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Setor metal-mecânico projeta retomar crescimento das exportações e aposta no hidrogênio verde

Essa é a avaliação do presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico no Estado do Ceará (Simec), José Sampaio Souza Filho. “Nós enxergamos com uma positividade muito forte a chegada de 2023 e a instalação dessas indústrias do hidrogênio verde, uma vez que o nosso segmento faz parte dessa cadeia produtiva. Então, nós seremos fornecedores desses grandes indústrias e beneficiados diretamente por esses grandes investimentos. Isso deixa o setor muito animado, investindo e ampliando seus parques, principalmente ali no Complexo do Pecém”, analisou.

Ele minimizou a queda nas exportações do principal tipo de produto comercializado pelo segmento, que ainda assim representou 48,8% da pauta exportadora do Estado no período analisado pelo Observatório da Indústria, no relatório Ceará em Comex. “Foi algo pontual, relacionado a algumas mudanças na Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), mas a produção deles segue de vento em popa”, ressaltou. Vale lembrar que a CSP foi adquirida, em julho este ano, pela multinacional ArcelorMittal por R$ 11,4 bilhões.

A declaração foi dada em evento realizado na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) em comemoração aos 50 anos do Simec, que contou com a presença de todos os ex-presidentes vivos da entidade classista. A instituição conta hoje com 288 indústrias associadas, que juntas geram mais de 25 mil empregos diretos e indiretos, estando presentes nos 184 municípios cearenses.

Por sua vez, o ex-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) e membro da diretoria da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Roberto Proença de Macêdo, destacou que o segmento metal mecânico e elétrico está presente em diversas cadeias produtivas. “É um setor que está presente na fabricação de máquinas para agricultura e para outras indústrias”, citou.

“Com a perspectiva do hidrogênio verde e a necessidade de implantação de parques eólicos, solares e de outras fontes de energia o segmento é perfeitamente capaz de cobrir essas necessidades. A siderúrgica já vai ser ampliada e a transformação de energia limpa em hidrogênio verde permite a entrada em outra fase de tecnologia e desenvolvimento do nosso Estado”, enfatizou Macêdo.

Por fim, o autor do requerimento em homenagem ao sindicato, o deputado Sérgio Aguiar, exaltou que a industrialização do Estado se acelerou com o crescimento do segmento metal mecânico, a partir da década de 1960, e o fato de o Simec ter sido o primeiro do Nordeste a contar com a certificação ISO 9001, referência internacional em aferição de qualidade de processos.

 
Fonte: O Povo
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 24/11/2022

Venda de aços planos: aços zincados e chapas grossas puxam alta de 4,5% no acumulado do ano

O mercado da distribuição de aços planos — vendas no varejo — encerrou outubro com 310 mil toneladas comercializadas, uma alta de 5,7% na comparação com o mesmo mês do ano passado. As informações são do Instituto Nacional dos Distribuidores de aço (Inda), que reúne empresas independentes e também as coligadas da siderúrgicas.

Em relação a setembro, informa o Inda, houve retração de 4,2% nas vendas do mês passado. No volume acumulado do ano o setor registrou alta de 4,5%, alcançando 4,28 milhões de toneladas. Foi puxado por chapas de aços zincados e chapas grossas.

Diante do cenário de demanda por produtos siderúrgicos do país, as empresas da rede vêm adotando uma certa cautela nas compras de material para reposição. O volume de janeiro a outubro subiu apenas 0,3%, somando 3,2 milhões de toneladas. Em outubro, cresceu 10,6% sobre um ano atrás, mas decresceu 4,8% na comparação com o mês passado.

As distribuidoras da rede atendem principalmente consumidores da construção civil, máquinas e equipamentos, autopeças e demandas complementares de linha branca, tubos e outros mercados. Já as usinas vendem diretamente para grandes clientes industriais, como as montadoras de veículos e de maquinário.

A distribuição responde por aproximadamente um terço das vendas de aços planos no país.

Conforme o Inda, a previsão para novembro é de queda de 8% nas vendas, ante outubro, com 285 mil toneladas, e ligeira alta sobre um ano atrás. Nas compras do mês, para reposição de material, estima-se recuo também de 8%, com 291,2 mil toneladas.

