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Commodities já dominam exportações até em SP

O processo de “commoditização” das exportações avança sobre o mapa do Brasil. Em todas as regiões do país, produtos ligados ao agronegócio ou à indústria extrativista terminaram o ano dominando a pauta de vendas ao exterior. A soja tornou-se campeã de embarques em dez Estados, petróleo bruto ou derivados estão na liderança em três unidades federativas e o minério de ferro agora é a principal mercadoria exportada em outras três.
Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), a fatia da indústria de transformação nas exportações brasileiras encolheu de 63% em 2010 para 51,3% em 2021. Essa categoria também abrange produtos do agronegócio que passam por algum tipo de processamento industrial, como carnes, celulose e açúcar refinado.

Até São Paulo, o Estado mais industrializado do país, tem sua pauta de exportações liderada por commodities. Açúcar (US$ 5,6 bilhões no ano passado) e petróleo bruto (US$ 4,3 bilhões) - cuja produção disparou nos últimos anos por causa do pré-sal - são os dois bens mais vendidos ao exterior. As aeronaves da Embraer, primeiro item puramente da indústria, vêm depois e contribuíram com US$ 2,3 bilhões.

No Paraná, os automóveis de passageiros - que aparecem na frente entre os bens manufaturados fora do agro ou do extrativismo - são apenas o oitavo produto mais exportado. Também em oitavo estão os calçados no Rio Grande do Sul. Os dois Estados tiveram soja em grãos como mercadoria de destaque em 2021.

Para o economista Paulo Gala, professor da Escola de Economia da FGV-SP, a “commoditização” do mapa brasileiro permite duas reflexões. Primeira: nenhum Estado consegue ter pauta exportadora suficientemente sofisticada para ter produtos com alta densidade tecnológica - e não grãos, petróleo ou minérios - como campeões de vendas. Segunda: a indústria nacional é predominantemente voltada para o mercado interno e ainda carece de maior competitividade global.

Na avaliação dele, apenas algumas microrregiões do país - cidades como Campinas (SP), Piracicaba (SP), Caxias do Sul (RS) e Betim (MG) - conseguiram transformar-se em “ilhas” de inovação e produtividade, com indústrias de ponta. Não à toa, completa, estão entre os municípios com maior renda per capita.

“Só alguns polos têm indústrias sofisticadas voltadas à exportação, puxando a economia local, mas esses polos não chegam a dominar nenhum Estado inteiro”, diz Gala. “O que traz emprego, renda, queda da desigualdade é a produção de bens complexos. Eles demandam pesquisa e desenvolvimento, tecnologia, patentes. Embraer, WEG e Marcopolo são contraexemplos da nossa atual incapacidade de inserção comercial no mundo.”

Para o professor da FGV-SP, nem a desvalorização desde o início de 2020 tem sido suficiente para evitar a perda de espaço da indústria nas exportações, em comparação com o agronegócio e o extrativismo mineral. “A desvalorização ajuda na competitividade por preço, não na competitividade por qualidade. O câmbio real está no patamar mais baixo dos últimos 20 anos, mas precisamos de uma política bem mais pesada de ciência e tecnologia e de estímulos industriais”, afirma.

O presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, avalia que o processo de “commoditização” tem se intensificado e calcula em US$ 70 bilhões a US$ 80 bilhões o déficit em produtos manufaturados. Na segunda-feira, a Secex divulgou um saldo recorde de US$ 61 bilhões da balança comercial no ano passado - obviamente contando todos os tipos de produto, não apenas ligados à indústria.

Na opinião de Castro, o Brasil vive hoje uma excessiva dependência de três produtos (soja, petróleo, minério de ferro), que representam em torno de 40% dos embarques totais, e de um único mercado (a China), responsável hoje por 32% das nossas compras.

“Nos anos 1980, reclamava-se muito da dependência dos Estados Unidos, mas o mercado americano absorvia cerca de 25% das exportações brasileiras e havia maior diversificação de produtos. Naquele momento, oito dos dez principais itens de exportação eram manufaturados. Agora, os 15 principais são commodities.”

