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Falta de trabalhador especializado afeta construção civil

Em meio ao aquecimento da construção civil e um mercado de trabalho dinâmico, empresas do setor já se queixam da dificuldade de encontrar mão de obra em geral e principalmente trabalhadores qualificados. Segundo os dados recentes da Sondagem da Construção do FGV Ibre, a escassez de mão de obra é apontada por quase 30% das empresas como uma das principais dificuldades enfrentadas no momento.

Segundo executivos do setor, o cenário tende a gerar gargalos, principalmente com o andamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal, e a solução mais viável é acelerar o processo de industrialização da construção civil.

Um dos pontos que líderes das empresas têm notado é a falta de interesse dos jovens em trabalhar na construção, algo que vem sendo observado também em outras indústrias. “As dez maiores indústrias no mundo, e isso se reflete na mesma proporção aqui no Brasil, hoje sofrem problemas de escassez de mão de obra pela questão geracional”, diz Cristiano dos Anjos, CEO da Kingspan Isoeste, líder global em construtivos isotérmicos, com cinco fábricas no Brasil.

“Tem a questão de a construção civil tradicional ser um serviço fisicamente pesado, e as novas gerações têm evitado esse tipo de trabalho.”

Na construção civil tradicional, explica dos Anjos, a porta de entrada para iniciantes costuma ser a função de servente de pedreiro, mas hoje um jovem consegue ganhos similares trabalhando como motorista ou entregador de aplicativo. “Acaba ganhando igual ou mais que um servente sem precisar fazer trabalho pesado debaixo do sol. Entra no fator do que as pessoas estão almejando para a qualidade de vida delas”, diz.

Segundo José Ricardo Reichert, diretor industrial da Eternit, tradicional fabricante de telhas de fibrocimento, o problema da escassez de mão de obra na construção e na indústria em geral se intensificou após a pandemia, quando muitos profissionais migraram de carreira. Ele diz que a região onde a empresa encontra mais dificuldades hoje é no Centro-Oeste.

“As novas gerações são mais influenciáveis em relação às novas tecnologias, como automação, IA e indústria 4.0. Como a construção civil ainda mantém um viés conservador, a dificuldade que temos pela frente é justamente a de capturar e reter uma mão de obra com este perfil”, conta Reichert.

Para contornar o problema, o diretor industrial da Eternit comenta que a empresa monitora permanentemente o mercado em termos de remuneração e benefícios e tem buscado investir mais em automação.

"Querendo ou não, a falta de qualificação afeta muito o mercado”
— Bruno Cardoso

“Contudo nosso processo não nos ajuda muito, pois já temos poucas pessoas por linha ou turno. Em resumo, o desafio permanece e a Eternit continua na busca de soluções, como todo o setor de construção”, afirma.

Já na Kingspan Isoeste, a estratégia é investir na industrialização do segmento, incluindo a formação de mão de obra qualificada, essencial para a expansão da empresa no país - a fabricante produz material no segmento de paredes e telhas térmicas ainda pouco conhecidos no mercado residencial brasileiro, embora em outros lugares do mundo já esteja bem consolidada.

“Como a mão de obra que precisamos já é mesmo de uma outra característica, temos que fazer os nossos treinamentos constantes e temos empresas parceiras. É uma mão de obra diferente”, diz o CEO da companhia. “O pedreiro que quer se atualizar consegue gerar um valor agregado melhor, constrói mais rápido, o que é muito melhor para o empreiteiro”, complementa Cristiano dos Anjos.

Bruno Cardoso, de 29 anos, hoje proprietário da empresa de médio porte Smart B Serviços e Construções, conta que começou a trabalhar no setor aos 18 anos com métodos construtivos tradicionais e, no meio do caminho, percebeu que precisava se atualizar sobre as inovações para prosseguir no setor. Como técnico de edificações, trabalhou como encarregado e não sofria tanto o desgaste físico da construção de alvenaria tradicional, mas notava muito demora, desperdício e, consequentemente, custos elevados nas obras.

“Antes, numa obra similar usávamos dez trabalhadores. Com o sistema de materiais industrializados utilizamos quatro. Uma atividade para montar telhado com telha de cerâmica levava 90 dias, e hoje consigo fazer em 30 dias. Isso ainda diminui o valor com a mão de obra, os encargos e o transporte”, diz Cardoso.

