encontro, considerou o evento muito dinâmico, produtivo e eficiente “ao permitir que os visitantes tenham contato com várias empresas num curto espaço de tempo (às vezes mais de uma ao mesmo tempo), o que permitiu inclusive o encontro de soluções conjuntas aqui mesmo”.

“A percepção que se tem aqui é que os visitantes estão interessados em ferramentas de alta produtividade, que ajudem a reduzir seu custo por peça”, comenta Marcos Alves, engenheiro de Produto da TaeguTec do Brasil. “E esse movimento vem ao encontro do nosso mais recentemente lançamento, a linha SfeedTec, desenvolvida dentro do conceito de alta produtividade, com altas taxas de avanço, altas velocidades de corte e baixo tempo de set-up”. No evento, a empresa destacou duas linhas da área de furação, a DrillSfeed e a MaxiRush, ambas com pontas intercambiáveis.

Na visão de Valdecir Pereira, diretor da GRV Software, o mercado está bem aquecido e isso se refletiu no movimento do Encontro da Bener, realizado num momento em que praticamente não existem outras feiras do setor industrial. “Está bem movimentado, vieram muitos clientes, muito parceiros, que nos trouxeram várias oportunidades para trabalhar nas próximas semanas”, diz e completa: “Espero que continue neste ritmo”.

A Gesac do Brasil participou do evento tendo como principal objetivo a divulgação da marca, que acaba de completar dois anos no mercado brasileiro, e também em busca de ampliar o networking com potenciais parceiros. “O evento teve boa visitação, com clientes com foco bem determinado. Foi possível estabelecer bons contatos, cotações e futuros negócios”, comenta. “A sensação que tivemos aqui é que os clientes estão otimistas”.

Para Francisco Nunes, diretor da FW Tecnologia, o evento atraiu muitos visitantes profissionais bem focados, realmente interessados e precisando de soluções. “Isso permitiu que fizéssemos muitos contatos aqui, com clientes que já vieram ao evento determinados, sabendo o que precisavam e onde buscar as soluções”, diz, acrescentando que o mercado está otimista – mesmo com algumas dificuldades e contratempos – desde o ano passado. “Os investimentos em máquinas e equipamentos cresceram no ano passado e se mantêm”.

A fabricante de ferramentas de furação AMEC também esteve presente ao evento, em parceria com o seu distribuidor Wolf. Deivid Raniere, gerente da filial brasileira, também notou um público muito interessado, tanto que estabeleceu vários contatos com visitas marcadas e, inclusive, com a concretização de alguns negócios. No evento a empresa apresentou a T-A Pro drilling system, para furação profunda, mais rápida e produtiva que as versões anteriores, com modelos de 11 a 47 mm e comprimento de furo até 15 x D.

EVENTO REGIONAL?

Segundo Rogério Moraes, diretor da Blum-Novotest do Brasil, as indústrias estão motivadas a procurar novas soluções que possibilitem a otimização do tempo de produção, redução de tempo de set-up, aumento das margens, e isso se confirmou no evento da Bener, com muitas consultas, cotações, contatos. “Fechamos negócios aqui”, comemora, lembrando que já não se trata de um evento regional, pois recebeu clientes de outras regiões do Estado, como Araraquara e São Carlos.

Eder Callejon, vendedor Técnico da Dormer Pramet, concorda com Moraes sobre a abrangência do evento. Aliás, diz ter recebido clientes de outros estados, de cidades como Curitiba e Joinville. “O evento acabou atraindo clientes de outros estados, que estão em busca de novos produtos e novas tecnologias”, diz. “O evento teve um movimento bem maior que os anteriores, com visitantes muito interessados e objetivos. Estabelecemos vários contatos aqui para trabalhar tecnicamente”.

Para Adalberto Moraes, diretor Comercial da MachSystem, fabricante de sistemas de alta pressão e coletores de névoa, o mercado está bom e poderia estar melhor, não fosse o aumento dos prazos de entrega de máquinas e equipamentos, isto por vários motivos, desde falta de componentes até a alta na demanda. “Temos crescido nos últimos cinco anos e vamos crescer também em 2022. Aliás, este deve ser um melhores anos em vendas e faturamento da MachSystem em vendas e faturamento e os projetos que temos conhecimento e nos quais estamos trabalhando, já nos garantem no mínimo um 2023 igual a este ano”.

