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“Imposto do Pecado” sobre carros elétricos põe governo e montadoras em rota de colisão

A defesa, feita pelo governo federal, da possibilidade de o chamado “imposto do pecado” (o Imposto Seletivo da reforma tributária) incidir sobre carros elétricos gerou críticas por parte de montadoras. A divergência vem após “lua de mel” entre os lados, que teve lançamento de programa automotivo e anúncio de investimentos recordes do setor no país.

Uma das principais vozes contrárias à tributação de elétricos pelo “imposto do pecado”, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) indica que incluir os automóveis na lista do Seletivo vai levar prejuízos à saúde e ao meio ambiente — cenário inverso do almejado pelo novo tributo.

Segundo a associação, ao restringir o acesso dos consumidores aos carros novos, o governo vai atrasar a renovação da frota brasileira. Assim vão se mantar por mais tempo nas ruas os veículos antigos, que são mais poluentes e menos seguros. Dados do setor mostram que um carro dos anos 2000 polui 20 vezes mais que um atual.

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) defende a inclusão dos elétricos entre os tributados — junto de híbridos e à combustão — observando que o Mover implementa a medição de carbono “do poço à roda”, que leva em consideração todas as emissões da produção, desde a extração e processamento mineral à queima de cada combustível.

Apesar de não emitirem com uso de combustíveis, os puramente elétricos deixam pegada na fabricação e recarga de baterias. Para produzi-las é necessário lítio, níquel, alumínio, entre outras substâncias, cuja mineração exige do meio ambiente, com emissão de carbono e geração de rejeitos.

“O Mdic não define uma rota tecnológica dominante, mas constrói uma política que, a partir de critérios definidos para todos os tipos de veículos e uma alíquota padrão, gerem bônus ou imposto extra”, diz um material veiculado anteriormente pela pasta.

A chinesa BYD, que também se posicionou duramente contra a possibilidade, reforça que a matriz energética limpa do país reduz ainda mais a emissão na produção de carros elétricos e dá ao Brasil “oportunidade de ser protagonista” na área. A montadora indica que, para este fim, são necessárias “políticas públicas do governo”.

À CNN, o secretário de desenvolvimento industrial, Uallace Moreira argumentou que a incidência do Imposto Seletivo não aumentará a carga de impostos sobre estes veículos. Isso porque conforme se iniciar a cobrança IS as alíquotas do IPI Verde serão transferidas ao novo tributo.

Criado pelo Mover (novo programa automotivo), o IPI Verde vai estabelecer um sistema de “recompensa e penalização” aos veículos, mas ainda precisa ter suas regras regulamentadas. Na prática, vão pagar mais imposto os carros que resultam em maior emissão de carbono. Em casos pode haver, inclusive, isenção.

“Haverá com o IPI Verde um escalonamento tributário com o objetivo de promover o estímulo às rotas tecnológicas que descarbonizem. O Imposto Seletivo vai refletir essas regras do IPI Verde”, disse o representante.

Fonte: CNN
Seção: Automobilística & Autopeças
Publicação: 01/07/2024

 

RS tem que ser tratado como o Brasil foi na pandemia, diz CEO de construtora gaúcha

Para o diretor-presidente da incorporadora gaúcha Melnick, apesar da situação catastrófica no Rio Grande do Sul com as enchentes, a complexidade na reconstrução do estado é menor, se comparada ao de desastres climáticos causados por furacão ou terremoto.

Em entrevista à Folha, Leandro Melnick cobrou medidas concretas do governo federal, e estimou que, se houver um plano objetivo de reconstrução nos próximos 60 dias, será possível melhorar razoavelmente a situação da região em cerca de seis meses.

"O ponto um pouco mais objetivo da parte de obras, que aí conecta com a nossa empresa, é que não parecem tão complexas", diz. "Isso me traz esperança. E em ações importantes, eu acho que o governo federal tem ferramentas, como na distribuição de auxílio, as famosas bolsas, e nas isenções fiscais", completa.

Para o executivo, a tragédia do sul pode mudar as estratégias de negócios da Melnick. Voltada prioritariamente para moradia de média e alta renda, a empresa pode se reposicionar no mercado em outros segmentos, como o do Minha Casa, Minha Vida. Confira outros trechos da entrevista.

O senhor é do setor de construção civil e atua no Rio Grande do Sul, então, tem propriedade para falar da perspectiva de reconstrução. O que deve ser das cidades do sul daqui para frente?

Estamos em um momento de grande incerteza. Normalmente esses movimentos, como o que aconteceu no Rio Grande do Sul e que ocorrem em outros lugares do mundo, são um momento de disruptura. Essa disruptura pode ser negativa ou positiva.

