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CSN (CSNA3) precifica reabertura de títulos externos, no valor de US$ 200 milhões

A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) CSNA3 precificou a reabertura (retap) da oferta de títulos representativos de dívida denominados Notes emitidos em dezembro de 2023 no mercado externo por sua subsidiária CSN Resources, no valor de US$ 200.000.000,00, com vencimento em 2030 e juros de 8,875% ao ano.

As notes serão garantidas, incondicional e irrevogavelmente, pela companhia.

O valor total agregado das notes após a reabertura (retap) vai ser de US$ 700.000.000,00.

A liquidação das notes foi prevista para o dia 13 de fevereiro de 2024.

A companhia diz ter a intenção de utilizar os recursos líquidos captados por meio das notes para:

- i) pagamento de dívidas; e
- ii) fins corporativos diversos. 

O comunicado não constitui uma oferta de venda ou uma solicitação de pedidos de compra, nem permite a venda desses títulos em qualquer estado ou jurisdição em que uma oferta, solicitação ou venda seja ilegal.

Os títulos foram oferecidos a investidores institucionais qualificados em conformidade com a lei de mercado de capitais dos Estados Unidos da América e alterações posteriores (Rule 144A no âmbito da U.S. Securities Act of 1933) e para cidadãos não-americanos (non-U.S. persons) em operações internacionais fora dos Estados Unidos (Regulation S).

Os títulos não foram registrados sob a U.S. Securities Act of 1933 ou qualquer outra regulamentação de qualquer estado, e não deverão ser ofertados ou vendidos nos Estados Unidos, ou para cidadãos americanos, sem registro ou que tenham alguma isenção aplicável.

A emissão das Notes não foi, e nem vai ser, registrada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

A emissão das Notes não vai ser realizada no Brasil, exceto em circunstâncias que não constituam uma oferta pública segundo as disposições legais e regulamentares brasileiras.

Fonte: Space Money
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 09/02/2024

Moradores temem colapso de barragem em MG enquanto esperam muro de contenção da Arcelor

Moradores da cidade mineira de Itatiaiuçu, que vivem nas proximidades de uma barragem de rejeitos de minério de ferro da ArcelorMittal considerada de alto risco, acompanham apreensivos a construção pela empresa de um muro que visa conter uma onda gigante de lama na hipótese de um rompimento.

Ainda que a empresa afirme que removeu moradores da área de risco e já tenha até acertado indenizações com centenas de famílias, o medo faz parte do cotidiano da população, uma situação que deve perdurar pelo menos até setembro de 2025, quando a obra do muro de contenção tem previsão de ser concluída.

Os riscos em Itatiaiuçu chamam a atenção para outras cerca de 30 barragens sem garantia de estabilidade no Brasil e reverberam temores com um eventual desastre após dois grandes colapsos em Minas Gerais. Em 2015, em Mariana, e em 2019, em Brumadinho, centenas de pessoas morreram após a lama do rejeito de mineração da Samarco e da Vale (VALE3) destruir comunidades e atingir rios e florestas.

Construída em 1987 e desativada desde 2012, a barragem da ArcelorMittal que atendia a Mina de Serra Azul contém atualmente mais de 5 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro, segundo dados da Agência Nacional de Mineração (ANM).

A estrutura está também embargada por não ter atestado sua estabilidade — algo que ocorre atualmente no Brasil com 7% das 453 barragens de mineração inseridas na Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB) e que são obrigadas a entregar o documento.

“A gente sofre muito medo, muita angústia de estar debaixo de uma barragem, que tem risco 3 de rompimento”, disse à Reuters o comerciante Wilson Vieira de Souza, referindo-se ao mais alto grau de risco para barragens em classificação feita pela ANM.

“Várias pessoas passaram mal, muitas pessoas adoeceram, muitas pessoas já morreram e ainda a gente está aqui nessa briga com essa mineradora que vem causando tantos danos para a gente aqui desta comunidade.”

O comerciante deu entrevista à Reuters no distrito de Pinheiros, que abriga o muro de contenção em construção e está repleto de placas indicativas de rota de fuga para o caso de um eventual rompimento.

As tragédias anteriores estão frescas na memória dos moradores de Minas Gerais, um Estado que vive dividido historicamente entre os retornos econômicos trazidos pelas mineradoras e os impactos da atividade no meio ambiente e em suas comunidades.

