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Siderúrgicas elevam preço do aço em abril

O mercado brasileiro de aços planos começa abril com um forte reajuste, na casa dos 20%. Novos aumentos, nos próximos meses, vão depender de uma série de fatores - da evolução das cotações do minério de ferro e do carvão (insumos cruciais), preços do aço no exterior, valorização do real frente ao dólar e futuro da guerra da Rússia na Ucrânia.

De acordo com avaliações de especialistas ouvidos pelo Valor, há um cenário de “imprevisibilidade” grande neste momento. O dólar a R$ 4,70 seria um fator para reduzir o prêmio entre aço importado e o nacional. Mas a moeda americana vai se desvalorizar mais? Ou, por quanto tempo ela pode se manter no atual patamar?

No dia 1º de abril, tanto CSN quanto Usiminas aplicaram os reajustes que vinha prometendo, de 20%. Será em duas vezes. A CSN começou com 12,5% e na segunda quinzena vai subir os 7,5% restantes. A siderúrgica mineira começou com 15% - os outros 5% virão 15 ou 20 dias depois.

A CSN, informou Luiz Fernando Martinez, diretor-executivo comercial, vai reajustar toda linha (laminados a quente e a frio, zincados, pré-pintados e longos), com exceção de folhas metálicas.

Usadas na fabricação de embalagens, como latas de tintas, de alimentos e outras, as folhas metálicas terão aumento de 7,5% no início de maio, disse Martinez.

A ArcelorMittal, que faz material plano em Serra (laminado a quente) e em São Francisco do Sul (laminado a frio e galvanizados), aplica a partir de hoje os mesmos percentuais de CSN e Usiminas, também distribuidos em duas parcelas, informou executivo da área de distribuição.

A Gerdau também decidiu fazer reajuste em seus laminados a quente e chapas grossas, mas ainda não informou detalhes do percentual e se será parcelado.

Os mercados consumidores que sofrerão reajustes são a construção civil, indústria (máquinas e equipamentos, bens eletrodomésticos, implementos agrícolas, tubos, autopeças e outros) e a rede de distribuição (que vende aço no varejo).

As montadoras de automóveis têm datas específicas de aumento do aço que compram - uma, ou duas vezes, por ano. A CSN, por exemplo, vai acertar reajuste em julho, informou Martinez. A previsão é na casa dos 15%.

“Vai ser uma pancada no nosso negócio, considerando que o mercado nacional já está todo abastecido”, disse uma fonte da rede de distribuição. O segmento é responsável por cerca de um terço do aço plano comercializado no país.

O mercado global de aço, com a guerra entre Rússia e Ucrânia, dois produtores e exportadores de aço relevantes, teve choque de alta de preços desde o início do conflito. O choque de preços atingiu desde gás e petróleo até trigo e fertilizantes, além de aço, metais de base e matérias-primas como carvão.

As placas de aço, material semiacabado para fazer produtos laminados, saíram de US$ 600 a tonelada para a faixa de US$ 1.150 a US$ 1.180. Isso se deveu ao aumento do carvão, que praticamente dobrou de preço, indo a próximo de US$ 700 a tonelada. O minério ganhou alta na faixa de US$ 30 desde o início da guerra. “Toda cadeia setorial do aço foi impactada e não conseguimos ver um cenário de reequilíbrio da oferta e dos preços tão cedo”, comenta Martinez.

O preço da bobina a quente (BQ) - material de referência do mercado de aço - na China está entre US$ 880 e US$ 900 a tonelada. E praticamente não há disponibilidade para importar. Os chineses estão ocupando mercados europeus que eram das usinas russas e ucranianas.

A mesma BQ na Europa é comercializada na faixa de US$ 1.480 a tonelada, enquanto nos EUA - considerado o melhor mercado, hoje, para placas e laminados - chegou a US$ 2 mil, mas recuou para um patamar de US$ 1.560.