De fato, por ordem decrescente, os 15 principais produtos vendidos pelo Brasil no ano passado foram: minério de ferro, soja em grãos, petróleo bruto, açúcar refinado, carne bovina, farelo de soja, óleos combustíveis, carne de frango, celulose, semiacabados ou lingotes de ferro e aço, café, ouro, milho, algodão e cobre.

Por isso, Castro atribui os superávits recentes da balança comercial mais à conjuntura favorável de preços do que ao apoio de políticas públicas. “O custo Brasil ainda é muito elevado e o governo acabou com o Reintegra [programa que reembolsava às empresas parte dos impostos pagos ao longo da cadeia produtiva], além de ter diminuído recursos para o financiamento às exportações, no âmbito do Proex.”

Lívio Ribeiro, pesquisador-sênior do Instituto Brasileiro de Economia (FGV/Ibre) e sócio da consultoria BRCG, é necessário fazer distinção entre “primarização” de “commoditização”. Produtos primários não têm nenhum beneficiamento. Já bens como suco de laranja e óleo de soja são commodities, com baixo nível de diferenciação entre fornecedores e marcas, mas passam por algum processamento e podem ter algum valor adicionado.

“Exportar commodities é uma característica, não um fardo”, define. Não é, em absoluto, sinal de subdesenvolvimento. A Austrália, com pauta exportadora muito parecida à do Brasil e que não exporta nenhum automóvel, está aí para nos mostrar que não há relação mecânica entre as duas coisas.”

Para Ribeiro, hoje existe uma multiplicidade de peculiaridades dentro da indústria, dos serviços e da agropecuária. Nenhuma, por si só, gera mais riqueza e inovação do que outra. “Um engenheiro agrônomo da Embrapa pode ser mais produtivo do que um trabalhador da indústria têxtil. Um analista de investimentos da Faria Lima pode ser mais produtivo do que um soldador no ABC.”

Na avaliação dele, embora em teoria seja mais benéfico acrescentar valor à produção e processar bens ligados ao agro ou ao extrativismo, nem sempre esse é o caso na prática. Ribeiro lembra por exemplo que, para transformar bauxita em alumínio, consome-se grande quantidade de energia e é preciso construir novas usinas hidrelétricas ou térmicas. O investimento em todos esses insumos não necessariamente torna-se vantajoso.

É um raciocínio que vale, segundo ele, para a transformação do café em cápsulas ou de soja em óleo. “Essas decisões precisam ser tomadas com base em uma cuidadosa análise custo-benefício.”

Fonte: Valor
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 10/01/2022

Reajustes no aço: Com mercado abastecido, não há espaço para aumento de preços na avaliação do Inda

Com a desaceleração no consumo de aço estimada para este ano, os constantes reajustes de preços que ocorreram em 2021, até por volta de julho, não deverão se repetir no mercado brasileiro. Para Carlos Loureiro, presidente executivo do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), não há espaço para o movimento de alta de preços de produtos siderúrgicos porque a oferta está regularizada no país.

“Com o prêmio entre zero e 5% na comparação com o material importado, daria para se pensar em reajuste se a oferta de produtos estivesse baixa. Mas, hoje não há esse problema. O mercado está abastecido”, disse. No ano passado, os reajustes giraram em torno de 70%, conforme Loureiro.

O executivo do Inda disse que a importação de aços planos, que ajudou a abastecer o mercado em 2021, foi maior em novembro e ainda tem muito material no porto que não foi nacionalizado porque chegou caro. “O aumento de preços é um desejo das usinas, mas não é a realidade do mercado. Não vejo espaço para esse movimento pelo menos nos próximos três meses”, ressaltou.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 10/01/2022

Argentina quer triplicar exportações de minérios apesar de conflitos sociais

O governo argentino vem buscando aumentar a produção minerária do país para incentivar o ingresso de divisas, com a introdução de um conjunto de novos incentivos para o setor.

Com as datas de vencimento de sua pesada dívida externa já no horizonte e em meio às negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para refinanciar um empréstimo de US$ 57 bilhões, o governo Fernández vislumbra incentivar a exploração de diversos minerais como forma de impulsionar sua economia.

