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CNI projeta alta de 2,4% no PIB do Brasil e de 2,1% no PIB industrial em 2024

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) prevê uma alta de 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024. Para o PIB industrial, a instituição projeta alta de 2,1% para este ano, segundo o Informe Conjuntural do primeiro trimestre. A expectativa é que o crescimento seja mais equilibrado entre os setores, com aumento de 2,0% da Indústria da Construção e 1,7% da Transformação, diferentemente de 2023, quando ambos caíram. A Indústria Extrativa mantém um crescimento elevado (+3,1%), mas não será protagonista como no ano passado.

“As quedas da inflação e dos juros, o aquecimento do mercado de trabalho e a possibilidade de mais acesso ao crédito são os principais fatores que vêm dando mais estímulos à economia desde o final de 2023. Apesar da projeção para o PIB ser menor que o ano passado, a composição do crescimento esperado para 2024 é positiva e mais equilibrada”, destaca o presidente da CNI, Ricardo Alban.

Segundo o relatório trimestral da CNI, a inflação seguirá em desaceleração e encerrará 2024 com 3,6%. Outra projeção da instituição é que o Banco Central reduzirá a taxa básica de juros, Selic, para 9,0% ao ano (a.a.) até o fim deste ano. É relevante destacar que, mesmo que a Selic atinja esse nível, a política monetária seguirá contracionista em todo o ano de 2024, ainda que com menor intensidade que em 2023.

Indústria da Construção vai ser beneficiada por programas do governo

O PIB da Construção apresentou queda de 0,5% no passado. Neste ano, o setor reagirá positivamente, com alta de 2,0%. Além da queda de juros, a regulamentação do programa Minha Casa, Minha Vida e o avanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) são estímulos para o setor.

Indústria da Transformação vai voltar a crescer depois de dois anos em queda

A expectativa é de alta de 1,7% do PIB da Indústria de Transformação, depois da queda de 1,3% em 2023.

Essa alta é esperada pelo aumento da demanda por produtos industriais, em decorrência do aumento da massa de rendimentos e da expansão do crédito.

Apesar da melhora para o setor, vale ressaltar que os efeitos do aumento da demanda sobre a atividade do setor poderiam ser maiores, não fosse o direcionamento de parte dessa demanda para produtos importados.

Indústria prevê aumento de 4,0% em rendimentos reais

O aquecimento do mercado de trabalho, verificado ao longo de 2023, manteve-se no início de 2024 e deve contribuir com resultados positivos no primeiro trimestre do ano. É esperada uma contribuição maior do mercado de trabalho na atividade econômica em relação à prevista no final de 2023.

A taxa de desemprego baixa tem levado a aumentos dos rendimentos reais e, em 2024, ainda é esperado um aumento do número de pessoas ocupadas.

Com isso, a CNI prevê 4,0% de crescimento para a massa de rendimento real habitualmente recebida.

Confira a entrevista completa com o superintendente de Economia da CNI, Mário Sérgio Telles:

 

Mercado de crédito vai estar favorável em 2024

As concessões de crédito devem aumentar 6,3% este ano devido às reduções da Selic e ao aumento da massa de rendimentos reais, que ajudam a reduzir a inadimplência e o comprometimento de renda das famílias.

Agropecuária cai 4,0% por conta dos impactos climáticos

Depois de um 2023 de crescimento excepcional, com alta de 15,1%, é prevista queda de 4,0% para o PIB da Agropecuária em 2024.

O setor vem sendo impactado pela redução nas safras de culturas relevantes, como soja e milho, que apresentam projeções revistas para baixo por conta dos impactos climáticos negativos provocados pelo fenômeno El Niño.

Consumo e investimentos vão ficar equilibrados

Os fatores de crescimento em 2024 (inflação e juros em queda, aumento da massa de rendimentos e aumento do crédito, principalmente) estimulam, sobretudo, o consumo das famílias. A expectativa é aumento de 2,5% em 2024.

Diferentemente de 2023, o investimento também vai apresentar alta. A formação bruta de capital fixo deverá aumentar 2,8% em 2024, após um 2023 com queda de 3,0%.