O giro de estoques nos armazéns da rede, em outubro, ficou em 2,7 meses de vendas, com volume de 838 ml toneladas (alta de 1,4% em base anual). De dois meses a dois meses e meio é considerado giro saudável ao setor.

As importações de material plano em outubro, de acordo com o Inda, registrou forte crescimento sobre o montante de um ano atrás — 55,2%. Todavia, no acumulado de dez meses, registra-se retração de 16,6%, com entrada de 1,36 milhões de toneladas. A China responde por 74,5% do volume do 2022, até outubro.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 23/11/2022

Produção mundial de aço se mantém estável em outubro. China tem alta de 11%

A produção de aço bruto no mundo  se manteve estável registrou no mês de outubro de 2022 em comparação ao mesmo período de 2021, segundo dados da World Steel Association. Foram produzidos 147,3 milhões de toneladas (mt) de aço durante o mês, número similar registrado no mesmo período do ano passado

A Ásia, maior produtora de aço do mundo, registrou um aumento de 5,8 % com uma produção de 107,3 mt.
Mas a maioria dos outros continentes registraram quedas sendo que as maiores ocorreram na região da Rússia e Ucrânia com queda de -23,7% com produção de 6,7 mt e o bloco de países do continente que fazem parte do bloco da União Europeia com queda de -17,5% e produção de 3,7 mt.

Entre os países que são os maiores produtores de aço do mundo, a China, número 1 no ranking, registrou uma alta na produção de 11% com 79,8 mt . A Índia, segundo maior produtor de aço no mundo, registrou alta de 2,7% e produção de 10,5 mt. E o Iran, décimo no ranking, registrou alta de 3,5% com 2,9mt.  

Já a maiores quedas foram registradas pela Turquia com queda de  -17,8%, Alemanha com  -14,4% e produção de 2,8 mt e Coreia do Sul com queda de -11,5% e produção de 5,1 mt. O Brasil, nono no ranking, registrou queda de – 4,5% e produção de 2,8mt.

Fonte: ABM Notícias
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 23/11/2022

Economia começa a dar sinais de desaceleração. IGP-M abaixo de 5% entra no radar.

A economia brasileira começa a dar sinais de desaquecimento por causa do alto patamar da taxa de juros.

A desaceleração é mais evidente na indústria, mas também já afeta o comércio, onde as condições de crédito mais apertadas e o endividamento das famílias limitam o crescimento das vendas. Para os serviços, hoje o setor que mais cresce, a expectativa é de que o desempenho continue positivo pelo menos até o fim deste ano.

O desaquecimento da atividade econômica se reflete em uma perda de confiança entre empresários e consumidores. Segundo o superintendente de estatísticas do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), Aloisio Campelo Jr., o setor produtivo espera uma desaceleração na atividade econômica nos próximos meses.

“Há certa resiliência no setor da construção, que continua registrando aumento da carteira de contratos e um bom nível de atividade corrente. No extremo oposto, a desaceleração continua se aprofundando na indústria, com queda do nível de utilização da capacidade pelo terceiro mês seguido e piora da percepção sobre a procura interna e externa por produtos industriais. No setor de serviços, o bom momento do segmento de serviços prestados às famílias vem segurando uma queda mais acentuada da confiança”, diz ele.

A coordenadora de sondagens do Ibre/FGV, Viviane Seda Bittencourt, aponta que os consumidores de menor poder aquisitivo pode estar mais otimistas pelo efeito das transferências de renda, redução da inflação e crescimento dos postos de trabalho. As famílias de maior renda, por outro lado, estão revendo suas expectativas.

“Apesar do resultado mais favorável para as classes de renda mais baixa, o endividamento das famílias e as taxas de juros mais elevadas limitam uma recuperação mais robusta”, afirma Bittencourt.

As projeções de economistas para a economia brasileira em 2023 mostram uma certa dispersão, mas mesmo os mais otimistas esperam crescimento inferior ao de 2022.

