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Ministérios confirmam fim de barreiras ao aço

O governo brasileiro registrou ontem, por meio de nota conjunta dos ministérios da Economia e das Relações Exteriores, a revogação de medidas restritivas contra exportações brasileiras de produtos de aço pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido.

Revogadas pelos EUA no último dia 19, as medidas antidumping e compensatória contra as exportações brasileiras de produtos de aço laminados a frio estavam em vigor há mais de cinco anos. “Segundo a decisão, a extinção das medidas não levará à continuação ou à retomada de suposto dano material à indústria estadunidense, tal como demonstrado pelo Brasil”, explica a nota divulgada pelas pastas.

O dano é um requisito para adoção do direito antidumping. Foram suspensas taxas adicionais de até 46% cobradas sobre o produto brasileiro. “Não houve alterações nas medidas sobre os mesmos produtos cobradas de outras origens (China, Índia, Japão, Coreia do Sul e Reino Unido), tendo sido o Brasil o único país excluído”, informaram os dois ministérios.

Essa decisão se soma a medida adotada pelo governo britânico no dia 23 de junho, que excluiu o Brasil de aplicação de medida de salvaguarda na venda de chapas de aço e produtos de aço laminados a frio, que vinham sendo sobretaxados em 25%, nas vendas que ultrapassavam determinado limite.

“O Brasil comprovou às autoridades britânicas que os volumes de exportação do país enquadravam-se em critério de isenção autorizado pelo Acordo sobre Salvaguardas da Organização Mundial do Comércio (OMC). Com essa exclusão, o Brasil encontra-se, atualmente, isento de todas as categorias da salvaguarda do Reino Unido sobre produtos de aço, prevista para vigorar até junho de 2024”, diz a nota. “Em ambos os casos, os Ministérios da Economia e das Relações Exteriores do Brasil atuaram em conjunto”, acrescenta.

Os EUA e o Reino Unido são dois dos principais mercados para o aço brasileiro, informa a nota. No ano de 2019, o Brasil exportou cerca de US$ 7,3 bilhões em produtos siderúrgicos ao mundo, dos quais mais de US$ 3,4 bilhões foram destinados a esses dois mercados.

“É uma medida positiva que foi muito bem recebida pelo Instituto aço Brasil”, afirmou ontem ao Valor Marco Polo de Mello Lopes, presidente executivo da entidade que representa o setor do aço.

Para ele, a decisão do governo americano sinaliza que pode haver espaço para o avanço de outra discussão importante para as empresas de aço no Brasil. Trata-se da discussão sobre as cotas de importação que foram impostas em 2018 pelos EUA ao aço brasileiro. As cotas também foram aplicadas à Argentina e à Coreia do Sul.

Desde então, as empresas brasileiras de aço estão limitadas a exportar para o mercado americanos 3,5 milhões de toneladas de produtos semiacabados e 687 mil toneladas de produtos acabados - categoria que inclui entre outros itens, aço laminado a frio.

Uma reivindicação do setor é que as cotas excluam os produtos semiacabados e que Estados Unidos ampliem o limite de exportações do Brasil de produtos acabados. “Já fizemos três missões aos EUA e estamos estruturando uma nova missão para tentarmos melhorar esse acordo”, afirmou Lopes.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 26/07/2022

Venda aço aumenta, mas produção recua no primeiro semestre

O balanço do primeiro semestre de 2022 foi positivo para a indústria do aço. O crescimento de 3,9% das vendas internas para 4,9 milhões de toneladas no primeiro trimestre, frente ao anterior, acelerou, na mesma base de comparação, para uma variação de 9,8% no segundo trimestre que atingiu vendas de 5,4 milhões de toneladas, totalizando 10,3 milhões de toneladas no primeiro semestre.

A relativa estabilidade do consumo aparente no primeiro trimestre (-0,1% frente ao anterior, para 5,7 milhões de toneladas) teve influência direta da queda das importações de 24,9% no mesmo período, para 837 mil toneladas. Entretanto, no segundo trimestre, o consumo aparente passou a crescer 6,1% frente ao primeiro (para 6,1 milhões de toneladas), resultado de um maior impulso das vendas internas e menor retração das importações (-16,9%, para 695 mil toneladas).

A produção de aço bruto atingiu 17,4 milhões de toneladas no primeiro semestre de 2022, o que representa uma queda de 2,8% em relação ao mesmo período de 2021. Nesse mesmo período, as exportações atingiram 6,6 milhões de toneladas, um aumento de 27,6% em relação ao primeiro semestre de 2021.

