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“CSN vive seu melhor momento e quer dobrar em três anos”

A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) planeja dobrar de tamanho nos próximos três anos, com expansão de capacidade produtiva no Brasil e no exterior e verticalização nos negócios em que já está presente. Novas fusões e aquisições estão nos planos do grupo, que deve destinar entre US$ 2 bilhões e US$ 3 bilhões para ampliar as operações nos Estados Unidos e Europa nesse período.

Crescer em distribuição, geração de energia e preservação do meio ambiente também faz parte da estratégia, indicou a analistas o empresário Benjamin Steinbruch. “Queremos dobrar o tamanho da companhia nos próximos três anos, mantendo rígidos os nossos compromissos com o mercado em relação a alavancagem financeira e margens”, disse o principal acionista e presidente da CSN.

Nesse intervalo, os ativos da companhia no exterior devem passar a representar algo entre 20% e 30% do total. A ideia é dobrar a capacidade dos ativos existentes na Europa e nos Estados Unidos, e há margem para execução de um projeto “greenfield” em cimento ou siderurgia dentro dos Estados Unidos.

Também deve haver mais aquisições no mercado brasileiro, incorporando a oferta de serviços ao portfólio da CSN. No fim do ano passado, a companhia comprou uma das maiores fabricantes de embalagens de aço para alimentos do país, a Metalgráfica Iguaçu, depois de ter incorporado a Elizabeth Cimentos. Conforme Steinbruch, esse é o perfil de ativo que está no alvo do grupo. “Vamos procurar sempre agregar valor e qualidade, incluindo aquisições na cadeia de fornecedores e clientes”, disse.

O empresário disse que esse crescimento mais agressivo não ocorrerá em detrimento da alavancagem financeira, de forma que a relação entre dívida líquida e resultado operacional (Ebitda) não voltará a ultrapassar 1 vez. Em dezembro, a dívida líquida correspondia a 0,76 vez o Ebitda.

A CSN deve manter o portfólio atual de negócios - siderurgia, mineração, energia, cimento e infraestrutura - e não prevê entrar em novos produtos. A área de energia deve receber investimento considerável em meio aos planos do grupo de se tornar autossuficiente, e se consolidar como “negócio grande e importante”, disse Steinbruch. Na mineração, o grupo planeja oferecer as reservas que não foram prioritárias para exploração por parte de mineradoras menores, de forma “participativa”.

“Nosso crescimento vai ser orientado por alavancagem baixa, compromissos ESG cada vez maiores e uso de tecnologia”, acrescentou. Em relação à descarbonização, a companhia quer avançar em preservação, com a aquisição de grandes áreas.

Para 2022, quando a CSN completa 80 anos, as perspectivas são “muito melhores” do que em 2021, afirmou o empresário. No ano passado, os resultados foram históricos, com receita líquida de R$ 48 bilhões, Ebitda ajustado de R$ 22 bilhões e lucro líquido de R$ 13,6 bilhões - no quarto trimestre, porém, o desempenho mais fraco na mineração acabou pressionando o balanço. Os investimentos no ano devem somar quase R$ 4 bilhões.

De acordo com o diretor de relações com investidores da CSN, Marcelo Cunha Ribeiro, os resultados no último trimestre foram afetados pela piora de desempenho “pontual” na mineração, com preços e volumes menores. Mas essa situação já se reverteu e trará ganhos a partir do primeiro trimestre. “A CSN seguiu na estratégia acertada de margens sobre volume. Houve um impacto importante da mineração, mas a boa notícia é que esse ajuste se reverteu, o que nos permite antever um 2022 tão bom ou melhor que 2021”, disse.

Em 2021, os resultados da CSN foram os melhores da história na esteira do bom momento de preços das commodities, da estratégia de preservação de margens e da atitude “espartana” em custos, afirmou. Na siderurgia, o ano “fantástico”, com volumes e preços fortes, levando ao Ebitda recorde de R$ 9,89 bilhões. Essa trajetória positiva se mantém, segundo o executivo.