Além do cenário de crédito mais favorável, programas como o de Depreciação Acelerada, o novo Marco Legal das Garantias e a Nova Indústria Brasil, além da perspectiva de melhor desempenho da Indústria de Construção, deverão gerar impactos positivos sobre os investimentos em 2024.

Sobre o Informe Conjuntural

O Informe Conjuntural é um relatório trimestral realizado pelos economistas das CNI a respeito do cenário econômico no qual a indústria brasileira está inserida. O relatório aborda a análise da atividade econômica, emprego, renda, inflação, juros, crédito, política fiscal e setor externo, além de contar com as projeções da CNI para o ano corrente.

Fonte: CNI
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 17/04/2024

 

Status online na produção evita perdas de peças, ferramentas e equipamentos

Uma única peça perdida tem o poder de impactar uma linha inteira de produção. Parar uma fábrica. Causar prejuízos. Essa situação pode parecer sensacionalista, mas é a realidade de grande parte das empresas brasileiras que ainda não embarcaram na inteligência da tecnologia europeia ou norte-americana.

Enquanto empresas do mesmo segmento na França, por exemplo, tem um controle preciso de todas as etapas do processo de produção, como a localização precisa de peças, máquinas, equipamentos e pessoas, a indústria brasileira sofre atrasos por falta de um controle tecnológico:

“O monitoramento de componentes evita interrupções que podem comprometer a eficiência da produção em larga ou pequena escalas. Um pequeno atraso, somado com muitos outros durante a operação soma prejuízos enormes a qualquer indústria” explica Marcelo Lonzetti, Diretor da ztrax e especialista em tecnologia RTLS.

Monitoramento de materiais e equipamentos evita atrasos
Ter controle de peças é eficiente quando o PCP - Planejamento e Controle da Produção está devidamente implementado com auxílio da tecnologia em tempo real, o chamado sistema RTLS (Real Time Tracking System) que se utiliza de sensores com tags e alertas para rastrear e prevenir situações internas:

“Um único sistema pode monitorar peças inteiras, maquinários, produtos já acabados ou ferramentas. São informações que o gestor recebe em tempo real para que nada pare de funcionar por ausência momentânea de algum item, seja peça, produto ou insumo”

Organizando os processos nos mínimos detalhes
Marcelo lembra que o meio produtivo, por mais robusto e autossuficiente que seja, pode perder muito tempo na procura de alguns detalhes que se perdem.

"O conceito RTLS é amplamente utilizado na Indústria 4.0, mas vale ampliar suas aplicações para além da automação de máquinas e implementar na gestão de controle. O tempo para recuperar algum equipamento ou peça perdida é fundamental e manter a ordem com processos monitorados 24 horas evita problemas. O gestor, tão logo receba o alerta, consegue encontrar o que está errado imediatamente” completa Lonzetti.

Fonte: Manezinho News
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 17/04/2024

 

Plano Safra: lideranças do agro pedem R$ 36 bilhões para investimento em máquinas agrícolas em 2024

À espera do anúncio do Plano Safra 2024/2025, representantes do agronegócio solicitam ao menos R$ 36 bilhões para investimentos em máquinas agrícolas pelo pacote do governo federal que financia as atividades agropecuárias do país.

De acordo com Pedro Estevão Bastos Oliveira, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA) da Abimaq, foram solicitados R$ 26 bilhões pelo Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras (Moderfrota), incluindo valores para o médio produtor (Moderfrota Pronamp), além de R$ 10 bilhões pelo Pronaf Mais Alimentos.

Os valores, sugeridos durante um encontro com autoridades em Brasília (DF) há cerca de um mês, representam incrementos de 116% e 66% com relação aos créditos disponibilizados no ciclo 2023/2024.

Segundo Oliveira, a elevação visa garantir que as linhas do governo federal, com taxas de juros menores que as dos bancos, durem mais tempo e permitam maior estabilidade nas vendas das indústrias brasileiras ao longo do ano.

Para 2024, o setor projeta um recuo de 15% nas vendas, diante de um cenário de desvalorização das commodities e questões climáticas.

