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Conflito adiciona novo problema no mercado de metais e aço

O conflito geopolítico envolvendo Rússia e Ucrânia, dois grandes produtores de metais, petróleo, gás, carvão e produtos da cadeia do aço, adiciona um novo problema no cenário global do mercado de commodities. Essa é a avaliação do consultor José Carlos Martins, da Neelix Consulting - Mining & Metals e que foi diretor executivo da Vale por dez anos, até 2014 - ele foi responsável pelo segmento de metais ferrosos.

Segundo o executivo, Rússia e Ucrânia colocam no mercado mais de 100 milhões de toneladas de bens que são matéria-prima e insumos industriais. Esse volume inclui minério de ferro (75 milhões de toneladas), aço, sucata metálica, gusa, alumínio e níquel, entre outros. “O desequilíbrio na oferta das commodities só vai agravar”.

A companhia russa Rusal é uma gigante global do alumínio, enquanto a Norilsk está logo atrás da Vale na liderança de níquel.

“Vamos ver impactos nos preços desses produtos no curto e médio prazo, até que o cenário dessa questão geopolítica fique mais claro. E isso vai encarecer os preços dos produtos, que já estão elevados, em razão das dificuldades nas cadeias produtivas”, destaca o consultor da Neelix.

Um dos pontos, observa, é ver o quanto as sanções de Estados Unidos e países da União Europeia, além de outros, vão atingir a Rússia e sua economia. Martins avalia que a China deverá continuar importando minério de ferro russo - em torno de 45 milhões de toneladas ao ano -, além de outros insumos. “Isso poderá amenizar o impacto”, diz.

A Ucrânia é um grande exportador de placas de aço (semi-acabado para fabricação de chapas) no mercado internacional, assim como a Rússia, que vende excedentes de produtos siderúrgicos. A siderurgia russa é a quinta maior do mundo - atrás de China, Índia, Japão e Estados Unidos. O país tem exportado laminados de aço até para o Brasil.

Segundo Martins, os dois países têm balanças superavitárias de commodities e produtos ligados a elas, como aço. Na sua avaliação, a guerra entre os dois países, como iniciativa russa sobre a Ucrânia, cria uma complicação maior, gerando choque na oferta e lavando os preços para o alto.

Segundo o banco UBS, a Rússia responde por cerca de 5% a 10% da produção global de metais básicos, com destaque para alumínio e níquel. “As sanções dos Estados Unidos à Rusal em 2018 tiveram impacto significativo nos preços do alumínio e na indústria como um todo”, informou o banco em relatório.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 25/02/2022

Descaracterização integral só deve ocorrer após 2030

O governo do Estado e o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) pactuaram ontem com as mineradoras um novo Termo de Compromisso para que a descaracterização de barragens ocorra com mais agilidade, mas o descomissionamento integral de 41 estruturas não deve ficar pronto nesta década, terminando somente em 2031. 

As empresas que ainda mantêm o funcionamento de barragens a montante em Minas Gerais acordaram uma nova estratégia para a descaracterização das estruturas. A medida foi tomada porque, de acordo com os órgãos envolvidos na assinatura do novo Termo de Compromisso, o descomissionamento demanda, em alguns casos, prazos mais longos para o atendimento ao rigor técnico e de segurança da iniciativa. 

O prazo anteriormente fixado para o descomissionamento terminaria hoje, 25 de fevereiro, o que não aconteceu. Segundo dados oficiais, havia 54 estruturas a montante no Estado anteriormente à obrigatoriedade da descaracterização, sendo que sete delas foram extintas e seis protocolaram a documentação indicativa de encerramento de obra e que passa agora por validação dos órgãos responsáveis. 

Dessa forma, atualmente, existem em todo o território 41 barragens de modelo semelhante àquelas que se romperam em Brumadinho e Mariana. Nos episódios, 289 pessoas foram vitimadas, e outras centenas ainda vivem longe de suas casas devido aos riscos das estruturas a montante ainda existentes. 