Segundo o presidente do Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, “a comparação com a alta base de 2021 pode induzir a interpretações equivocadas quanto ao desempenho da indústria do aço em 2022, uma vez que o ano de 2021 se caracterizou pela forte retomada da demanda, recomposição de estoques e até mesmo pela formação de estoques defensivos de alguns segmentos devido à aceleração dos preços internacionais das commodities”, disse. O executivo informa que face aos efeitos estatísticos mencionados, o Instituto Aço Brasil irá revisar suas previsões para o ano de 2022.

Produção mundial é menor em junho

A worldsteel divulgou que a produção mundial de aço bruto alcançou 158,1 milhões de toneladas em junho de 2022, uma queda de 5,9% em relação ao mesmo mês do último ano. A Ásia e a Oceania produziram 118,8 milhões de toneladas em junho, um recuo de 3,1% sobre junho de 2021. Apenas a China produziu 90,7 milhões de toneladas, 3,3% a menos que em junho do ano passado, enquanto Índia produziu 10 milhões de toneladas no mês, um incremento de 6,3%. Japão e Coreia do Sul produziram 7,4 milhões e 5,6 (estimada) milhões de toneladas de aço bruto em junho, respectivamente, com decréscimo de 8,1% e 6%. 

Os países do Bloco Europeu produziram 11,8 milhões de toneladas de aço em junho de 2022, ou 12,2% a menos que no mesmo mês de 2021. O destaque fica para a Alemanha, com produção de 3,2 milhões de toneladas e queda de 7% sobre junho de 2021. Países europeus, como Bósnia-Herzegovina, Macedônia, Noruega, Sérvia, Turquia e Reino Unido, produziram 3,8 milhões de toneladas, um retrocesso de 10,9% sobre junho de 2021. A Turquia produziu 2,9 milhões de toneladas, 13,1% inferior que em junho do ano passado.

A África — Egito, Líbia e África do Sul – produziu 1,2 milhão de toneladas de aço bruto em junho e despencou 18,7%, na comparação com junho do último ano. Já os países da CIS produziram 5,9 milhões de toneladas, redução de 34,3%, com destaque para a Rússia, que teve um volume de produção estimado de 5 milhões de toneladas, o que representa um recuo de 22,2% sobre junho de 2021. 

Os países do Oriente Médio – Irã, Catar, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos – registraram produção de 3,4 milhões de toneladas de aço bruto, 5% inferior na comparação com junho de 2021. Estima-se que o Irã tenha produzido 2,2 milhões de toneladas, uma queda de 10,8%. 

A produção na América do Norte caiu 2,4% em junho de 2022, somando 9,6 milhões de toneladas. Apenas os Estados produziram 6,9 milhões de toneladas, 4,2% a menos que em junho de 2021, enquanto a produção na América do Sul alcançou 3,7 milhões de toneladas, decréscimo de 4,9% sobre junho de 2021. O Brasil teve produção estimada de 2,9 milhões de toneladas e registrou queda de 6,1% em junho de 2021 na comparação com o mesmo mês do ano passado. No primeiro semestre de 2022, a produção global de aço bruto atingiu 949,4 milhões de toneladas, o que significa 5,5% abaixo em relação ao mesmo período de 2021.


Com agências de notícias (IPESI e Brasil Mineral)

Fonte: Infomet
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 26/07/2022

IBGE: Com crise e covid, país fecha 2,8 mil indústrias em 2020

O Brasil perdeu 2.865 indústrias entre 2019 e 2020, segundo cálculos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em sua Pesquisa Industrial Anual (PIA): Empresa e Produto (2020). O país amargou em 2020, ano em que a pandemia começou, o menor número de empresas industriais desde 2010 (299.862). “Foi a sétima queda consecutiva”, completou a pesquisadora do instituto Synthia Silva.

Com a retração de 2020, foram 31,4 mil empresas industriais perdidas desde 2013. Crises sucessivas na economia e o advento da covid-19 levaram ao resultado, explicou a pesquisadora. Ela lembrou da recessão de 2015 e de 2016 e notou que, sem que algumas companhias do setor tivessem se recuperado daquela crise, veio a pandemia, causando forte impacto negativo na economia. “Foi uma sucessão de crises”, resumiu.