O Rio Grande do Sul foi atingido de uma forma muito violenta e a gente vai depender muito da condição prática da implementação de algumas contribuições, principalmente do governo federal. São obras que necessitam de um orçamento significativo. Como a gente sabe, o estado do Rio Grande do Sul vinha se recuperando de um problema fiscal muito sério.

Então, como o país vai se mobilizar através de ações do governo federal, sendo isenção fiscal, sendo apoios por um plano de reconstrução do Rio Grande do Sul, isso, na minha opinião, é que vai responder tua pergunta. Então, tem uma incógnita na resposta.

Na sua visão, o governo federal é o maior responsável por essa reconstrução?

Nós vivemos em um país que há cem anos tem ineficiências históricas, estruturantes, e temos que —em vez de gastar nossa energia numa caça às bruxas que não vai levar a nada— usar nossa energia para efetivar as medidas que liberem o orçamento necessário para essas obras. Até porque elas são caras, mas não são inviáveis.

Percebemos uma mobilização muito grande da sociedade, do setor privado, dos governos federal e estadual e até de outros países. Acho que o esforço é de conseguir transformar essa vontade de contribuir em algo concreto. Eu vejo hoje um ambiente favorável para essa contribuição de fato acontecer.

O ponto um pouco mais objetivo no que se refere às obras, que conecta com a nossa empresa, é que não parecem tão complexas. Se fosse, por exemplo, uma catástrofe como um terremoto ou um furacão, seria muito mais complexo. Isso me traz esperança.

E em ações muito importantes, eu acho que o governo federal tem ferramentas, como na distribuição de auxílio, as famosas bolsas, e nas isenções fiscais. O estado precisa ser tratado como o Brasil foi tratado na época da Covid, como estado de emergência.

Acha possível estimar o tempo de reconstrução?

Acho possível. Tenho que dividir em etapas. Nós temos a reconstrução das casas atingidas. Nesse ponto, o governo federal tem total condição de ajudar com auxílio de moradia. Porque não foi um terremoto, então, abaixo do nível da água, as casas estão lá. O problema é que ninguém se sente bem morando em lugar inseguro. Então, acho que o que a gente precisa é de um plano de remoção das pessoas que habitam regiões de risco. Mas como as condições de construção são casas e prédios, não é complexo de ser feito.

Acho que, com um plano aprovado nos próximos meses para financiar esse tipo de situação, em um tempo médio se tem a recuperação. As obras de mitigação de novos eventos climáticos também não são complexas. São diques, casas de bombas, não são obras de alta complexidade.

Mas é fundamental liberar verba de forma emergencial, que é um dinheiro que o país tem. A gente vê que qualquer ajuste salarial de alguma classe são R$ 10 bilhões, R$ 20 bilhões [de gasto para os cofres públicos]. E não estamos falando aqui de R$ 1 trilhão, estamos falando de obras de R$ 20 bilhões, R$ 40 bilhões para garantir uma situação fundamental ao ser humano, que é a confiança de que ele não vive em um lugar de risco.

E o que seria esse tempo médio da reconstrução?

A gente precisa ter um projeto aprovado entre 30 a 60 dias de injeção de capital na economia através da isenção fiscal, de reconstrução das obras que foram atingidas e da estrutura de resguardo a novas enchentes. E a sociedade precisa entender que o estado não vai quebrar. Não pode deixar a estrutura parar, ela não pode entrar em colapso.

Por isso, eu acredito que é emergencial ter a promoção de coisas absolutamente concretas que tragam uma esperança para que eu possa te dizer, numa próxima entrevista, que acho que em seis meses vai estar bom.

O senhor acha que a tragédia no sul pode afetar o balanço da Melnick nos próximos trimestres?

Sim. Danos objetivos a gente praticamente não teve, exatamente porque a gente atua mais na média e alta renda, em zonas menos alagadas. Tivemos duas obras levemente atingidas que estavam na fase de estrutura.

Em relação ao balanço, no viés econômico, se não tiver um problema maior estrutural no estado, o impacto é pequeno. Porque a gente tem um produto que não é perecível. Se a gente fica um mês sem vender imóvel de média e alta renda, esse produto vai ser vendido nos meses seguintes, porque a população precisa continuar procurando apartamento. Então, economicamente, em uma visão de temporalidade um pouco mais extensa, de dois anos, o impacto é quase irrelevante.

No trimestre, é diferente. Tem duas coisas que impactam no setor: uma é a parte comercial, porque a gente teve quase que uma paralisação das vendas por 40 dias; e a outra é o lucro contábil, que depende das obras. A gente reconhece o lucro com o andamento das obras. Então, vamos ter, certamente, um impacto em torno de 90 dias.

