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O impacto das chuvas no Rio Grande do Sul na economia pode mudar o rumo da Selic?

A maior tragédia climática do Rio Grande do Sul deve extrapolar o impacto sanitário e social na região e trazer consequências, num segundo momento, para a economia nacional. O estado é um dos principais produtores do setor agropecuário no Brasil, por isso a oferta de itens do dia a dia da mesa do brasileiro está em risco. E isso significa alimentos mais caros chegando às prateleiras dos supermercados por todo o país - se chegarem.

Os efeitos das chuvas torrenciais na produção gaúcha devem exercer pressões inflacionárias relevantes sobre o mercado, o que, em última instância, pode afetar até mesmo o destino da Selic (a taxa básica de juro) neste ano. Isto porque, caso os preços desses alimentos da cesta básica escalem, encarecendo a alimentação do brasileiro, o espaço para corte de juros fica ainda menor.

O foco dos economistas deve se voltar nos próximos meses aos desdobramentos do desastre sobre as culturas regionais para entender em que medida a escassez no sul pode contaminar a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Pela fórmula de reação da política monetária do Banco Central (BC), o IPCA mais alto reduz a margem que a autarquia tem para cortar a Selic neste ano.

Mas cabe uma série de ponderações nesse meio do caminho, inclusive sobre a perenidade e abrangência das consequências desse desastre na economia nacional - perguntas para as quais ninguém tem respostas assertivas ainda.

Mesmo assim, Alexandre Espirito Santo, economista-chefe da Way Investimentos e professor do Ibmec-RJ, ressalta que os efeitos da quebra da safra gaúcha não podem ser desprezados. O estado é responsável por 70% de toda a produção de arroz no país, é ainda um importante produtor de trigo e grande criador de frangos e suínos.

O risco de desabastecimento desses grãos e das carnes é alto, conforme mostrou ontem o último relatório da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), que estima um prejuízo superior a R$ 967 milhões à agricultura do Rio Grande do Sul.

“O Rio Grande do Sul tem uma participação relevante na economia, então esse desastre terá efeito sobre a inflação, sobre o PIB [Produto Interno Bruto] e sobre o fiscal, mesmo que ainda não seja possível precisar a magnitude desse impacto”, afirma Espírito Santo. “Acredito que o anúncio do Copom [Comitê de Política Monetária do BC] desta quarta não será afetado, porque está muito em cima para dimensionar esse quadro, mas com certeza seus desdobramentos serão discutidos.”

O economista-chefe da Way, que aposta no anúncio de um corte de 0,25 ponto percentual hoje na Selic, diz ainda não ter alterado suas projeções para a inflação ou para a taxa básica de juro no fim deste ano em razão da dificuldade de medir as consequências dessa tragédia. “Só que, em algum momento, certamente precisarei revisar meu cenário para a economia”, acrescenta.

Analistas do Goldman Sachs já esperam que a importância do estado na agricultura, em especial a do arroz, provoque revisões altistas no horizonte do mercado para o IPCA.

Beto Saadia, economista e diretor de investimentos da Nomos, acredita que algumas apostas já podem ser ventiladas, mesmo que sejam menos precisas neste momento.

“O mercado ainda está bastante perdido, mas já se fala em alta de 0,1 ponto percentual na inflação, ou seja, o IPCA sairia de uma taxa anualizada de 3,6% para 3,7% no fim de 2024.”

A Tenax Capital entende que a tragédia no Rio Grande do Sul pode fazeruma pressão breve de meio ponto sobre a inflação, mas que adiante será em grande parte dispersada. No fim deste ano, o estresse deste episódio trágico levaria o IPCA possivelmente a um nível 0,1 ponto percentual acima da projeção anterior da casa.

“Antes, nós víamos a inflação anualizada no Brasil em 3,7% em dezembro e agora já estamos inclinados a um IPCA de 3,8% no ano, mas com mais volatilidade”, afirma a economista-chefe da gestora, Débora Nogueira.

Assumidamente mais pessimista que o mercado, Saadia já mudou seu horizonte para IPCA anualizado em 3,9% em dezembro, o que representa uma taxa 0,3 ponto percentual acima da média do mercado.

“A boa notícia no quesito de inflação é que, apesar da alta, trata-se de um tipo de tensão efêmera, que deve se dissipar logo que as cadeias de ofertas se regularizarem. Embora grande parte da colheita de arroz já tenha sido feita, o escoamento será prejudicado, com eventualmente muita mercadoria perdida”, pondera o diretor de investimentos da Nomos.

Para ele, existem outras fontes relevantes de pressão inflacionáriaque não apenas a quebra da produção gaúcha. O desabastecimento de materiais básicos, de bens de primeira necessidade, combustíveis e de energia no estado do Rio Grande do Sul devem reverberar “em outros bens da economia, por isso o impacto [dos desastres na economia nacional] que eu meço é mais pesado do que o resto do mercado espera hoje.”

Pressão fiscal

Um segundo desdobramento econômico do desastre climático que assola o Rio Grande do Sul é o fiscal. “Essa preocupação já começou a transparecer, por isso na última segunda-feira o mercado brasileiro deu uma estressada e o movimento da nossa curva de juros futuros divergiu da curva de juros americana e outros pares”, diz Débora.