Já em cimentos, a Elizabeth foi responsável por 20% dos volumes no quarto trimestre e os aumentos de custo com frete e energia começaram a ser repassados ao preço final, de forma que a previsão é de manutenção das margens vistas em 2021. “O ano [de 2022] será de crescimento menos intenso, mas ainda assim de crescimento e boas margens”, observou.

De acordo com o diretor comercial da CSN, Luis Fernando Barbosa Martinez, a companhia planeja crescer no mínimo 10% no mercado brasileiro de aço em 2022, capturando o crescimento orgânico da demanda e a substituição de importações em meio aos efeitos da guerra na Ucrânia sobre a indústria global e ao movimento de “desglobalização” e descarbonização que já estava em curso.

Com a guerra na Ucrânia, comentou Martinez, os preços de produtos siderúrgicos foram elevados, bem como os custos com insumos (minério e carvão). “O cenário mundial de aço é bastante favorável, apesar do conflito, para que o setor siderúrgico recupere margens. Em laminados e aços longos, acrescentou, a CSN vê espaço para um reajuste de 8% a 10% no mercado doméstico entre o fim deste mês e o início do próximo.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 11/03/2022

 

CSN: lucro líquido cai 73% no 4º trimestre, mas avança 217% no ano

A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) registrou no quarto trimestre de 2021 lucro líquido de R$ 1,061 bilhão, queda de 73% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Em relação ao terceiro trimestre, houve perda de 20%. No ano, no entanto, o lucro líquido atingiu R$ 13,596 bilhões, um avanço de 217% em relação a 2020 reflexo, segundo a companhia do forte desempenho operacional, além do reflexo do ganho na oferta pública de ações da CSN Mineração e das vendas de parte das ações da Usiminas.

A queda em relação ao trimestre anterior é explica no relatório de resultados em razão do menor resultado operacional que acabou por compensar as menores despesas financeiras e impostos registrados no período.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado atingiu R$ 34,727 bilhões entre outubro e dezembro de 2021, queda de 21% na comparação com o quarto trimestre de 2020. Em relação ao terceiro trimestre de 2021, houve queda de 13%. No ano, o Ebitda chegou a R$ 22,002 bilhões, au,mento de 91% na comparação com o mesmo período de 2020.

Já a receita líquida ficou em R$ 10,361 bilhões no quarto trimestre, alta de 6% em relação ao quarto trimestre de 2020 e avanço de 1,1% na comparação com o trimestre imediatamente anterior. Esse resultado é consequência da melhora do segmento siderúrgico que apresentou recuperação de volume no período, além da incorporação da Elizabeth Cimentos.

A combinação desses fatores acabou por compensar a menor receita verificada no segmento de mineração que foi impactado neste trimestre por um maior volume de chuvas em outubro e paradas programadas tanto na mina quanto no porto no mês de novembro.

Em 2021, a receita líquida totalizou R$ 48 bilhões, o que representa um aumento de 59,4% na comparação com 2020. Esse foi o maior faturamento já registrado na história da companhia e reforça o excelente momento e o ambiente favorável nos principais segmentos operados pela CSN, segundo a empresa.

A CSN informa que a siderurgia atingiu recorde de Ebitda no ano com forte aumento de margem. o ano de 2021, segundo a empresa, também foi marcado pela consolidação da estratégia de crescimento no mercado de cimentos.

Fonte: Exame
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 11/03/2022

PL da mineração põe em risco existência de povos indígenas, dizem especialistas

A aprovação do regime de urgência para a tramitação do Projeto de Lei (PL) 191/2020, de autoria do governo federal e que regulamenta a exploração de recursos minerais entre em terras indígenas, aumenta ainda mais a vulnerabilidade das comunidades de povos nativos. Especialistas ouvidos pelo Correio garantem: a proposta que está na Câmara dos Deputados coloca em risco a existência física e cultural dessas comunidades.