A calamidade pode mudar algo na estratégia da empresa?

Pode ter um impacto, sim. Mas tenho que te explicar um pouquinho da estratégia da empresa. A Melnick abriu capital mais ou menos há três anos. Logo naquele momento, dentro da pandemia, os juros estavam em 3% e parecia que ia ter juros baixos por bastante tempo.

Quando teve a abertura de capital, os juros subiram muito rapidamente. Veio uma reversão macroeconômica violenta. Como eu já estou nesse mundo de empresa aberta há um tempo no conselho da Even, com experiência desde 2008, eu falei que o mundo mudou, e que nós não iríamos implementar o plano de crescimento da empresa, porque o ambiente era outro.

Isso fez, como consequência, com que a Melnick estivesse hoje com 100% do valor capitado no IPO [oferta pública inicial, na sigla em inglês] dentro do caixa da empresa. Resolvemos não expandir nesses últimos três anos devido às incertezas: juros altos, todas as guerras e a questão política extremada no ambiente nacional. Por isso a Melnick enfrenta hoje uma crise numa situação econômica privilegiada, extremamente capitalizada, sem dívida nenhuma e com espaço para crescer.

Agora, estamos olhando alternativas de crescimento. E essa alternativa está prioritariamente no Rio Grande do Sul, com um olhar um pouco mais distante nos outros estados da região —Santa Catarina e Paraná— e em outros produtos do mercado imobiliário.Com o impacto das enchentes, nós estamos analisando como as coisas vão se acomodar para ver onde que vamos nos posicionar.

Então, a expansão seria não só de estado, mas de segmento?

A gente já vem atuando devagarinho no programa Minha Casa, Minha Vida há alguns anos. O nosso plano é atuar no volume, e talvez o volume para esse segmento se intensifique. Vamos fazer uma análise de onde colocar a nossa atuação dentro do novo cenário no sul.

Hoje, qual a principal área de atuação da Melnick?

Hoje é residencial, média e alta renda, em Porto Alegre. A gente tem uma outra divisão que é uma urbanizadora, que já foi para dez cidades. Temos uma atuação menor no segmento econômico e estamos agora tendo uma grande reflexão sobre uma expansão.

E dentro da média e alta renda, qual o principal perfil de consumidor?

Como a gente tem uma característica de ser uma empresa muito horizontal, ou seja, muito grande mas em uma geografia pequena, temos quase todos os perfis de público. Temos uma linha chamada GO, que é para o jovem, o primeiro imóvel do jovem de média e alta renda.

A origem da empresa é um altíssimo padrão, que são apartamentos de 500 m?2;, 800 m?2;. Nós atuamos também no segmento de média renda, com apartamentos de R$ 700 mil a R$ 1,5 milhão. É uma atuação muito ampla.

RAIO-X

Leandro Melnick, 47
Graduado em engenharia civil pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) com pós-graduação em gestão empresarial na Fundação Getúlio Vargas. Iniciou sua atuação na Melnick em 1996. Entre 2010 e 2019, foi diretor-presidente da companhia, retornando ao comando recentemente

Fonte: Folha de São Paulo
Seção: Construção, Obras & Infraestrutura
Publicação: 01/07/2024

 

Pequenas propriedades são mais de 70% da produção de soja no Brasil

De acordo com um levantamento da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), mais de 73% dos estabelecimentos agropecuários que produzem soja no Brasil possuem menos de 50 hectares. Esses dados, extraídos do Censo Agropecuário de 2017.

Segundo Alexandre Nepomuceno, chefe-geral da Embrapa Soja, “são pequenos agricultores familiares que têm na cultura do grão boa parte da sua renda”.

Ele afirma que os dados mostram que o grão é uma “cultura democrática”, quando se observa o tamanho das propriedades em que se semeia o grão. Portanto, “desmistifica” a visão de que somente se usa a soja por grandes proprietários de terras.

Estudo sobre produtores de soja em evento da Embrapa

O estudo “Características principais dos estabelecimentos agropecuários produtores de soja no Brasil segundo estratos de área colhida” foi apresentado na Reunião de Pesquisa de Soja, realizada pela Embrapa Soja, nesta semana, em Londrina (PR).

A publicação, de autoria do pesquisador André Steffens Moraes, detalha as características dos estabelecimentos conforme a área colhida.

Steffens Moraes identifica que 83% dos 236 mil estabelecimentos produtores de soja estão na Região Sul do Brasil.

No Rio Grande do Sul, 81% das propriedades têm menos de 50 hectares (77 mil propriedades); no Paraná são 79% (65 mil propriedades); e em Santa Catarina, 87% (15 mil propriedades).