O termo

Com a assinatura do Termo de Compromisso, as mineradoras têm, a partir da data do mesmo, 15 dias para contratar equipe técnica especializada e independente para prestar apoio à Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) e à Agência Nacional de Mineração durante o acompanhamento dos trabalhos de extinção das barragens, entidades essas que também participaram junto ao governo do Estado e MPMG da construção do termo. 

De acordo com o procurador-geral de Justiça do Estado de Minas Gerais, Jarbas Soares Júnior, a solução representa uma busca de aplicar a lei de forma mais inteligente para que o desenvolvimento do Estado de Minas Gerais ocorra.

“O novo termo não significa prorrogação ou anistia. Não é isso. As empresas são obrigadas a indenizar o Estado pelo não cumprimento. Nós buscamos que a sociedade seja compensada e queremos que parte desses recursos sejam revertidos para os atingidos. Nós precisamos olhar para as pessoas que ainda estão vivendo perdas e aflições nessas áreas”, afirmou Jarbas. 

Indenização ao Estado 

A indenização por parte das empresas que não cumpriram o primeiro prazo fixado pode chegar a R$ 500 milhões. No entanto, na tarde de ontem, dez empresas, que representam 19 barragens a montante, assinaram o Termo de Compromisso, sendo que as autoridades presentes acreditam que as demais devem optar pela assinatura em detrimento de caminhos judicializados. 

Pouco antes do anúncio, em coletiva de imprensa, participaram da assinatura do Termo de Compromisso as empresas com atividades de mineração Alcoa, CSN, Gerdau, Itaminas, Minerita, Morro do Ipê, SAFM, Usiminas, Musa e Herculano. Juntas, as empresas devem pagar ao Estado uma indenização de R$ 60 milhões, que representam multas por dano coletivo. 

Segundo a secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Marília Melo, essa é uma medida de convergência para manter a capacidade de operação das empresas e, dessa forma, garantir o processo de descaracterização. “A paralisação das empresas poderia gerar um ônus para o Estado, como por exemplo a não capacidade de descaracterização dessas barragens”, afirmou. 

Carlos Eduardo Ferreira, promotor de Justiça do Estado de Minas Gerais, avalia que esse é um marco de exaltação da Lei Estadual “Mar de Lama Nunca Mais”. Isso porque, segundo ele, o instrumento tem em seu núcleo a proibição de um método de armazenamento de resíduos que provocou os dois maiores desastres ambientais da história mineira. 

Ainda conforme explicou Ferreira, o acordo prevê que as mineradoras façam o descomissionamento no menor prazo técnico possível e com a utilização da melhor alternativa técnica existente. “O nosso Estado não pode conviver com o caos judicial. Em nenhum momento trabalhamos com prorrogação geral e irrestrita do prazo fixado na lei. Nós individualizamos todas as estruturas (barragens) de modo a trabalhar o prazo factível. É preciso reconhecer que tecnicamente existiam prazos inviáveis de serem executados”, ressaltou o promotor. 

Nesse sentido, Marília Melo afirmou que diante dos ofícios enviados às mineradoras com a cobrança dos prazos finais de descomissionamento, o que ocorreu antes mesmo do termo recém-assinado, o prazo mais longo registrado foi o de 2031. Dessa forma, os representantes de órgãos públicos reconheceram, ainda, que esse pode ser um processo moroso por questões técnicas e que, de fato, há a possibilidade de que o Estado só alcance o descomissionamento de todas as barragens em 2031. 


Fonte: Diário do Comércio
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 25/02/2022

Produção mundial de aço cai 6,1% em janeiro

A produção de aço bruto no mundo registrou uma queda de 6,1 % no mês de janeiro de 2022 em comparação ao mesmo período de 2021, segundo dados da World Steel Association. Foram produzidos 155 milhões de toneladas (mt) de aço durante o primeiro mês do ano. 

O resultado negativo foi puxado pelo mal desempenho da indústria do aço na Ásia, que registrou queda de -8,2% com uma produção de 111,7 mt. Além do continente asiático, a América do Sul também fechou o mês com saldo negativo, pois registrou uma queda de  -3,3% com uma produção de 3,7 mt.