"O Modefrota durou quatro meses. Ou seja, você passa oito meses sem dinheiro do governo. (...) Um período do ano você fica com as vendas muito dependendo de juros de mercado. E aí se tem um período muito intenso de vendas e outro meio parado. Isso para a indústria não é bom. Para a indústria é bom você ter um negócio que fica ao longo do tempo, sem grandes variações", argumenta.

O presidente da Câmara setorial, no entanto, pondera que as taxas de juros a serem definidas pela União devem ficar em um patamar "razoável", abaixo dos 18%, mas não tão reduzidas, porque a prioridade é a maior disponibilidade de recursos.

"Se você colocar um juro muito baixo, você tem um subsídio maior em relação à taxa atual. E se você coloca um subsídio muito grande, o governo diminui o valor. Então a gente sempre deixa esse assunto para o governo resolver, porque nós sempre advogamos por um maior volume de dinheiro. Se você baixa muito o juro, o volume de dinheiro cai muito", explica.

Destinado a ajudar no custeio e nos investimentos do setor agropecuário brasileiro, o Plano Safra é divulgado todos os anos geralmente no período entre maio e junho e com validade entre julho e junho do ano seguinte.

Para o período compreendido entre 2023 e 2024, o governo federal anunciou um total de R$ 435,8 bilhões, dos quais 73% já tinham sido utilizados até o início de abril. Mas valores voltados para renovação e expansão da frota agrícola, segundo Oliveira, já não estão disponíveis.

Nesse sentido, segundo ele, as lideranças também chegaram a pedir ao governo federal uma antecipação no anúncio do Plano Safra para melhorar as perspectivas de negócios na Agrishow, uma das maiores feiras de tecnologia agrícola do mundo, que acontece em Ribeirão Preto (SP) entre 29 de abril e 3 de maio.

"Esses recursos basicamente são para custeio, não servem. Custeio você empresta para um ano, no máximo dois, então você tem outra dinâmica. Quando você fala em investimento, está emprestando para sete, dez anos, e tem outra perspectiva de tempo e de custo."

Enquanto o novo Plano Safra não é anunciado, diferentes entidades ligadas ao campo no país apresentam suas propostas. A Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), com outros sindicatos rurais, por exemplo, solicitou um montante total de R$ 568 bilhões para 2024/2025 e taxas de juros de até 9%.

Fonte: G1
Seção: Máquinas & Agro
Publicação: 17/04/2024

 

Agritech vai apresentar na Agrishsow novo trator para pequenas propriedades

A Agritech, pioneira na indústria brasileira ao fabricar máquinas voltadas especialmente para a agricultura familiar, apresenta na Agrishow, evento que ocorre de 29 de abril a 3 de maio, em Ribeirão Preto (SP), o novo trator AGT 25.

O lançamento da Agritech conta com motor Mitsubishi de três cilindros aspirado com 24 CV, com nove marchas à frente e três à ré, além de tração 4×4. O equipamento atende todas as operações em uma pequena propriedade ou em culturas que exigem tratores estreitos e pequenos, como é o caso de operações em estufas, e para a produção de hortaliças.

“Um dos destaques do AGT 25 é sua performance e baixo consumo, proporcionando melhores resultados. É um trator é prático, pequeno e potente. Chega ao mercado para facilitar o trabalho no dia a dia do pequeno agricultor, que tem demandas específicas e precisa de muita assertividade na mecanização da propriedade”, comenta o coordenador de Vendas/Marketing da Agritech, Cesar Roberto Guimarães de Oliveira.

Todos os tratores da Agritech atendem as normas internacionais de qualidade e garantem ao produtor rural economia, segurança e alta produtividade. Todos os equipamentos da marca também estão adequados ao Biodiesel B10.

Taxas atrativas para o AGT 2 – A Agritech oferece a possibilidade de aquisição de máquinas e implementos da Agritech por financiamento com taxas atraentes oferecidas pelo Banco de Fábrica DLL.

Outra opção atraente de negócios, que o produtor pode aproveitar, é o Consórcio Nacional Agritech, que oferece planos com prazos de até 100 meses. “O Consórcio Agritech é uma forma programada e inteligente de adquirir máquinas agrícolas e outros implementos, pois oferece taxas que ficam abaixo das praticadas no mercado”, garante o coordenador.