“Estamos, na CSN, exportando todo volume possível de BQ para nossa controlada em Portugal, a Lusosíder. Ela está substituindo material vendido, principalmente na Itália, que era feito com matéria-prima (placas) oriunda da Ucrânia”, disse o executivo.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 05/04/2022

Preço do minério dispara com a guerra na Ucrânia

As consequências dos conflitos instalados no Leste europeu a partir da invasão russa à Ucrânia continuam impactando a cotação do minério de ferrono mercado internacional. Adicionalmente e também em virtude da guerra, a China – maior consumidor global da commodity – tem aumentado os estoques do insumo siderúrgico nas últimas semanas e estuda adotar medidas de estímulo econômico nos próximos meses. Os impactos nos preços já são contabilizados pelo mercado: valorização de 13,8% e alta de 33% no trimestre. Já no primeiro dia de abril, a tonelada chegou a US$ 150,84.

Especialistas ouvidos pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO afirmam que a tendência, no curto prazo, é de manutenção da alta. E que, de certa maneira, a oscilação tem surpreendido o mercado. Para a líder regional da XP Inc. em Minas Gerais, Jéssica Oliveira, o incremento tem se descolado dos fundamentos, pois os números recentes de produção de aço e importação de minério na China (e no mundo) não são tão positivos.

“Houve queda na produção de aço na China e na maioria dos países, o que refletiu na diminuição das importações de minério. Agora, o que vem impactando é a recuperação econômica destes países e a esperança de que a demanda por minério melhore daqui para frente, inclusive com o encerramento dos lockdowns em algumas cidades como Tangshan, uma das principais produtoras de aço daquele país”, explica.

Segundo a especialista, no curto prazo é difícil prever qual será o comportamento dos preços, principalmente porque, por se tratar de commodity, “há muito overreaction / underreaction”. “Qualquer notícia mais positiva já seria motivo de alta, e o contrário também é verdadeiro. Porém, no longo prazo, a expectativa é de que o preço caia para valores mais saudáveis. Nossa projeção é de uma cotação próxima a US$104 a tonelada no fim do ano”, completa.

O analista de investimentos da Mirae Asset Corretora Pedro Galdi, acredita que o movimento de alta dos preços do insumo siderúrgico deve continuar no curto prazo. Ele também avalia que, quando for encontrada uma solução para a guerra na Ucrânia, os preços das commodities possivelmente sofrerão ajustes para baixo. Mas pondera que visualizar um preço de minério de ferro a US$ 100/tonelada, no pós-guerra, seria aceitável.

“Muito desta alta observada até aqui reflete a crise do Leste europeu, mas temos como fator que minimizou um aumento ainda maior, a China, já que o país continua sendo o principal cliente das mineradoras brasileiras e do mundo. Aquele país passa por um movimento de desaceleração, afetado também por uma nova onda de Covid, que impôs novas restrições. O que podemos esperar é que o governo chinês aplique programas de estímulos para gerar melhora da economia e aumento da demanda”, diz.

Neste sentido, economistas do JPMorgan disseram, em nota, que, para sustentar a economia, Pequim deve lançar medidas políticas, incluindo apoio fiscal para projetos de infraestrutura, por meio de títulos especiais do governo local, e para o setor corporativo, por meio de reduções de impostos e taxas. Também são esperados cortes na taxa básica de juros e no índice de compulsório.

E isso já está movimentando o mercado, comenta o sócio da Belo Investment Research Paulino Oliveira. “O mercado se move na expectativa e responde muito rápido. Os anúncios de intervenções do governo chinês ocorreram na quarta-feira (30) e os efeitos seguiram no decorrer da semana. Temos que acompanhar de perto, pois os próximos passos da China vão continuar impactando na demanda e nos preços no curto prazo. Para um período mais longo, o que vai determinar é a expectativa sobre grandes construções e o déficit habitacional daquele país”, explica.