As crises sucessivas também cobraram preço em relação ao emprego industrial. “Entre 2011 e 2020 a indústria perdeu em torno de 1 milhão de empregos, queda de 11,6%” afirmou ela. No total de vagas extintas no período, de 1.003.947, 998.200 eram da indústria da transformação e o restante, das indústrias extrativas.

As demissões ocorreram principalmente nas indústrias de confecção de artigos de vestuário; preparação de couros; e fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos.

No mercado de trabalho, esse contexto desfavorável causado por crises e piorado pela pandemia impactou tanto a média de pessoas ocupadas por empresa, que caiu de 28 empregados para 25 entre 2011 e 2020, quanto salários. No mesmo período, o salário médio na indústria caiu de 3,5 salários mínimos para 3 salários mínimos - menor patamar da série iniciada em 2011; e inferior à de 2019 (3,2 salários mínimos).

A pesquisadora ponderou que, até 2020, nota-se tendência maior de oferta de salários mais baixos, na indústria, o que reduziu remuneração média no setor.

O cenário poderia ser pior, não fossem alguns segmentos, como a indústria alimentícia, no segmento de transformação, e de exploração mineral, como minério de ferro, na indústria extrativa.

O setor de alimentos respondeu por 24,1% do total da receita líquida de vendas das empresas em 2020, que foi de R$ 3,97 trilhões, em números não deflacionados. Em 2011 a participação do setor era de 18,2%.

Mesmo com maior corte de vagas no longo prazo, o pessoal ocupado na indústria total, no país, subiu e totalizou 7.651.999 em 2020, acima dos 7.616.758 empregados em 2019. O resultado foi favorecido principalmente por maior ritmo de vagas da indústria alimentícia - que opera com demanda alta desde começo da pandemia.

Já nas indústrias extrativas houve estabilidade no emprego em 2020, disse a pesquisadora. E a fabricação de produtos minerais não-metálicos foi a segunda maior empregadora, entre 2019 e 2020, atrás apenas da indústria de alimentos.

No setor mineral, o minério de ferro liderou ranking de principais produtos e serviços industriais, em receita líquida de vendas, em 2020. Esse item respondeu sozinho por 4,8% do total faturado naquele ano; em 2019, era de 3,3%. Com isso, tirou primeiro lugar de óleos brutos de petróleo, observado em 2019. Agora na segunda posição, esse produto, também da indústria extrativa, responde por 3,1% do total da receita líquida - em 2019, era 3,8%. No âmbito regional, o minério também foi principal produto do Norte, respondendo por 28,9% do total da receita líquida de vendas daquela região.

Ao falar sobre a análise regional da pesquisa, a técnica informou que, com a produção de minério, essa localidade foi a que mais ganhou participação, entre as cinco grandes regiões, tanto no curto prazo, quanto no longo prazo, no total do valor de transformação industrial (VTI). Esse indicador é uma espécie de valor adicionado da indústria, diferença entre valor bruto da produção e custos. No VTI de 2020, valor sem ajuste de inflação de R$ 1,541 trilhão, a fatia do Norte no total saltou de 6,8% em 2011 para 7,5% em 2019, subindo para 9,3% em 2020. Em contrapartida, a Região Sudeste, ainda preponderante, diminuiu de 60,9%, de 57,9% e de 56,3%, respectivamente, para mesmos anos.

“São Paulo contribuiu para isso”, completou a pesquisadora. Isso porque houve perda de participação de São Paulo, de 58,3% no total do VTI em 2011 para 54,1% em 2020. “Sudeste só não caiu mais por causa de Minas Gerais”, afirmou. A proporção do Estado mineiro, no total do valor da transformação industrial, subiu de 19,6% para 22,2% entre 2011 e 2020 - e assim impediu queda mais intensa, na parcela do Sudeste, no total do valor.

O IBGE apurou ainda que o valor bruto da produção industrial ficou em R$ 3,616 trilhões em 2020, com custos em R$ 2,074 trilhões.

Fonte: Valor
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 22/07/2022

 

Governo vai restabelecer IPI e ‘apaziguar’ ZFM

 Decreto deve sair em duas semanas e retomar competitividade de produtos da Zona Franca de Manaus O Ministério da Economia elabora novo decreto para reduzir as alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), afirmaram duas fontes ao Valor. A medida deve fazer, no entanto, com que o IPI que incide sobre produtos como motos, telefones e unidades de ar condicionado fabricados fora da Zona Franca de Manaus (ZFM) volte para o patamar original. Segundo uma das fontes, a expectativa é que o novo decreto seja publicado em aproximadamente uma semana.