O ponto médio das expectativas de bancos e consultorias aponta para crescimento de 2,77% neste ano e de apenas 0,7% no próximo – as expectativas para 2023 vão de retração de 0,5% a avanço de 2,31%, segundo o boletim Focus, do Banco Central.

O Ministério da Economia, por sua vez, projeta alta de 2,7% em 2022 e 2,1% em 2023. A expectativa da equipe de Paulo Guedes para o próximo ano era de 2,5%, mas foi reduzida na última quinta-feira (17).

Um dos setores onde a perda de ritmo é mais evidente é na indústria. Segundo o IBGE, a produção encolheu 1,1% nos nove primeiros meses deste ano e 2,3% no acumulado de 12 meses.

Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), faturamento, emprego e utilização da capacidade instalada recuaram em setembro. Mesmo assim, o setor mantém-se em relativo otimismo.

“Apesar da desaceleração registrada nesse mês, existem elementos que podem afetar positivamente a indústria de transformação, entre eles a recomposição contínua da renda da população, que permite a sustentação do consumo dos bens industriais, e a reorganização da cadeia produtiva, que alivia a pressão sobre os custos de transformação”, explica a economista Larissa Nocko, da CNI.

A expectativa do MUFG Brasil é diferente. O banco acredita que a combinação de condições de crédito mais apertadas a partir da alta taxa de juros – atualmente a taxa Selic está em 13,75% ao ano – em meio a um aumento de endividamento das famílias leve a uma demanda mais fraca de bens mais caros, como veículos, eletrônicos e eletrodomésticos.

Outra ameaça vem de fora. “A provável extensão da política de Covid zero na China leva ao risco de paralisações adicionais de fábricas por lá, o que afeta a cadeia de suprimentos de componentes industriais”, aponta o banco.

Outra pesquisa feita pela CNI aponta que a falta ou alto custo da matéria-prima deixou de ser o principal problema para as micro e pequenas indústrias, setor extrativo e da construção. Na indústria de transformação, o entrave ainda é o principal problema, porém com menor intensidade.

“O problema da falta ou alta do custo de matéria-prima não deixou de existir, mas foi menos assinalado no terceiro trimestre pelas pequenas indústrias. A expectativa é de que recue ainda mais no fim de 2022”, afirma a analista de políticas e indústria da CNI, Paula Verlangeiro.

Os economistas Marco Caruso e Eduardo Vilarim, do banco Original, também não veem muito motivo para otimismo no setor. Segundo eles, a perspectiva de desaceleração global tende a trazer um viés negativo para a indústria extrativa, especialmente a de mineração de ferro, cujos preços caíram pela metade desde abril.

Eles apontam que a indústria de transformação esbarra em uma taxa de juros mais alta, que tende a diminuir investimentos e a demanda por produtos de maior valor agregado. Um dos poucos segmentos que deve ter um desempenho mais forte é o alimentício, puxado pelas boas expectativas para a safra.

IGP-M abaixo de 5% entra no radar
Deflação no atacado causou recuo de 0,55% na segunda prévia de novembro

O Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) de 2022 pode encerrar o ano com taxa inferior a 5%, segundo o economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre). Ele fez a observação ao comentar a queda de 0,55% na segunda prévia de novembro, ante recuo de 0,83% em prévia equivalente de outubro, anunciada ontem pela fundação.

Braz comentou que, assim como ocorreu com IGP-10 de novembro, a deflação mais fraca foi causada por aumentos mais intensos de preços em varejo e construção, respectivamente 30% e 10% do total do indicador. No entanto, como o atacado, 60% do IGP-M, permaneceu em deflação, o indicador se manteve com taxa negativa em sua segunda prévia, afirmou ele.

Como há possibilidade de o atacado continuar em queda de preço no próximo mês, Braz não descarta IGP-M de dezembro em taxa negativa - o que abre possibilidade de a taxa anual encerrar o ano abaixo de 5%. Em 12 meses, o IGP-M acumula alta de 5,91% até a segunda prévia de novembro. No ano passado, o indicador subiu 17,78%.