O orçamento federal de socorro ao estado, para o qual ainda não há estimativas, deve ser acompanhado de perto. “Entendemos que a destinação entre R$ 12 bilhões e R$ 15 bilhões para o Rio Grande do Sul este ano estão dentro de um cenário que não assustaria o mercado, porque são gastos já mais ou menos embutidos nesse horizonte [das contas públicas]”, avalia a economista-chefe da Tenax Capital.

A questão central para a gestora é no que esses aumentos de gastos podem respingar. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aventou ontem a possibilidade de o Brasil precisar importar arroz e feijão para garantir o abastecimento do mercado e controlar os preços desses alimentos, o que mais tarde se confirmou que de fato irá acontecer.

Todas essas questões em aberto impedem a mensuração mais exata desse impacto fiscal, por isso o mercado ainda não reflete tantos desses fatores em seu cenário para a Selic.

“Ainda não está definido que tipo de ajuda o governo federal dará para a reconstrução de cidades e infraestrutura ou até que ponto. Acredito que os primeiros valores que devem ser liberados para o Rio Grande do Sul devem ser da ordem de R$ 1 bilhão, mas isso pode ser pela transferência direta de recursos ou, eventualmente, por políticas de isenção de impostos”, considera o diretor da Nomos.

Para Espírito Santo, o cerne da discussão é anterior às cifras que serão despendidas no socorro à população.

“Há um efeito mais preocupante sobre a elevação dos gastos federais que é a abertura de precedentes. O governo do Brasil tem um histórico de abrir uma exceção que depois gera outra exceção e isso vai se ‘pendurando’ nas contas públicas”, pondera o economista.

Sem que o socorro emergencial ao estado se transforme numa espiral de novos gastos, portanto, esse impacto fiscal seria limitado, na visão do professor do Ibmec-RJ, com menor efeito sobre a economia.

“Como se trata de um evento emergencial e, assim, pontual, ainda que possa deteriorar o quadro fiscal num momento, não acredito que essas medidas possam gerar mudanças na política monetária por um eventual estresse de gastos”, reflete João Piccioni, gestor de fundos da Empiricus Gestão.

O futuro da Selic

Nenhum dos especialistas ouvidos pelo Valor Investe espera que o desastre climático no Rio Grande do Sul afete diretamente a decisão do BC hoje ou que mude de forma relevante o horizonte da autoridade monetária.

Saadia até acredita que o Copom vá fazer menções ao desastre em seus próximos comunicados e atas de reunião, “mas, para a reunião de hoje, não vejo alteração na decisão sobre os juros”, defende.

Esse horizonte relevante do BC, de um ano e meio a dois anos, suaviza o impacto inflacionário, por isso a autoridade tem tempo para esperar pelos próximos índices de inflação e avaliar a “contaminação” do mercado.

“Apesar de um aumento inflacionário que, de fato, vai acontecer pelo desabastecimento de bens, esses eventos geralmente se corrigem no prazo de menos de um ano, a partir do momento que as cadeias de abastecimento e de oferta se normalizam”, conclui.

Piccioni refuta qualquer impacto das chuvas no Rio Grande do Sul nas próximas decisões do Copom. O gestor de fundos da Empiricus, assim como a maior parte do mercado brasileiro, espera que o BC anuncie corte de 0,25 ponto na Selic hoje, de acordo com oTermômetro do Copom do Valor Investe, que acompanha as probabilidades e apostas do mercado para os juros.

“Na verdade, o cenário do Copom para os juros está muito mais atrelado à política monetária do Federal Reserve [Fed, banco central dos Estados Unidos], que decidiu segurar suas taxas em níveis elevados por mais tempo. Esse cenário afeta a decisão para a Selic por conta da dinâmica cambial. A ideia [do BC] é não deixar o real se desvalorizar muito [ante o dólar], porque isso, sim, teria efeitos inflacionários mais perenes e devastadores na nossa economia”, conclui.

Fonte: Valor
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 08/05/2024

 

Avaliando o impacto das chuvas no RS para os setores e empresas

Nos últimos dias, o estado do Rio Grande do Sul (RS) sofreu intensas chuvas, que geraram graves inundações para a região. A capital Porto Alegre e mais de 300 municípios do estado declararam estado de calamidade pública, com milhares de moradores obrigados a deixar suas casas. Na segunda-feira, 6 de maio, houve algum alívio nas chuvas, mas os impactos para as pessoas e para a economia são bastante significativos.

Este evento climático extremo já desencadeou discussões em torno do quadro fiscal e se poderia alterar as perspectivas de crescimento do Brasil. Para a inflação, a equipe de economia da XP mantém a projeção do IPCA em 3,7% para 2024, com viés de alta limitado (em torno de 0,1 p.p.), com desafios em torno da capacidade de medição do IBGE devido à suspensão da coleta de dados. A projeção de crescimento do PIB também foi mantida em 2,2% para este ano, embora reconhecendo os efeitos negativos e incertos das cheias.

Neste artigo, estimamos o impacto nas empresas brasileiras listadas na Bolsa. Consolidamos as perspectivas dos nossos analistas sobre as consequências do evento nos seus respectivos setores, apontando quais seriam os mais impactados e os menos afetados pelo desastre.