CLIMA DE NEGÓCIOS

Organizador do X Encontro, Ricardo Lerner, diretor Comercial da Bener, se mostrava muito satisfeito com os resultados do evento. Seja pelo número de expositores, 72 (quase o dobro do evento anterior), quanto pela visitação, que se aproximou de mil pessoas (foram 1.500 inscritos). “Os expositores estão contentes, todos fechando negócios. Nós fechamos negócios aqui. Vieram muitos clientes novos e está perceptível aqui o clima de negócios”, observa, acrescentando que o formato da feira torna as visitas mais produtivas e eficientes, permitindo que os visitantes entrem em contato com vários fornecedores num curto espaço de tempo.

Em sua opinião, o mercado está bom. “Se por um lado a indústria automotiva ainda sofre os efeitos da falta de componentes, outros setores estão bem ativos, como o agronegócio, e outros que estão se movimentando também, como o ferroviário, o de infraestrutura, de saneamento”.

E acrescenta: “O mercado está embalado, em crescimento. As indústrias estão com pedidos em carteira. A questão é se esse processo terá continuidade em 2023. Mas o clima é de otimismo. Eu diria que 80% estão otimistas e 20% têm algum receio sobre o resultado das eleições para a continuidade dos negócios”, diz. “No que se refere à Bener, registramos bons resultados em todos os meses de 2022 e devemos fechar o ano com crescimento na faixa de 20 a 30%”.

Fonte: Usinagem-Brasil
Seção: Metalurgia
Publicação: 10/10/2022

Preço médio do frete por km aumentou 11% no terceiro trimestre, mas tendência é de queda

De acordo com dados do Índice de Frete Repom (IFR), o preço médio do frete por quilômetro rodado fechou o terceiro trimestre de 2022 com média de R$ 7,87, um acréscimo de 11% em relação ao trimestre anterior. Já em comparação ao mesmo período de 2021, foi registrado um aumento de 56%.

Entre os meses pesquisados deste ano, o valor do frete vem apresentando oscilações entre recuo e altas e, no comparativo entre agosto e setembro, a redução chegou a 4,6%.

O preço médio cauculado pela pesquisa fechou em R$ 7,10. Dentro deste valor, 40,12% corresponde a gastos com combustível; 34,45% sobre a manutenção de caminhões; e 9,57% a impostos. Ainda, o IFR apurou que o percentual de custo de mão de obra do caminhoneiro na composição do preço médio do frete diminuiu de 14,82%, contra 12,12% deste ano.

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"Quando comparamos o cenário atual com 2019, período pré-pandemia, em que o custo de mão de obra do caminhoneiro correspondia a 18% do valor do frete, percebemos que esses profissionais acabam barateando sua mão de obra para continuarem trabalhando. Esses números apontam que as despesas estão pesando cada vez mais no bolso dos caminhoneiros", destaca Vinicios Fernandes, diretor da Repom.

O índice também apurou que, em 2021, 14% da frota de caminhões que circulam nas rodovias do Brasil tinha idade média de até três anos; 29% entre 4 a 10 anos; 43% entre 11 e 20 anos; e 12% com mais de 20 anos.

"Isso significa que a maior parte da frota circulante está envelhecida e que a renovação está acontecendo de forma lenta, um reflexo do aumento do preço dos caminhões e das taxas de juros, o que impulsiona a demanda por manutenção e o consumo de combustível", reforça Fernandes.

Mercadorias e preço do frete

Durante a análise das mercadorias transportadas que mais pesam no preço do frete, o IFR identificou que o valor médio, no segmento do agronegócio, aumentou 65% em 2022 em relação a 2020.

Os dados sobre o tipo de mercadoria com maior custo médio de frete, o milho e a soja são os campeões de variação desde 2016. Se comparado a 2021, neste ano, o frete do milho ficou 67% mais caro, e o da soja 33%.

Já o aço, metal e cimento, tiveram um crescimento de 132% no preço médio do frete por km em relação a 2020. O valor para transporte dos itens como pedras, britas, mástique e cimento aumentou 64% em relação a 2020; e do ferro, cobre e aço, 47%.