As regiões Centro-Oeste e Sudeste têm cerca de 4% dos pequenos estabelecimentos cada uma, enquanto Norte e Nordeste têm menos de 1% cada uma.

Concentração de produtores no Brasil

As regiões Sul, Centro-Oeste e Sudeste concentram aproximadamente 98% das propriedades produtoras do grão no Brasil.

Antes das enchentes no Rio Grande do Sul, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) previa para a safra 2023/2024 uma produção de 22 milhões de toneladas de soja no Rio Grande do Sul e 18 milhões no Paraná.

Esses Estados, os segundo e terceiro maiores produtores, são responsáveis por cerca de 30% da produção nacional de soja.

Steffens Moraes destaca que “grande parte dos brasileiros desconhece que maioria da produção de soja ocorre em pequenas propriedades rurais, principalmente na Região Sul”.

Uso de tecnologias avançadas em propriedades de soja

O estudo de Steffens Moraes também revela que tanto grandes quanto pequenas propriedades aplicam tecnologias avançadas.

Entre elas estão o uso de insumos de alta qualidade, como sementes transgênicas, adubos e corretivos, assim como a utilização de maquinário e de armazéns para grãos.

Importância econômica

Na safra 2022/2023, o Brasil produziu mais de 150 milhões de toneladas de soja, mantendo-se líder mundial, seguido dos Estados Unidos e da Argentina.

Atualmente, cultiva-se soja em 20 Estados e no Distrito Federal, com Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Paraná e Goiás como principais produtores.

“A cultura da soja é responsável diretamente por aproximadamente 6% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e por cerca de 25% do PIB do agronegócio, além de gerar mais de 2,2 milhões de empregos”, afirma Nepomuceno.

Fonte: Revista Oeste
Seção: Agro, Máquinas & Equipamentos
Publicação: 28/06/2024

 

Maringá implanta usina que transforma restos da construção civil em material reutilizável

Começa a funcionar no segundo semestre deste ano, junto à Pedreira Municipal, a Usina de Reutilização de Resíduos da Construção e Demolição, que vai transformar entulhos em materiais para manutenção de estradas rurais e em pó de pedra que servirá para a produção de tampas de bueiros, bocas-de-lobo, meio-fio e manilhas. O aproveitamento de agregados da construção civil reduz os impactos provenientes da exploração de minerais e dá uma destinação nobre e inteligente aos restos da construção civil.

A expectativa é de que por meio do complexo, a Prefeitura reduzirá gastos com destinação correta de resíduos e aquisição de materiais.

A usina foi idealizada pela Secretaria de Infraestrutura e será construída em uma área da Pedreira Municipal. Nesta quarta-feira, 26, engenheiros da empresa vencedora da licitação para construção da usina realizaram visita técnica na Pedreira Municipal. A equipe realizou medições do espaço e definiu o local das máquinas para iniciar o processo de implantação do complexo.

“A recuperação de resíduos de construção civil representa o nosso compromisso com a eficiência e otimização dos recursos públicos. Além da economia, a solução é totalmente sustentável e representa uma ação extremamente importante para eliminarmos o descarte irregular”, afirmou o prefeito Ulisses Maia (PSD). Ele também destacou que, além de inovadora e sustentável, a iniciativa representa mais investimentos para melhorias na região rural e toda a infraestrutura urbana da cidade.

Inicialmente, a usina vai recuperar resíduos de construção civil gerados pelo próprio município a partir de reformas de prédios públicos, praças, calçadas e outros locais. Posteriormente, a comunidade também poderá destinar materiais para a usina por meio do Ecorreto, o ecoponto idealizado pelo Instituto Ambiental de Maringá (IAM). O projeto Ecorreto consiste na instalação de Pontos de Entrega Voluntária (PEVs), espaços fechados com containers e segurança e que receberão determinada quantidade de resíduos de construção civil, além de inservíveis, resíduos de jardinagens de origem doméstica e outros. O primeiro PEV está em processo de licitação e será instalado no Jardim Madrid.

 

A secretária de Infraestrutura, Maria Lígia Guedes, explica que os materiais transformados na Usina de Reutilização de Resíduos de Construção e Demolição serão fundamentais para a recuperação de estradas rurais e vias urbanas. “São mais de 350 km apenas de estradas rurais em Maringá e todos os resíduos serão processados na usina para a manutenção das vias. Com isso, além de economizar com o alto custo da destinação correta, vamos garantir um novo tipo de pavimento ecológico e facilitar o deslocamento na região rural”, disse.

As estradas rurais Hiller e Paquito serão as primeiras recuperadas com o novo tipo de material sustentável.