Maior impacto

Propriedades comerciais

Todas as operadoras de shopping centers de nossa cobertura possuem ativos localizados na região afetada pelas enchentes no Rio Grande do Sul. A Iguatemi tem a maior exposição, com três ativos (Iguatemi Porto Alegre, Praia de Belas e I Fashion Outlet Novo Hamburgo), que juntos representam 14% da ABL própria e 18% da receita total (aluguel + estacionamento). A Multiplan possui dois ativos na região (BarraShoppingSul e ParkShoppingCanoas), representando 13% da ABL própria e 8% da receita. A Allos tem a menor exposição, apenas com Villagio Caxias do Sul, representando 2% da ABL própria e 1% da receita. Todos os ativos estão funcionamento parcialmente no momento, para apoiar os esforços humanitários, o que acreditamos pode resultar num potencial impacto nas vendas dos inquilinos. Por fim, a Multiplan suspendeu temporariamente a construção do Golden Lake (projeto de incorporação imobiliária da Companhia em Porto Alegre), o que acreditamos que poderá impactar potencialmente o reconhecimento de receitas no trimestre, dependendo da duração da suspensão.

Saneamento & Elétricas

A CPFL teve impactos em seus segmentos de distribuição, transmissão e geração. Devido ao evento climático, sua controlada RGE está com 250 mil clientes sem energia (dos 3,1 milhões de clientes atendidos). No segmento de geração, a UHE 14 de julho teve sua barragem parcialmente rompida (valor patrimonial de R$ 580 milhões), vale ressaltar que suas instalações estão seguradas. Em transmissão, a empresa teve problemas em uma de suas linhas na região da Candelária, e algumas subestações foram inundadas, e o ONS solicitou o desligamento. Assumindo que os 250 mil clientes da RGE vão permanecer sem energia por cinco dias, estimamos que o impacto na receita da empresa seria de aproximadamente R$ 15 milhões – não incluímos estimativas de danos à rede – (vs. R$ 38 bilhões market cap).

A Equatorial foi afetada por meio de sua distribuidora CEEE. Segundo a empresa, cerca de 188 mil clientes ficaram sem energia (de um total de 1,9 milhão de clientes atendidos). Pelas nossas estimativas, a CEEE representa apenas 6% do EBITDA anual projetado da Equatorial em 2024. Assumindo que esses 150 mil clientes vão permanecer sem energia por cinco dias, estimamos que o impacto na receita da empresa seria de aproximadamente R$ 10 milhões – não incluem estimativas de danos à rede – (vs. R$ 36 bilhões de market cap).

Ativos da Eletrobras na região foram afetados pelo evento climático. A subestação Nova Santa Rita, pertencente à sua subsidiária CTG Eletrosul, foi totalmente paralisada devido ao alagamento de extensa área ao longo do canal do Rio Caí, que ocasionou alagamentos do pátio, casa de controle e demais instalações da subestação. Contudo, ressaltamos que a paralisação foi realizada em coordenação com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

É importante ressaltar que outras empresas do setor possuem ativos de geração e/ou transmissão no estado, como Engie (UHE Passo Fundo), AES Brasil (Complexo Eólico Cassino), Serena (Complexo Eólico Chuí), Alupar (UHE Ijuí), Taesa (Saíra, STE, Sant’ana, ETAU), CTEEP (IESUL). Todas estas empresas afirmaram que, até ao momento, não houve qualquer impacto nas operações dos ativos em questão.

Mineração & Siderurgia

Vemos impactos diretos das fortes chuvas para as empresas com instalações industriais no estado, incluindo Gerdau, CSN eUsiminas (embora esperemos que os impactos potenciais sejam limitados a implicações de curto prazo).

Vemos uma maior exposição em termos de produção da Gerdau. A Gerdau informou que suspendeu as operações nas unidades Riograndense (unidade de aços longos) e Charqueadas (unidade de aços especiais) devido às fortes chuvas no Rio Grande do Sul. As operações representam cerca de 5% da capacidade total de produção de aço da empresa e cerca de 10% da capacidade siderúrgica brasileira (incluindo o BD do Brasil e o BD de Aços Especiais). A Gerdau também indicou que as operações serão suspensas até que possam ser retomadas com segurança.

Além disso, a CSN possui uma unidade de energia (CEEE-G) na região, enquanto a Usiminas tinha ~10% do volume de vendas da Soluções Usiminas localizado no estado do RS (2022).

Impactadas

Construtoras

Melnick, Tenda e MRV são as empresas de nossa cobertura com exposição nas regiões afetadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul. Melnick tem a maior exposição com ~100% de seus empreendimentos localizados no RS, o que acreditamos que poderá impactar no reconhecimento de receita dada a suspensão das atividades nos canteiros de obras, além de um possível impacto no desempenho líquido de vendas contratadas. Acreditamos que Tenda e MRV deverão sofrer efeitos semelhantes na região (ambas as empresas tiveram suas obras paralisadas devido às condições climáticas), embora ressaltemos que ambas as empresas têm exposição relativamente baixa à região.