Cardoso também tem dificuldades de expandir o quadro de funcionários devido à escassez de trabalhadores preparados para atuar com as novas tecnologias de construção mais industrializada. “Querendo ou não, a falta de qualificação afeta muito o mercado. A construção civil ainda é um mercado muito decadente. Mas é um setor que sempre vai existir e precisamos de gente, mesmo que a inovação permita fazer o mesmo com menos pessoas.”

Fonte: Valor
Seção: Construção, Obras & Infraestrutura
Publicação: 16/08/2024

Líder mundial na produção de aço, China alerta para crise ‘grave’

 Queda de 9% da produção chinesa em julho foi mais acentuada do que o esperado, diz analista As siderúrgicas chinesas cortaram a produção de aço em julho, numa reação à fraca demanda pela commodity. A redução foi de 9% tanto na comparação com junho como na base anual. De acordo com dados divulgados na quinta-feira (15) pelo departamento de estatísticas da China, saíram dos altos-fornos no mês passado apenas 82,9 milhões de toneladas, a mais fraca marca deste ano.

"A produção geralmente cai no verão [setentrional], mas a queda de julho foi mais acentuada do que o esperado", disse Xu Xiangchun, analista da Mysteel Global, que espera mais cortes neste mês. “O ânimo do mercado está realmente retraído”, disse. A produção total dos sete primeiros meses atingiu 613,7 milhões de toneladas - um recuo de 2,2% em relação ao ritmo de 2023.

O pessimismo é compartilhado pelo maior produtor de aço do mundo, que soou o alarme sobre uma crise na China que tem o potencial de provocar ondas de choque em todo o mundo e alertou para uma desaceleração mais profunda do setor do que os grandes traumas de 2008 e 2015. O presidente do grupo China Baowu Steel, Hu Wangming, disse a seus funcionários na reunião semestral da empresa que as condições no país asiático são como um “inverno rigoroso”, que será “mais longo, mais frio e mais difícil de suportar do que esperávamos”.

Os investidores internacionais estão focados nas dificuldades da economia da China, embora também cogitem a possibilidade de uma recessão nos Estados Unidos, em que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) caminha para cortes nas taxas de juro. No caso das commodities, que incluem o aço, o alerta do Baowu ressalta os riscos para a demanda e os preços, assim como para o que a ArcelorMittal, a segunda maior empresa do setor, chamou de um aumento “agressivo” das exportações da China.

O mercado de aço da China - que é de longe o maior do mundo - tem emitido muitos sinais de alerta, enquanto a retração prolongada do setor imobiliário local não dá indicações de terminar e a atividade fabril se mantém contida. O Baowu sozinho produz cerca de 7% do aço do mundo, e seus comentários são acompanhados com atenção para medir o clima do mercado no país asiático.

A dura mensagem de Hu provavelmente será uma preocupação para rivais por toda a Ásia, a Europa e a América do Norte, enquanto eles lidam com uma nova onda de exportações chinesas, muitas vezes pressionando pela adoção de medidas comerciais. As remessas da China estão no rumo de chegar a cerca de 100 milhões de toneladas este ano, o maior volume desde 2016, enquanto os produtores locais lutam para compensar a desaceleração interna.

No início do mês, a ArcelorMittal informou que o aumento das exportações da China deixou o mercado mundial em condição “insustentável”.

A gigante siderúrgica alemã ThyssenKrupp ressaltou os desafios do setor na quarta-feira (14), ao registrar uma grande queda nos ganhos. Os novos pedidos da companhia recuaram quase 11% no segundo trimestre deste ano, e a siderúrgica informou que a fraca demanda que está pressionando as vendas deverá continuar enquanto clientes dos setores automotivo, de máquinas e de construção perdem impulso. A empresa já reduziu suas perspectivas para o ano três vezes nos últimos meses.

"Os departamentos financeiros devem prestar mais atenção à segurança do custeio da empresa”
— Baowu Steel

A ThyssenKrupp, com prejuízo líquido de € 33 milhões (R$ 198,23 milhões) no último trimestre, avalia que o mercado não deve se estabilizar no curto prazo devido à demanda persistentemente fraca e aos altos custos de energia e planeja cortar 400 vagas em uma unidade de produção na Alemanha. Em abril, a companhia anunciou que planeja reduzir a sua capacidade de produção em cerca de 20%, o que também deve incluir demissões de parte de seus 26 mil empregados naquele país.

Outras companhias do setor também estão fazendo ajustes. A alemã Kloeckner avança em seus planos de cortar 10% de sua força de trabalho na Europa. Segundo a agência Reuters, na quinta-feira (15), o governo britânico decidiu destinar 13,5 milhões de libras (R$ 94,6 milhões) para ajudar trabalhadores da Tata Steel, que havia anunciado a demissão de 2.800 funcionários e o fechamento de fornos em suas operações no Reino Unido.

