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CSN espera preços de aço estáveis no 2º tri

A CSN espera preços estáveis de aço no segundo trimestre no Brasil, após promover reajustes em abril que ficaram abaixo do que pretendia no final do primeiro trimestre, afirmou o diretor comercial da companhia, Luis Barbosa Martinez, nesta quinta-feira.

A companhia também espera normalizar sua produção a partir deste mês após problemas internos de logística de insumos que fizeram a empresa reduzir volume produzido no primeiro trimestre, afirmou o executivo.

“Sobre preços, falei (em março) que ia aumentar de 7,5% a 10% em abril…mas ficamos em patamar abaixo de 7,5%. Fomos mais seletivos para capturar valor”, afirmou o executivo durante teleconferência com analistas.

“Em abril, tivemos preço médio majorado em 4,5%”, disse Martinez, afirmando que a companhia tem uma carteira de pedidos de 680 mil toneladas, suficiente para dois a três meses de comercialização.

A companhia divulgou na noite da véspera prejuízo de 822,5 milhões de reais no primeiro trimestre, com queda nas vendas de aço de 11% sobre o mesmo período do ano passado.

O presidente-executivo da CSN, Benjamin Steinbruch, afirmou que a empresa cometeu um “erro primário” de excesso de recebimento de insumos na usina siderúrgica da companhia em Volta Redonda que dificultou o fluxo de produção dentro da unidade.

“Passamos os quatro primeiros meses do ano à mercê deste problema, mas em maio voltamos à produção normal e espero conseguir reverter isso e que tenhamos em junho produção a pleno vapor”, disse Steinbruch durante a teleconferência.

A alavancagem da CSN, uma preocupação constante dos analistas, subiu no primeiro trimestre para 2,45 vezes dívida líquida sobre Ebitda, se afastando da meta da empresa de chegar até o final do ano com um nível de endividamento abaixo de duas vezes.

Porém, Steinbruch afirmou que a empresa segue comprometida com a meta e que com a esperada melhora dos resultados operacionais da empresa a partir do segundo trimestre, aliada com uma possível entrada de um sócio para as operações de energia elétrica, o nível de alavancagem deve ceder até o fim de 2023 para dentro da previsão.

Questionado sobre eventual interesse da companhia em ativos siderúrgicos da alemã ThyssenKrupp, o vice-presidente de finanças, Marcelo Cunha Ribeiro, disse que “ativos bons que vão a mercado são poucos e raros, mas nesse caso não temos nada a comentar”.

A Reuters publicou em março que a CSN estava entre os interessados na divisão de siderurgia do grupo alemão de engenharia. Na Alemanha, a CSN já controla a produtora de aços longos SWT, comprada em 2012, quando a empresa não tinha embarcado na estratégia atual de redução e controle de endividamento.

“A gente sempre tem atenção às oportunidades, principalmente de ativos diferenciados como os da ThyssenKrupp em mercados importantes como os da Europa e dos Estados Unidos, mas não temos nada de concreto”, disse o executivo.

“Nosso foco total é melhorar o desempenho operacional e ter no segundo trimestre resultados melhores”, acrescentou.

Fonte: Reuters
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 05/05/2023

Agrishow: participação do agro cresce no mercado de equipamentos

O agronegócio tem sido priorizado pelas fabricantes de máquina de linha amarela (movimentação de terra), tanto no oferecimento de tecnologia, como no acompanhamento de pós-venda e serviços. Essa realidade pode ser comprovada na Agrishow 2023 – 28ª Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação. 

De acordo com Carlos França, líder da CASE Construction Equipament para a América Latina, o agronegócio é hoje um dos seus principais mercados. Atualmente, 15% do volume de máquinas da CASE atende o mercado agrícola. “A Agrishow é uma vitrine das mais avançadas tendências e inovações para o agronegócio. Cada vez mais as máquinas de construção são requisitadas pelo produtor rural, aumentando a produtividade e reduzindo os custos de operação no campo”, destacou. 