Alimentos & Bebidas

No setor de Alimentos, todas as empresas poderão ser impactadas, principalmente pela importância do RS na produção de alimentos. Em termos de abate, o estado é responsável por 17% do volume de carne suína, 13% do volume de aves e 5% do bovino. Além disso, também é responsável por cerca de 60% da produção de arroz do Brasil, além de ser um importante produtor de soja, conforme discutido na seção “Agronegócio”. Contudo, em nossa opinião, as empresas em nossa cobertura que podem ser mais diretamente afetadas são BRF, JBS e Camil. A BRF possui 5 fábricas (de um total de 35) no estado, além de centros de distribuição, poucas unidades de ração animal e pet food. Segundo informações públicas, algumas usinas tiveram suas operações suspensas ou afetadas negativamente pelas enchentes.

A companhia não fornece a capacidade total afetada, mas acreditamos que é justo usar uma proxy da produção nacional, o que significa que cerca de 10-15% da capacidade pode ter sido afetada. A Seara não divulga o detalhamento, mas, segundo a ABPA, pelo menos uma usina teve sua operação suspensa. Também não temos o detalhamento da capacidade de abate, mas acreditamos que seja justo utilizar a proxy nacional (cerca de 10-15% da produção total).

Para os frigoríficos, acreditamos que o principal desafio continua sendo a logística, tanto no transporte de animais e rações, como nas vendas internas e externas. É plausível imaginar que possa haver algum impacto nos preços da carne. Assim, acreditamos que empresas com mais usinas e maior poder de arbitragem, como BRF e Seara, podem mitigar os impactos ou até mesmo se beneficiar de potenciais aumentos de preços. Em relação à Camil, estimamos que 15% da colheita de arroz da região Sul do estado (a mais afetada pelas chuvas) ainda estava pendente. As fábricas da Camil estão localizadas nas regiões Oeste e Leste do estado, que já concluíram a colheita, e a Camil continua operando suas fábricas normalmente. Dada a importância do estado na produção de arroz, vemos um impacto plausível dos aumentos de preços, que historicamente beneficiam a Camil, traduzindo-se em melhores margens.

Bens de capital

Vemos impactos diretos (mas esperados de curto prazo) das fortes chuvas para as empresas com instalações industriais no estado, incluindo Marcopolo, Randoncorp, FrasleMobility, WEG e Kepler Weber.

Vemos uma exposição maior em termos de produção para Marcopolo (POMO4), já que grande parte de seus volumes nacionais são produzidos em suas plantas de Caxias do Sul (RS) (2 das 3 plantas no Brasil, com produção local representando ~70% de vendas) – que foram suspensas temporariamente por alguns dias, mas desde hoje segunda-feira retomaram a produção. Na semana passada, durante a teleconferência de resultados do 1T24, o CEO da Marcopolo, Sr. Armaganijan, garantiu que a empresa tinha estoques suficientes de matéria-prima para garantir a produção em meio ao cenário infeliz.

A Randoncorp (RAPT4) e a FrasleMobility (FRAS3) também anunciaram a suspensão temporária de suas fábricas de Caxias do Sul (RS) desde a última terça-feira (2), com retomada parcial da produção a partir de segunda (6), conforme divulgado em nota ao mercado. No 4T23, a cidade representava 50% da produção da Randon. Embora a WEG (WEGE3) também tenha suspendido temporariamente suas operações nas plantas de Gravataí e Bento Gonçalves (RS) (que produzem respectivamente redutores e transformadores), vemos uma relevância muito menor dessas instalações industriais em termos de volumes de produção consolidados. Por fim, no caso da Kepler Weber (KEPL3), embora a empresa possua uma unidade industrial em Panambi (RS) (até o momento funcionando normalmente), vemos impactos indiretos das perdas na produção de soja e milho na região, provavelmente prejudicando a rentabilidade dos produtores.

Por enquanto, o estado do RS anunciou o bloqueio de 58 estradas, aeroporto e porto. Se essas restrições perdurarem, veremos riscos aumentados em termos de logística e cadeia de suprimentos para os nomes.

Agronegócio

Estimamos que o RS represente 14,5% da produção brasileira na safra 23/24. Cerca de ~25% da soja ainda precisava ser colhida. Levando em consideração as regiões mais afetadas, estimamos que o impacto poderá representar uma perda de colheita de aproximadamente 5% no estado. Dito isto, acreditamos que a oferta total de soja do Brasil não deve ser afetada materialmente. Em relação à saúde financeira dos agricultores, podemos ter alguns casos específicos de inadimplência em agricultores localizados nas regiões mais afetadas, que deverão enfrentar dificuldades devido às perdas de safra, embora a safra 23/24 seja a maior da história do estado.

Na nossa opinião, a companhia dentro de nossa cobertura que poderia ser mais afetada é a 3Tentos, já que ~80% de sua receita de insumos agrícolas vem do RS, enquanto duas das três esmagadoras de soja estão localizadas no estado. Nessas duas unidades, acreditamos que o impacto na continuidade das operações e na economia não é material. O segundo trimestre é sazonalmente fraco para o negócio de insumos.