Fonte: O Maringá
Seção: Construção, Obras & Infraestrutura
Publicação: 28/06/2024

 

Camex aprova mandato negociador para acordo Mercosul-Emirados Árabes Unidos

O Conselho Estratégico da Câmara de Comércio Exterior aprovou o mandato negociador para negociação de Acordo de Livre Comércio entre o Mercosul e os Emirados Árabes Unidos, abrangendo temas tarifários e outros temas relacionados a comércio.

A resolução, assinada pelo vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento. Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta terça-feira, 25.

Fonte: MSN
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 26/06/2024

 

Metais & Mineração | Direto do Alto-forno – Análise da Genial Investimentos

presentamos a primeira edição do nosso relatório semanal do setor de Metais & Mineração, começando a partir da semana no 4 do mês de junho de 2024, baseados em dados realizados ao longo da semana anterior a da publicação, que no caso contempla o período de 17 a 21 de junho. A partir desse momento, continuaremos a atualizar o mercado sobre indicadores importantes para o monitoramento dos fundamentos de oferta e demanda de aço na China e por consequência, do minério de ferro no sistema transoceânico.

Estamos trabalhando também na base de dados para alguns indicadores referente ao mercado brasileiro de aço. Ao longo das próximas atualizações semanais, moldaremos o relatório para entregar uma análise cada vez mais precisa dos dados que consideramos primordiais para investidores acompanharem e que correspondem aos fundamentos das companhias do setor que estão sob nossa cobertura (Vale, CMIN, Gerdau, CSN e Usiminas). A tendência é ao longo das próximas edições semanais o relatório ir ganhando corpo e massa crítica, à medida que iremos adicionar novas seções complementares a essas que já estão contidas na primeira edição .  

O formato do relatório está sendo concebido para trechos relativamente curtos em texto, com conclusões e seções individuais de “Nossa visão”, e com diversos estímulos  visuais, através de gráficos e tabelas. Nossa intenção é realizar um acompanhamento semanal desses gráficos e tabelas, a depender dos dados disponíveis (há dados que são mensais e não semanais). Para o capítulo de China, separamos as seções em (i) Macroeconomia; (ii) Atualizações políticas e sentimento de mercado; (iii) Mercado imobiliário; (iv) Aço e minério de ferro.

China
Macroeconomia

Inflação ainda baixa. Nos parece que a China tem espaço para reduzir as taxas de juros, com o índice de inflação (CPI) ainda anêmico. A leitura de maio (divulgada em 12 de junho) mostrou um avanço de +0,3% a/a (vs. +0,4% do consenso). Já o indicador de preços ao produtor (PPI) amargou uma queda de -1,4% a/a (vs. -2,5% no mês anterior), mostrando uma demanda continuamente fraca para bens de consumo (o setor de serviços ainda ajuda o PPI a não ser tão negativo). Novos dados (CPI e PPI) serão divulgados em 9 de julho, referentes a junho.

Juros sem cortes. Em abril publicamos a nossa estimativa de corte na LPR de 1 para 3,35% e manutenção da LPR de 5 anos em 3,95% no comitê de política monetária em 19 junho. Entretanto, a decisão do PBoC (Banco Central Chinês) foi de manter ambas as taxas de juros de referência estáveis,  com a LPR de 1 ano permanecendo em 3,45%, contrariando a nossa estimativa.

Nossa visão: macroeconomia

Na ocasião, quando havíamos publicado nossa estimativa de corte, defendemos que a nossa visão estava baseada no processo de baixa magnitude de inflação e não do viés econômico, uma vez que o governo parece insistir em limitar a política econômica com uma tendência de forçar a poupança pela ausência de um sistema previdenciário claro. Dessa forma, deixamos a ressalva de que poderíamos errar a nossa estimativa e corte não vier a acontecer.

Ainda assim, tudo indica que o PBoC priorizará a estabilidade de preços na economia e a recuperação moderada do consumo em suas políticas. Conforme já publicamos em demais relatórios setoriais, entendemos que os instrumentos que o PBoC possui ao seu dispor para atingir tais efeitos são:  (i) cortar a taxas de juros (LPR 1 e 5 anos), (ii) diminuir a taxa de compulsório dos bancos comerciais e (iii) outras ferramentas de forma flexível, como pacotes de relaxamento nas medidas restritivas a compras de casas (sem estímulos diretos).

Por que o PBoC não está cortando juros? Avaliamos que embora os dados de inflação sugerem um espaço para cortes de juros, o corte enfrenta restrições internas(estreitamento das margens de juros líquidas dos bancos comerciais) e externas (taxa de câmbio RMB/USD).