Os futuros de minério de ferro em Cingapura caíram até 3,4%, para US$ 95,20 (R$ 520) por tonelada, o menor nível desde maio do ano passado. A debandada nos mercados de aço foi ainda mais acentuada: em Xangai, os futuros de vergalhão caíram mais de 4%, para o nível mais barato desde 2017. A BHP, que obtém grande parte de suas receitas com a venda de minério de ferro para a China, teve uma queda de quase 3%.

O setor siderúrgico chinês sofreu quedas devastadoras durante a crise financeira mundial de 2008 e 2009 e de novo no período de 2015 a 2016. Nos dois casos, as crises só foram resolvidas por estímulos maciços - uma perspectiva que parece mais remota em 2024, já que o presidente Xi Jinping tenta reformular a economia.

O Baowu não ofereceu muito em termos de apontar as causas da retração atual, e preferiu se concentrar em como os funcionários devem responder a ela: preservando dinheiro e minimizando riscos.

“Os departamentos financeiros em todos os níveis devem prestar mais atenção à segurança do custeio da empresa”, explica o comunicado do grupo, que aponta a necessidade de fortalecer controles, inclusive sobre pagamentos em atraso e detecção de negociações falsas. “No processo de atravessar o longo e rigoroso inverno, o dinheiro é mais importante do que o lucro.”

Enquanto as usinas passam por dificuldades, os estoques de minério de ferro aumentam, ao mesmo tempo em que as barras de reforço, usadas na construção civil, estão mais baratas do que em qualquer outro momento desde 2017. Fabricar aço é cada vez menos lucrativo, o que põe as siderúrgicas sob pressão para cortar a produção. Enquanto isso, as exportações devem ultrapassar as 100 milhões de toneladas, o maior número desde 2016.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 16/08/2024

 

Indústria do aço na China enfrenta crise sem precedentes

A indústria siderúrgica da China, a maior do mundo, está diante de uma crise de magnitude superior às quedas registradas em 2008 e 2015. A situação foi descrita como um "inverno rigoroso" pelo presidente da China Baowu Steel Group, Hu Wangming, durante a reunião semestral da empresa. Em sua análise, Hu destacou a necessidade de preservar o caixa e minimizar riscos, sugerindo que a crise pode ser mais prolongada e difícil de superar do que o esperado, segundo informações da Bloomberg.

O impacto desse alerta já se reflete nos mercados de minério de ferro e aço, com os futuros do minério atingindo seus níveis mais bainduixos desde o ano passado e os preços das barras de reforço em Xangai despencando mais de 4%, atingindo o menor valor desde 2017. A crise no mercado de aço chinês, amplamente influenciada pela desaceleração do setor imobiliário e pela menor atividade industrial, tem gerado uma queda acentuada na demanda doméstica, levando os preços a mínimos históricos e acumulando perdas significativas nas siderúrgicas.

O alerta de Baowu, responsável por cerca de 7% da produção mundial de aço, deve preocupar produtores em todo o mundo, especialmente na Ásia, Europa e América do Norte, que precisam lidar com uma nova onda de exportações chinesas. A crise atual, diferente das anteriores, não conta com a perspectiva de grandes pacotes de estímulos econômicos, já que o presidente Xi Jinping busca redesenhar a economia do país, afastando-se de medidas que tradicionalmente impulsionaram a recuperação em crises passadas.

Impacto global

Durante a crise financeira global de 2008-2009 e a desaceleração de 2015-2016, a indústria do aço na China foi severamente afetada, mas recuperou-se através de estímulos massivos. Contudo, as condições atuais são diferentes, e o foco agora está em estratégias de mitigação de risco, com as siderúrgicas buscando reduzir despesas, fortalecer controles financeiros e evitar fraudes. A Baowu Steel Group enfatizou a importância de assegurar o caixa da empresa, ressaltando que "cash é mais importante que lucro" neste momento de incerteza.

Enquanto as siderúrgicas lutam para se manter viáveis, os estoques de minério de ferro estão aumentando, e o preço das barras de aço, usadas na construção, atingiu o nível mais baixo desde 2017. A produção de aço está se tornando cada vez mais inviável, pressionando as usinas a reduzir a produção. Paralelamente, as exportações chinesas de aço estão em alta, projetadas para ultrapassar 100 milhões de toneladas em 2024, o maior volume desde 2016, aumentando a concorrência e pressionando ainda mais os preços no mercado global.