Além disso, os agricultores já estavam adiando as suas decisões de compra tanto quanto possível, portanto o nosso cenário base não muda. Em relação à esmagamento de soja, as duas fábricas estão operando normalmente, pois não estão localizadas nas regiões mais afetadas. Reforçamos a nossa visão de que o principal gargalo está relacionado à logística, com estradas fechadas ou inoperantes, o que é difícil de quantificar e pode afetar potencialmente as vendas de biodiesel e farelo de soja.

A Rumo (veja mais detalhes na seção Transportes) comunicou em Fato Relevante que embora sua Operação Sul tenha sido parcialmente impactada, não espera impacto material suficiente para alterar seu guidance financeiro. Além disso, a 3Tentos poderia até se beneficiar com a compra de soja mais barata e de qualidade inferior, o que reduziria o custo médio de moagem, embora esta seja uma suposição difícil de quantificar. Em nossa opinião, o fraco movimento do preço das ações constitui um ponto de entrada interessante, especialmente porque estimamos que o 1T24 seja forte, o que deve ajudar a endereçar as preocupações do mercado em relação aos resultados da companhia.

Papel & Celulose

Vemos uma maior exposição em termos de produção para a Irani. Embora não tenhamos recebido nenhum fato relevante da empresa, antecipamos um potencial impacto no segmento de Resinas (5-10% da Receita Líquida da empresa), pois está localizada no RS.

Para a Klabin esperamos impactos moderados a neutros. A empresa possui uma pequena unidade de embalagem (fábrica São Leopoldo) que pode ser potencialmente impactada pelas fortes chuvas (com riscos potenciais caso fortes chuvas atinjam os estados de SC e/ou PR, onde a empresa mantém operações florestais).

Observamos que as informações são baseadas em dados disponíveis publicamente e não recebemos quaisquer fatos relevantes sobre possíveis suspensões da Irani (RANI3) e da Klabin (KLBN11).

Varejo

Também mapeamos a exposição do varejo na região, sendo Panvel (67% da presença no RS) e Lojas Renner (11%) as mais impactadas. Notamos também riscos ascendentes para os preços do arroz e da carne, especialmente carne de porco e de frango, dadas as perturbações na oferta na região. Se isso se confirmar, deverá impulsionar a inflação alimentar para cima, embora se torne potencialmente um obstáculo para a recuperação do poder de compra dos consumidores.

Óleo & Gás

É provável que o setor de petróleo e gás não seja afetado de forma muito material, uma vez que a maioria das operações do setor não estão localizadas na região afetada (particularmente à montante). Braskem foi a mais afetada. A Braskem possui uma parcela significativa de sua capacidade em sua unidade industrial em Triunfo-RS, cerca de 30% da capacidade da Braskem para produtos químicos de 1ª geração (por exemplo, eteno) ou cerca de 20% de 2ª geração (por exemplo, PE). Contudo, esperamos que o impacto financeiro seja muito menos relevante do que o que a participação da capacidade industrial pode sugerir.

Existem iniciativas que a Braskem pode implementar para mitigar eventuais impactos das condições climáticas adversas. Petrobrastambém opera plantas industriais no Rio Grande do Sul, notadamente a refinaria REFAP, que representa pouco mais de cerca de 10% da capacidade de refino da PBR. Além disso, a refinação representa cerca de 15% do EBITDA consolidado da Petrobras. O impacto potencial, se houver, deverá ser inferior a 1% do EBITDA do trimestre, na nossa opinião. Não prevemos qualquer impacto nas operações upstream da Petrobras. Da mesma forma, acreditamos que os outros players à montante (os óleos juniores, PRIO, RECV, etc.) também não serão impactados.

A distribuição de combustível também foi interrompida nas áreas afetadas. O estado do Rio Grande do Sul representa cerca de 7,2% do volume acumulado no ano da Ipiranga, cerca de 6,4% do volume da Raízen e cerca de 5,9% do volume acumulado no ano da Vibra. Nem todas as áreas do estado foram afetadas pelas cheias, por isso acreditamos que os volumes reais afetados deverão ser cerca de metade ou menos do total do estado. Também para a distribuição de combustíveis acreditamos que o impacto financeiro não será muito material (ou seja, um dígito baixo do EBITDA do trimestre).

Menores impactos

Financeiro

No setor financeiro, na perspectiva dos bancos incumbentes, espera-se que o impacto seja limitado, com efeitos apenas marginais nas taxas de inadimplência nas regiões afetadas. Considerando que o Rio Grande do Sul representa aproximadamente 6% do PIB nacional, prevemos um impacto limitado tanto na originação de crédito quanto nas taxas de inadimplência. Para as empresas de pagamentos, espera-se também que o efeito no volume total de pagamentos (TPV) seja limitado. No entanto, no setor dos seguros (sem cobertura), o impacto deverá ser ligeiramente mais significativo, uma vez que as companhias de seguros poderão registar um aumento pontual nos sinistros durante o segundo trimestre. Entretanto, entendemos que parte dos riscos pode ter sido transferida através de resseguro.