Entre os países que são os maiores produtores de aço do mundo, a China, líder no ranking, registrou queda de -11,2%. O país produziu 81,7 mt de aço em janeiro. Já a Índia, segundo maior produtor de aço do planeta, teve um aumento na produção de 4,7% e produziu 10,8 mt de aço. Os Estados Unidos também fecharam o primeiro mês de 2022 com saldo positivo. A maior economia do mundo registrou alta de 4,2% na produção de aço com 7,3 mt.  E o Brasil, nono no ranking de maiores produtores de aço do mundo, registrou uma queda de -4,8% e produziu no período 2,9 mt de aço.

Fonte: ABM Notícias
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 24/02/2022

Entenda por que a inflação continua alta, mesmo com aumento dos juros e o dólar em queda

A taxa de juros já está acima dos dois dígitos, o dólar acumula uma queda de quase 10% neste ano e a economia anda em marcha lenta. Mesmo assim, a inflaçãobrasileira não dá sinais de trégua. A cada dia surgem novas projeções para o IPCA, o índice oficial de inflação do País, este ano - e as revisões são sempre para cima. 

Na terça-feira, 22, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revisou sua previsão para a inflação em 2022 de 4,9% para 5,6%. No último Relatório Focus, divulgado na segunda-feira, 21, pelo BC, a projeção para o IPCA avançou pela sexta semana consecutiva, para 5,56%, ante uma estimativa de 5,15% há apenas um mês. A meta do BC para este ano é de 3,5%, com intervalo tolerância entre 2% e 5%. No ano passado, o IPCA avançou 10,06%, ante uma meta de 3,75%, chegando quase ao dobro do teto de tolerância, de 5,25%. 

Segundo analistas, essas previsões têm como base as altas recentes nos preços de commodities (como petróleo e minério de ferro), dos bens de consumo industriais e dos alimentos, que mantêm a inflação pressionada. Mas os números podem ser ainda piores, uma vez que ainda não consideram os riscos decorrentes dos rumos da política fiscal durante um ano eleitoral e do agravamento das tensões entre Rússia e Ucrânia. Um eventual conflito poderia pressionar mais o valor de produtos como o petróleo, com reflexo sobre a gasolina, segundo economistas.

“Havendo uma guerra, provavelmente isso vai ter uma repercussão negativa no preço do barril (de petróleo), que já vem avançando, já está na casa de US$ 100, e que pode pressionar mais ainda por reajuste doméstico. Ainda que o real tenha se valorizado, e não foi uma valorização qualquer, isso não vai impedir reajuste nos preços dos derivados do petróleo, porque ele avançou muito mais”, apontou André Braz, coordenador dos Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV).

“Nós começamos o ano com projeção de 5,5% para o IPCA, agora está em 6%. Uma das coisas é a pressão de custos que vêm do atacado e que podem chegar ao varejo. Por exemplo, a gente teve uma surpresa com relação ao cenário de petróleo, mais pesado do que se imaginava. A perspectiva de um conflito entre Rússia e Ucrânia, tomara que não ocorra, mas evidentemente o petróleo subiria ainda mais. Não estou colocando no cenário, mas é um risco. Petróleo já ficou mais pesado do começo do ano pra cá do que se imaginava, o mesmo vale para minério de ferro, que agora está perdendo um pouco de força em dólar, mas mostrou recomposição importante”, disse Fábio Romão, economista da LCA Consultores.

Os números das altas de preços divulgados neste início de ano pelo IBGE mostram que esse é um problema importante. O IPCA-15, prévia da inflação de fevereiro, divulgado nesta quarta-feira, 23, ficou em 0,99%, acima das previsões do mercado. Em janeiro, o IPCA ficou em 0,54%, a maior elevação para o mês desde 2016. A taxa acumulada em 12 meses até janeiro acelerou a 10,38%.

“Meu número para a inflação deste ano é de 5,8%, e não acho que minha revisão vá parar por aí. Vai depender da condução de algumas tarifas públicas, para as quais não temos muita previsibilidade para o futuro. A primeira delas é a energia, que provavelmente vai ter uma bandeira tarifária menos onerosa a partir de maio, mas não sei qual bandeira vai finalizar o ano, se amarela ou vermelha patamar 1, e isso faz toda diferença”, apontou André Braz, acrescentando também ter dúvidas sobre os reajustes que serão aplicados nas passagens de ônibus e na gasolina.