Porém, a expansão do setor por meio de um novo esquema de incentivos enfrenta questionamentos do lado socioambiental, devido ao impacto da atividade nas comunidades locais. O episódio mais recente foi a aprovação da mineração em áreas da província de Chubut, o que provocou protestos e levou o governo a rever sua decisão.

Por outro lado, o novo impulso ocorre em um contexto de transição energética e aumento da demanda global por minerais essenciais para muitas tecnologias. De acordo com a Agência Internacional de Energia, a demanda por minerais deverá dobrar ou até quadruplicar até 2040, dependendo do nível de adoção de novas tecnologias.

Números da mineração argentina

Dados da secretaria de mineração da Argentina mostram que nove projetos de mineração de metais estão atualmente em operação no país. Os principais produtos são ouro, prata, chumbo e zinco, juntamente com o muito falado lítio, para o qual há dois projetos em operação e outro em construção. As operações estão concentradas nas províncias de San Juan, Santa Cruz, Catamarca, Salta e Jujuy.

Nos últimos anos, esses minerais foram extraídos por várias empresas com capital estrangeiro e subsidiárias locais. Estas incluem: a empresa canadense Barrick Gold e a chinesa Shandong Gold, que compõem a Minera Andina del Sol; a sul-africana AngloGold Ashanti, que administra a mina de ouro e prata Cerro Vanguardia; os gigantes multinacionais Glencore, Newmont e Yamana, que operam a mina de ouro e cobre Minera Alumbrera; a americana Newmont Goldcorp — maior empresa de mineração de ouro do mundo — e sua subsidiária argentina, Oroplata; e a Minera Santa Cruz, operada conjuntamente pela britânica Hochschild e canadense McEwen Mining.

Você sabia? O setor de mineração argentina quase não paga impostos sobre o valor agregado (IVA) e tem um regime especial para o imposto de renda.

O setor de mineração argentino opera por meio de concessões às províncias, que são as proprietárias dos recursos. Após pressões sociais, Mendoza, Chubut, Córdoba e San Luis aprovaram legislações que limitam ou proíbem a atividade minerária local.

A mineração em grande escala tem sido impulsionada desde meados da década de 1990 por meio da baixa tributação, medidas de estabilidade fiscal e a possibilidade de resolver disputas legais em tribunais internacionais. O setor quase não paga impostossobre o valor agregado (IVA) e tem um regime especial para o imposto de renda.

Em 2020, afetadas pela pandemia da Covid-19, as exportações de minério caíram para US$ 2,6 bilhões, contra US$ 3,2 bilhões em 2019. Mas a contribuição do setor em termos de valor agregado é muito inferior ao peso nas exportações: sua contribuição ao PIB argentino é de apenas 0,6%, de acordo com dados oficiais. Empregos diretos registrados no setor atingiram 9.681 em 2019, representando apenas 0,15% do emprego formal no país. São esses números que o governo espera ver crescer com seu novo conjunto de incentivos.

Novo compromisso com a mineração

O governo de Alberto Fernández se propôs a aumentar as exportações anuais de mineração para mais de US$ 10 bilhões nos próximos dez anos, graças aos investimentos de US$ 25 bilhões dos 34 projetos de mineração do país que já estão avançados.

Para proporcionar um incentivo adicional, os impostos de exportação do setor foram reduzidos de 12% para 8% em outubro de 2020. Já para 2022, o governo considera um esquema ainda mais flexível. Além disso, em abril passado, a transferência para o exterior de lucros e dividendos foi flexibilizada para exportadores que investem mais de US$ 100 milhões.

Os novos incentivos fazem parte do plano estratégico para o desenvolvimento da mineração, cuja apresentação oficial foi adiada por vários meses, embora muitos de seus detalhes já tenham sido anunciados. O programa propõe oficialmente uma abordagem ligada à sustentabilidade e ao diálogo com vários atores da sociedade, bem como inclui benefícios e incentivos adicionais para as empresas mineradoras.

"A carga tributária [na Argentina] ainda é maior do que nos países com os quais compete em termos de produção minerária", diz Luciano Berenstein, diretor-executivo da Câmara Argentina de Empresários da Mineração. O setor pede ao governo que reduza ainda mais os impostos retidos na fonte sobre os salários de funcionários, acelere o reembolso do IVA e aumente o acesso ao mercado de câmbio.

