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Noruega espera cooperar com o Brasil na mineração no fundo do mar

Em visita ao Brasil, a vice-ministra de Petróleo e Energia da Noruega, Astrid Bergmal, afirmou que espera estreitar as relações com o Brasil na exploração de minerais no fundo do mar, além do desenvolvimento das eólicas offshore e tecnologias de captura e armazenamento de carbono (CCS).

“O Brasil e a Noruega estão cooperando estreitamente em vários campos relacionados à energia, como petróleo e gás offshore, bem como energia solar e eólica”, disse a vice-ministra, nesta segunda (6/11), durante evento promovido pelo consulado norueguês, no Rio de Janeiro. 

“Além disso, ambos vemos um grande potencial para uma maior cooperação no domínio da energia eólica offshore, da captura e armazenamento de carbono e dos minerais dos fundos marinhos, apenas para mencionar alguns”, completou. 

Brasil é contra a exploração em águas profundas

A atividade de mineração em águas profundas é alvo de discordância entre os dois países. 

O Brasil é um dos mais de vinte países que manifestaram resistência à atividade, durante as negociações da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA), em julho. Objetivo da discussão era chegar a um acordo de uma regulação internacional sobre o tema, o que não ocorreu.

Diante da falta de consenso, o Brasil, ao lado do, Chile, França e Alemanha, pediu uma pausa nas atividades, argumentando a falta de dados científicos suficientes sobre impactos ambientais para liberar esse tipo de atividade. 

Neste mês de novembro, os 168 membros da ISA se reúnem novamente para retomar a discussão.

Recentemente, o governo do Reino Unido reiterou oficialmente a decisão de apoiar uma moratória para projetos de exploração de minerais do fundo do mar, até que haja estudos científicos capazes de avaliar o real impacto ambiental da atividade. 

Já a Noruega abriu, em junho, 280 mil quilômetros quadrados em áreas nos mares da Groenlândia, Noruega e Barents para que empresas de mineração solicitem licenças. 

Em busca de minerais críticos

Segundo o governo norueguês, a mineração em águas profundas poderia ajudar a Europa a reduzir a sua dependência da China em relação ao suprimento de minerais críticos para transição energética, para fabricação de baterias de veículos elétricos, turbinas eólicas e painéis solares.

Por lá, um estudo diz ter encontrado uma quantidade “substancial” de cobre e metais de terras raras, incluindo cerca de 38 milhões de toneladas de cobre, quase o dobro do volume extraído globalmente a cada ano.

Ambientalistas alertam para o risco de liberação de enorme quantidade de CO2 acumulado no mar, e da ameaça da mineração à vida marinha. 

No Brasil, os bens minerais no fundo do mar já são alvo de interesse de empresas. Segundo o Serviço Geológico Brasileiro, já foram feitos estudos sobre a presença sais de potássio e fosfato, minério de ferro, ilmenita, sal-gema, calcário, ouro e diamante em águas profundas.

Fonte: EPBR
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 09/11/2023

Vento e minerais, uma combinação que gera energia limpa e renovável

Por Marco Murilo Oliveira

Muitas pessoas, ao viajar de carro, avião ou barco, já avistaram um parque eólico, constituído por torres de energia eólica, ou aerogeradores – aqueles enormes cataventos que de longe chamam a atenção. A energia cinética do vento é transformada em elétrica com a ajuda de várias estruturas e componentes. Minerais como o cobre, terras raras, ferro e alumínio – oriundo da bauxita – são fundamentais para a construção de alguns equipamentos.

As pás ou lâminas, responsáveis por captar a energia do vento, podem ser fabricadas a partir de vários elementos, como uma mistura de poliéster ou epóxi com fibra de vidro ou de carbono. No entanto, já existem pesquisas para a construção de pás com chapas de aço. Segundo estudos do Instituto Faunhofer, na Alemanha, o uso do aço gera uma economia de 90% na construção das lâminas. O Brasil é um dos principais produtores de minério de ferro do mundo, sendo que, em 2021, o mineral foi o principal produto industrial do país, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístico (IBGE).

O aço é uma mistura de ligas de ferro e carbono. Em 2022, 34,1 milhões de toneladas do minério foram produzidas no Brasil, segundo dados do Instituto Aço Brasil. O rotor (ou hub), é o “nariz” do aerogerador, um dos componentes mais pesados da estrutura, também é construído com aço ou outras ligas metálicas de alta resistência.

A nacele, estrutura ligada na parte traseira das pás, é onde estão inseridos alguns dos principais componentes dos aerogeradores. É nesse local que ficam o gerador, o sistema hidráulico e a turbina, entre outros itens, e onde é comum encontrar ímãs produzidos com terras raras. Esses metais, que compõem um conjunto de 17 elementos químicos. Segundo a Fundação Gorceix, em estudos para o Plano Nacional de Mineração 2050, o Brasil detém a terceira maior reserva mundial desse minério.