Atualizações políticas e sentimento de mercado

Governo oficializa restrição na produção de aço bruto por impacto ambiental. A China planeja estabelecer um sistema inicial de gerenciamento da pegada de carbono até 2027 para medir as emissões de carbono. Até 2027, serão lançados padrões para calcular a pegada de carbono de cerca de 100 produtos importantes, aumentando para 200 até 2030, de acordo com um plano de 5 de junho do Ministério de Ecologia e Meio Ambiente.

Olhando para o curto prazo, na mesma oportunidade o ministério anunciou o “Plano de Ação para Conservação de Energia e Redução de Carbono durante 2024-25”. As medidas incluem a (i) continuidade do controle da produção de aço bruto, que foi destacado para a redução de carbono, visando especificamente o consumo de carvão em setores não energéticos (como a produção de aço). As (ii) fundições domésticas também estão definidas para cortes de energia e carbono.

Semana passada, a World Steel Association (WSA) defendeu que as siderúrgicas chinesas emitam relatórios de Declaração Ambiental de Produto (EPD). Esses relatórios, verificados por terceiros, revelam o impacto ambiental de um produto ou serviço durante todo o seu ciclo de vida, ajudando a construir uma imagem internacional positiva do âmbito ESG para a indústria siderúrgica chinesa, que ainda precisa avançar nesse quesito.

Desde o pico em 2021, a produção de aço bruto da China diminuiu -2,8% a/a, para 1,03Bt em 2021, e -1,64% a/a, para 1,01Bt em 2022, por uma demanda doméstica mais fraca. Em 2023, a produção de aço bruto permaneceu estável. O governo continuará a se concentrar na economia de energia e na redução das emissões de carbono durante o ajuste da produção de aço bruto para se alinhar com as metas de descarbonização do país.

Quanto será o corte na produção de aço em 2024/25? As siderúrgicas de Alto-forno precisam reduzir a produção de aço bruto no intervalo de -21,4Mt a -23,4Mt até o final de 2025 (ou ~2% da produção de 2023) para cumprir o plano de ação de conservação de energia e redução de carbono do país para 2024-2025. O setor siderúrgico deve economizar energia equivalente a 20Mt de carvão e reduzir as emissões de dióxido de carbono em ~53Mt. O plano de ação também exige uma redução no consumo de energia por unidade de produto por meio da rota Alto-forno-forno básico de oxigênio (BF-BOF) em mais de 1% até 2025, em comparação com os níveis de 2023.

 

Espaço fiscal vs. social housing. O Ministério das Finanças da China anunciou que a conclusão final do lote de ¥1 trilhão (~US$138b) em títulos do tesouro para 2024 ocorrerá em novembro. Desde 17 de maio, com a emissão de uma nota de ¥40b (~US$5,5b) de 30 anos, marcando o primeiro lote, o governo chinês vem dando sequência a emissão de títulos do tesouro especiais de ultralongo prazo (20, 30 e 50 anos), para apoiar as principais estratégias nacionais e aumentar a capacidade de segurança em áreas importantes. Esses títulos financiarão iniciativas em 8 setores, um dos quais é a promoção de um novo programa de urbanização, conhecido como social housing.

Nossa visão: atualizações políticas e sentimento de mercado

Argumentamos no final de 2022 que o governo chinês iria estabelecer uma política de controle na produção de aço bruto ainda em 2023. Entretanto, ela só foi oficializada para 2024 (erramos por 1 ano), diante do anúncio do ministério do meio ambiente no início de junho. Nos resguardando das questões de boas práticas ambientais (das quais concordamos), a notícia de corte imposto pelo governo para produção de aço via Alto-forno certamente é prejudicial para o sentimento de mercado.

Embora marque uma redução de apenas ~2% vs. a produção de 2023, ainda assim mostra que o governo possui pouca sensibilidade com relação ao output de produção de aço, que vem decaindo nos últimos anos. Como a restrição visa a redução no consumo de carvão e material energético, a indústria de coque metalúrgico deve sofrer junto com a de aço (como já está acontecendo). No entanto, esperamos que o setor de coque de petróleo possua um impacto mínimo no curto prazo.

Grandes estímulos? Provavelmente não… Destacamos mais uma vez que não estamos considerando grandes estímulos direto por parte do governo chinês, como fortes pacotes para o mercado imobiliário, para além da política de social housing já anunciada ( e amplamente discutida em relatórios setoriais passados). Nos parece que o governo chinês possui o intuito de crescer de maneira mais moderada e sustentável se comparado a última década, e recomendamos os investidores pararem de “olhar no espelho retrovisor” para buscarem respostas sobre o futuro. Os mecanismos de crescimento deverão ser outros daqui em diante, e as taxas, tão logo, menores. Reforçamos nossa estimativa de PIB em 4,8% Genial Est. (abaixo da meta de 5%) para 2024 e projetamos atualmente 4,6% Genial Est. para 2025.