Ao detalhar a trajetória da segunda prévia de novembro, o economista da FGV explicou que os preços do atacado, representados dentro do IGP-M pelo Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), passaram de -1,19% para -0,90%. A deflação mais fraca foi causada por aumentos em preços importantes no cômputo total do IPA, como soja em grão (0,94%), farelo de soja (2,18%) e óleo de soja em bruto (5,28%). Em contrapartida, outras commodities de peso na formação do IPA permaneceram em queda, notou ele. São os casos de minério de ferro (-10,48%), café em grão (-19,60%) e bovinos (-1,92%).

Braz comentou que os preços das commodities têm oscilado muito, por causa de sinais de desaceleração da economia mundial, com possibilidade de recessão global. Na prática, os recuos de preço nessas commodities acabaram mantendo IPA em retração, embora mais fraca, na segunda prévia de novembro.

O recuo na prévia do IGP-M poderia ter sido mais intenso, não fosse aceleração de preços no Índice de Preços ao Consumidor (IPC) e no Índice nacional de Custo da Construção (INCC), que representam os preços do varejo e da construção. Esses dois sub-indicadores tiveram, respectivamente, aceleração de 0,29% para 0,54%; e fim de deflação de -0,06% para 0,17% da segunda prévia de outubro para igual prévia em novembro.

No varejo, pesaram aumentos em passagem aérea (2,64%) e em gasolina (1,19%), enquanto na construção o setor sofre impacto de dissídios salariais, que acelerou preços de mão de obra (0,47%).

No entanto, mesmo com perspectiva de continuidade de alta de preços no varejo, a possibilidade de permanência de deflação, ainda que mais fraca, no atacado deve conduzir à taxa negativa no IGP-M completo de novembro. Caso a taxa de dezembro do IGP-M também fique negativa, isso vai retirar, da série em 12 meses, taxa positiva referente a igual mês em 2021. Em dezembro de 2021, o IGP-M subiu 0,87%. Assim, o resultado completo da taxa anual seria empurrado para baixo, disse Braz. “Creio que não está descartado IGP-M [de 2022] inferior a 5%.”


Com agências de notícias (Gazeta do Povo e Valor)
Fonte: Infomet
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 22/11/2022

AÇO: Brasil projeta crescimento de 2,7% em 2022

Segundo dados da Associação Latino-americana de Aço (Alacero), as perspectivas de crescimento do setor na região são moderadas para o término de 2022 e início do próximo ano por causa da inflação global e política monetária contrastiva, com bancos na América Latina apertando suas políticas monetárias. “A previsão é impulsionada pela menor demanda externa, enfraquecida por altas taxas de juros e queda do poder de compra. O mundo vive um processo inflacionário sem precedentes, amplamente distribuído entre os países”, analisa Alejandro Wagner, diretor executivo da associação que gera dados para o setor na região e atua como porta-voz da indústria.

A desaceleração será espalhada na América Latina, somando os desafios externos da conjuntura global, como a crise energética na Europa e a guerra na Ucrânia, aos desafios locais, como a inflação. A previsão de crescimento para 2023 é baixa, até acima do esperado na China e nos Estados Unidos, principais parceiros comerciais da região. Dentre os setores que demandam aço da região, a construção civil caiu 1,8% de junho a agosto de 2022, enquanto a indústria automotiva cresceu 29,3% de julho a setembro do mesmo ano, enquanto as máquinas mecânicas aumentaram 0,8% de junho a agosto de 2022 e o uso doméstico caiu 13,7% no mesmo período. Em relação aos insumos demandados na produção siderúrgica, o petróleo caiu 0,9%, o gás aumentou 1% e a energia 0,4%, todos dados de junho a agosto de 2022.

Entre janeiro e agosto de 2022, as exportações de aço somaram 7.740,7 mil toneladas, um crescimento de 47,3% sobre o mesmo período de 2021. Assim, as exportações cresceram 10,7% em agosto em relação ao mês anterior. As importações, por sua vez, sofreram redução de 12,5% no acumulado de oito meses de 2022, em relação ao mesmo período de 2021, totalizando 16.871,1 mil toneladas. Em agosto, o valor foi 25,4% superior ao de julho.