Para segurar toda essa estrutura, as torres são construídas de concreto. O cimento, um dos elementos do composto, utiliza o calcário, a argila e o gesso. Até 60% do cimento pode ser composto por minerais, segundo estimativas do mercado. Ele pode reunir, ainda, minerais como o ferro e a brita – que é composta por vários tipos de rocha, como o basalto, o granito, o calcário entre outros.

Além desses elementos, minerais como o cobalto – utilizado nas baterias -, cobre e zinco – encontrado nas fiações – e molibdênio, usado para a construção de ligas especiais, são encontrados nos aerogeradores.

 

OFFSHORE

Existem dois tipos de local para se instalar as torres: na costa, conhecida como onshore, ou em alto mar, denominada offshore. Nesta última, o uso de minerais é maior. Os aerogeradores podem ser ancorados no leito marinho ou sobre um casco flutuante – construído de metal ou concreto – ancorado no fundo do mar.

Nesses aerogeradores, as turbinas são maiores, visto que os ventos são mais fortes e constantes, aumentando a produtividade do parque. Desta forma, a quantidade de cobre necessária é muito maior do que o volume utilizado na modalidade onshore. 
 
Fonte: Jornal Dia Dia
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 07/11/2023

Minério de ferro recua enquanto bolsa da China planeja limitar volumes de negociação

Os preços do minério de ferro caíram nesta terça-feira, uma vez que os traders permaneceram cautelosos após uma bolsa apoiada pelo Estado no principal consumidor, a China, ter dito que limitaria os volumes de negociação de contratos futuros para o principal ingrediente da produção de aço.

O minério de ferro mais negociado em janeiro na Bolsa de Commodities de Dalian (DCE) da China, DCIOcv1, encerrou as negociações diurnas com queda de 0,48 % , para 923,5 iuanes (US$ 126,81) por tonelada.

O preço de referência do minério de ferro SZZFZ3 para dezembro na Bolsa de Cingapura estava 0,76% mais baixo, a US$ 122,85 a tonelada, nesta madrugada.

O DCE disse na noite de segunda-feira que os volumes de negociação de abertura de posições compradas e vendidas em futuros de minério de ferro de janeiro a maio de 2024 entre qualquer empresa não membro de futuros não deverão exceder 1.000 lotes em um único dia, a partir de quarta-feira.

O volume de negociação dos demais contratos futuros não deverá ultrapassar 2.000 lotes para um único dia, acrescentou , enquanto o volume de negociação para hedge e criação de mercado de posições de abertura ficará isento.

O DCE também anunciou o aumento das taxas de negociação dos contratos futuros de minério de ferro de janeiro a maio de 2024, a partir das negociações diurnas de quinta-feira.

“A medida visa conter as atividades especulativas excessivas e esperamos que os preços do minério de ferro se movam dentro de uma faixa limitada no curto prazo”, disse Cheng Peng, analista da Sinosteel Futures em Pequim.

A limitação das perdas foi a notícia de um clima excepcionalmente frio e nevascas que atingiram o nordeste da China na segunda-feira, levantando preocupações de que mais regiões serão atingidas pela onda de frio, afetando as atividades de construção.

Outros ingredientes siderúrgicos subiram , com o carvão metalúrgico DJMcv1 e o coque DCJcv1 no DCE subindo 1,27 % e 0,3%, respectivamente.

Os índices de referência do aço na Bolsa de Futuros de Xangai foram mais fracos. O vergalhão SRBcv1 caiu 0,52 %, a bobina laminada a quente SHHCcv1 caiu 0,51%, o fio-máquina SWRcv1 caiu 0,5 % enquanto o aço inoxidável SHSScv1 recuou 0,31 %.

“As siderúrgicas ainda enfrentam pressão do lado da oferta em meio ao ritmo mais lento do que o esperado nos cortes na produção de aço”, disseram analistas da Huatai Futures em nota.

Importações de minério de ferro da China em outubro caem devido a margens reduzidas e cortes mais amplos na produção de aço

As importações de minério de ferro da China em outubro caíram 1,8% em relação a setembro, mostraram dados alfandegários nesta terça-feira, caindo pelo segundo mês consecutivo, à medida que o estreitamento das margens de aço, os cortes mais amplos de produção entre as siderúrgicas e os preços elevados reduziram o apetite dos compradores.

O maior consumidor mundial de minério de ferro trouxe 99,39 milhões de toneladas do principal ingrediente da siderurgia no mês passado, abaixo dos 101,18 milhões de toneladas em setembro, mostraram dados da Administração Geral das Alfândegas do país.