34 projetos de mineração da Argentina já se encontram em estado avançado. O governo espera aumentar as exportações anuais do setor para mais de US$ 10 bilhões nos próximos dez anos.

Daniel Schteingart, diretor do Centro de Estudos de Produção, órgão ligado ao Ministério de Desenvolvimento Produtivo, argumenta que a mineração na Argentina é, juntamente com os hidrocarbonetos, o setor que paga os salários mais altos e tem a maior taxa de emprego formal da economia.

"A mineração deixa muito mais no país do que o normalmente declarado", acrescenta Schteingart. Ele informa que entre 12% e 14% de suas vendas ficam em impostos — a maioria em seguridade social e retenções tributárias —, 30% com fornecedores, e entre 11% e 12% com a massa assalariada. Além disso, parte dos lucros do setor é reinvestido.

O governo saudou o recente anúncio da canadense Lundin de que investirá US$ 4,2 bilhões para produzir cobre, ouro e prata na província de San Juan. Segundo estimativas da empresa, ela vai gerar 2.500 empregos e US$1,7 bilhão em exportações anuais. Ela estima iniciar suas operações em 2026 e ter uma vida útil de até 19 anos.

A também canadense Barrick Gold e a chinesa Shandong Gold anunciaram investimentos para estender a vida útil da Veladero — maior mina de ouro da Argentina — até 2030, enquanto a mina Lindero, operada pela canadense Fortuna Silver Mines, começou a operar este ano. Ela se tornou a primeira mina a céu aberto na província de Salta.

Enquanto isso, há investimentos para expandir a extração de lítio em projetos da Orocobre-Toyota, uma parceria australiana e japonesa, e pela americana Livent, e da Cauchari-Olaroz, que será operada pela Minera Exar, uma joint venture entre a canadense Lithium Americas e a chinesa Ganfeng Lithium. Também houve investimentos da francesa Eramet na construção do projeto Centenario-Ratones, que vai operar a partir de 2022.

Conflitos sociais

Apesar dos argumentos do governo sobre o compromisso com a sustentabilidade e a consulta pública de comunidades, organizações ambientais estão céticas de que haverá mudanças, dada a forma como o setor se desenvolveu no passado.

"Vemos um horizonte crescente de conflitos com as comunidades, porque a mineração em larga escala tem tradicionalmente provocado todo tipo de enfrentamento nas últimas duas décadas", explica Pía Marchegiani, diretora da organização ambiental Farn. "A sociedade civil está organizada, e os governos têm falhado em ouvir e administrar conflitos".

O principal problema, segundo Marchegiani, é o uso da água, já que os projetos estão localizados nas cabeceiras dos rios, que suprem comunidades mais adiante nas bacias.

"Há competição pelo recurso", diz a diretora na Farn. "Isto ocorre num contexto de falta de informação e de participação das comunidades, fraquezas institucionais e a criminalização dos protestos. Como resultado, quando se trata de tomada de decisões, geralmente não há opções a não ser a rejeição total".

O ponto de virada ocorreu em 2015, quando o maior acidente na história da mineração nacional ocorreu na mina Veladero em San Juan, administrada pela Barrick Gold. Cinco rios da província foram contaminados com metais pesados por causa de uma válvula quebrada.

A sociedade civil está organizada, e os governos têm falhado em ouvir e administrar conflitos

"Isso reabriu debates sobre a inerente incerteza a esse tipo de projeto, não apenas em relação ao impacto ambiental, mas também na transparência e capacidade do governo de controlar [a atividade]", diz Lucrecia Wagner, pesquisadora da agência governamental de ciência e tecnologia, a Conicet.

Marcelo Giraud, membro da Ampap, uma organização que luta pela água limpa na província de Mendoza, argumenta que, embora os salários da mineração sejam mais altos do que a média, tais empregos não beneficiam os nativos das províncias, e sim migrantes regionais e internacionais.

"Não é muito correto dizer que a mineração representa uma contribuição substancial para a demanda de mão-de-obra local", afirma Giraud. "Quando fica claro que a sociedade não concedeu uma 'licença social' aos projetos de mineração, a geração de empregos não é, de forma alguma, um argumento convincente para contrabalançar os impactos e riscos envolvidos".