Igor Leão, gerente de vendas nacionais da LiuGong da América Latina diz que, já no terceiro dia de evento, o resultado superou o planejamento da empresa. “Vimos para cá com toda a capacidade que a empresa tem em atender todos os segmentos do agro, como o da construção, na oferta dos maquinários pesados”, informa Leão. “Estar aqui é sempre uma boa iniciativa que nos orgulha”, declara. 

Na New Holland Construction, o agro representou 16% das vendas da marca nos primeiros quatro meses de 2023, um crescimento de cerca de 3% em relação a todo ano de 2022. Segundo Paula Araújo, líder da New Holland Construction para a América Latina, “os produtores rurais passam a contar com a solução que facilita a gestão de frota e torna a operação das máquinas ainda mais eficiente. Tudo isso nos traz à Agrishow”, emenda. 

Já a Komatsu, de acordo com Chrystian Garcia, diretor de marketing e vendas, vem acompanhando o crescimento nas vendas para o setor ano a ano e, em 2022, registrou 20% das vendas da empresa em equipamentos de construção para o segmento”, diz Garcia, afirmando que estar na feira possibilita informar o produtor e realizar negócios.

Fonte: Agrolink
Seção: Máquinas & Agro
Publicação: 05/05/2023

Brasil produziu 2,7 milhões de toneladas de aço em março

De acordo com dados divulgados pelo Instituto Aço Brasil, em março de 2023 a produção brasileira de aço bruto foi de 2,7 milhões de toneladas, uma queda de 8,7% frente ao apurado no mesmo mês de 2022. Já a produção de laminados foi de 1,9 milhão de toneladas, 9,9% inferior à registrada em março de 2022. A produção de semiacabados para vendas foi de 563 mil toneladas, uma redução de 17,6% em relação ao ocorrido no mesmo mês de 2022.

Consumo e vendas

As vendas internas cresceram 1,0% frente ao apurado em março de 2022 e atingiram 1,9 milhão de toneladas. O consumo aparente de produtos siderúrgicos foi de 2,2 milhões de toneladas, 5,1% superior ao apurado no mesmo período de 2022.

Exportações e importações

As exportações de março de 2023 foram de 1,3 milhão de toneladas, ou US$ 1,1 bilhão, o que resultou em aumento de 0,6% e de 7,6%, respectivamente, na comparação com o ocorrido no mesmo mês de 2022.

Já as importações de março de 2023 foram de 333 mil toneladas e de US$ 478milhões, um aumento de 36,4% emquantume de 27,5%
em valor na comparação com o registrado em março de 2022.

Acumulado no ano

A produção brasileira de aço bruto foi de 8,0 milhões de toneladas no acumulado de janeiro a março de 2023, o que representa uma queda de 6,8% frente ao mesmo período do ano anterior. A produção de laminados no mesmo período foi de 5,6 milhões de toneladas, redução de 7,6% em relação ao registrado no mesmo acumulado de 2022. A produção de semiacabados para vendas totalizou 2,2 milhões de toneladas de janeiro a março de 2023, um aumento de 5,6% na mesma base de comparação.

As vendas internas foram de 5,0 milhões de toneladas de janeiro a março de 2023, o que representa uma ampliação de
2,0% quando comparadas com igual período do ano anterior. O consumo aparente nacional de produtos siderúrgicosfoi de 5,9 milhões de toneladas no acumulado até março de 2023. Este resultado representa uma elevação de 3,4% frente ao registrado no mesmo período de 2022.

As importações alcançaram 1,0 milhão toneladas no acumulado até março de 2023, um aumento de 22,2% frente ao mesmo período do ano anterior. Em valor, as importações atingiram US$ 1,3 bilhão e avançaram 10,5% no mesmo período de comparação

Já As exportações de janeiro a março de 2023 atingiram 3,2 milhões de toneladas, ou US$ 2,7 bilhões. Esses valores representam, respectivamente, redução de 6,1% e de 3,7% na comparação com o mesmo período de 2022.