O Ipea lembra que o cenário atual no País combina pressões persistentes de commodities, cadeias produtivas desreguladas ainda como reflexo da pandemia de covid-19 e problemas climáticos afetando o cultivo de alimentos e o custo da energia. Segundo Maria Andréia Parente Lameiras, uma das autoras da Carta de Conjuntura publicada pelo Ipea na terça-feira, caso haja um agravamento do conflito entre Rússia e Ucrânia, a projeção para a inflação de 2022 deve aumentar. “Essa convergência da inflação para o centro da meta só vai acontecer lá para 2023 mesmo”, previu.

Efeito do dólar em queda 

A valorização recente do real em relação ao dólar pode ajudar a conter uma piora nas projeções para a inflação, segundo o economista-chefe da corretora Necton Investimentos, André Perfeito. Ele projeta um IPCA de 5,7% este ano, seguido de alta de 4% em 2023. Ele também crê que o temor de economistas sobre a situação fiscal do País tenda a arrefecer, qualquer que seja o vencedor do próximo pleito à Presidência da República, incluindo os possíveis candidatos Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva. Ou seja, embora o cenário seja de elevadas incertezas, Perfeito vê possíveis contribuições de baixa ao longo do ano.

“O dólar está caindo, isso pode ajudar a atenuar movimento de alta de commodities, atenuar outros problemas no setor de bens industriais. Vejo a inflação ainda preocupante. O Banco Central não vai conseguir cumprir a meta este ano mais uma vez, mas acho que, ao longo das próximas semanas, os economistas talvez tendam a revisar não para baixo, mas vai parar de piorar (de subir projeção de inflação)”, avaliou Perfeito.

Analistas do mercado financeiro estimam que a taxa básica de juros, hoje em 10,75%, ainda suba a 12,25% ao ano, conforme a mediana obtida pelo último Boletim Focus. Economistas lembram, porém, que a política monetária tem efeito limitado sobre o cenário inflacionário do momento, uma vez que os aumentos persistentes de preços decorrem mais de choques de oferta do que de demanda.

“Quando você tem um cenário inflacionário em que grande parte é choque de oferta, a potência da política monetária fica mais reduzida. Neste momento, o aumento na taxa de juros serve muito mais para ancorar expectativas futuras do que para resolver o problema atual. Porque não adianta mexer em juros se você tem o barril de petróleo crescendo sem parar, se você tem pressão de commodities. Agora, (o aperto monetário) serve no sentido de que você consegue atrair mais dólares, mais investimentos, então isso ajuda a sua taxa de câmbio, e serve para ancorar expectativas”, concluiu Lameiras, do Ipea.

Fonte: Estadão
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 24/02/2022

O que está em jogo para a economia mundial com as sanções à Rússia

inda se recuperando da covid-19, a economia mundial enfrenta agora a ameaça de um aumento nos preços da energia à medida que o impasse entre o Ocidente e a Rússia aumenta. Os EUA e seus aliados anunciaram sanções limitadas na terça-feira em resposta à decisão do presidente russo, Vladimir Putin, de reconhecer duas repúblicas separatistas na Ucrânia, e alertaram que penalidades mais duras poderão ser impostas.

A crise elevou os preços do petróleo perto dos US$ 100 o barril e provocou tremores também em outros mercados de commodities, ameaçando causar outra onda de pressões sobre os preços, além da já alta inflação causada pela pandemia. A Rússia é uma potência das commodities e grande fornecedor de energia para a Europa.

As nações ocidentais estão agora entre o desejo de endurecer sanções e a preocupação de que elas próprias venham a sofrer os efeitos delas. Por enquanto a Europa e os EUA evitam bloquear as exportações de energia da Rússia. Mesmo assim, o presidente dos EUA, Joe Biden, alertou os americanos que haverá um preço a pagar nas bombas de gasolina em casa.