Transportes

No setor de Transportes, apesar da grande relevância para a comunidade, vemos impactos financeiros limitados das chuvas excepcionalmente fortes no sul do Brasil. Destacamos: (i) CCR e Rumo em Infraestrutura, com impactos temporários na rodovia ViaSul e na Operação Sul, respectivamente (ambas representando 5% ou menos do resultado global); (ii) Localiza e Movida no Aluguel de Carros, que poderão ter impactos limitados decorrentes de (a) menor demanda (parcialmente mitigada por restrições de tráfego aéreo e substituição de seguros), e (b) danos/perdas parciais de ativos/frota; e (iii) Azul nas Companhias Aéreas que deverá enfrentar restrições aeroportuárias na região de acordo com a mídia local (também limitada a ~5% de exposição ASK para a região).

Saúde

Não esperamos que as empresas de saúde sob nossa cobertura sofram significativamente com as chuvas e inundações na região Sul do Brasil. A maioria delas tem uma pequena parte de seus negócios no RS e, mesmo que houvesse um grande impacto nas operações localizadas naquela região, o efeito em bases consolidadas provavelmente seria insignificante. A exceção pode ser a Viveo, que tem cerca de 45% de sua força de trabalho no Sul. Contudo, ainda estamos avaliando a extensão do impacto causado aos negócios da empresa.

Baixo impacto

TMT

Esperamos um impacto limitado para as grandes operadoras que têm presença nacional, como TIM e Vivo. Estimamos que cerca de ~3% da receita venha do RS. Ambas as empresas sofreram danos em alguns locais, afetando as operações nas cidades. As três operadoras oferecem roaming gratuito para clientes de outras operadoras, a fim de criar uma única rede para compensar as perdas. Já houve um esforço coordenado durante alguns dias para ativar as redes.

Entre os ISPs, esperamos um impacto maior para a Unifique,  que possui 178 mil clientes no RS (25% de sua base de acesso total). A empresa estima que aproximadamente 15% das operações no RS estão sendo afetadas, o que representa 3% do total da Unifique. A empresa está trabalhando ativamente para restaurar os serviços nas áreas afetadas e está totalmente mobilizada para retomar as operações. Embora possa haver algum impacto limitado nas operações da empresa, eles acreditam que o impacto deve ser gerenciável. No entanto, esperamos alguns efeitos negativos no churn de clientes e na PDD durante o segundo trimestre de 2024 para a Unifique.

Educação

Não esperamos que as empresas de educação sob nossa cobertura sejam significativamente impactadas pelas chuvas e inundações no Sul do Brasil, uma vez que a maioria de suas operações não está localizada nessa região.

Fonte: Expert XP
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 08/05/2024

 

Perfilor investe R$ 100 milhões em nova fábrica em Santa Catarina

O município de Araquari, localizado no litoral Norte de Santa Catarina, sediará o novo investimento da Perfilor - joint venture formada entre a ArcelorMittal e a Tekno - da ordem de R$ 100 milhões. As obras para a construção da nova fábrica, que produzirá telhas e painéis termoisolantes, se iniciaram no mês de abril e a previsão é que o início da operação ocorra no 1º trimestre de 2025. A empresa já possui uma fábrica em Lorena, no interior de São Paulo. 

“A implementação da nova unidade é estratégica para a empresa e se trata da expansão geográfica com uma operação na região Sul, para atender segmentos da construção com coberturas termoisolantes para obras industriais e comerciais, como também câmaras frias e salas limpas para o agronegócio e indústria farmacêutica”, explica Eduardo Zanotti, Vice-Presidente Comercial da ArcelorMittal Aços Planos para América Latina. 

De acordo com o executivo, há mais de uma década, o mercado de telhas e painéis termoisolantes cresce entre 5% e 7% ao ano. “Apostamos no crescimento deste mercado no Brasil e queremos continuar crescendo com esta nova unidade aproveitando a experiência que temos neste segmento na Europa”, completa Zanotti.

Mercado e empregos

A fábrica vai abastecer - principalmente - o Sul do País. As soluções são voltadas para o setor da construção civil. Cerca de 100 empregos temporários vão ser gerados durante as obras na unidade. Após a conclusão e a entrada de operação, a perspectiva é chegar a 80 colaboradores.

A unidade será abastecida por bobinas galvanizadas provenientes da unidade Vega da ArcelorMittal, localizada em São Francisco do Sul, SC e pré-pintada na Tekno. A nova unidade está localizada às margens da BR-101 e possui 40 mil m?2; e a área construída será de aproximadamente 7 mil m?2;. 

Fonte: Agência Brasil
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 08/05/2024

Agronegócio gaúcho fala em colapso da pecuária ao hortifrúti

Zonas rurais ilhadas, pessoas desaparecidas nos deslizamentos de terra e a falta de suprimentos básicos, como água potável, são preocupações das populações que vivem nos interiores do Rio Grande do Sul. A urgência é salvar vidas. Em paralelo, a pergunta que se faz é a seguinte: o que será dos agricultores que perderam sua fonte de renda debaixo da chuva?

Mais de 300 mil produtores são enquadrados na agricultura familiar e se deparam com perdas de safra e infraestrutura, como tratores e armazéns.