A opção por uma nova versão do texto foi tomada para atender “colocações” do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. O governo federal já tinha reduzido no primeiro semestre, em duas rodadas diferentes, a alíquota do IPI em um total de 35%. No entanto, o Solidariedade, representando a bancada parlamentar do Amazonas, apresentou uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) alegando que a medida prejudicava a ZFM.

De maneira simplificada, um IPI mais baixo em todo o Brasil pode tirar a competitividade da indústria amazonense e significar menos créditos tributários para as fábricas que atuam na região.

Moraes aceitou então a ADI e suspendeu de maneira liminar os cortes. A medida afetou alguns milhares de produtos e, na avaliação do Ministério da Economia, vinha criando um “caos tributário” nos últimos meses.

“Recebemos setores produtivos que emitem nota fiscal com isenção [do IPI] de 25%, 35% ou sem isenção, e eu não sei responder [qual a forma correta]”, disse uma fonte da pasta. A avaliação foi confirmada na época pelo presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso, que disse que as fábricas estavam sem saber qual alíquota aplicar.

O tema voltou a ser tratado na semana passada em reunião entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e integrantes da Coalizão Indústria. Na ocasião, foram discutidas três opções: a publicação de um novo decreto do governo federal, estabelecimento de um acordo com o Solidariedade ou esperar a decisão do STF.

Segundo uma das fontes do Ministério da Economia, uma das alegações de Moraes é justamente que o decreto inicial “desequilibrava os benefícios” da Zona Franca.

“Os produtos relevantes para a Zona Franca de Manaus terão alíquotas restabelecidas para o valor original”, diz a fonte. Entre esses produtos, estão justamente motos, telefones e unidades de ar condicionado.

Segundo outra fonte, a ideia do novo decreto é justamente “apaziguar” os efeitos do corte e os impactos na ZFM. Além disso, não trará nenhuma nova redução para além dos 35% já diminuídos anteriormente.

Neste momento, o texto está em elaboração no Ministério da Economia para depois seguir para a Casa Civil.

Durante a manhã de ontem, sem dar maiores detalhes, Guedes afirmou que o governo federal continuava trabalhando para diminuir a alíquota do IPI.

“O Supremo pediu uma atenção especial que nós atendemos. Excluindo os produtos produzidos ativamente na Zona Franca de Manaus, nós podemos baixar o IPI de quase 4 mil produtos, e é exatamente o que estamos fazendo“, disse ao comentar os números da arrecadação federal de junho, divulgados mais cedo pela Receita Federal. “Esses impostos desindustrializaram o país. Têm enorme poder de arrecadação, mas incidem em cascata sobre toda a indústria brasileira, destroem a competitividade das nossas empresas. Tínhamos prometido em nosso programa que transformaríamos o aumento de arrecadação, que viria com o crescimento econômico, em redução de alíquotas de impostos.”

Fonte: Valor
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 22/07/2022

 

Indústria brasileira do aço projeta investimento superior a R$ 50 bilhões até 2026

No espaço de cinco anos, entre 2022 a 2026, o segmento siderúrgico prevê investimentos na ordem de R$ 52,5 bilhões no Brasil. De acordo com o presidente executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, boa parte desses aportes deverá ser destinada a ações para possibilitar o enquadramento das empresas nas metas de mudanças climáticas e em tecnologia.

A previsão foi divulgada pelo dirigente nesta quinta-feira (21), quando também foram apresentados dados sobre o desempenho do setor no primeiro semestre. A produção de aço bruto atingiu 17,4 milhões de toneladas de janeiro a junho de 2022, o que representa uma queda de 2,8% em relação ao mesmo período de 2021.

Já as vendas internas caíram 14,6%, totalizando cerca de 10,2 milhões de toneladas contra 12 milhões de toneladas na primeira metade do ano passado. O impacto do desempenho no mercado nacional foi amenizado pelas exportações, que atingiram 6,6 milhões de toneladas, um aumento de 27,6%.

A performance verificada até agora fará com que o Instituto Aço Brasil reveja as suas projeções de fechamento para 2022. Em fevereiro, a entidade tinha feito a estimativa de concluir o ano com um incremento de 2,2% na produção de aço bruto e elevação de 2,5% nas vendas internas. Contudo, Lopes adianta que, provavelmente, os números serão inferiores aos do ano passado. Apesar disso, ele frisa que a base de comparação é elevada, pois 2021 foi considerado como excepcional pelo setor (com produção de 36 milhões de toneladas de aço bruto e vendas internas de 22,3 milhões de toneladas). Mesmo que o resultado de 2022 fique um pouco aquém, o presidente executivo do Instituto Aço Brasil sustenta que ainda deverá ser apontado como um ano bom para o segmento.