Fonte: ABM Notícias
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 28/04/2023

Vendas de aços planos sobem nas distribuidoras

Diante dos anúncios de reajustes nos preços do aço, que irão variar de 4% a 7,5% dependendo da siderúrgica e do produto, as compras e vendas por parte das distribuidoras de aços planos superaram as expectativas em março. De acordo com os dados do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), as compras tiveram alta de 29,3% e as vendas subiram 25,7% perante fevereiro.

Apesar do incremento, as estimativas são cautelosas em relação ao resultado de abril. Com a alta nos custos, demanda enfraquecida e menos dias úteis é esperado recuo de 11% nas vendas e nas compras ao longo do quarto mês de 2023. 

Conforme os dados do Inda, em março, as compras das empresas distribuidoras aumentaram 29,3%, na comparação com fevereiro, chegando a um volume total de 360,7 mil toneladas de aços planos, contra 279 mil registradas no mês anterior. Frente a março do ano passado, quando foram compradas 345,9 mil toneladas, a alta foi de 4,3%. 

Com o resultado de março, as compras do setor nos últimos 12 meses acumulam alta de 2,01%. No primeiro trimestre, período em que foram adquiridas 959,4 mil toneladas de aços planos, foi registrada variação positiva de 1,8% nas compras do setor se comparadas com igual intervalo de 2022. 

“A grande motivação para essa compra maior em março é a discussão dos aumentos de preços que aconteceram e estão acontecendo agora em abril. Isso fez com que as empresas tentassem comprar um pouco mais de material nos preços antigos”, explicou o diretor executivo do Inda, Carlos Loureiro. 

Em relação às vendas de aços planos, em março, houve uma alta de 25,7% quando comparada a fevereiro, atingindo o montante de 370,3 mil toneladas, contra 294,5 mil vendidas em fevereiro. Já sobre o mesmo mês do ano passado, quando foram vendidas 382,9 mil toneladas, o volume de vendas recuou 3,3%.

“Em vendas, ao longo de março, também tivemos uma surpresa, provavelmente, pela mesma razão que levou ao aumento das nossas compras. Os nossos clientes aumentaram as compras antes dos reajustes. Nossa estimativa era crescer 15% e fechamos março com 25,7% de alta sobre fevereiro. É um número relativamente bom tendo em vista a situação geral do mercado”, apontou.

Nos últimos 12 meses, as vendas das distribuidoras de aço cresceram 3,2% e somam 3,7 milhões de toneladas. No trimestre, as vendas estão praticamente estáveis, com pequena queda de 0,6%.

“Encerramos o primeiro trimestre com queda de 0,6%. Analisando mais o mercado, isso nos leva a reduzir a previsão de crescimento – que era de 2,5% a 3% – para um zero a zero ou no máximo 1% de crescimento em 2023 frente a 2022”.

O estoque de março retraiu 1,2% em relação ao mês anterior, atingindo o montante de 800,6 mil toneladas, contra 810,2 mil. O giro de estoque fechou em 2,2 meses, o que é considerado baixo para a média do setor.

“Apesar da compra ter sido boa em março, ela foi quase 10 mil toneladas menor que as vendas. Isso fez com que nosso estoque caísse. A rotação de 2,2 meses é um número bem baixo tendo em vista a nossa média de 2,9 a 3 meses. Realmente, os distribuidores estão com bastante cuidado em relação ao aumento do estoque. Isso é resultado da situação de juros do mercado, que faz com que o estoque a mais, que não gira, tenha um custo bastante elevado”, completou o representante do Inda.

Expectativa para abril 

Para abril de 2023, a expectativa da rede associada é de que as compras e vendas tenham uma queda de 11% em relação ao mês de março. Além de abril ter menos dias úteis, o aumento dos preços dos produtos anunciados pelas siderúrgicas e o mercado enfraquecido irão impactar na demanda.