A queda ocorreu no momento em que menos de um quinto das siderúrgicas chinesas pesquisadas disseram que estavam operando com lucro no final de outubro, abaixo dos cerca de um terço no final de setembro, mostraram dados da consultoria Mysteel.

A taxa de utilização da capacidade entre as usinas de alto-forno pesquisadas também caiu para 90,73% em 27 de outubro, abaixo dos 93,08% em 29 de setembro, segundo dados da Mysteel.

O feriado de uma semana no início de outubro também afetou o desembaraço aduaneiro de algumas cargas, contribuindo assim para volumes mais baixos em relação a setembro, disse Pei Hao, analista da corretora internacional FIS em Xangai, acrescentando que as chegadas no início de outubro são menores.

Ainda assim, os volumes de importação de minério de ferro em outubro aumentaram 4,6% em relação ao mesmo mês do ano anterior.

Os preços médios do minério de ferro transoceânico oscilou em torno de US$ 119 a tonelada, um aumento de 29% no ano, apesar de uma queda de 1,6% no mês, mostraram dados da Steelhome.

As importações de minério de ferro da China nos primeiros 10 meses de 2023 registaram um aumento anual de 6,5%, para 975,84 milhões de toneladas, mostraram também os dados alfandegários.

Seus estoques de minério de ferro no porto deverão terminar o ano no nível mais baixo desde 2016, de acordo com previsões de oito analistas chineses, enquanto as importações no maior consumidor do mundo atingirão o nível mais alto desde pelo menos 2020.

As importações em novembro podem ser maiores do que as de outubro, à medida que o impacto do feriado diminui e as usinas começam a estocar volumes para uso durante o inverno, disseram analistas.

As exportações chinesas de produtos siderúrgicos em outubro aumentaram 53,3% em relação ao ano anterior, para 7,94 milhões de toneladas, mas caíram 1,5% em relação às 8,06 milhões de toneladas embarcadas para o exterior em setembro, mostraram dados alfandegários.

As exportações totais de aço do maior produtor mundial de aço totalizaram 74,73 milhões de toneladas de janeiro a outubro, um aumento de 34,8% em relação ao ano anterior.

A China importou 668 mil toneladas de produtos siderúrgicos no mês passado, abaixo das 770 mil toneladas em outubro de 2022, com o total no período janeiro-outubro de 6,37 milhões de toneladas, uma queda de 30,1% em relação ao ano anterior, segundo a alfândega.

Fonte: ADVFN
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 07/11/2023

Com lítio e nióbio em foco, empresários de MG preparam fórum para mostrar potencialidades do estado a chineses

A comitiva de empresários de Minas Gerais que está na China para captar investimentos estrangeiros no estado prepara um fórum para mostrar, a representantes de companhias asiáticas, as possibilidades oferecidas pela economia mineira. O "Brazil China Business Forum", previsto para acontecer na terça-feira (7), em um hotel de Xangai, vai destinar um de seus painéis a um debate sobre lítio, silício e nióbio, minerais que podem ajudar a diversificar a economia estadual.

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que está em solo chinês, vai participar da abertura do congresso Brasil-China. Vão palestrar, também, nomes como o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe, e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG).

O lítio, aliás, é uma das apostas de Minas Gerais durante a passagem pela Ásia. O grupo que representa o estado pretende apresentar, a empresas estrangeiras, o chamado “Vale do Lítio”, formado por 14 municípios nos vales do Jequitinhonha e Mucuri. Cidades norte-mineiras também compõem a área com jazidas do mineral, usado, por exemplo, na fabricação de baterias de carros elétricos.

"Nós já temos diversas empresas se instalando na região, próximo a Salinas, Araçuaí e Itinga, mas quero que essas empresas agreguem mais valor. Queremos que o lítio que sai do Vale do Jequitinhonha tenha maior valor agregado. Vamos conversar com diversas indústrias para, se possível, ter uma fábrica de baterias na região", afirmou Zema, nessa quinta-feira (2), à Itatiaia, ao projetar as reuniões que terá na Ásia.

Gigantes podem servir de exemplo

Representantes de empresas que já atuam em Minas também devem falar aos empresários chineses na terça-feira. A lista de palestrantes tem, por exemplo, Pedro Moraes, diretor global de Comunicação e Relações Institucionais da Gerdau, companhia produtora de aço.

Emissários da Vale e da Samarco também vão ter voz no congresso. Há, ainda, a possibilidade de participação de Ana Cristina Cabral Gardner, CEO da Sigma Lithium. A empresa enviou à China, em julho, a primeira carga de lítio verde do mundo. O material foi produzido no Vale do Jequitinhonha.