Segundo a advogada do Instituto Socioambiental (ISA) Juliana de Paula Batista, pelo menos 237 terras sem decreto de homologação, último passo do processo para a criação da reserva, estão fortemente ameaçadas pelo PL. Isso porque o texto do projeto permite que as áreas sem demarcação concluída não precisem de autorização do Congresso para a exploração de recursos hídricos e riquezas minerais.

"Estamos há pelo menos três anos e meio sem nenhuma demarcação de terras indígenas e pelo menos 237 ainda não têm a homologação. Esse processo pode demorar até 20 anos e, dessa forma, essas áreas ficariam ainda mais expostas", alertou Juliana. Ela lembra que muitas áreas com presença de povos isolados não estão demarcadas.

O deputado federal, ambientalista e coordenador da Frente Ambientalista do Congresso, Rodrigo Agostinho (PSB-SP), votou contra o regime de urgência do PL e considera a liberação da mineração em áreas indígenas um retrocesso. "É um desastre. Para além da extração do minério, temos, também, o desmatamento provocado pela abertura de estradas e ferrovias", disse.

Para o secretário-executivo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Antônio Eduardo Cerqueira de Oliveira, "os povos indígenas têm feito uma luta de resistência no Brasil e tem encontrado o apoio da sociedade civil".

Defesa da proposta

Já o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a defender o projeto que pauta a mineração em terras indígenas. Ao responder, na live de ontem, a pergunta de um internauta sobre a crise de fertilizantes provocada pela invasão da Ucrânia pela Rússia, o presidente disse que as próprias comunidades de povos nativos são favoráveis à exploração.

Há tempos, Bolsonaro defende a mineração em terras nas quais vivem comunidades de povos nativos. Mas, agora, devido à possibilidade de escassez ou de aumento do preço internacional do potássio — matéria-prima de fertilizantes agrícolas — provocados pela guerra no Leste Europeu, ele vem insistindo que chegou o momento de explorar o mineral existente em áreas indígenas na Amazônia.

"Acredito que tenha que esperar algumas semanas para que vá a plenário. Mas mesmo aprovando esse projeto, vai levar de dois a três anos para começar a produzir algo naquela reserva", explicou.

Fonte: Correio Braziliense
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 11/03/2022

Petróleo e minério têm dia de acerto e reduzem ganhos

Após dois dias de fortes altas, ontem petróleo e minério de ferro deram uma parada na escalada de preços desta semana. Os contratos de petróleo fecharam em queda, com o Brent, referência global da commodity, anotando a maior queda diária em quase dois anos. O minério de ferro no mercado chinês teve leve queda. Nos dois casos, no entanto, os preços continuam bem acima do esperado pelo mercado caso não estivessem pressionados pelos efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia.

O recuo do petróleo segue na sequência do fechamento mais elevado para os preços do petróleo desde 2008, porém, com os investidores demonstrando certo alívio depois que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, sinalizou que poderia abrir mão de aderir à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

O contrato do Brent para maio fechou a US$ 111,14 por barril, queda de 13,15%. Foi o recuo mais acentuado desde abril de 2020, quando os temores sobre a destruição da demanda causada pela pandemia de covid-19 derrubou os preços da commodity. O contrato do WTI para abril caiu 12,12%, a US$ 108,70 por barril, maior queda diária desde novembro.

Mesmo com as quedas, ambas as referências do petróleo seguem nas máximas desde 2008, depois de dispararem nas últimas semanas, em meio aos temores em torno das sanções contra a Rússia. Ontem, os EUA e o Reino Unido anunciaram a proibição de importações de petróleo russo, alimentando os temores.

A pressão altista recebeu algum alívio depois que Zelensky disse, em entrevista à “ABC News” na noite de segunda-feira, que pode abrir mão da adesão à Otan, o que ajudaria as negociações de paz entre a Ucrânia e a Rússia.