“Se ela (a barragem) estourar lá em cima, nós ficamos ilhados aqui embaixo, a lama não deixa (sair), estoura asfalto, estoura tudo, igual foi em Brumadinho, estourou tudo e a gente fica naquela situação”, disse o aposentado Milton Teixeira Reis, morador do distrito de Pinheiros.

Outra grande preocupação de autoridades com um eventual rompimento é com a possibilidade de contaminação de afluentes que desembocam no rio Manso, responsável por 40% do abastecimento de água da região metropolitana de Belo Horizonte, segundo a secretária do Meio Ambiente da cidade de Rio Manso, Marina Amaral Ferreira. Itatiaiuçu está a cerca de 75 km da capital mineira.

“As medidas que nós vemos para diminuir o impacto ambiental que será causado pelo possível rompimento seria a construção de uma barreira de contenção, que a mineradora já vem construindo, mas que ao meu ver e da população o andamento ainda está muito fraco”, afirmou.

OBRA ATÉ 2025 

Procurada, a ArcelorMittal afirmou que em 2019 realocou preventivamente todos os moradores residentes dentro da Zona de Autossalvamento (ZAS), “de modo a garantir total segurança das pessoas”.

Segundo a companhia, das 58 famílias que foram realocadas provisoriamente em imóveis alugados pela empresa, 41 se encontram em residências definitivas. Até o final de janeiro, 606 famílias fecharam acordos de indenização individuais com a empresa, adicionou. 
“Não há nenhum morador em risco”, afirmou, em uma resposta por email, pontuando ainda que a barragem é monitorada 24 horas por dia.

O muro de contenção em construção, segundo a ArcelorMittal, será capaz de conter todo o rejeito em um caso de eventual rompimento e está previsto para ser concluído em setembro de 2025, o que permitirá o início dos trabalhos de descaracterização da barragem.

A companhia disse ainda estar cumprindo acordo firmado com a comissão de atingidos e com os ministérios públicos federal e estadual, com critérios para indenizações de moradia, atividades econômicas e agropecuárias, danos morais e parte dos danos coletivos.

Fonte: Reuters
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 09/02/2024

 

Decisão do governo pode fazer ação siderúrgica pagar mais dividendos?

Por mais que os últimos meses não tenham sido fáceis para o setor siderúrgico, uma decisão do governo pode “virar o jogo” para algumas empresas. 

Segundo Ruy Hungria, analista da Empiricus Research, o setor pode se beneficiar caso o governo brasileiro altere as regras de tributação do aço estrangeiro. E, quando isso acontecer, os investidores posicionados nas empresas certas também vão sair ganhando.

O analista afirma que é possível encontrar boas oportunidades no mercado agora mesmo, e investir de modo a buscar surfar as valorizações e a melhora nos lucros dessas empresas, caso a sobretaxa do aço importado seja aprovada.

Mais do que isso: Ruy afirma que existe uma empresa do setor capaz de entregar um dividend yield de 10% neste ano, de acordo com as projeções. E ela ainda está barata.

Siderúrgica pode ‘decolar’ se governo tomar decisão favorável ao setor

O que está em questão aqui é a concorrência entre as siderúrgicas nacionais e as fabricantes chinesas de aço.

Essa história começa com as dificuldades que a indústria siderúrgica chinesa vem passando por conta da desaceleração da economia do país. 

No intuito de contornar essa situação e manter a economia aquecida, o governo chinês tem subsidiado as produtoras de aço, que podem, assim, vender o produto a preços menores.

Então, o aço chinês chega ao Brasil sendo negociado a preços competitivos — o que, é claro, prejudica a indústria nacional. E os acionistas também sofrem.

Diante disso, representantes do setor estão pressionando o governo para que a alíquota de imposto paga pelas empresas chinesas seja aumentada, na linha das tarifas praticadas por outros países.

Em resposta a essa demanda, o governo brasileiro tomou uma decisão “tímida” em outubro do ano passado, e elevou a alíquota de 9,6% para até 14% para 12 produtos da cadeia do aço. Mas a expectativa dos produtores nacionais é que o imposto chegue a 25%.

Empresa tem ‘valuation descontado’ e potencial para ‘surpresas positivas’, diz analista

A pauta ainda está em análise, mas, caso o pedido seja atendido, as ações de empresas da indústria siderúrgica podem se beneficiar bastante.

É também por isso que Ruy Hungria, analista da Empiricus Research, recomenda investir agora em uma siderúrgica que está “em ponto de bala” para decolar.