Preços de frete seguem tendência de queda nos estados

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou nesta sexta-feira a edição de setembro do Boletim Logístico, que traz como um dos destaques a queda nos preços de frete para a maioria dos estados, conforme pesquisa realizada para as principais rotas de escoamento de grãos no país.

De acordo com o Boletim, o estado de Mato Grosso apresentou uma considerável queda nas demandas após o encerramento do período de colheita em agosto. Já em Mato Grosso do Sul, o mercado de fretes apresentou estabilidade, sustentado pela movimentação do milho segunda safra.

Para Goiás, em agosto, o escoamento de grãos por via rodoviária ficou abaixo do esperado por parte das transportadoras em razão da redução estadual nos volumes embarcados para exportação. No Distrito Federal, os fretes rodoviários também apresentaram recuo na maioria das rotas pesquisadas. A queda nos preços dos combustíveis e a finalização da colheita do milho segunda safra resultaram na redução dos preços praticados.

No Paraná, a comercialização de milho para exportação segue paralisada, devido ao direcionamento dos grãos para o uso regional. Na Bahia, os fretes em agosto apresentaram tendência de queda ou estabilidade, sinalizando o efeito da redução do valor do combustível e redução da demanda por transporte dos produtos agrícolas. Em relação aos fretes no Piauí, as variações observadas se dão em decorrência das condições das estradas, especialmente nos períodos de chuva, e, também, das reduções nos preços dos combustíveis.


* Com agências de notícias (Monitor Mercantil e Giro Marília)

Fonte: Infomet
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 10/10/2022

 

Minério sobe com espera de reabastecimento de usinas na China

O minério de ferro avançou, com expectativas de que algumas siderúrgicas chinesas vão se reabastecer da matéria-prima após o feriado de uma semana.

Os futuros em Singapura saltaram quase 4%, para até US$ 97,40 a tonelada, depois de quatro semanas de queda em meio a uma desaceleração prolongada da demanda.

Os investidores buscam qualquer sinal de que as medidas de estímulo chinesas estão surtindo efeito, antes do importante congresso nacional do Partido Comunista, que começa em 16 de outubro.

“Os estoques estão baixos e as usinas normalmente realizam um reabastecimento na primeira semana após o feriado do Dia Nacional”, disse a Holly Futures em nota.

Na segunda-feira, os mercados na China abriram para o primeiro dia de negociações deste mês.

Investidores mais otimistas esperam que um fluxo recente de apoio financeiro ajudará a fortalecer a economia chinesa ainda em dificuldades.

Mas o clima permanece cauteloso antes da reunião do Partido em Pequim, que será monitorada para sinais de mudanças nas políticas de Covid Zero ou do setor imobiliário.

Enquanto isso, do lado da oferta, os embarques dos principais produtores globais de minério de ferro devem encolher 4,7% no último trimestre em relação ao ano anterior, de acordo com a Sanford C. Bernstein.

Fonte: Money Times
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 10/10/2022

Como fazer ferro sem emissões em temperaturas mais frias que o café

Sandeep Nijhawan trouxe quatro ideias de negócios, cada uma abordando o aumento das temperaturas globais, para sua reunião de março de 2020 com um investidor da Breakthrough Energy Ventures, fundada por Bill Gates. Recém-saído da fundação de duas startups – uma de hidrogênio, outra de baterias – Nijhawan tinha apenas sete slides para mostrar. O primeiro passo em seu baralho foi fazer ferro sem carvão, calor intenso ou emissões, alimentado apenas por eletricidade renovável.

“Deixe-me interrompê-lo ali mesmo”, disse a ele o investidor da BEV, Dave Danielson. “Se você pudesse fazer isso, então é o que eu faria. Não quero ouvir as próximas três ideias.”

O ferro, é claro, compõe 98% da substância do aço, o material onipresente que construiu o mundo moderno. Em fornos aquecidos por carvão a mais de 1400°C, o carbono do carvão combina-se com o oxigênio do minério de ferro para separar impurezas e átomos de oxigênio indesejados, liberando grandes quantidades de dióxido de carbono.