Também houve uma avaliação de que o boicote americano e britânico ao petróleo russo pode ter menos impacto no mercado do que o imaginado. “Os Estados Unidos têm sido um comprador marginal dos chamados óleos não processados [russos], que provavelmente podem substituir facilmente por alternativas. Da mesma forma, a proibição do Reino Unido só se aplicará neste ano, o que dá tempo suficiente para ajustar a oferta”, escreveu Nobert Rücker, chefe de pesquisa do Julius Baer.

Os Emirados Árabes Unidos também anunciaram que pedirão aos outros integrantes da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) que elevem os níveis de produção da commodity em um esforço para conter a disparada dos preços.

Já os preços do minério de ferro seguiram em trajetória de correção no mercado à vista, em meio à fraca atividade comercial nos portos chineses e ao desempenho negativo dos contratos futuros.

No Porto de Qingdao, o minério com teor de 62% de ferro encerrou o dia com baixa de 1,7%, para US$ 158,79 a tonelada, reduzindo a 15% os ganhos acumulados em março. Ainda assim, a commodity exibe valorização de mais de 30% no acumulado de 2022, de volta aos níveis de preço vistos há seis meses no mercado transoceânico.

A escalada dos preços do níquel na terça-feira trouxe mais instabilidade ao mercado de aço inoxidável. Ontem, os contratos para abril caíram 4,2%, a 20.655 yuan por tonelada, indicando que os níveis de preço atuais não são justificados.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 10/03/2022

China muda postura sobre minério de ferro após guerra na Ucrânia, diz jornal

Por causa do choque que a guerra na Ucrânia causou nos mercados ao redor do globo, a China agora reconsidera a estratégia econômica que vinha adotando para regular os preços do minério de ferro e derivados.

Desde o início do conflito, a cotação do minério de ferro na bolsa de Dalian, na China, chegou a atingir o ápice de valorização de 23,8% no fechamento desta segunda-feira (7), a 870 yuans, ou US$ 139,2, por tonelada.

A China é disparado o maior importador global do minério de ferro. Em 2019, um ano antes de a Covid-19 ser declarada uma pandemia, a China importou 1,07 bilhão de toneladas de minério de ferro. Em comparação, o Japão, em segundo lugar, importou 119,6 milhões – 8,9 vezes menos.

A China é também a líder mundial em produção de aço e responde por mais da metade da produção global.

 

Segundo o jornal Valor Econômico, com a mudança geopolítica, o país decidiu abandonar as restrições à produção siderúrgica no principais polos, como em Tangshan.

Na semana passada, o governo da China havia discutido adotar um decreto que obrigasse a utilização do minério de ferro que já foi contratado e estocado nos portos chineses, a fim de evitar a especulação e a compra de novos lotes.

Contudo, o país decidiu caminhar na direção oposta e garantir o abastecimento de insumos da indústria independentemente de eventual aumento de preços. Segundo analistas, o foco passou a ser a segurança da oferta de matérias-primas em detrimento da redução de estoques.

Em meados de 2021, sem o controle estatal da China, o preço do minério de ferroatingiu a máxima histórica acima dos US$ 220, por tonelada.

A partir de então, com as medidas de restrição à produção siderúrgica que buscavam também diminuir a poluição em Pequim, às vésperas da realização dos Jogos Olímpico de Inverno, a cotação da commodity beirou os US$ 80, em novembro do ano passado.

O sucesso da medida foi efêmero, e a cotação da commodity retomou a trajetória de alta — chegou a superar a cotação acima dos US$ 140.

No Brasil, a mudança de rumo imposta pela China tem potencial de valorizar as empresas exportadoras de minério aqui, como a Vale (VALE3), principal nome do setor com 72% de participação na exploração, ou a CSN Mineração (CMIN3), 10,2%, e a Usiminas (USIM5), 2,23%.