Para Nicolás Gutman, responsável pela área ambiental no Centro de Estudos Econômicos e Sociais Scalabrini Ortiz, "é um erro pensar que, ao se facilitar o negócio e entregar a riqueza da mineração, haverá desenvolvimento".

"Não há capacidade de controle por parte das províncias, e as empresas não estabelecem fornecedores locais porque podem trazer máquinas gratuitas que deixaram de usar em outras partes do mundo", acrescentou.

Apesar das preocupações e contestações dos grupos da sociedade civil, é provável que o governo de Fernández prossiga com o novo esquema, com a apresentação formal de seu plano estratégico, o Pedma, previsto para o início deste ano, após sua paralisação em 2021. Relatóriosdefendem que o governo buscará consenso com a sociedade civil antes de sua apresentação.

Fonte: Diálogo Chino
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação:10 /01/2022

Agronegócio e e-commerce continuarão a puxar caminhões este ano

O ano de 2022 deverá ter 136,6 mil caminhões emplacados, resultando em alta de 7,3% sobre os licenciamentos de 2021. A projeção foi divulgada na quinta-feira, 6, pela Fenabrave, entidade que reúne as associações de concessionários.

“O setor continuará crescendo por causa do agronegócio e pela revigoração do e-commerce”, afirmou em entrevista coletiva o novo presidente da Fenabrave, José Maurício Andreta Júnior. “Até junho deste ano haverá entregas de caminhões encomendados no ano passado”, garante o executivo.

A Fenabrave recorda que em 2021 houve problema de oferta em todos os segmentos automotivos por falta de componentes na cadeia produtiva, inclusive para os caminhões, o que tende a persistir em 2022.

Os veículos de carga vivem um bom momento por causa da agricultura e do transporte de mercadorias. Com isso suas vendas se descolaram do fraco desempenho do Produto Interno Bruto (PIB), cuja projeção para este ano é de alta de apenas 0,4%.  

Em 2021 este foi o segmento automotivo que mais cresceu, 42,8% sobre 2020. Em todo o ano passado foram emplacados 127,3 mil caminhões, o melhor resultado para o setor desde 2014. Somente em dezembro último foram emplacadas 12 mil unidades, 13,5% a mais que em novembro.

“O volume de transações se estabilizou num patamar alto”, recorda Andreta. Dezembro foi ajudado por um grande número de dias úteis, 23, que resultaram numa média diária de 521,1 caminhões emplacados, próxima aos 527,9 caminhões/dia lacrados em novembro (com 20 dias úteis). 

Fonte: Automotive Business
Seção: Automobilística & Autopeças
Publicação: 10/01/2022

 

Vendas de máquinas agrícolas caem 15,9% em novembro ante outubro, diz Fenabrave

As vendas de máquinas agrícolas, entre tratores e colheitadeiras, somaram 5,2 mil unidades em novembro, com queda de 15,9% em relação ao total de outubro. O balanço foi divulgado nesta quinta-feira, 6, pela Fenabrave, associação que, além das concessionárias de automóveis, representa revendedores de equipamentos usados no campo.

Como não se trata de emplacamentos, que podem ser atualizados diariamente, os números de máquinas agrícolas precisam ser levantados com os fabricantes. Por isso, as estatísticas têm defasagem de um mês em relação ao balanço das vendas de carros, cujos resultados divulgados nesta quinta pela Fenabrave são relativos a dezembro.

Frente a novembro de 2020, as vendas de tratores e colheitadeiras tiveram alta de 24,8%, levando o crescimento de volume acumulado nos onze primeiros meses do ano para 28,3%, num total de 52,7 mil unidades.

Ao comentar os resultados, o novo presidente da Fenabrave, José Maurício Andreta Júnior, considerou que a queda das máquinas agrícolas em novembro representa um ajuste do patamar "bastante alto" dos meses anteriores.