Outro ponto enfatizado por Lopes é que não falta oferta de produtos e sim que há carência de demanda no mercado nacional. Conforme dados do Instituto Aço Brasil, no mês passado, a utilização da capacidade instalada das usinas siderúrgicas nacionais era de 68,4%, ou seja, mais de 30% de ociosidade. O dirigente comenta que foram criadas “narrativas” na mídia indicando que haveria escassez de produtos, o que ele afirma serem incorretas. Lopes rechaça ainda a ideia que o aço seja um dos itens de maior impacto dentro do cenário de inflação do País. Segundo ele, nos últimos dozes meses (até junho), o reflexo inflacionário dos produtos de aço é de apenas de 0,3%, contra 24,1% de alimentos e bebidas e 17,6% de combustíveis, por exemplo.

Questionado sobre o que poderia ter gerado essas afirmações de falta de produto e pressão inflacionária, o presidente executivo do Instituto Aço Brasil argumenta que “a queda de braço, normalmente, entre fornecedor e cliente faz parte do jogo. O choro é livre”. Atualmente, o parque produtor de aço no País é composto por 31 usinas e a capacidade instalada do setor é para até 51 milhões de toneladas de aço bruto ao ano.

Em 2021, o Brasil foi o 9º maior produtor mundial em ranking liderado pela China, com mais de 1 bilhão de toneladas alcançadas. Lopes detalha que três segmentos representam mais de 80% do consumo de aço no mercado nacional: construção civil (41,2%), automotivo (21,3%) e bens de capital (19,6).
 
Fonte: Jornal do Comércio
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 22/07/2022

 

Maior siderúrgica da China alerta para piora da crise no setor

A maior siderúrgica do mundo alertou para as condições de crise no setor devido à baixa demanda e lucros em queda.

A China Baowu Steel ressaltou ventos contrários devido a uma “macroeconomia complexa” e o impacto severo dos surtos de Covid em todo o país, de acordo com uma postagem na conta WeChat do grupo.

Demanda fraca, preços em queda e lucratividade em declínio geram “grandes desafios” para o setor e testam a produção e as operações do grupo, disse.

Em uma reunião na quarta-feira, os gerentes seniores da Baowu pediram que as subsidiárias reduzissem as operações que não são lucrativas e mantivessem caixa suficiente para evitar crises de liquidez, de acordo com uma pessoa familiarizada com o assunto. Eles também pediram às unidades que minimizem os custos, buscando taxas mais baixas dos bancos e de outros serviços, disse a pessoa.

A Baowu, campeã nacional de aço da China criada pela fusão do Shanghai Baosteel Group e do Wuhan Iron & Steel Group em 2016, vinha se expandiu adquirindo usinas menores desde 2019. A empresa produziu 120 milhões de toneladas no ano passado, segundo a World Steel Association.

Mas muitas de suas unidades lutam com a demanda enfraquecida, disse a pessoa, que pediu para não ser identificada.

A indústria siderúrgica da China vem enfrentando margens baixas em meio à concorrência massiva no mercado doméstico à medida que a economia desacelera.

A Baowu não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

Outras usinas expressaram temores semelhantes nas últimas semanas, mas o alerta da principal produtora da China provavelmente ressoará com os formuladores de políticas, que buscam reanimar a economia e fortalecer o mercado imobiliário instável do país, que é fundamental para o consumo de aço. A China é o maior produtor e consumidor global da liga metálica.

O governo prometeu um estímulo maciço em gastos com infraestrutura para resgatar o crescimento, mas o pessimismo da Baowu parece indicar uma falta de convicção de que o estímulo dará um impulso suficiente à construção e à demanda por aço.

Enquanto isso, a crise no mercado imobiliário está piorando após uma onda de boicotes de hipotecas devido a moradias inacabadas, que, juntamente com as restrições de Covid, provavelmente reduzirão a produção de aço no segundo semestre, de acordo com a Bloomberg Intelligence.

O setor imobiliário e infraestrutura normalmente respondem por mais da metade da demanda de aço da China.

Fonte: Money Times
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 22/07/2022