Essa crise na indústria do aço é um reflexo das complexas dinâmicas econômicas da China e representa um desafio não apenas para as siderúrgicas chinesas, mas também para os mercados globais que dependem de sua produção. As siderúrgicas fora da China, particularmente na Europa e na América do Norte, precisarão ajustar suas estratégias para lidar com a pressão crescente das exportações chinesas e a volatilidade dos preços no mercado global de aço.

Fonte: Exame
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 15/08/2024

 

CSN espera queda de custos e preços maiores de aço no 2º semestre

A CSN deve conseguir reduzir custos no segundo semestre na produção de aço ao mesmo tempo que manterá a política do que chama de "redução de descontos" nos preços da liga praticados no mercado interno, afirmou o diretor comercial da companhia, Luis Fernando Martinez, nesta terça-feira.

"No segundo semestre, os custos devem continuar caindo com certeza, estamos em 3.400 (reais por tonelada)", afirmou o executivo citando intenção da empresa de conseguir chegar ao patamar de 3 mil reais nos próximos trimestres.

"Em preços, já temos recuperação. Voltamos ao nosso melhor mix de valor agregado...e vamos focar na margem", acrescentou o executivo em teleconferência com analistas sobre os resultados da CSN no segundo trimestre, divulgados na noite da véspera.

No segundo trimestre, a CSN teve um custo de produção de placas de aço de 3.549 reais por tonelada, queda de 13,7% sobre um ano antes, apesar de paradas de alguns equipamentos para manutenção.

Em cimentos, a companhia teve na segunda-feira a expiração de prazo de negociações exclusivas para compra dos ativos da rival Intercement, mas o diretor financeiro, Antonio Rabello, comentou que a CSN segue no diálogo com o grupo Mover, controladora da cimenteira, para conseguir uma equação que não comprometa a alavancagem em ascensão da empresa.

Apesar do nível de endividamento da CSN ter crescido no trimestre passado para 3,36 vezes ante a meta revisada em maio de 2,5 vezes até o final do ano, o executivo afirmou que a empresa segue com compromisso na redução do endividamento.

Rabello citou que a empresa deve conseguir parceiros para as suas divisões de energia e mineração até o final do ano, mas não deu detalhes.

O executivo também reafirmou que a empresa vai "monetizar" as ações da Usiminas que tem em carteira "em algum momento" e que a empresa mantém planos para fazer ofertas iniciais de ações (IPOs) de suas unidades, com a próxima, após mineração, sendo a de cimentos, mas não deu detalhes sobre quando isso poderia acontecer.

Fonte: Reuters
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 14/08/2024

 

CSN Mineração registra um aumento de 13,8% na produção de abril a junho

A CSN Mineração, unidade de negócios da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) no setor mineral, alcançou, entre os meses de abril e junho deste ano, um desempenho histórico. A empresa registrou o segundo maior volume de produção própria em sua história, atrás somente do verificado em 2016, o que representa um recorde na configuração atual de seus ativos. 

O forte aumento da fabricação de minério de ferro reflete a sazonalidade com o período mais seco e o aumento de eficiência da operação, de acordo com a companhia, que mantém minas e plantas de beneficiamento em Minas Gerais. O balanço operacional foi divulgado nesta terça-feira (13). 

No período, a produção de minério da companhia, incluindo compras de terceiros, somou 10,4 milhões de toneladas, uma alta de 13,8%, ante os primeiros três meses de 2024. Frente ao segundo trimestre de 2023, houve uma redução de 6,6%, porém, a baixa se deve exclusivamente à uma menor aquisição de minérios de outros produtores, um movimento em linha com a estratégia adotada pelo grupo para este ano de priorizar a margem em detrimento de quantidade. 

“Na comparação entre o primeiro semestre deste ano e o do último exercício, entregamos um crescimento de produção própria de 2,94 milhões de toneladas. No final do ano passado, falamos em um crescimento de 2,5 milhões de toneladas, ou seja, já superamos em 440 mil toneladas a meta. Estamos confiantes de ter um segundo semestre com fortes volumes também”, destacou o CFO e diretor-executivo de Relações com Investidores da CSN Mineração, Pedro Oliva. 

O volume de vendas da mineradora também subiu no segundo trimestre, atingindo 10,8 milhões de toneladas, número 18% superior ao registrado no trimestre imediatamente anterior, o que está em conformidade com a sazonalidade e com a evolução da operação. Na comparação com os mesmos três meses de 2023, houve queda de 4,1%, apesar da redução nas compras de terceiros.