Por fim, o vice-presidente do Conselho Empresarial de Mineração e Siderurgia da Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas), Rowan Pedro de Araújo, analisa que o aquecimento da economia global e a recuperação das siderurgias e a construção civil da China – principalmente após a liberação de lockdowns em algumas cidades -, pressionam a movimentação da indústria de minério de ferro e siderúrgica. “A tendência é de alta nos preços devido ao aumento do consumo e a nítida recuperação da economia e de setores consumidores do mineral”, conclui. 


Fonte: Diário do Comércio
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 04/04/2022

Como a inflação impacta o setor de construção civil

Em março, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) subiu a meta para os juros básicos (Selic) em novo 1 ponto percentual, a 11,75% ao ano.

O Copom já sinalizou que vai continuar subindo juros, mas em dose mais branda, não mais em 1,5 ponto como vinham sendo os ajustes.

A crise econômica causada pela pandemia do coronavírus já havia afetado diversos setores nos últimos meses. A construção civil, por exemplo, registrou a maior alta de preços nos últimos 28 anos.

Com o fim da pandemia, o setor almejava uma retomada, mas com essa alta da Selic o alerta foi ligado, vamos entender como a inflação impacta o crescimento.

Segundo o levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV), os preços do setor da construção apresentaram um aumento de 38,66% nos últimos 12 meses (sem considerar custos com fretes e impostos). E um dos maiores responsáveis por essa inflação é o aço, um item essencial na construção civil e demais segmentos.

Entre maio de 2020 e 2021, o preço do aço em reais subiu mais de 72,6%. No Brasil, a tonelada do material já ultrapassa o valor de R$5.000. Já o Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), registrou uma taxa de inflação de 1,87%, em abril de 2021.

Devido ao aumento, o custo por metro quadrado da construção passou a ser de R$1.363,41, já o metro quadrado da mão de obra encareceu 0,18% no mês, custando R$574,31.

Inflação do setor fechou 2021 em 18,65%, maior taxa em 9 anos

Acumulado no ano subiu 8,49 pontos percentuais em relação a 2020 (10,16%) e chegou à maior taxa na série histórica, iniciada em 2013. Em matéria publicada pelo G1 mostra que a  inflação medida pelo Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi) foi de 0,52% em dezembro de 2021, 0,55 ponto percentual abaixo do mês de novembro do mesmo ano (1,07%) e menor índice de 2021.

Já o acumulado no ano atingiu 18,65%, subindo 8,49 pontos percentuais em relação a 2020 (10,16%) e chegando à maior taxa na série histórica, iniciada em 2013.

Alta do dólar e inflação: Como isso impacta o setor?

A disparada nos preços da construção civil foi causada por uma série de motivos, como a alta do dólar e a desvalorização do real em cerca de 40% no período de um ano, — fator que encarece a compra doméstica de commodities produzidas no Brasil, como minério de ferro e ligas metálicas.

Além disso, o preço em dólar de diversas matérias-primas utilizadas no setor, como minério de ferro, alumínio, cobre e equipamentos para construção, continua com aumento de valor, o que tende a manter os preços em alta.

A pandemia também foi uma das responsáveis pela inflação na construção civil. Isso porque as interrupções na produção, a diferença entre oferta e demanda em meio à pandemia e a retomada da economia de países como China e Estados Unidos elevaram os preços no setor.

As consequências da inflação

O aumento dos preços e custos na construção civil resulta em um cenário de maior preferência pelos empreendimentos de valor mais alto, como aponta a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

Segundo a CBIC, a inflação no setor pode reduzir o incentivo de projetos populares voltados às rendas mais baixas.

Para amenizar a situação, as lideranças do setor da construção civil sugerem que o governo reduza a alíquota de importação do aço dos atuais 12% para 1%, viabilizando assim a compra do material e aliviando a alta dos preços.

Fonte: Rondônia Dinâmica
Seção: Construção, Obras & Infraestrutura
Publicação: 04/04/2022

Falta de gás para soldagem atinge indústrias de Caxias do Sul

A ausência de um gás utilizado para soldagem na indústria, o dióxido de carbono (CO²), é sentida em ao menos duas empresas de Caxias do Sul. Marcopolo e Randon confirmaram na quinta-feira (31) que estão com a matéria-prima em falta, mas que buscam alternativas para suprir a demanda.