Essa empresa é a Gerdau (GGBR4). O analista abriu a recomendação em entrevista ao programa Giro do Mercado, e salientou alguns pontos que fazem dela uma opção interessante para investir agora:

Está descontada, negociando a menor de 4 x EV/Ebitda;
Tem potencial para entregar um dividend yield de mais de 10%;
Tem boa geração de caixa; e
Alavancagem baixa.

Tudo isso faz com que a Gerdau seja capaz de se manter e pagar dividendos aos seus acionistas mesmo em cenários de setor desaquecido, como este.

Ruy também considera que a queda no preço da ação é exagerada diante da qualidade dos fundamentos da empresa, e que essa distorção deve se corrigir em breve.

Além disso, a Gerdau deve se beneficiar caso o governo decida a favor da sobretaxa do aço importado. Nas palavras do analista:

“Quando você tem esses patamares de valuation tão descontados, você abre oportunidade de surpresas positivas. Uma coisa que está em discussão é o aumento da alíquota de importação do aço. Se isso acontecer, vai ser muito positivo para o papel. Se a gente tiver uma retomada da atividade um pouco mais forte, com queda de juros, por exemplo, também vai ser positivo para o papel. Então, acaba que você já tem tanto pessimismo embutido nesses preços que a gente entende que esse é um cenário assimétrico”

Ou seja, a Gerdau é uma das apostas da Empiricus Research para investir agora e lucrar com dividendos e valorizações. Mas ela não é a única.

Todas as ações da lista estão sendo negociadas a preços interessantes e têm potencial para pagar dividendos recorrentes aos acionistas. 

Além disso, também é possível lucrar com as valorizações das ações recomendadas. Para você ter uma ideia, só em dezembro de 2023 a carteira já valorizou +7,3%.

Fonte: Exame
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 08/02/2024

ArcelorMittal tem prejuízo maior do que o esperado no 4º trimestre

A gigante siderúrgica ArcelorMittal informou nesta quinta-feira (8) que teve prejuízo líquido de US$ 2,97 bilhões no quarto trimestre de 2023, invertendo lucro de US$ 261 milhões apurado em igual período de 2022.

O resultado foi bem pior do que o esperado em consenso de analistas fornecido pela própria empresa, de perda de US$ 1,645 bilhão.

O Ebitda da ArcelorMittal, que tem sede em Luxemburgo, somou US$ 1,266 bilhão no trimestre, valor bem semelhante ao de um ano antes, enquanto a receita diminuiu 12%, a US$ 14,55 bilhões.

Fonte: Dow Jones Newwires
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 08/02/2024

Taxação do aço chinês no Brasil: uma briga onde não faltam ofensas nem ataques pessoais

Uma acirrada disputa em torno da importação de aço transformou-se em uma guerra aberta em um setor gigantesco da economia e que concentra algumas das maiores empresas do país. De um lado, postam-se as siderúrgicas brasileiras, que defendem maior taxação sobre a entrada de aço chinês no Brasil, movimento que tem se intensificado nos últimos meses. De outro, posicionam-se empresas compradoras desse aço, que argumentam que a taxação pode gerar custos altamente prejudiciais à indústria de bens de capital. Na semana passada, uma declaração do presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso, funcionou como gasolina atirada a uma fogueira que já ardia em fogo brando. 

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Velloso acusou as siderúrgicas brasileiras de “fazer chantagem” e, nominalmente, atacou o presidente da maior delas, a Gerdau. Velloso chamou o executivo Gustavo Werneck, CEO da Gerdau, de “moleque” e disse que seus argumentos em defesa da proteção ao aço brasileiro são “mentiras”. As declarações caíram como uma bomba em um setor marcado pela discrição e reserva nos posicionamentos, surpreendendo desde representantes do governo que lidam com o assunto no Ministério do Desenvolvimento Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) a membros da Confederação Nacional da Indústria (CNI). “Nunca vimos uma disputa nesse setor escalar a esse tom. É até o caso de se questionar a legitimidade de uma liderança que faz essas acusações”, diz uma fonte ligada à entidade.

A guerra do aço tem origem em um pleito apresentado pelo Instituto Aço Brasil junto ao MDIC para elevar a alíquota de importação de vários produtos, entre eles um tipo de aço específico utilizado pelas indústrias brasileiras de máquinas. O instituto pede a elevação da taxa atual – que varia entre 11% e 12% – para 25%.