Fonte: Terra
Seção: Máquinas & Equipamentos
Publicação: 10/01/2022

Demanda por aço deve continuar aquecida

O Instituto Aço Brasil estima crescimento de 14,7% na produção nacional de aço bruto, que deverá somar 36 milhões de toneladas, e um aumento de 17% nas vendas internas, que irão totalizar 22,8 milhões de toneladas. Para 2022, a expectativa do instituto é de crescimento de 2,2% na produção nacional e de 2,5% nas vendas internas. Para as exportações, a previsão é de queda de 4,3%, para 10 milhões de toneladas.

A médio prazo, a previsão das indústrias é de demanda aquecida, sustentada pelos setores automotivo, de construção pesada, saneamento, petróleo e gás e energias renováveis.

Para atender a essa demanda, o setor faz investimentos bilionários no Estado. Segundo a Agência de Promoção de Investimento e Comércio Exterior de Minas (Indi), vinculada à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, desde 2019 foram anunciados R$ 71,5 bilhões de investimentos em mineração e siderurgia.

O anúncio mais recente foi feito em novembro pela ArcelorMittal, que prevê aportar R$ 4,3 bilhões até 2024 na Usina de Monlevade, em João Monlevade, e na Mina de Serra Azul, em Itatiaiuçu. A Usina de Monlevade vai ampliar a capacidade de 1,2 milhão para 2,2 milhões de toneladas por ano. A Mina de Serra Azul vai passar de 1,6 milhão para 4,5 milhões de toneladas ao ano de minério de ferro.

“Hoje produzimos com 100% da nossa capacidade. Este é o maior investimento que anunciamos no Brasil. Vamos aumentar a capacidade total de produção de 3 milhões para 8 milhões a 9 milhões de toneladas por ano”, afirma Jefferson De Paula, presidente da ArcelorMittal Brasil e CEO da ArcelorMittal Aços Longos América Latina e Mineração Brasil. Segundo ele, haverá demanda aquecida no país nos próximos anos nas áreas de infraestrutura, saneamento, portos, petróleo e gás e de energias renováveis.

Também em novembro, o grupo francês Vallourec, que produz tubulação para a indústria de óleo e gás, anunciou a transferência das operações da Alemanha para Minas Gerais, o que nos próximos dois anos vai demandar investimentos de R$ 1 bilhão, nas fábricas de Belo Horizonte e Jeceaba.

“Com a transferência, vamos eliminar gargalos no acabamento de tubos, aumentando a capacidade da aciaria de 800 mil para 1 milhão de toneladas por ano. E vamos aumentar capacidade nas áreas de acabamento”, afirma Alexandre Lyra, vice-presidente da Valourec na América do Sul. A produção vai atender clientes da Europa, África e do Oriente Médio.

A Belgo Bekaert, que tem como sócias ArcelorMittal e Bekaert, investiu neste ano R$ 100 milhões para expandir a produção de cabos de aço para reforço de pneus. Ao todo, os aportes no ano somam R$ 260 milhões, o dobro do aplicado em 2020. “O nível de investimentos mostra que a empresa acredita na economia brasileira no longo prazo”, afirma Ricardo Garcia, CEO da Belgo Bekaert. Para oexecutivo, o setor automotivo, que teve problemas neste ano com falta de insumos, vai ampliar a produção em 2022.

A cadeia automotiva representa em torno de 40% da sua receita. “O agronegócio também deve crescer, com o câmbio favorável para exportar. A construção civil tende a ser mais fraca”, afirma. A Belgo Bekaert prevê fechar este ano com alta de 13% a 14% no volume vendido e de 50% na receita.

A Aperam também fez neste ano investimento de R$ 243 milhões na planta industrial de Timóteo, tendo em vista a perspectiva de recuperação da economia brasileira. Frederico Ayres Lima, diretor presidente da Aperam América do Sul e da Aperam Bioenergia, diz que os recursos foram utilizados para atualização das linhas de aço inoxidável, carro-chefe da companhia, no agronegócio, nas linhas de aços elétricos, usados no setor automotivo, e na Aperam BioEnergia, que fornece o carvão vegetal para os alto-fornos da usina. “A meta para 2022 é incluir novos produtos no portfólio e ampliar nosso mercado, intensificando a atuação em segmentos como o do agronegócio e o automotivo”, diz Lima.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 20/12/2021