As lavouras gaúchas de soja, que já indicavam o maior índice de atraso da colheita do Brasil, agora tendem a apresentar queda relevante de produtividade. Segundo Carlos Cogo, sócio-diretor da Cogo Consultoria e nome relevante do agronegócio no Rio Grande do Sul, diz que ainda é cedo para estimativas sobre quebra de safra. O que já dá para afirmar é que serão necessárias medidas para renegociação de dívidas dos produtores rurais.

O estado é o segundo maior produtor de soja no Brasil, cuja colheita estava em 70% da área total até o início das inundações. Os 30% restantes não colhidos representam cerca de 2 milhões de hectares e 6,5 milhões de toneladas. Segundo o consultor, esse volume sob risco representa 5% da safra estimada para o país, algo em torno de 147 milhões de toneladas.

"Quem tem condições, está correndo para salvar o que está na lavoura. Essa perda, que a gente ainda não consegue estimar, vai afetar o total da produção brasileira, aumentar preço lá fora, aqui dentro e causar impacto nas cadeias de carne. O Brasil ainda tinha uma safra relativamente grande, mas que pode cair de 142 a 145 milhões de toneladas. Fica uma safra insuficiente para acalmar os ânimos globais", ele afirma.

Cogo também é membro titular do Comitê Gestor Interministerial do Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas em Sistemas de Produção Agropecuários e Florestais Sustentáveis do Ministério da Agricultura. Ele revela que está em constante conversa com a equipe do ministro Carlos Fávaro para pensar alternativas que minimizem os prejuízos de agricultores e pecuaristas.

Na segunda-feira (6), entidades representantes de produtores rurais gaúchos, agroindústrias e cerealistas do Rio Grande do Sul pediram ao secretário de política agrícola do Mapa, Neri Geller, medidas "extraordinárias" para reerguer o setor produtivo no estado. O setor fala em renegociação de dívidas e pediu um encontro com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

À beira do colapso

Um setor que já estava enfrentando cenário de baixos preços e produtores desistindo da atividade é o da pecuária leiteira. Agora, a situação é ainda mais crítica e já se fala em colapso do segmento. "O leite vai entrar em colapso logo. Não tem logística, não tem estradas, já estava ruim antes [em relação ao preço pago ao produtor]. Uma grande parte dos produtores não está operando, e quem está operando não vai conseguir escoar essa produção", diz Carlos Cogo. O motivo é a falta de infraestrutura e logística.

Quem também já fala em colapso é o próprio governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. Em coletiva de imprensa, ele admitiu que a atividade da pecuária tende a colapsar, pois os próprios frigoríficos ficaram debaixo d'água. Segundo Leite, a secretaria de agricultura do Estado "está acompanhando a situação junto a empresas produtoras de proteína animal e alimentos".

A atividade é exercida majoritariamente por produtores de pequeno porte e de agricultura familiar, sendo ainda mais suscetíveis à falência dos negócios. Carlos Joel, vice-presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag-RS), diz que há mais de 300 mil propriedades gaúchas classificadas como agricultura familiar. "Vamos dizer que 50% delas estão nessa área com prejuízos, sendo 40% com perdas muito grandes", ele afirma.

Ele conta que esteve em reunião com os setores da proteína animal e com o governo estadual para traçar linhas de acesso às propriedades, pois muitas estradas estão destruídas. "Estamos criando corredores para que os caminhões possam buscar o leite, levar ração para frangos e suínos ou trazê-los para o abate", afirma.

Desabastecimento de arroz

Entre tantas preocupações com relação ao agronegócio gaúcho, está a produção de arroz. O Rio Grande do Sul produz 70% de todo o arroz no Brasil, e a estimativa de colheita da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) era de 7,48 milhões de toneladas colhidas em 2024.

Além dos 20% que faltava ser colhido, havia um volume já recebido em armazéns e silos que também se perderam nas enchentes. Diante desta realidade, o país deve se preparar para a falta de cerca de um milhão de toneladas, segundo Carlos Cogo.

Nesta terça-feira (7), o presidente Lula afirmou que já considera a possibilidade de importar o alimento. "Se for o caso, para equilibrar a produção, a gente vai ter que importar arroz, a gente vai ter que importar feijão, para colocar na mesa do povo brasileiro um preço compatível com aquilo que ele ganha", afirmou.

O consultor gaúcho não se mostra otimista quanto a esta possibilidade. "Talvez vá faltar entre 1 milhão e 1,5 milhão de toneladas. Não temos isso disponível nos países do Mercosul. O ministro [Carlos Fávaro] me perguntou isso [de um acordo comercial com os países vizinhos], mas eles não têm essa possibilidade de troca. A importação da Ásia está extremamente difícil, leva tempo. Não vejo uma saída próxima para os nossos estoques. Vai haver desabastecimento, está na cara."

De frutas a máquinas agrícolas

Carlos Joel, da Fetag, conta que os produtores relatam perdas não apenas na soja, milho, arroz e silagem para gado. Em conjunto com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-RS), os esforços de resgate continuam, inclusive porque há mais previsão de chuva para quarta-feira (8). Galpões, tratores e demais infraestruturas, constituem uma perda incalculável.

"Máquinas agrícolas, animais de corte e leite, e infraestruturas de armazenagem também se foram. Mesmo silos com alta vedação podem ter tido problema. As perdas são muito grandes, é algo incalculável, além das vidas perdidas", diz.