Por meio de nota, a Marcopolo informou que a companhia busca alternativas para minimizar os impactos causados pelo desabastecimento de CO?2; em todo o mercado nacional. Ainda conforme a empresa, neste momento, a falta do gás não provoca “reflexos significativos” na produção.

Já a Randon informou, também por meio de nota, que a companhia acompanha uma “situação pontual” de alteração no fluxo de abastecimento de CO?2;, que vem sendo contornada e analisada diariamente. A companhia diz ainda que este insumo é necessário para realização das atividades de solda em algumas operações industriais.

"Não são todas as empresas que consomem esse tipo de gás", diz presidente do Simecs

De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul e Região (Simecs), Paulo Antônio Spanholi, falhas na entrega da matéria-prima chegaram ao conhecimento da entidade ainda na semana passada e atingem, nesse momento, as maiores indústrias da cidade, que utilizam o CO?2; para a soldagem. O dióxido de carbono permite redução no aquecimento da área soldada, possibilitando maior resistência na solda e maior penetração do material base. 

— Não são todas as empresas que consomem esse tipo de gás devido à sua funcionalidade. Por isso, essa falha não atinge tanto a nossa região. Sei que existe mais demanda (do gás) em indústrias de máquinas agrícolas, mas aqui afeta as maiores porque consomem mais do que as menores — explica. 

Ainda conforme Spanholi, a justificativa apresentada pela distribuidora de gás White Martins, que atende a cerca de 80% da demanda, é que a sua fornecedora de CO?2; bruto, precisou fazer uma manutenção nos equipamentos, procedimento que se estendeu além do planejado e acabou impactando no abastecimento para as indústrias.

— Nos informaram que essa manutenção seria de dois dias, mas que se estendeu e deve durar cerca de 20 dias. A partir disso, devem normalizar o fornecimento — afirma Spanholi. 

O Simecs, junto com as empresas, afirmam que estudam alternativas, mas esbarram em falta de opções no mercado. Segundo Spanholi, há tratativas com outros produtores para substituição desse gás, mas que dependem de ajustes internos nas empresas e nos equipamentos, o que levaria mais tempo ainda para solucionar a demanda.  

— Seria mais demorado talvez que o retorno do CO?2; — explica Spanholi.

A diretora do Simecs, Daiane Catusso, afirma que a entidade acompanha os casos e que a ausência do produto não impacta negativamente na produção das empresas.

Empresa diz que está empenhada em manter o fornecimento

A White Martins, que distribui o gás para empresas de Caxias do Sul, diz que o desabastecimento está relacionado a uma parada para manutenção da fornecedora do CO?2; bruto. Com isso, outras fornecedoras também enfrentam essa dificuldade. Em nota, a White Martins afirma também que tem feito todos os esforços para garantir o abastecimento para os clientes. Confira abaixo a nota na íntegra:

 "A White Martins informa que seus clientes continuam sendo abastecidos com CO?2; em todo o Brasil, com restrições em algumas localidades específicas, em função da parada de manutenção da empresa que fornece CO2 bruto para a principal planta de produção da companhia, localizada em Cubatão (SP). Os clientes foram avisados antecipadamente de que poderia haver restrições temporárias no fornecimento de CO2 em função da prioridade do fornecimento destinado ao armazenamento de vacinas e transporte de órgãos, assim como aplicações ambientais. A companhia reitera que está empreendendo todos os esforços para manter o fornecimento aos seus clientes, trazendo o produto da Argentina e da Bolívia, além da transferência do CO?2; de outras plantas da companhia na Bahia e em Minas Gerais".