Segue o detalhamento de como a crise na Ucrânia afeta a economia mundial e quem deve perder mais.

1. Europa exposta

Embora não tenha havido uma interrupção dos fluxos de commodities, os temores de uma escalada provocaram nas últimas semanas uma disparada nos preços de tudo — de petróleo e gás a trigo, fertilizantes e metais industriais. Na Europa, que compra da Rússia mais da metade do petróleo e gás que consome, famílias já pagam contas de luz e aquecimento maiores.

Custos da energia responderam por mais da metade da inflação recorde registrada na zona do euro em janeiro. As incertezas quanto ao futuro dos suprimentos russos poderão tornar esse aperto ainda pior. Autoridades do Banco Central Europeu (BCE) afirmam que os preços da energia persistentemente altos podem desacelerar a recuperação da economia ao deixar as famílias com menos dinheiro para gastar em outras coisas e corroer as margens de lucro das empresas.

Economistas do JP Morgan reduziram previsões de crescimento da zona do euro no primeiro trimestre de 1,5% para 1%, embora ainda acreditem que a economia voltará ao caminho do crescimento pré-pandemia até o fim do ano.

A Alemanha, que pretende desativar todas as suas usinas nucleares até o fim do ano, é particularmente dependente da importação de gás, motivo pelo qual investiu no gasoduto Nord Stream2 de US$ 11 bilhões para dobrar o fornecimento da Rússia. O projeto foi concluído em 2021 e aguarda aprovação das autoridades reguladoras, mas agora ele foi suspenso como parte das medidas contra a Rússia.

2. Segurança alimentar

Rússia e Ucrânia são grandes fornecedores de trigo e os preços aumentaram com os operadores preocupados com a possibilidade de interrupção dos embarques pelo Mar Negro. Isso é especialmente preocupante para países do norte da África, onde a alta dos custos do pão desencadeou no passado distúrbios e a queda de governos.

As economias em desenvolvimento, onde os preços dos alimentos e da energia pesam mais sobre o orçamento familiar, já vinham se recuperando mais lentamente da pandemia do que as economias desenvolvidas. Elas também tiveram de aumentar as taxas de juros mais rapidamente para conter a inflação e evitar a fuga de capitais.

Uma grande escalada no impasse na Ucrânia, que está aumentando os preços da energia e dos alimentos, poderá “exigir outra rodada de aumentos”, disse Elina Ribakova, vice-economista-chefe do International Institute of Finance (IIF) de Washington.

3. Metais são área de risco

O conflito militar ou sanções mais punitivas poderão interromper as exportações russas de paládio – metal usado na produção de catalisadores que reduzem as emissões de poluentes dos automóveis -, alumínio e aço, segundo afirma um relatório recente do Rabobank. A importância estratégica desses materiais poderá torná-los menos propensos a serem alvos das sanções ocidentais.

4. Riscos políticos para Biden

Ao contrário da Europa, os EUA são um grande produtor e exportador de energia, de modo que sua economia está menos exposta. Mesmo assim há riscos políticos para Biden — cujos colegas democratas terão de defender suas apertadas maiorias no Congresso nas eleições deste ano — com o aumento do preços da gasolina. No pronunciamento que fez na terça-feira, Biden disse que os EUA estão trabalhando com outros países para amenizar quaisquer impactos. No entanto, ele não deu detalhes.

Peter Harrell, uma autoridade do Conselho de Segurança Nacional, disse à Bloomberg Television que as medidas contra a Rússia não deverão afetar muito as cadeias de suprimentos dos EUA. “Fizemos um exercício de mapeamento muito bem pensado nos últimos dois meses para entender onde temos dependências da Rússia, e trabalhamos com as empresas para diversificá-las”, disse ele.

5. Resiliência global

Mesmo assim, a maioria dos economistas acredita que eventuais picos de preços decorrentes do impasse na Ucrânia terão vida curta, o que significa que eles não alimentarão as expectativas salariais, nem levarão a uma inflação duradoura. Isso permitiria aos bancos centrais se ater aos planos atuais, que envolvem o aperto da política monetária o suficiente para amortecer as pressões sobre os preços, mas não a ponto de inviabilizar a recuperação pós-covid.