Também é imensurável o impacto para as chamadas minor crops, culturas de menor proporção em área plantada, em relação às grandes commodities, a exemplo das frutas, legumes e verduras — grupo chamado de FLV. Este tipo de alimento foi impactado dentro da Central de Abastecimento do Rio Grande do Sul (Ceasa/RS), que corresponde a 54% do abastecimento dos hortifrutigranjeiros comercializados no estado.

Na terça-feira, a Ceasa emitiu uma nota afirmando que as atividades passarão da zona norte de Porto Alegre para uma unidade no município de Gravataí. "Em conjunto com a Emater e a Ceasa, estão sendo implementadas medidas para identificar os produtores e realizar a logística necessária para assegurar o abastecimento contínuo. Encontramos essa alternativa para que a população não fique desabastecida, o produtor e o comerciante não sejam penalizados mais vez, com a perda dessa receita", afirma Ronaldo Santini, Secretário de Desenvolvimento Rural, em nota.

Aproximadamente R$ 300 mil serão investidos pela Ceasa nos próximos 15 dias para a manutenção do funcionamento da operação. Ainda assim, o custo de plantio dos hortifrútis versus a capacidade de compra da população pode apresentar prejuízos financeiros de
prazo inestimável aos produtores.

Fonte: BOL
Seção: Agro, Máquinas & Equipamentos
Publicação: 08/05/2024

Caxias do Sul será contemplada com a construção de novos tanques de contenção para evitar alagamentos

A portaria foi publicada nesta terça-feira (7), pelo Governo Federal. O município será contemplado com a construção de três novos tanques de contenção além de novas redes pluviais. A medida é considerada uma estratégia para evitar alagamentos como os que atingiram a cidade nas últimas chuvas.

Atualmente, Caxias conta com alguns tanques instalados em áreas sensíveis, o maior deles instalado próximo a represa Dal Bó, seguido por piscinões do Fátima Baixo, São José, Pôr do Sol e Pio X. Os reservatórios são responsáveis por acumularem água da chuva coletada por bueiros e controlar a liberação para o restante da rede. Sem receber grandes volumes de forma simultânea, os canais de escoamento presentes na cidade conseguem escoar a chuva com menor possibilidade de transbordamento.

O tramite de liberação para o projeto estava com o Ministro da Casa Civil desde janeiro deste ano. Frente a aprovação, o secretário de Obras e Serviços Públicos, Norberto Soletti, salienta que os piscinões auxiliam de forma significativa a infraestrutura da cidade. Ele ainda evidencia que se não fosse os tanques de contenção o último cenário de chuva seria devastador, em Caxias.

No total são R$ 25 milhões de investimento para as obras. Com a portaria publicada, o município deve solicitar a autorização novamente para a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) para a contratação da operação de crédito. Assinada a contração da operação, que deve ocorrer em até 30 dias, o edital para licitação das obras deve ser publicado.

Fonte: Rádio Caxias
Seção: Construção, Obras & Infraestrutura
Publicação: 08/05/2024

 

Brasil recebe US$ 64 bilhões em investimentos diretos estrangeiros em 2023 e fica só atrás dos EUA

Relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgado recentemente indica que o Brasil foi o segundo principal destino de Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) em 2023. Entraram US$ 64 bilhões no país no ano passado, volume só menor do que o recebido pelos Estados Unidos (US$ 341 bilhões). O Canadá ficou em terceiro lugar, com US$ 50 bilhões.

Apesar da boa colocação, o documento mostra que os fluxos globais de IED ainda refletem a tendência global de queda e com volume abaixo do momento pré-pandemia, pelo segundo ano consecutivo, fruto das tensões geopolíticas e das taxas de juros elevadas em diversos países.

Desta vez, o recuo no fluxo global foi de 7% em relação a 2022, com acúmulo de US$ 1,36 trilhão.  Mais de dois terços dos países da OCDE apresentaram redução.

No Brasil, a queda foi de 13% em relação a 2022. A redução é menor que a registrada em países relevantes, como China (78%), Índia (44%), Itália (43%), Espanha (20%) e França (18%).

Em relação aos países que registraram aumento nos fluxos de IED recebidos em 2023, merecem destaque a Argentina (49%), Alemanha (34%) e Chile (25%).

Conforme divulgado pelo Banco Central, a tendência de melhora na atração de IED já está se confirmando: o Brasil obteve em março de 2024 o melhor resultado dos últimos 12 anos para o mês, com total de US$ 9,6 bilhões recebidos.

Em relação aos projetos chamados greenfield (projetos novos, que vão começar do zero), há uma tendência inversa entre países com economias avançadas e emergentes: enquanto houve queda de 20% no volume de capital dispendido e de projetos anunciados em países desenvolvidos, nas economias emergentes foi registrado um aumento de 21% das despesas de capital e aumento de 9% no número de projetos anunciados.

Os dados da OCDE ainda devem ser validados/confirmados pelos Bancos Centrais de cada país, após ajustes metodológicos em relação ao que pode ser considerado investimento estrangeiro direto, mas os números divulgados indicam a noção de grandeza e tendências nos fluxos de investimentos globais.

Fonte: IPESI
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 07/05/2024