A Agritech Lavrale – Divisão Agritech é pioneira na indústria brasileira ao fabricar linhas de tratores, microtratores e implementos agrícolas voltadas para a agricultura familiar. No final de 2014 a empresa atingiu a marca de 100 mil tratores produzidos pela sua fábrica, em Indaiatuba (SP). A Agritech faz parte do Grupo Stédile e surgiu com a cisão da Yanmar do Brasil. O Grupo Stédile, de Caxias do Sul (RS), é um dos mais respeitados conglomerados industriais do Brasil e engloba a empresa Agrale S.A.

Fonte: AgroRevenda
Seção: Máquinas & Agro
Publicação: 17/04/2024

 

JCB Lança Pá Carregadeira Para Construção Civil E Mineração

A JCB, uma das maiores fabricantes de equipamentos para construção no mundo, ampliou seu portfólio de ofertas ao mercado brasileiro, com o lançamento da pá-carregadeira 455ZX.

Direcionada aos segmentos de construção civil e mineração, o equipamento conta com caçamba de 3,3 m?3;, articulação central reforçada, com estrutura dupla superior e inferior e motor de alta potência e alto torque em baixa rotação, além do sistema hidráulico sob demanda configurados para manter curtos tempos de ciclo, enquanto proporciona turnos de trabalho longos e eficientes. 

Com peso operacional de 18 toneladas e motor de 165kW (221hp), a 455ZX foi desenvolvida para mover grandes volumes de material. Conta com eixos de patinagem limitada (LSD) padrão exclusivo para o porte, transmissão e sistema hidráulico funcionando em harmonia, buscando eficiência máxima em todas as operações. Com pontos de inspeção de fácil acesso e ao nível do solo, é possível checar tranquilamente todas as pressões hidráulicas do equipamento, graças às tomadas de teste agrupadas.

A geometria do braço da carregadeira conta com barra em Z, proporcionando alta força de desagregação e menores tempos de carregamento. Além dessas vantagens, possui baixa necessidade de manutenção, isto é, foi projetada para a máxima disponibilidade mecânica.

“A inovação é base para a evolução do portfólio de produtos da JCB. Por isso, estamos entusiasmados com o lançamento da 455ZX, um marco significativo da expansão da nossa oferta ao mercado brasileiro”, destaca Adriano Merigli, CEO da JCB para América Latina, em nota.

Quem é a JCB 

Empresa de origem britânica com 78 anos de atuação, dos quais há mais de 20 no País, possui 24 fábricas que produzem mais de 300 modelos de máquinas, é líder mundial em vendas de máquinas retroescavadeiras e manipuladores telescópicos Loadall.

A JCB é uma das três maiores fabricantes de equipamentos para construção e tem fábrica no Brasil, na cidade paulista de Sorocaba, a qual atende a toda a América Latina, e onde são comercializadas as retroescavadeiras modelos 3CX e 4CX, miniretroescavadeira 1CX, miniescavadeira elétrica 19C-1E, escavadeiras hidráulicas de esteira JS130, JS210, JS220LC, JS235LC e JS220F, pás carregadeiras 422ZX 426ZX, 427ZX e 437ZX, miniescavadeiras 8026CTS e 55Z-1, minicarregadeiras 155, 190 e 270, Loadalls 530-70, 530-110, 535-125, 540-170, 531-70 e 541-70 e rolos compactadores JCB 116D, CT160 e CT260.

A empresa também conta com uma linha de plataformas elevatórias totalmente elétricas e zero emissão de carbono, no formato tesoura. São oito modelos: S1530E, S1930E, S2030E, S2632E, S2646E, S3246E, S4046E e S4550E.

Fonte: Transporte Press
Seção: Máquinas & Agro
Publicação: 17/04/2024

 

Níquel, lítio e satélites: conheça interesses de Musk no Brasil

Além de controlar a plataforma X, antigo Twitter, que vende anúncios para propaganda, o multibilionário Elon Musk controla outras empresas, desde fábricas de foguetes até de carros elétricos. No Brasil, o empresário, que mantém uma cruzada contra o governo e o Judiciário brasileiro, têm ao menos dois negócios no país - níquel e satélites - e um interesse: o lítio.