“As preocupações do mercado com o cenário mais extremo provavelmente são exageradas”, diz Paul Donovan, economista-chefe global do UBS em Londres. “Os mercados se esquecem que as pessoas se adaptam às crises e encontram eficiências. Na Europa, poderemos ver campanhas para que as pessoas desliguem os termostatos ou trabalhem de casa. Isso não pararia a economia.”

6. Fortaleza Rússia?

As sanções pela anexação da Crimeia, em 2014, colocaram a Rússia em recessão e seu sistema financeiro em crise. Desde então, o governo vem trabalhando duro para tornar a economia à prova de sanções. Ele encorajou a produção interna, reduziu a dívida externa e aumentou suas reservas em moeda estrangeira, que agora poderão ser ainda mais reforçadas graças ao aumento dos preços da energia.

A não ser que haja um grande conflito militar, a economia da Rússia deverá continuar crescendo, embora a Capital Economics preveja que o crescimento poderá cair para menos de 1%.

7. China como vencedora?

Mesmo sem uma escalada nos combates ou uma rodada mais dura de sanções, a Rússia poderia se voltar para o leste em busca de alívio econômico, na medida da deterioração de seus laços com o Ocidente. A China já é o maior parceiro comercial da Rússia e os dois países vêm discutindo a construção de novos gasodutos para o transporte de gás russo.

A Rússia também vem trabalhando com a China na construção de sistemas de pagamentos internacionais que possam contornar o dólar e assim reduzir a capacidade dos EUA de aplicar pressão por meio de sanções, além de reduzir suas próprias posições em dólar.

8. Guerras são imprevisíveis

Os impasses geopolíticos e os conflitos militares são inerentemente difíceis de prever. As tensões entre a Rússia e o Ocidente poderão evoluir de maneiras que não parecem prováveis agora, como um êxodo em grande escala de refugiados da Ucrânia para a Europa ocidental. “As guerras evoluem de maneiras imprevisíveis”, escreveu David Kelly, principal estrategista global da JP Morgan Asset Management, em uma nota recente a investidores. “Ninguém deve presumir que pode ver todos os impactos de uma guerra desde o início.”

Fonte: Valor
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 24/02/2022

Distribuição: Vendas e importação de aço registram alta em janeiro/22

O Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda) divulgou os resultados do mês de janeiro de 2022 através de videoconferência da coletiva de imprensa no dia 22 de fevereiro (terça-feira), em que apresentou o desempenho do setor referente a distribuição de aços planos, os quais pode-se verificar a seguir..

Compras — As compras do mês de janeiro registraram alta de 21,7% perante a dezembro, com volume total de 302,4 mil toneladas contra 248,6 mil. Frente a janeiro do ano passado, —35,9 mil toneladas— e apresentou queda de 10%.

Vendas — As vendas de aços planos em janeiro contabilizaram alta de 14,2% quando comparada a dezembro, atingindo o montante de 298,5 mil toneladas contra 261,5 mil. Sobre o mesmo mês do ano passado, quando foram vendidas 324,6 mil toneladas, registrou queda de 8,1%.

Estoques — Em número absoluto, o estoque de janeiro obteve alta de 0,5% em relação ao mês anterior, atingindo o montante de 818,1 mil toneladas contra 814,2 mil. O giro de estoque fechou em 2,7 meses.

Importações — (chapas grossas, laminados a quente, laminados a frio, chapas zincadas a quente, chapas eletro- galvanizadas, chapas pré-pintadas e galvalume). As importações encerraram o mês de janeiro com alta de 5,5% em relação ao mês anterior, com volume total de 169,9 mil toneladas contra 161 mil. Comparando-se ao mesmo mês do ano anterior (161,4 mil toneladas), as importações registraram alta de 5,3%.

Projeções — Para fevereiro de 2022, a expectativa da rede associada é de que as compras e vendas tenham uma alta de 5% em relação com janeiro — conclui o presidente-executivo do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), Carlos Jorge Loureiro.

Fonte: Portal Fator
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 24/02/2022