A produção segue relativamente estável, impulsionada pelo expressivo volume das exportações. Até setembro, a produção latino-americana de aço bruto caiu 4,1% em relação ao mesmo período do ano anterior, registrando 46.862,5 mil toneladas. Os laminados apresentaram redução de 3,7% no mesmo período, com 41.033,8 mil toneladas.

Segundo a Alacero, o Brasil cresceu 4,6% no último ano e tem projeção de incremento de 2,7% e 0,6% para o próximo ano. Dos setores demandantes de aço no Brasil, a construção retraiu 5,7% de junho a agosto de 2022, enquanto o setor automotivo cresceu 32% de junho a setembro do mesmo ano, máquinas mecânicas diminuíram 4% de junho a agosto de 2022 e uso doméstico caiu 16,7% no mesmo período. Em relação aos insumos demandados na produção de aço, o petróleo diminuiu 1,2%, o gás -0,1% e a energia 2,8%, todos os dados de junho a agosto de 2022.

A expectativa em médio prazo para a construção é que o setor mostre recuperação: setor privado deverá aumentar o investimento em 2023, em um contexto de inflação mais estável. O automotivo registra possível desaceleração no ritmo de crescimento da produção, devido a menores vendas locais e queda nas exportações para Argentina e Colômbia (o setor pode ter um superávit de unidades em estoque). Quanto à maquinaria mecânica, o esperado é o crescimento da demanda por máquinas agrícolas. O Brasil caminha para mais uma safra recorde de 200 milhões t em 2023-2024, que continuará impulsionando a produção desse tipo de maquinário. Já no uso doméstico, a expectativa é que o governo promova uma política de redistribuição de renda, estimulando a demanda e impulsionando a produção.

 
Fonte: Brasil 61
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 22/11/2022

Exportador sofre com real valorizado e custos mais altos

Custos mais altos e valorização do real frente ao dólar contribuíram para tirar parte da margem de ganho do exportador até o terceiro trimestre do ano, apesar de preços favoráveis. De janeiro a setembro, o índice de rentabilidade do total das exportações brasileiras caiu 3,9% contra iguais meses do ano passado. O resultado mostra que o ganho com a elevação de 15,2% nos preços médios em dólar de exportação não foi suficiente para mitigar os efeitos do aumento de 15,4% nos custos de produção e da valorização nominal de 3,7% da moeda nacional frente ao dólar em igual período.

Em setembro, na comparação com igual mês do ano passado, a rentabilidade das exportações totais caiu 4%, com dinâmica parecida dos componentes que influenciam na margem do exportador, embora com variações de magnitude bem menor. Em setembro, na comparação interanual, a alta de 5,5% dos preços de exportação não foi suficiente para anular os efeitos do aumento de 8,8% nos custos de produção e da valorização cambial de 1%. Os dados, levantados pela Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), devem ser divulgados nesta segunda.

Apesar do arrefecimento da inflação e da devolução de parte do aumento em alguns preços importantes, aponta Daiane Santos, economista da Funcex, as projeções de mercado para a taxa de câmbio nominal, a desaceleração da economia global, as contínuas restrições à circulação de pessoas na China para conter a covid-19 e os impactos da guerra entre Rússia e Ucrânia nos preços dos combustíveis mostram que o quadro não será revertido até o fim do ano. “Dificilmente veremos uma melhora na rentabilidade do exportador brasileiro no último trimestre de 2022.”

Os dados da Funcex mostram que a rentabilidade na exportação total brasileira em setembro em relação a agosto também caiu, embora com dinamismo diferente. Nessa comparação houve queda de 1,9% no custo de produção e desvalorização de 1,7% do real frente ao dólar, dois fatores que jogaram a favor da margem de quem exporta. Os preços médios de exportação, porém, recuaram 3,8% no período e isso fez a rentabilidade cair 0,4% no total das exportações.