O presidente do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, e o presidente da Abimaq, José Velloso, falaram à Dinheiro sobre a briga entre os setores, um embate que deve ir longe. 

Siderúrgicas temem “invasão chinesa”

O setor da siderurgia nacional, que concentra gigantes como a Gerdau e a CSN, teme que o país seja inundado por aço chinês. Com a economia do país asiático crescendo menos e o setor de construção civil desaquecido por conta da recente quebra da Evergrande, o presidente do Instituto Aço Brasil reforça que o aço chinês já é taxado em 25% em países como Estados Unidos, México e pela União Europeia. Ele teme que empresas paralisem plantas e aumente o desemprego no setor. 

“O que estamos vivendo é a tempestade perfeita. Temos as vendas internas do setor caindo, exportações caindo, importações subindo de forma exponencial e o setor com ociosidade de 40%, que é muito alto. Se nada for feito você terá como consequência demissões e fechamento de plantas”, explicou Lopes. 

A indústria da siderurgia afirma que há 564 milhões de toneladas de aço excedente para exportação e 191 milhões são chineses. Lopes afirma que a China está exportando atualmente 100 milhões de toneladas, o que significa duas vezes mais que a capacidade do Brasil.  Lopes também chama os argumentos da Abimaq de “narrativas” e que as entidades que criticam o aumento da alíquota não tem nenhuma representatividade. 

“Quem está do lado da coalizão da Abimaq não tem representatividade. A Associação da Indústria Ferroviária: não tem expansão da malha ferroviária no Brasil. A Associação da indústria Naval já foi muito forte e você não tem nada hoje. O grupo que  eu coordeno representa 43% do PIB e tem indústria de cimento, brinquedo e várias outras”, afirmou. 

“O aço mais caro do mundo”

O autor das pesadas críticas contra as siderúrgicas, José Velloso representa o setor dos produtores de máquinas, um dos maiores consumidores de aço no país. Em tom mais comedido que o adotado há duas semanas e evitando polemizar sobre os ataques da entrevista à Folha de S.Paulo, ele justifica que o aço do Brasil é o mais caro do mundo para pequenas indústrias. 

Estudo feito pela entidade que preside, a Abimaq, mostra que o aço produzido no país chega a ser 42% mais caro que o importado nacionalizado. Segundo a associação, a tonelada do aço laminado a quente chega a custar US$ 1.210 no Brasil, contra US$ 794 na média dos países. A entidade cita como fonte dos dados a CRU Group, empresa privada especialista em inteligência de negócios.   

Frente ao argumento de que a manutenção das taxas sobre o aço chinês pode levar a indústria da siderurgia demitir trabalhadores, Velloso esboça outro cenário nefasto em que o aumento nas alíquotas teria efeito deletério sobre a inflação, já que produtos como geladeira e automóveis podem ficar mais caros. 

“Se a entrada do aço chinês vai gerar desemprego no setor da siderurgia, a taxação vai ter um impacto econômico muito maior. O setor que representamos gerou 396 mil empregos em 2022, contra  126 mil da siderurgia. Se as barreiras para a entrada do aço importado aumentarem, a situação pode piorar ainda mais”, avalia Velloso.

Na próxima quinta-feira, 8, há expectativa de que o Gecex do Ministério da Indústria e Desenvolvimento tome uma posição sobre a contenda ou solicite mais informações. A guerra, ao que tudo indica, está só começando. 

Fonte: Isto É Dinheiro
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 07/02/2024

Taxação do aço chinês no Brasil: uma briga onde não faltam ofensas nem ataques pessoais

Uma acirrada disputa em torno da importação de aço transformou-se em uma guerra aberta em um setor gigantesco da economia e que concentra algumas das maiores empresas do país. De um lado, postam-se as siderúrgicas brasileiras, que defendem maior taxação sobre a entrada de aço chinês no Brasil, movimento que tem se intensificado nos últimos meses. De outro, posicionam-se empresas compradoras desse aço, que argumentam que a taxação pode gerar custos altamente prejudiciais à indústria de bens de capital. Na semana passada, uma declaração do presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso, funcionou como gasolina atirada a uma fogueira que já ardia em fogo brando. 