Fonte: GaúchaZH
Seção: Metalurgia
Publicação: 04/04/2022

Preço do ferro-gusa dispara com guerra

A guerra entre a Rússia e a Ucrânia continua fazendo estragos na economia mundial, em especial nos setores que possuem commodities, que têm seu preço determinado pela oferta e procura internacional, entre as matérias-primas. A indústria da fundição, por exemplo, que tem enfrentado sucessivos aumentos no preço do ferro-gusa, acaba de receber mais um, agora de 60%, que vem a se somar aos reajustes de  41,6% praticados em janeiro e fevereiro. 

A Associação Brasileira de Fundição (Abifa) e o Sindicato da Indústria da Fundição no Estado de Minas Gerais (Sifumg) destacam que o impacto do reajuste do preço do insumo no custo industrial do setor gira em torno de 30% e alegam que a solução imediata passa pelo repasse dos preços. Mas alertam sobre a necessidade de uma política industrial que proteja o mercado doméstico.

De acordo com o presidente das entidades, Afonso Gonzaga, trata-se de uma questão de oferta e demanda. Ele lembra que Rússia, Ucrânia e Brasil são os maiores produtores mundiais de ferro-gusa e que os dois primeiros países eram responsáveis, por exemplo, pelo abastecimento de 80% da Europa. Mas, como estão em guerra, resta ao Brasil atender todo o mercado com seu produto.

“Entendemos a dinâmica de mercado da lei de oferta e procura, mas como país, precisamos salvaguardar a indústria de transformação brasileira, responsável pela geração de 20% do PIB (Produto Interno Bruto) e 20% dos empregos formais. Se por um lado é uma oportunidade para os produtores brasileiros, por outro, impacta profundamente a indústria nacional. Por isso, precisamos de uma política industrial que proteja o mercado interno”, afirma.

Segundo ele, as associadas acabam de ser notificadas do aumento de 60% dos preços do ferro-gusa. Este percentual vem a se somar aos 41,6% de aumentos já praticados em janeiro e fevereiro. E, em vistas de se evitar uma reação em cadeia, a orientação é de repasse destes custos. “Reajustar contratos é um processo longo, mas não temos tempo. A fundição não trabalha com estoques. A única saída é o diálogo entre fornecedores e clientes. É necessária a compreensão daqueles que precisam do produto fundido de que, daqui pra frente, teremos novos preços”, diz.

A reportagem tentou contato com o Sindicato da Indústria do Ferro no Estado de Minas Gerais (Sindifer-MG) para falar sobre o aumento do preço do gusa, mas não obteve sucesso. Há duas semanas, o presidente do sindicato, Fausto Varela Cançado, atribuiu o aumento às sanções dos Estados Unidos contra a Rússia.

Vale dizer que, em Minas, 25% da produção de ferro-gusa vai para as fundiçõese o restante para as aciarias e mercado externo. Já o principal cliente do setor de fundição é a indústria automobilística, que consome 46% da produção. O Estado é o segundo maior fabricante de peças fundidas do Brasil, depois de São Paulo, respondendo por 25% da produção nacional. São 257 plantas em Minas, que ocupam 24 mil trabalhadores e produziram 670 mil toneladas em 2021.

Conforme publicado recentemente, a cadeia produtiva corre o risco de colapso, se o setor não conseguir repassar os custos. “O problema se chama repasse de custo industrial. Se não conseguirmos, não há como produzir”, disse Gonzaga ao DIÁRIO DO COMÉRCIO há duas semanas.

Incertezas

Por fim, o dirigente admite que é difícil prever como serão os próximos meses para o setor e que neste contexto de alta volatilidade, não dá para garantir que os preços voltarão ao nível de antes da guerra. Mas mantém o otimismo quanto ao desempenho da atividade, uma vez que a demanda segue aquecida e os parques fabris estão tomados. “A agroindústria segue puxando nosso crescimento e a expectativa ainda é de que haja um incremento entre 15% e 20% na produção em 2022”, conclui.