Com um patrimônio líquido no valor de R$ 960 bilhões, segundo a revista Forbes, Musk é considerado a segunda pessoa mais rica do planeta. Entre seus principais interesses está o da mineração que abastece suas indústrias com materiais necessários para produção.

A fabricante de veículos elétricos Tesla, controlada por Musk, fechou contrato “de longo prazo” com a mineradora brasileira Vale, anunciado em maio de 2022, para o fornecimento de níquel a partir das operações da Vale no Canadá. A companhia brasileira também extrai níquel no Pará.

Especialistas ouvidos pela Agência Brasil acreditam que existe interesse de Musk pelo lítio brasileiro. O insumo é chamado de “ouro branco” ou “petróleo do século XXI” e é um dos minerais considerados “críticos” de importância central para transição energética e para as baterias dos carros elétricos. A estimativa é que a procura pelo minério deve se multiplicar nos próximos anos.

O Brasil tem importantes reservas, apesar de não ser local das principais reservas do planeta. Estima-se que 53% do lítio na América Latina esteja concentrado em países como Chile, Bolívia e Argentina. De acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos, o Brasil tem a 15ª maior reserva de lítio, com 800 mil toneladas do minério estimadas.

Já o Ministério de Minas e Energia sustenta que o Brasil é dono da 7ª maior reserva de lítio do mundo, com 1,23 milhão de toneladas, sendo o 5ª maior produtor mundial. O MME justifica que a diferença se deve ao fato de considerar “a parte economicamente lavrável dos recursos medidos”.

“Ao contrário da maioria dos países, o lítio encontrado em Minas Gerais é de alta pureza, facilitando seu uso na fabricação de baterias mais potentes.”

No Brasil, as principais reservas se concentram na região do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais.

Geopolítica do lítio

Com esse potencial, as notícias de que a empresa canadense que atua no Brasil, a Sigma Lithium, está em processo de venda para a chinesa BYD, umas das principais concorrentes da Tesla do Musk, está preocupando o multibilionário, segundo avalia Hugo Albuquerque, jurista e editor da Autonomia Literária, editora que publica textos ligados aos movimentos sociais.

“A BYD está dominando todas as cadeias da produção mais centrais e avança na sua posição global. Antes, lembremos, Musk admitiu ter apoiado o golpe na Bolívia justamente por causa do lítio”, comentou o especialista.

Em julho de 2020, em um debate no X sobre a acusação de que os Estados Unidos estariam por trás da destituição do presidente boliviano Evo Morales, ocorrida em 2019, Musk afirmou: “vamos dar golpe em quem quisermos! Lide com isso”. A BYD, inclusive, anunciou que vai operar fábricas de carros elétricos na Bahia.

O fundador do Observatório da Mineração, o jornalista Maurício Angelo, que investiga a atuação das mineradoras no país desde 2015, avalia que a aquisição da Sigma pelos chineses é um problema para Musk.

“A mineração é um setor restrito, as jazidas são restritas, estão localizadas em países e regiões específicas. Então você não pode escolher onde vai operar, extrair e negociar”, explicou Angelo, acrescentando que “se a BYD adquire a Sigma, para o Musk é um problema, porque você está fortalecendo um concorrente direto no Brasil, no país estratégico como é o Brasil”.

O professor de relações internacionais da Universidade Federal do ABC (Ufabc), Gilberto Maringoni, alerta ainda que existe a preocupação das empresas interessadas no lítio, e dos países onde elas estão sediadas, de que as nações que detêm essas reservas não formem um cartel como a Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep).

Maringoni lembrou que o presidente da Bolívia, Luis Arce, que governa o país que tem uma das maiores reservas de lítio do mundo, manifestou interesse em criar uma Opep do lítio com os demais países latino-americanos donos de grandes reservas.