O ferro depois passa por uma série de etapas para ser transformado em aço, mas a etapa de criação do ferro responde por 90% do gás de efeito estufa gerado. A produção de aço é responsável por 7% das emissões de gases de efeito estufa lançadas no ar a cada ano – mais do que o impacto climático do transporte marítimo e da aviação juntos. Produzir ferro em temperaturas mornas e sem carvão pularia a etapa mais pesada em emissões sem depender de tecnologias caras.

É por isso que a ideia de Nijhawan chamou a atenção de Danielson: o aço verde acessível é um grande negócio e pode atrapalhar uma indústria que gera mais de US$ 870 bilhões em receitas a cada ano. Com a luz verde para seguir em frente e US$ 2,25 milhões da BEV e outros investidores, Nijhawan iniciou a Electra – em modo furtivo – para fazer exatamente isso.

Estereotipado para uma startup, a Electra começou seus experimentos em uma garagem. O ex-colega de Nijhawan, Quoc Pham, ingressou como diretor de tecnologia. Seu primeiro trabalho foi descobrir se é possível dissolver minério de ferro em água misturada com ácido.

O fracasso veio em semanas. “Tenho más notícias para você”, disse Pham a Nijhawan. “Esta pode ser a startup mais curta da minha vida.”

A primeira ideia de Sandeep Nijhawan foi fazer ferro livre de emissões

Para entender o que deu errado, vejamos as três maneiras conhecidas pelas quais você pode reduzir as emissões da siderurgia.

Primeiro, capture as emissões geradas pelo processo e enterre-as no subsolo. A primeira usina desse tipo foi construída em 2016 nos Emirados Árabes Unidos, mas graças ao custo inicial da tecnologia de captura de carbono, nenhuma foi construída desde então.

Segundo, use o hidrogênio como substituto do carvão. O primeiro carregamento de aço feito com hidrogênio foi produzido no ano passado, mas os volumes comerciais não estarão disponíveis até 2026. E como o hidrogênio produzido a partir de eletricidade renovável ainda é mais caro que o carvão, as empresas são obrigadas a usar minério de ferro de alta qualidade, que não há muito disso.

“O mundo está ficando sem minérios de alta qualidade disponíveis para a produção de aço”, diz Nijhawan.

Terceiro, use eletricidade. Metais como alumínio, cobre e zinco são feitos usando eletricidade – reconhecidamente, em quantidades muito menores que o ferro. Até que a eletricidade se tornasse barata, não era econômico pensar em aplicá-la à produção de ferro.

Uma vez que você tenha um processo funcionando em temperaturas de metal fundido, ele deve funcionar 24 horas e 365 dias. Se parar, o minério se solidifica e novas cubas precisam ser instaladas

No entanto, você não pode passar eletricidade através de minério de ferro sólido. Uma solução é derretê-lo. Foi isso que a Boston Metal Co, uma startup fundada em 2012, fez. Nos últimos 10 anos, vem aperfeiçoando e ampliando a tecnologia, que funciona aquecendo o minério de ferro a 1400C usando eletricidade suficiente para abastecer milhares de casas e concentrando-a em uma caixa de metal não muito maior que uma lixeira.

Concentrar tanta eletricidade em uma área tão pequena deve ser feito usando materiais especiais. A Boston Metal pode conseguir isso usando carbono como eletrodo – um equipamento que permite que a energia flua sem derreter – mas que também gera dióxido de carbono, anulando o propósito de usar eletricidade verde. A Boston Metal encontrou um material alternativo feito de ferro e cromo, mas até agora só funciona em escala piloto.

Nijhawan não queria derreter nada. Uma vez que você tenha um processo funcionando em temperaturas de metal fundido, ele deve funcionar 24 horas e 365 dias. Se parar, o minério se solidifica e novas cubas precisam ser instaladas, causando meses de atraso. Portanto, o processo tinha que ser “benigno do ponto de vista da temperatura”, diz ele – nada mais quente do que a temperatura em que “o café é preparado”. Isso permitiria um início e uma parada fáceis e possibilitaria contar com energias renováveis ??intermitentes. Mas fazer o processo funcionar a uma temperatura tão baixa exigia que Pham dissolvesse o minério de ferro em água misturada com ácido.