Fonte: Diário do Comércio
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 28/03/2022

 

CSN Mineração visa ser líder global em minério premium

A mineradora de ferro de Benjamin Steinbruch, que listou suas ações na B3 em fevereiro de 2021 e é uma grande geradora de caixa, espera em cinco anos dobrar sua participação no mercado global da commodity do aço. Com plano de R$ 12 bilhões que começa a ser executado, a CSN Mineração se vê como a empresa do setor que tem um plano de expansão delineado até 2032. Na primeira fase, até 2026, duplica a capacidade. Em outro salto, até 2032, prevê crescer mais 75%, indo a 116 milhões de toneladas por ano.

O foco, neste momento, está centrado no projeto de expansão de cinco anos. Segundo a empresa, já está estruturado e com grande parte dos equipamentos encomendada. Eneas Diniz, ex-diretor executivo da área de aço da CSN, alçado à presidência da CMIN, comanda os planos com o suporte da principal acionista, a própria siderúrgica, que têm sócios asiáticos.

Está previsto em várias fases, começando em 2023 com uma primeira ampliação da oferta de minério. Parte do funding para os aportes nas obras e instalações já está encaminhada, diz Pedro Oliva, diretor financeiro (CFO) e de relações com investidores, e novas idas ao mercado financeiro para captações estão previstas.

Ao abrir o capital um ano e um mês atrás, a empresa levantou, em ofertas primária e secundária, R$ 5,2 bilhões, considerado, até então, um dos dez maiores IPOs da bolsa paulista. Desse montante, a mineradora colocou R$ 1,7 bilhão em seu caixa.

 

Em 2021, a CMIN, que opera uma das maiores e mais ricas minas de ferro do mundo - Casa de Pedra, em Congonhas-MG -, beneficiou-se da escalada do preço da commodity no mercado internacional, assim como suas concorrentes. O minério atingiu média histórica de US$ 160 a tonelada.

A empresa fechou o ano com lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de R$ 10,38 bilhões - margem de quase 58% ante a receita líquida. O lucro líquido atingiu R$ 6,4 bilhões. E virou 2021 com caixa líquido de mais de R$ 6 bilhões - ou seja, dívida negativa.

As ações da mineradora, porém, com exceção de um pico de alta ocorrido por volta de maio, não acompanharam a evolução dos resultados. Negociada no IPO a R$ 8,50, o papel da CMIN fechou a R$ 6,15 no pregão da B3 na sexta-feira, após ter ido a R$ 5,15 em novembro. (ver gráfico acima)

Em relatório na semana passada, o banco Morgan Stanley cortou recomendação de compra do papel para neutro e o preço alvo de R$ 7,50 para R$ 6,50. Os analistas argumentaram perspectiva de queda do preço do minério nos próximos anos - US$ 110 em 2023 e US$ 66 em 2024. Para eles, o setor, como um todo, pode ser impactado com alta de inflação e baixa perspectiva de crescimento. No caso da CMIN, disseram, “pesou a redução nas metas de investimento até 2026”, vindo a reduzir a capacidade de produção.

A visão da empresa é diferente, ressaltam Diniz e Oliva - a CMIN está levando avante o plano de crescimento traçado antes do IPO. “Ha pouca oferta prevista nos próximos três anos e a China - maior comprador mundial da matéria-prima - relaxou a política monetária e fiscal e sinalizou novos investimentos para a área de infraestrutura do país”, afirma Oliva. “Hoje há essa leitura mais positiva”.

Especialistas veem um vácuo de oferta futura de até cinco anos. No Brasil, a Vale tem capacidade travada de produção da ordem de 100 milhões de toneladas que depende de licenças ambientais para mudanças no sistema de barragens e depósito de rejeitos para retomar produção. As australianas Rio Tinto e BHP não tem projetos; apenas a FMG começa operação de uma mina de 20 milhões de toneladas. A Anglo American, no Brasil e África do Sul, também não tem nada robusto, dizem.

Segundo Diniz, a CMIN já superou a questão dos rejeitos após investir R$ 400 milhões em sistemas de filtragem, depositando todo o material a seco em pilhas próprias. E garante que suas barragens tem nível zero de risco dado pelo órgão fiscalizador e que está trabalhando em linha com legislação. “Nosso crescimento não passa por barragens e já temos as licenças que precisamos para avançar com os projetos, pois já operamos com 100% nessa tecnologia”, afirma.