Mercado imobiliário

Afrouxamento na regulação de hipotecas ajuda cidades maiores, mas números do setor não melhoram em cidades menores. Apesar das recentes medidas do governo central para estabilizar o setor, incluindo o anúncio feito em 17 de maio pelo PBoC e pela Administração Nacional de Regulamentação Financeira para (i) abolir as taxas mínimas de hipoteca, (ii) reduzir as taxas mínimas de entrada para hipotecas de moradias comerciais e (iii) reduzir as taxas de empréstimo do fundo de previdência para moradias individuais, os desafios persistem.

 
 
 

Flexibilização 2024 vs. 2023. Acreditamos que é importante comparar os efeitos das recentes medidas de flexibilização com a recuperação de 3 a 4 semanas após a flexibilização das hipotecas de agosto de 2023 para cidades Tier I. As novas medidas surpreenderam os compradores de imóveis, reduzindo a probabilidade de novas expectativas de mais flexibilização. Portanto, nossa análise sugere que o reflexo será de leve melhora nos próximos 3 a 6 meses. O volume de transações em Xangai se recuperou em +70% s/s após as mudanças de política, com as transações primárias de moradias aumentando mais de 100% s/s em comparação com 40-50% para transações secundárias de imóveis, pois os vendedores de casas aumentaram os preços, enquanto as incorporadoras, enfrentando pressão financeira, ofereceram descontos.

Tiro saindo pela culatra para cidades médias e pequenas. Com a flexibilização das restrições à compra de imóveis, acreditamos que os compradores das cidades satélites provavelmente aumentaram marginalmente o interesse por imóveis em cidades Tier I, enfraquecendo a demanda em cidades pequenas e médias (low tier) e diminuindo os preços dos imóveis nelas. Em contrapartida, o anel externo de Xangai, por exemplo, não sofrerá nenhum impacto, enquanto o anel interno de Xangai poderá registrar uma recuperação de preços, especialmente para imóveis secundários. Há uma diferença de preço de 20% entre as moradias primárias e secundárias nas áreas do anel interno, enquanto as áreas do anel externo não apresentam essa diferença.

 
 

A política de troca é vista como menos eficaz. Entendemos que o potencial aumento da procura em grades cidades em detrimento de cidades pequenas e médias devido a flexibilização na regulamentação de hipotecas é menos eficaz porque essa situação já estava correndo antes mesmo das flexibilizações.

Compra de estoque de casas pelos governos locais possui entraves. A política de compra do estoque de casas anunciado pelos governos locais poderia reduzir o estoque do mercado e estabilizar os preços, mas o financiamento é um desafio. Nossa análise sugere que a taxa de comissão de transações secundárias deve permanecer estável, com possíveis aumentos nas taxas de comissão primárias devido ao fato de as incorporadoras com dificuldades financeiras reduzirem os preços ou oferecerem comissões mais altas para liquidar o estoque.

Meses de estoque recuam de maneira suave, apesar do valor ainda muito alto. Acreditamos que as medidas de relaxamento nas políticas relacionadas a hipotecas estão ajudando, de maneira vagarosa, a reduzir o estoque de casas já prontas. Em abril, o número de meses necessários para vender o estoque de moradias nas 80 maiores cidades da China já estava apresentando um recuo para 31,7 vs. 32,1 em março. Esperamos que o indicador de maio e de junho fiquem em ~28 meses, ainda acima dos ~25 meses na comparação a/a.   

 
 

Aço e Minério de Ferro

Período sazonal de chuvas ainda restringe demanda por aço. Na semana de 17 a 21 de junho, os principais preços do aço na China caíram devido à queda sazonal da demanda durante a baixa temporada (temporada de chuvas de final de maio até final de julho reduzem a demanda por aço). Diante de chuvas, o setor de construção civil (infraestrutura + moradias) desacelera, impactando a demanda por aço nos principais segmentos downstream, com exceção da indústria.

Insumos: produção de coque e preços de sucata continuam com dinâmicas fracas.  As taxas de operação em 110 usinas chinesas de lavagem de carvão de coque ficaram em média em 66,57%, o que representa uma baixa de seis semanas, caindo -2,6p.p s/s. Essa queda foi influenciada pela suspensão das operações nas minas de carvão de coque na cidade de Yan’an para monitoramento da segurança. Os fabricantes chineses de coque reduziram a produção durante a semana de 13 a 19 de junho, com uma produção média de 536Kt/dia, uma queda de -1,8Kt/dia s/s. A redução deveu-se, em parte, às margens baixas, levando alguns produtores a reduzirem suas operações. Da mesma forma, os preços da sucata de aço na China continuaram a cair, com o índice nacional composto de preços da sucata de aço em ~US$ 390/t em 21 de junho, uma queda de -0,2p.p s/s.