“Vemos os aumentos como necessários para as usinas, mas,por outro lado, temos um mercado muito fraco. Então, isso vai significar uma grande dificuldade das distribuidoras repassar estes aumentos. Vai ter que ser repassado porque no momento estamos trabalhando com margens muito baixas e não será possível absorver esses aumentos. A grande briga da distribuição será repassar os aumentos”, finalizou Loureiro.

Fonte: Diário do Comércio
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 24/04/2023

Minério de ferro fica estável em meio a preocupações com demanda antes de dados da China

Por Enrico Dela Cruz

(Reuters) - Os contratos futuros de minério de ferro ficaram moderados nesta segunda-feira com preocupações persistentes sobre as perspectivas de demanda para o ingrediente siderúrgico na China e cautela antes de uma série de divulgações de dados econômicos chineses.

O minério de ferro mais negociado para setembro na Dalian Commodity Exchange da China encerrou as negociações diurnas com queda de 0,1%, a 775,50 iuanes (112,87 dólares) a tonelada. O contrato atingiu 760 iuanes no início da sessão, a menor cotação desde 24 de março.

Já o minério de ferro de referência para maio na Bolsa de Cingapura subia 0,2%, para 116,80 dólares a tonelada, depois de cair para 114,35 dólares mais cedo, o menor valor desde 9 de janeiro.

Antes da divulgação dos dados de vendas no varejo, produção industrial e produto interno bruto da China no primeiro trimestre, o banco central chinês reforçou o apoio à liquidez para a economia ao rolar empréstimos de médio prazo na segunda-feira.

O Banco Popular da China, no entanto, manteve a taxa de 170 bilhões de iuanes em empréstimos de médio prazo de um ano para algumas instituições financeiras inalterada em 2,75% em relação à operação anterior.

"Este é um sinal importante de que o relatório do PIB do primeiro trimestre, previsto para terça-feira, não será muito suave. Mas também não esperamos que seja particularmente forte", disse Iris Pang, economista-chefe do ING para a Grande China.

 

A pressão de queda nos preços do minério de ferro decorrente da esperada política de controle da produção de aço na China, maior produtora de aço do mundo, também permaneceu, embora ainda não haja declaração oficial.

Outros insumos siderúrgicos na bolsa de Dalian reverteram perdas anteriores, com carvão metalúrgico e coque registrando altas de 0,7% e 0,2%, respectivamente.

(Por Enrico Dela Cruz em Manila)

Fonte: Investing
Data da Publicação: 17/04/2023

Rali do minério de ferro chegou ao fim? Os fatores destacados por analistas para acreditar que sim

Após um primeiro trimestre de alta para as cotações do minério de ferro, com a commodity à vista com pureza de 62% passando da casa dos US$ 112 a tonelada no fim do ano passado para US$ 128 nos últimos dias de março (ou alta de 14%) em meio ao otimismo com a reabertura da China, analistas de mercado têm visto sinais de enfraquecimento nos preços do ingrediente siderúrgico.

Nesta quinta-feira (13), o minério negociava na casa dos US$ 119 a tonelada, uma queda de mais de 6,6% no acumulado de abril. Já o contrato futuro da commodity mais negociado (para setembro) na Bolsa de Dalian teve queda de 3,1%, a 769 iuanes (US$ 111,89) a tonelada apenas nesta sessão.

O pessimismo sobre a demanda por aço na China tem prevalecido nas últimas sessões, mesmo com os traders monitorando um forte ciclone que pode interromper os embarques da Austrália, importante fornecedora do insumo. O enfraquecimento dos preços do aço na China indicou uma demanda fraca em um momento em que a atividade de construção no maior consumidor de minério de ferro está se recuperando. O aumento dos riscos de recessão também obscureceu as perspectivas para as exportações chinesas de aço, de acordo com analistas.

O plano da China, ainda não confirmado, de limitar sua produção anual de aço bruto, em meio à busca para conter a especulação do preço do minério de ferro, também tem sido um empecilho para o mercado.

A China deve divulgar um plano em que limita a produção das siderúrgicas domésticas aos níveis de 2022, informou a Bloomberg nesta quinta-feira.