Uma das fontes de minério na expansão é justamente a recuperação de rejeitos existentes na grande barragem de Casa de Pedra, acumuladas ao longo de décadas - estima-se 140 milhões de toneladas. Vai começar com 3 milhões de toneladas em 2023. O volume subirá gradualmente até 2026, chegando a 8 milhões por ano a partir de 2027. “Há muito rejeito a ser processado e com teor de ferro cada vez mais rico, uma vantagem”, informa o CEO.

O grande salto, segundo a CMIN, se dará em 2024, com a adição de 23 milhões de toneladas de minério pellet-feed, de alto teor de ferro (67% após processo de concentração do material). Os equipamentos para as plantas de beneficiamento P-15 e P-4 já estão adquiridos, informam.

Em 2026, explicam os executivos, a fase 1 de expansão da CMIN se completa com 5 milhões e 2,5 milhões de toneladas, respectivamente, adicionais. “Vamos ter um mix de produto muito mais rico em teor. Vamos sair dos 62% atuais e passar para 67%, ficando na liderança dos players globais com um produto premium em 2032, quando a CMIN será a quinta maior do setor”, afirma Oliva.

Atualmente, há três tipos de produto - o pobre, com 58% de teor de ferro, o referência (benchmark), de 62%, e o rico, com 65%.

No processo de descarbonização das clientes (siderúrgicas) a empresa vai levar vantagem, assegura o CFO, ao dispor de produto com 67%, pois o mercado vai demandar minério de alto teor de ferro para produzir pelotas (pellets) e de briquetes (HBI). “Nosso minério vai para esse mercado crescente de matéria-prima que será cada vez mais usada para fazer aço em fornos elétricos”, diz.

Para dar suporte ao crescimento e escoar a produção, a CMIN vai, nesse pacote de investimentos, elevar a capacidade de seu terminal portuário, o Tecar, situado em Itaguaí (RJ). O plano prevê atingir 60 milhões de toneladas em 2025, com um novo berço no píer, novos pátios e nova correia transportadora para carregamento dos navios. Para carregar desde Congonhas ao Tecar, a ferrovia da MRS, concessionária na qual a CMIN tem 18%, só precisará comprar mais locomotivas e vagões, segundo os executivos.

Na avaliação de Oliva, o plano de investimento não vai afetar a política de pagamento da mineradora, que prevê distribuir aos acionistas R$ 4,8 bilhões, incluindo pagamento de juros sobre o capital, referente ao exercício de 2021. “Vamos acessar fontes de recursos de longo prazo para suportar o plano de expansão e, assim, manter a política de dividendos de 80% a 100% do lucro líquido, suportada pela geração de caixa da companhia”.

Para 2022, a mineradora está prevendo produção mais compras de terceiros de 39 milhões a 41 milhões de toneladas, aumento de 10% sobre o ano passado. No volume de vendas, avalia que a empresa conta a vantagem de ter virado 2021 com volume de 4,8 milhões de toneladas de estoques de produto pronto. Além disso, prevê preço médio comercializado por ela melhor que o do ano passado, que foi de US$ 101,31 a tonelada.

Sobre a perspectiva de preços da commodity no mercado internacional, a companhia trabalha com projeção da consultoria especializada Platts, que aponta cotação de US$ 147 até fim do ano.

Diniz lembra que a empresa tem vastas reservas no Quadrilátero Ferrífero de Minas, para mais de 100 anos de vida, o que garante a segunda etapa de crescimento, no período 2026-2032: serão mais duas instalações aptas a processar, cada uma, 28 milhões de toneladas de minério por ano. Para isso, estão previstas mais duas fases de ampliação da capacidade no Tecar: na primeira, ir a 84 milhões de toneladas; na segunda visa 130 milhões daqui a 10 anos.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 28/03/2022