Os custos de produção, observa Daiane, já começam a refletir o arrefecimento da inflação, sob efeito, entre outros, da redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre preços administrados, o que contribuiu para a queda do preço da energia, da gasolina e das telecomunicações. A gasolina, destaca, também recuou de preço por revisões praticadas pela Petrobras em resposta à redução do preço internacional do petróleo. O efeito é visível na margem. Na análise dos 29 setores que a Funcex acompanha, o custo médio só não caiu em um deles, o de “outros equipamentos de transporte, exceto veículos”, no qual houve alta de 0,7%. No setor de derivados de petróleo, biocombustíveis e coque o custo médio de produção caiu 10,8%, maior queda entre os segmentos observados.

O recuo do custo de produção de agosto para setembro também contribuiu para o avanço de rentabilidade em 19 dos 29 setores analisados. Entre os setores que mais exportam, destaca-se avanço da margem de lucro em produtos alimentícios, com alta de 2%, e em máquinas e equipamentos e veículos, nos quais a alta foi de 5,6% e 4,1%, respectivamente.

Quando se olha o acumulado do ano, porém, apenas oito dos 29 setores tiveram ganho de rentabilidade. As maiores altas estão em atividades ligadas a commodities que experimentaram alta de preços no decorrer do ano. O setor de derivados de petróleo mostra o maior avanço de rentabilidade, de 29,6%, seguido por extração de petróleo e gás, com 25,6%, e agricultura e pecuária, com 13,9%.

Apesar da queda dos custos de produção na margem, porém, os dados da Funcex mostram que esse componente da rentabilidade segue em nível elevado. No acumulado em 12 meses a alta ainda é de 17,5%. Os níveis altos de custos de produção ainda devem continuar tirando rentabilidade do exportador em 2023, diz Welber Barral, sócio da BMJ Consultores e ex-secretário de Comércio Exterior.

Há ainda, diz ele, uma inflação mundial muito influenciada por itens de energia, o que continuará pressionando preços no mercado doméstico, e também os custos logísticos do comércio global, tirando margem do exportador. “Poderia haver reversão disso com uma solução para a tensão geopolítica entre Rússia e Ucrânia, mas tudo leva a crer que isso não irá acontecer antes do fim do inverno [do hemisfério Norte].” Mesmo que um acordo venha a selar o fim da guerra, avalia, os preços demorariam para devolver o que subiram.

Ao mesmo tempo, diz Barral, o cenário global não deve ajudar. “A União Europeia, destino de cerca de 16% das exportações brasileiras, está sob risco de recessão em 2023 e é esperada uma desaceleração do crescimento da China, nosso principal comprador.” Isso terá impacto sobre preços de commodities que o Brasil exporta, principalmente minério de ferro, ressalta.

“É preciso lembrar também que depois de 2020 aumentou muito a rentabilidade do exportador”, destaca Barral. Apesar das oscilações mais recentes do câmbio em razão das atuais discussões sobre o teto de gastos e sobre o orçamento do governo federal para 2023, a tendência para o dólar é fechar 2023 em torno de R$ 5,20, diz. “É um câmbio bom para o exportador, mas não é o câmbio excelente de 2020, quando se chegou a exportar com dólar a R$ 5,80.”

De qualquer forma, mesmo com perda de rentabilidade do exportador, diz Barral, a balança comercial brasileira deve fechar 2022 e o próximo ano com superávit robusto e contribuir positivamente para o setor externo. A exportação brasileira, avalia, deve se beneficiar ainda pelos preços favoráveis de alimentos. Para 2022, a mediana de projeções coletadas pelo Valor Data junto a 12 consultorias e instituições financeiras aponta para superávit comercial de US$ 59 bilhões.

Haroldo Ferreira, presidente-executivo da Abicalçados, que reúne a indústria brasileira calçadista, diz que uma menor demanda global já está no quadro esperado para o ano que vem. Isso mais a maior competitividade da China devem levar à redução dos embarques de calçados em 2023. Neste ano, ressalta, a exportação brasileira de calçados cresceu mais de 28% no acumulado até outubro em relação a 2022 e 9% contra o período pré-pandemia. Para ele, a composição da pauta exportadora, com participação mais importante de calçados de couro, com preços médios maiores, contribuiu para o avanço.

Fonte: Valor
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 21/11/2022