Lucro líquido cresce 170,2% e margem Ebitda ajustada chega a 48,7%

Os bons resultados operacionais, aliados a medidas de controle de custos, refletiram nos resultados financeiros da CSN Mineração no segundo trimestre de 2024. O lucro líquido, por exemplo, chegou a R$ 1,5 bilhão no período, o que representa um aumento de 170,2% em relação aos três meses anteriores. Além da influência do desempenho da operação propriamente dita, o valor sofreu efeitos positivos das operações de hedge de minério e da variação cambial.

Já o Ebitda ajustado da mineradora atingiu R$ 1,6 bilhão, entre abril e junho, com uma margem de 48,7%, representando uma alta de 8,6 pontos percentuais (p.p.) frente ao primeiro trimestre do ano. A evolução de rentabilidade mesmo em um período de queda no preço do minério realizado decorreu justamente da performance operacional da companhia, ao combinar recorde de produção própria, com otimização da rede logística e redução de custos. O câmbio também impactou.

Investimentos sobem 60,9% no trimestre

No segundo trimestre deste ano, o total de investimentos da CSN Mineração bateu a casa dos R$ 407 milhões, uma alta de 60,9%, ante o período de janeiro a março. A elevação do capex resultou dos aportes correntes para manutenção da capacidade operacional e avanço nos projetos de expansão, principalmente relacionados à planta de Itabirito, na região Central do Estado.

Durante a conferência com analistas, Oliva realçou que os valores devem continuar subindo nos próximos trimestre, especialmente no que tange aos projetos de expansão.

Fonte: Diário do Comércio
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 14/08/2024

 

Siderurgia & Mineração Insegurança jurídica e aço chinês são desafios do setor siderúrgico, diz presidente do grupo Techint

Esta semana, o Congresso Aço Brasil realizou sua edição 2024 e jogou luz sobre os entraves que ainda preocupam um dos setores que mais geram empregos e movem a economia do país.

Presente na abertura, o presidente do grupo Techint, Paolo Rocca, citou entre os principais desafios o impacto da ascensão da China e a insegurança jurídica que tem sido observada na América Latina.

Fatores importantes para o investimento

O executivo destacou que, antes de fazerem investimentos em um país, os grupos empresariais locais e estrangeiros avaliam cuidadosamente fatores como:

- Previsibilidade do sistema judicial 
- Defesa da concorrência
- Redução da carga tributária.

Nesse sentido, citou exemplos negativos já observados em nossa região, como a ruptura de contratos na Argentina e a expropriação na Venezuela. 

No Brasil, citou recente decisão controversa do STJ sobre a compra de ações na Usiminas pela Ternium, que foi favorável à CSN, acionista e concorrente da siderúrgica mineira.

“Recentemente, contrariando a decisão de cinco instâncias administrativas e judiciais que deliberaram de outra forma ao longo de 12 anos, uma câmara do Superior Tribunal de Justiça determinou o pagamento de uma multa de R$ 5 bilhões, o equivalente a três vezes o valor da participação acionária da companhia na Usiminas”, afirmou,

Ele também acrescentou que o Mercosul não foi tão bem avaliado em ranking recente do Banco Mundial quanto à qualidade institucional e facilidade de fazer negócios.

O risco do aço chinês 

Rocca alertou que nunca na história do mundo houve uma transferência de atividade produtiva tão grande como acontece hoje com a participação da China na produção industrial. 

“Nos últimos 30 anos, o surgimento da China como potência industrial dominante contribuiu substancialmente para a primarização de nossas economias. A China não é uma democracia, é um país com um sistema de governo autoritário e centralizado, que tem a capacidade de alocar recursos para diferentes setores da economia com base em decisões de conveniência tática e estratégica”, disse.

Outra questão concorrencial apontada por Rocca foi a discrepância da carga tributária nos mercados. Ele afirmou que empresas privadas na América Latina são sobrecarregadas por uma carga fiscal substancialmente mais elevada que a praticada nos EUA, na Europa ou no Japão. Além disso, têm de competir por recursos financeiros com Estados que, na maioria dos casos, são em grande parte deficitários. Ao mesmo tempo, devem assumir papéis que, em outros países, são eficientemente apoiados por seus Estados.

“A nossa indústria e toda a sua cadeia de valor tiveram que lidar com um mercado significativamente estagnado, o que impactou a capacidade de incorporar novas tecnologias, de renovar ativos e de atrair recursos humanos e financeiros”, finalizou.

Fonte: Exame
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 12/08/2024