“Meu discurso para todos [the investors] foi: ‘Olha, eu não sei se isso pode ser feito. Eu pensei sobre o problema e perguntei aos especialistas. Acho que há um caminho viável”, diz Nijhawan. “Tudo o que preciso é de menos de 10 pessoas e talvez um ano ou ano e meio para levar isso ao chão.”

A etapa de produção de ferro da siderurgia é responsável por 90% do gás de efeito estufa gerado

Ele não teve que esperar tanto tempo. Pham voltou à prancheta, leu literatura científica e consultou especialistas, incluindo Dan Steingart, professor de metalurgia química da Universidade de Columbia. Depois de semanas tentando novos experimentos, ele encontrou uma solução bem-sucedida.

A Electra está agora saindo do modo furtivo e se recusa a divulgar publicamente seu processo exato. No entanto, Nijhawan e Pham compartilharam detalhes suficientes para especialistas independentes confirmarem que o que a empresa afirma fazer é tecnologicamente viável.

“A Electra conseguiu realizar uma difícil conversão de óxido de ferro para ferro usando apenas eletricidade em temperaturas tão baixas”, diz Venkat Viswanathan, professor associado da Carnegie Mellon University. “Os passos que eles dão enganam o ferro para estar no estado certo.”

Um tour pelas instalações da empresa no Colorado também destaca seu progresso. Não há forno a carvão ou metal fundido, e demonstrações de laboratório mostram como o minério de ferro pode ser dissolvido. Depois que o processo elétrico é executado, a Electra produz chapas do tamanho de papel de escritório com uma espessa camada de ferro metálico sobre elas – cinza prateado na aparência e surpreendentemente pesadas.

O sucesso desses experimentos ajudou a Electra a levantar US$ 85 milhões no total da BEV, da gigante de mineração BHP Group, do fundo de Cingapura Temasek Holdings, da Amazon Inc e de alguns outros investidores. Agora é só escalar a tecnologia.

Transformar minério de ferro em ferro é uma indústria de US$ 870 bilhões

A Electra está prometendo construir uma instalação no próximo ano que terá várias placas de ferro de tamanho comercial; alguns anos depois, planeja fabricar milhares de chapas em uma fábrica maior. Com a gigante siderúrgica sueca SSAB com o objetivo de produzir quantidades comerciais de aço sem carbono até 2026 e a Boston Metal prometendo produzir ferro sem emissões até 2026, a corrida está oficialmente iniciada.

Uma planta comercial de tamanho normal da Electra seria muito menor do que as siderúrgicas convencionais, que podem gerar 2 milhões de toneladas métricas de aço por ano, custam mais de US$ 1 bilhão e são tão grandes que cidades inteiras surgem ao redor delas. A Electra procurará construir usinas que produzam apenas 300.000 toneladas de aço por ano, um tamanho que permitiria que a startup se posicionasse perto dos fornos elétricos a arco existentes. Esses fornos pegam a sucata de aço e a reciclam, e também podem usar o ferro que a Electra produz e ajustar o processo para adicionar mais ferro virgem do que sucata.

Outra vantagem poderia ser a localização das usinas da Electra próximas às minas de minério de ferro, que normalmente estão localizadas longe dos centros urbanos e perto de terrenos onde a energia renovável pode ser construída. As plantas da Electra podem então processar minério em ferro no local enquanto se livram de todas as impurezas, reduzindo drasticamente o volume de material que precisa ser transportado para uma planta siderúrgica e reduzindo ainda mais os custos.

Pode até ser a primeira aplicação comercial da Electra. Ao criar um processo para dissolver o minério de ferro, a empresa também conseguiu remover as impurezas com muito mais facilidade do que a siderurgia convencional: em temperaturas mais baixas, as impurezas não reagem quimicamente como em um forno a 1600C. O mundo está sentado em bilhões de toneladas de minério de ferro de baixo teor. Pode ser possível para a Electra construir fábricas próximas a essas minas e tornar as operações existentes economicamente viáveis.

“Fazer ou morrer em uma startup é real”, diz Nijhawan. “Você não tem 10 anos para desenvolver uma nova ciência. Você tem que estar nessa panela de pressão, para ser honesto com você, em vez de ter tempo e recursos infinitos disponíveis para ver o que pode ser feito de uma maneira diferente.”

Fonte: G7 News
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 10/10/2022