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Velloso acusou as siderúrgicas brasileiras de “fazer chantagem” e, nominalmente, atacou o presidente da maior delas, a Gerdau. Velloso chamou o executivo Gustavo Werneck, CEO da Gerdau, de “moleque” e disse que seus argumentos em defesa da proteção ao aço brasileiro são “mentiras”. As declarações caíram como uma bomba em um setor marcado pela discrição e reserva nos posicionamentos, surpreendendo desde representantes do governo que lidam com o assunto no Ministério do Desenvolvimento Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) a membros da Confederação Nacional da Indústria (CNI). “Nunca vimos uma disputa nesse setor escalar a esse tom. É até o caso de se questionar a legitimidade de uma liderança que faz essas acusações”, diz uma fonte ligada à entidade.

A guerra do aço tem origem em um pleito apresentado pelo Instituto Aço Brasil junto ao MDIC para elevar a alíquota de importação de vários produtos, entre eles um tipo de aço específico utilizado pelas indústrias brasileiras de máquinas. O instituto pede a elevação da taxa atual – que varia entre 11% e 12% – para 25%.

O presidente do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, e o presidente da Abimaq, José Velloso, falaram à Dinheiro sobre a briga entre os setores, um embate que deve ir longe. 

Siderúrgicas temem “invasão chinesa”

O setor da siderurgia nacional, que concentra gigantes como a Gerdau e a CSN, teme que o país seja inundado por aço chinês. Com a economia do país asiático crescendo menos e o setor de construção civil desaquecido por conta da recente quebra da Evergrande, o presidente do Instituto Aço Brasil reforça que o aço chinês já é taxado em 25% em países como Estados Unidos, México e pela União Europeia. Ele teme que empresas paralisem plantas e aumente o desemprego no setor. 

“O que estamos vivendo é a tempestade perfeita. Temos as vendas internas do setor caindo, exportações caindo, importações subindo de forma exponencial e o setor com ociosidade de 40%, que é muito alto. Se nada for feito você terá como consequência demissões e fechamento de plantas”, explicou Lopes. 

A indústria da siderurgia afirma que há 564 milhões de toneladas de aço excedente para exportação e 191 milhões são chineses. Lopes afirma que a China está exportando atualmente 100 milhões de toneladas, o que significa duas vezes mais que a capacidade do Brasil.  Lopes também chama os argumentos da Abimaq de “narrativas” e que as entidades que criticam o aumento da alíquota não tem nenhuma representatividade. 

“Quem está do lado da coalizão da Abimaq não tem representatividade. A Associação da Indústria Ferroviária: não tem expansão da malha ferroviária no Brasil. A Associação da indústria Naval já foi muito forte e você não tem nada hoje. O grupo que  eu coordeno representa 43% do PIB e tem indústria de cimento, brinquedo e várias outras”, afirmou. 

“O aço mais caro do mundo”

O autor das pesadas críticas contra as siderúrgicas, José Velloso representa o setor dos produtores de máquinas, um dos maiores consumidores de aço no país. Em tom mais comedido que o adotado há duas semanas e evitando polemizar sobre os ataques da entrevista à Folha de S.Paulo, ele justifica que o aço do Brasil é o mais caro do mundo para pequenas indústrias. 

Estudo feito pela entidade que preside, a Abimaq, mostra que o aço produzido no país chega a ser 42% mais caro que o importado nacionalizado. Segundo a associação, a tonelada do aço laminado a quente chega a custar US$ 1.210 no Brasil, contra US$ 794 na média dos países. A entidade cita como fonte dos dados a CRU Group, empresa privada especialista em inteligência de negócios.   

Frente ao argumento de que a manutenção das taxas sobre o aço chinês pode levar a indústria da siderurgia demitir trabalhadores, Velloso esboça outro cenário nefasto em que o aumento nas alíquotas teria efeito deletério sobre a inflação, já que produtos como geladeira e automóveis podem ficar mais caros. 

“Se a entrada do aço chinês vai gerar desemprego no setor da siderurgia, a taxação vai ter um impacto econômico muito maior. O setor que representamos gerou 396 mil empregos em 2022, contra  126 mil da siderurgia. Se as barreiras para a entrada do aço importado aumentarem, a situação pode piorar ainda mais”, avalia Velloso.

Na próxima quinta-feira, 8, há expectativa de que o Gecex do Ministério da Indústria e Desenvolvimento tome uma posição sobre a contenda ou solicite mais informações. A guerra, ao que tudo indica, está só começando. 

Fonte: Isto É Dinheiro
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 07/02/2024