“O minério de ferro está enfrentando pressão do controle de preços e os riscos políticos continuam a aumentar”, disseram analistas da Sinosteel Futures em nota.

Na avaliação do Goldman Sachs, os preços do minério de ferro foram sustentados até o momento por uma combinação de sentimento positivo em relação à reabertura da China, sazonalidade positiva (forte demanda de aço e fraca oferta de minério de ferro) e reabastecimento após o Ano Novo Chinês.

Mas a equipe de Materiais Básicos do banco apontou também que as carteiras de pedidos de aço foram mais fracas do que o esperado, o que se traduziu em um apetite reduzido das siderúrgicas para fazer um reabastecimento (os estoques atingiram um pico abaixo do nível do ano anterior).

Ao mesmo tempo, o sentimento positivo em relação ao minério de ferro e ao aço na China após a reabertura está enfraquecendo, pois os investidores têm percebido que o setor de consumo provavelmente se beneficiará muito mais do que o de commodities, que dependem de investimentos em ativos fixos e imóveis, como minério de ferro/aço. Por fim, a oferta de minério de ferro geralmente cai no 1T-2T e um aumento de material é esperado daqui para frente, o que deve pressionar as cotações na segunda metade do ano.

Mais especificamente para este ano, as exportações da Índia e da Austrália estão aumentando, enquanto a oferta de sucata na China provavelmente pressionará os fundamentos do minério de ferro, avaliam os analistas. Indo para a segunda metade do ano, a fraqueza da demanda como resultado de lançamentos imobiliários mais fracos em 2022 também ficará mais evidente.

“Em resumo, os preços do minério de ferro estão lentamente perdendo o suporte do sentimento positivo e da reposição de estoques, mas a sazonalidade ainda não atingiu seu pico. Esperamos que a atual força da oferta/demanda seja seguida por uma fraqueza significativa na segunda metade do ano, uma vez que o aumento da oferta se segue ao enfraquecimento da demanda da China”, avaliam os analistas do banco. O Goldman espera que o preço do minério de ferro caia dos atuais US$ 120 a tonelada para US$ 105 a tonelada no quarto trimestre de 2023 (4T23) e US$ 90 a tonelada em 2024.

Também com uma visão cautelosa, a Genial Investimentos aponta que a consolidação de alguns fatores na China deverão frear e começar a inverter o sentido da curva de minério de ferro também a partir do segundo semestre de 2023, levando a curva de precificação da commodity para patamares mais racionais.

São esses os fatores: (i) cortes de aço bruto; (ii) inspeções regulamentares, levando a liquidação parcial do posicionamento especulativo; (iii) aumento dos embarques, criando um excedente de mercado a partir da segunda metade do ano e basicamente anulando a restrição de oferta; (iv) mercado imobiliário ainda com uma performance preocupante e (v) menos espaço fiscal para incentivos do governo na economia chinesa.

Os analistas Igor Guedes, Ygor Araujo e Renan Rossi apontam que o 1T23 foi o primeiro trimestre completo após a reabertura da economia chinesa e que nele se enxergou alguns sinais de recuperação importantes que contribuem com uma conjuntura de curto prazo positiva para a commodity ferrosa, como o aumento das taxas de utilização dos alto-fornos nas siderúrgicas chinesas para cerca de 90%.

Porém, ainda que tenham ocorrido esses sinais, os movimentos de aceleração no preço foram apenas de curto prazo para a commodity, de forma que não enxergam sustentabilidade na curva de minério 62% de pureza a preços acima de US$ 110 a tonelada, dado o cenário observado hoje na China.

Os analistas acreditam que a recuperação econômica da China está ainda longe de se mostrar fortificada como a média do mercado inicialmente imaginava.

Eles observam que o estoque de minério de ferro nas usinas siderúrgicas permanece em níveis baixos e as usinas provavelmente reabastecerão o minério antes do pico sazonal da construção civil (abril/maio), o que deve suportar a curva de referência de minério com pureza de 62% para o patamar ainda acima dos US$ 100 a tonelada, mas ainda assim, não o suficiente para mantê-la acima dos US$ 120.