Fonte: Suno
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 10/03/2022

Da gasolina ao agronegócio: como a guerra na Ucrânia afeta o Brasil?

Após semanas de tensão na região de fronteira entre Rússia e Ucrânia, o presidente russo Vladimir Putin ordenou uma invasão ao país vizinho no dia 24 de fevereiro, sob o pretexto de assegurar a paz nas regiões separatistas de Donetsk e Luhansk, no extremo-leste ucraniano.

Assim, a Rússia deu início a uma invasão em larga escala à Ucrânia. Poucos dias depois do envio de militares para o leste separatista, as tropas russas já se deslocavam pela porção ocidental do país, rumo à capital Kiev. A eclosão do conflito trouxe pânico aos mercados e derrubou Bolsas de Valores ao redor do planeta, interrompendo uma sequência de ganhos do Ibovespa —o principal índice de ações da B3.

Como a invasão pode afetar a economia brasileira e, consequentemente, seus investimentos? Quais os setores mais impactados pelo conflito? Como cada um deles deve reagir aos desdobramentos da guerra? Felipe Bevilacqua, analista da Levante Ideias de Investimentos, responde a todas essas dúvidas abaixo.

Mais difícil do que Putin imaginava

De acordo com o analista, diante da postura que vinha sendo adotada por Putin, não é possível dizer que a invasão pegou os investidores de surpresa, assim como as sanções impostas à Rússia pelo ocidente em resposta ao ataque.

"O que de fato surpreendeu o mercado —e que não parecia estar nos cálculos do autocrata russo— foi a força da resistência ucraniana, que tem conseguido conter o avanço das tropas inimigas e impor duras perdas ao exército russo com forte engajamento da população civil no conflito", afirma.

Ele declara ainda que, diante da bem-sucedida resistência ucraniana e da imposição de sanções cada vez mais severas à Rússia, a guerra se estende por mais tempo —e a um custo mais alto— do que o estimado inicialmente.

Impacto global

Engana-se quem pensa que a guerra na Ucrânia afeta apenas os países diretamente envolvidos no conflito e seus vizinhos mais próximos. O conflito e seus desdobramentos políticos afetam a economia global como um todo, podendo afetar até mesmo o desempenho de empresas brasileiras listadas na B3.Felipe Bevilacqua, analista da Levante

O embate envolve as duas maiores nações da Europa em termos de extensão territorial, sendo a Rússia uma potência energética e a Ucrânia uma das maiores produtoras de grãos do planeta.

Diante disso, Bevilacqua diz que o conflito e seus desdobramentos políticos afetam a economia global como um todo, podendo afetar até mesmo o desempenho de empresas brasileiras listadas na B3.

Óleo e gás

Uma das mais relevantes consequências da guerra entre Rússia e Ucrânia tem sido a alta da cotação do petróleo, que chegou ao patamar de US$ 125 pelo barril do óleo tipo Brent —aquele extraído no Mar do Norte e negociado na Bolsa de Londres.

A alta se dá em meio à perspectiva de que nações ocidentais podem impor sanções à exportação de petróleo e gás natural pela Rússia. Isso gera preocupação entre os investidores, uma vez que a Rússia é a principal fornecedora do insumo para os países do continente, e parte do gás precisa passar pela Ucrânia para chegar até a porção ocidental da Europa.

Com a perspectiva de escassez do gás, cresce a especulação em torno dos preços da energia, movimento que acaba impulsionando ainda mais o preço do petróleo, que é referência no setor.

"Pensando no curto prazo, a disparada dos preços do petróleo tende a impulsionar os resultados das companhias do setor de óleo e gás. Por outro lado, com o aumento dos preços dos derivados de petróleo, é possível que os parlamentares priorizem projetos que tenham como finalidade reduzir os preços finais dos combustíveis nas bombas brasileiras, o que pode limitar os ganhos do setor", afirma o analista da Levante.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou que é urgente que se impeça a elevação das tarifas nos postos de gasolina, fazendo-se "mais do que nunca" para avançar os projetos que tratam do tema na Casa.