Minério de ferro: preços futuros estão em contração e ampliam ritmo. Apesar da demanda resiliente e do aperto na oferta, os preços do minério de ferro importado na China permaneceram fracos na semana passada devido ao mercado imobiliário lento e às preocupações com as medidas de controle da produção de aço bruto. O Escritório Nacional de Estatísticas da China (NBS) relatou uma queda anual de -10,1% no financiamento do setor imobiliário de janeiro a maio. Sentimento volta a piorar mesmo com a flexibilização das hipotecas, o que tornou a arrefecer os preços de vencimentos futuros para julho e agosto do minério de ferro 62% Fe.  Apesar da oferta em redução nos portos, ainda assim o nível volta a ficar acima da margem dos últimos 5 anos. Com mais oferta nos portos, o preço no mercado spot também caiu na última semana, chegando a ~US$105/t.

 
 

Minério de Ferro: estoques portuários caem, mas ainda assim oferta passa a ficar maior do que nos últimos 5 anos. Os estoques de minério de ferro importado nos 45 principais portos chineses monitorados caíram ligeiramente entre 14 e 20 de junho. Em 20 de junho, os estoques portuários diminuíram pela segunda semana seguida em -310Kt ou -0.2p.p s/s, atingindo 129,2Mt. Estoque portuário passou a ficar acima do nível dos últimos 5 anos, o que levou a redução do preço do minério de ferro no mercado spot, como já comentamos. Acreditamos que recuperação dos embarques na Austrália nos últimos meses, após um início de ano mais difícil, juntos com bom ano que as mineradoras brasileiras estão tendo em 2024, está gerando esse efeito compensatório de oferta nos portos.

 

Aço: estoque em posse do segmento de distribuição sobe. De 14 a 20 de junho, os estoques dos cinco principais produtos de aço acabados mantidos pelas casas comerciais no segmento de distribuição (varejo) na China aumentaram em 116,7Kt, mais do que o aumento de 88Kt na semana anterior. O clima quente e chuvoso limitou a demanda por aço, conforme já comentamos. Em 20 de junho, os estoques de vergalhões, fio-máquina, bobinas laminadas a quente (HRC), bobinas laminadas a frio e chapas médias em 132 cidades monitoradas aumentaram +0.6p.p s/s, para 21,2Mt.

 
 

Aço: taxa de utilização de Alto-forno volta a subir. A utilização da capacidade do alto-forno (BF) na China aumentou para 89,76% (+0,2p.p s/s). A produção entre as siderúrgicas de alto-forno continuou a subir, já que mais usinas retomaram a operação após a manutenção devido à ligeira recuperação das margens do aço, ocasionadas pela queda no preço do coque metalúrgico. Por outro lado, as usinas de forno elétrico a arco (EAF) na China reduziram a produção novamente na semana passada, depois de um aumento anterior, uma vez que as margens negativas e a fraca demanda de aço reduziram o entusiasmo com a produção.

 
 

Aço: produção de vergalhões cai pela terceira semana consecutiva. A produção de vergalhões na China caiu pela terceira semana consecutiva no período de 13 a 19 de junho, diminuindo -0,8p.p ou 18,8Kt, atingindo uma baixa de 1,5 mês de 2,31Mt, conforme base de dados de ~130 siderúrgicas. A redução ocorreu principalmente no leste e noroeste da China, onde as usinas mudaram para produtos com melhores retornos ou fizeram uma pausa para manutenção, e em Xinjiang devido aos altos níveis de estoque. A taxa de utilização nas usinas para produção de vergalhão ficou em 50,5% (-0,5p.p s/s), refletindo a queda na produção.

 

Aço: produção de HRC também recua, interrompendo ciclo de alta. A produção de bobina laminada a quente (HRC) da China sofreu uma reversão, caindo 2,12%, ou 69,3Kt, para 3,21Mt entre 17 e 21 de junho, depois de atingir o pico de 3,28Mt em dois anos, entre 10 e 14 de junho. Esses dados incluem 37 produtores de aço plano. Já a taxa de utilização nas usinas para HRC, verificamos 81,9% (-1,8p.p s/s) na semana que  fechou em 21 de junho, apresentando um retrocesso no processo de alta da taxa verificado até a semana do dia 14 de junho.

Fonte: Genial Investimentos
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 26/06/2024