Fim do rali no radar?

Para os analistas da Genial, a pergunta se o rali do minério chegou ao fim é difícil de responder, uma vez que a aceleração de preços como o comportamento clássico de um rali ocorre, quase sempre, por expectativas futuras e não lastreadas na racionalidade dos agentes de mercado.

“Ainda que, para nós, todos os números apontam para uma queda na curva de minério daqui para frente, o mercado nem sempre é racional, e considerando que a China historicamente costumava surpreender positivamente os investidores, alguns acabam confiando mais na narrativa de superação do que necessariamente olhando mais atentamente para as dinâmicas de oferta e demanda atuais, e dos desafios que a China vai enfrentar daqui para frente”, avaliam.

De qualquer forma, eles apontam que a China pós-pandemia não deverá ser igual a China pré-pandemia. O crescimento do PIB da China perto dos 10% não será mais a regra, e se acontecer, será excepcionalidade de alguns anos (definitivamente, 2023 não será um deles, segundo a Genial). Dessa forma, os ajustes na curva de preços do minério deverão enquadrar essa nova realidade, e a média de US$ 125 a tonelada vista no 1T23 não leva essa realidade em consideração, na visão deles.

“E olhando para o comportamento da curva nas últimas duas semanas, saindo do pico de US$ 130 a tonelada (t) e chegando a US$ 119/t, acreditamos que finalmente os agentes de mercado estão começando a se comportar de maneira mais racional, então podemos estar sim, diante do final do rali”, afirmam.

Impacto nas companhias

Olhando para as individualidades de cada companhia, os analistas da Genial esperam um 1T23 pior para Vale (VALE3), onde as mesmas dificuldades de licenciamento ambiental serão somadas ao aumento de provisão para a joint venture com a BHP (Samarco/ Fundação Renova), sobre o acidente de Mariana (MG).

Já para a CSN Mineração (CMIN3), operacionalmente o resultado deve demonstrar melhoras no 1T23, com uma gradual elevação de margem, com um preço realizado superior ao visto no 4T22 (acima dos US$ 90 a tonelada), porém, com um volume de embarques levemente menor, o que já parece um feito grande, considerando que sazonalmente o volume dos primeiros trimestres são bem mais fracos que os dos quarto trimestres pela maior incidência de chuvas.

“Em termos de eficiências de custos, gostamos mais da CMIN3 para o curto prazo, uma vez que os contratos de arrendamento das embarcações próprias da Vale não a permitem capturar todo o arrefecimento no custo do frete na rota Tubarão-Qingdao (SSY). Esperamos uma contração nesse 1T23 para a marca de US$ 18,15/t versus US$ 20,80/t no 4T22”, avalia a casa.

Considerando um cenário mais adiante, a recente decisão da Opep de cortar a produção em 1,1 milhão de barris dia pode ocasionar uma alta do preço do óleo diesel e uma subsequente aceleração, novamente, do frete SSY. Mediante a isso, o cenário se inverte, e os analistas veem a Vale mais protegida que a CMIN, que possui mais exposição ao preço spot do frete.

“Tanto para a Vale quanto para CSN Mineração reiteramos o nosso rating de manutenção, e preferimos observar a curva de preços do minério se aproximar ainda mais do valor que acreditamos ser mais racional, para então enxergarmos com mais visibilidade oportunidades de entradas em ambos os papéis a valuations mais atrativos do que os atuais”, avalia a casa.

Apesar desse cenário desenhado por analistas, após conferência com investidores e empresas do setor, o Bradesco BBI apontou que a Vale segue vendo um mercado equilibrado nos níveis atuais, enquanto as projeções (guidance) de produção e custos para 2023 foram reafirmadas. No radar dos mercados, contudo, estão possíveis mudanças regulatórias (como elevação da alíquota dos royalties pagos sobre a extração de minérios), que causam mais preocupação aos investidores. O BBI tem recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para Vale.

Fonte: Infomoney
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 14/04/2023