Assim, Pacheco informou que o Senado deve retomar os debates sobre o Projeto de Lei acerca da cobrança do ICMS sobre os combustíveis, bem como a proposta de redução da volatilidade dos preços por meio de mecanismos de estabilização.

Mineração e siderurgia

"A percepção de que o conflito no leste europeu também tende a afetar a oferta global de aço tem contribuído para a alta do preço do minério de ferro, diante da retomada da demanda pela commodity [matéria-prima] na China", diz Bevilacqua.

A Rússia responde por cerca de 10% do comércio global de aço, enquanto a Ucrânia tem uma participação de 4%. A interrupção do fornecimento do produto por essas duas nações faz com que os consumidores saiam em busca de fontes alternativas.

Neste cenário, a China é o único país capaz de suprir essa demanda, e é também a principal consumidora do minério de ferro produzido no Brasil.

Com as siderúrgicas chinesas em busca de matéria-prima, o preço do minério de ferro voltou a subir nas últimas semanas, sendo cotado a US$ 152,97 por tonelada no porto de Qingdao, na China, em 4 de março.

Agronegócio

O conflito também deve impactar o agronegócio brasileiro, uma vez que Ucrânia e Rússia são duas grandes produtoras de grãos. Juntas, elas respondem por 29% das exportações globais de trigo, 19% de milho e 80% de óleo de girassol.

Bevilacqua declara que a consequência é a subida das cotações destes produtos no mercado futuro, diante da perspectiva de diminuição da oferta global em decorrência da guerra. Destaca o aumento do preço do milho, produto que serve como base para a ração que alimenta os rebanhos brasileiros.

Com um custo mais alto para produção de ração, podemos esperar uma elevação do preço da carne produzida pelos frigoríficos ao redor do mundo, em decorrência da redução das margens destas empresas.

Outro fator relevante para o agronegócio brasileiro, segundo ele, é a possível diminuição da oferta global de fertilizantes, especialmente nitrogênio, fósforo e potássio, em virtude da guerra.

Cerca de 70% dos fertilizantes utilizados no Brasil são importados, e a Rússia é a principal fornecedora do insumo, tendo comercializado cerca de 23% do total utilizado no Brasil em 2021.

Belarus, aliado da Rússia que também enviou tropas para a Ucrânia, é responsável pelo fornecimento de cerca de 6% dos fertilizantes utilizados no Brasil, e também enfrenta dificuldades para escoar sua produção.

Diante da escassez de fertilizantes no mercado doméstico, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, informou que o governo federal lança, este mês, um plano nacional para ampliar a produção do insumo no país, na tentativa de evitar que a safra deste ano seja prejudicada.

Próximos capítulos dos impactos no Brasil

Bevilacqua afirma que os setores de óleo e gás e mineração e siderurgia tendem a se beneficiar do cenário de alta dos preços do petróleo e do minério de ferro em meio à guerra na Ucrânia.

"Mas é preciso levar em consideração os esforços políticos que podem ser empregados para conter a elevação dos preços, especialmente no caso dos combustíveis", declara.

De acordo com o analista, o agronegócio, por outro lado, pode ser prejudicado tanto no ramo agrícola quanto na pecuária, devido à escassez de fertilizantes e de insumos utilizados na produção da ração consumida pelos rebanhos brasileiros.

"Portanto, o conflito no leste europeu tende a afetar setores cruciais da economia brasileira, podendo se refletir em perdas expressivas para algumas empresas do Ibovespa, e em ganhos igualmente relevantes para outras, a depender de sua área de atuação", diz.
 

- Acesse aqui o relatório completo da Levante os impactos da guerra entre Rússia e Ucrânia ao mercado brasileiro.

Fonte: UOL
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 10/03/2022