“[A ideia de Arce] é a formação de um cartel internacional dos produtores de lítio, não só para discutir preço, mas como vai ser feita a exploração das reservas. Porque as empresas chegam com uma proposta extrativista, você cava o buraco e leva o material embora, uma coisa semicolonial. E o que o Arce quer é criar uma indústria do lítio aqui”, comentou Maringoni, que também coordena o Observatório de Política Externa do Brasil (Opeb).

Em julho de 2022, o governo de Jair Bolsonaro publicou o Decreto 11.120, liberalizando a exploração de lítio no Brasil ao determinar que a exportação e importação do mineral “não são sujeitas a critérios, restrições, limites ou condicionantes de qualquer natureza, exceto aqueles previstos em lei ou em atos editados pela Câmara de Comércio Exterior - Camex”.

Satélites

Outro interesse do empresário no Brasil é em relação a sua empresa aeroespacial SpaceX. Em janeiro de 2022, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) aprovou o uso de satélites Starlinks, da SpaceX, no país.

O professor da Universidade Federal do ABC, Gilberto Maringoni, destacou que o interesse de Musk com a Starlink é imenso, porque todo o fluxo de informações que circula na Amazônia está sob controle do grupo estrangeiro controlado pelo empresário.

“Todo o fluxo de informações, seja das Forças Armadas, seja da área de saúde pública, seja das delegacias de polícia, de escolas, enfim, toda a conexão é feita através do Musk. Ele detém, então, o poder de apagar a Amazônia e provocar um colapso. Além disso, ele tem contratos também com as Forças Armadas e com algumas áreas da justiça. É muito mais do que a exploração do lítio”, explicou.

Diante dos ataques de Musk ao Judiciário brasileiro, o Ministério Público do Tribunal de Contas da União (MP-TCU) pediu que o Tribunal exija informações do governo federal de quais contratos mantém com a Starlink, incluindo as Forças Armadas.

“Caso haja confirmação da existência desses contratos, deve o TCU determinar a sua imediata extinção, por conta da violação à soberania nacional defendida pelo Sr. Elon Musk”, afirmou o Subprocurador-Geral Lucas Rocha Furtado. A petição assinada no último dia 10 de abril está sob a relatoria do ministro do TCU, Aroldo Cedraz.

Quatro meses após a Starlink receber autorização da Anatel, Musk visitou o Brasil e foi recebido pessoalmente pelo presidente Jair Bolsonaro, além de ter sido condecorado com a medalha da Ordem do Mérito da Defesa pelo Ministério da Defesa. A premiação é dada a personalidades que prestam “relevantes serviços” às Forças Armadas.

A Starlink tem, desde então, avançado no mercado brasileiro, em especial, nos locais de difícil acesso da região amazônica. Em fevereiro de 2023, a Anatel prorrogou os direitos de uso da companhia estadunidense por entender que ela contribui “com o progresso de nossas telecomunicações”.

Para o analista Hugo Albuquerque, há interesse do empresário na desestabilização do governo brasileiro para facilitar seus negócios no Brasil, já que ele tinha um canal mais direto de negociação com o governo anterior.

“Ele quer expandir a rede de internet possibilitada pelos satélites da Starlink para prospectar a Amazônia ou vencer disputas no Ministério da Educação. Além disso, ele entende que para conseguir tudo isso, ele precisa trocar o governo aqui”, completou.

Em outubro de 2023, o Ministério da Educação (MEC) informou que alteraria as regras para conectividade das escolas, o que pode, em tese, prejudicar a empresa de Musk.

Os satélites da Starlink ainda têm sido usados por garimpeiros ilegais para se comunicar nas regiões isoladas da Amazônia, segundo informou o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). “O Ibama relata que tem sido comum encontrar antenas da Starlink em garimpos”, informou, em nota.

Antes da operação da companhia, esses garimpeiros tinham dificuldade de se comunicar, de acordo com jornalista do Observatório da Mineração, Maurício Ângelo. “Os garimpeiros ilegais que atuam na Amazônia conseguiram a solução para o problema de conectividade que sempre tiveram via Starlink de 2022 para cá”, comentou.

Fonte: Agência Brasil
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 16/04/2024