O lítio explorado no Vale do Jequitinhonha é acompanhado pelo termo “verde” por não conter carbono, rejeitos e químicos. A remessa enviada em junho é fruto da mina Gruta do Cirilo, localizada entre Itinga e Araçuaí.

O "Brazil China Business Forum" vai contar, ainda, com apresentações de nomes como Marcelo Bezerra Abbott Galvão, embaixador brasileiro no país asiático, Fernando Passalio, secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, e Thiago Toscano, presidente da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge).

A cobertura da Missão Empresarial à China, que tem a participação do governador de Minas, é oferecimento da FIEMG e empresas parceiras.

Fonte: Itatiaia
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 06/11/2023

Queremos um acordo que seja definitivo", diz porta-voz da BHP sobre acidente de Mariana

Quase oito anos após o rompimento da barragem do Fundão da Samarco, em Mariana, a mineradora anglo-australiana BHP sócia ao lado da brasileira Vale, espera concluir o processo de reparação e indenização das comunidades atingidas pelo acidente.

Em sua primeira manifestação pública sobre o caso, o porta-voz da BHP para as Américas, Emir Calluf Filho disse, em entrevista ao Broadcast/Estadão, que a BHP deseja um acordo definitivo, no qual haja segurança jurídica e de quitação do passivo. “O maior pesadelo de qualquer contrato ou acordo é ele nunca terminar”, afirma. “Queremos um acordo que seja definitivo.”

Acordo natimorto

O acidente em 2015, deixou um rastro de destruição ao longo de 670 quilômetros dabacia do Rio Doce no Estado de Minas Gerais até sua foz, no Espírito Santo. Comunidades inteiras no caminho foram devastadas e 19 pessoas morreram na tragédia. Um acordo de reparação e indenização, o Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC), foi firmado em 2016, por meio da Fundação Renova, criada para condução e supervisão por órgãos públicos desse processo.

Já foram desembolsados R$ 33 bilhões entre reparação e indenizações e há dois anos um acordo de repactuação do TTAC vem sendo trabalhado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e pelo Tribunal Regional Federal da 6ª região (TRF-6). O objetivo é definir quais os passos seguintes, à luz do que já foi feito.

O acidente resultou em 90 mil ações na Justiça, que somaram R$ 400 bilhões. A maioria delas já foi tratada em acordos. Uma nova ação foi aberta este ano na Corte de Londres contra a BHP, que tenta trazer a Vale para dividir a conta, caso seja condenada.

Calluf Filho diz que, apesar de ser um dos maiores processos jurídicos da mineradora anglo-australiana no mundo, o fechamento de um acordo de repactuação definitivo, como deseja a companhia, não significa que pretenda se desligar da Samarco ou deixar de operar no País. “A BHP fez uma aposta no Brasil e esse processo é uma questão muito maior, não é de livramento”, diz.

Para ele, há boas condições neste momento para se chegar a um acordo. Os maiores desafios dizem respeito a como lidar com os rejeitos acomodados no Rio Doce, bem como entender como será a governança do processo de reparação daqui em diante na Fundação Renova, uma vez que envolve diferentes organismos. A seguir, a entrevista completa.

Por que após oito anos do rompimento da barragem do Fundão a BHP resolveu se manifestar em relação ao caso?

O assunto agora está maduro e esperamos estarmos próximos de uma resolução no Brasil, onde temos instituições sérias e maduras. Se houver um acordo que nos dê segurança jurídica e seja razoável, queremos muito firmá-lo e temos de deixar isso claro para as pessoas. Lá atrás, quando assinamos o TTAC (Termo de Transação e Ajustamento de Conduta) e outros acordos, sempre houve previsão da repactuação, porque não se sabia ao certo o tamanho do dano. Foram anos de muito trabalho, reparação e entregas. Finalmente, depois de quase 8 anos, R$ 33 bilhões gastos, 431 mil pessoas pagas e assim por diante, chegamos ao momento previsto no contrato da repactuação. Obviamente é uma repactuação com desafios sem precedente, porque envolve nove entidades de natureza distintas, três empresas, é uma tarefa hercúlea para nós. Mas, depois de muita conversa, finalmente temos processo conduzido pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e pelo TRF-6 (Tribunal Regional Federal da 6ª Região) e enxergamos de fato uma condição negocial e técnica de chegar em algum lugar.

Por que a repactuação foi necessária?

Os acordos feitos à época traziam uma série de ações, mas não sabíamos a extensão do dano, o número de pessoas atingidas, qual era a melhor solução para os rejeitos. A resposta veio somente após muitos estudos. Qual é o melhor jeito de reparar o rio, sendo que 70% da poluição do Rio Doce é formada por esgoto? São conhecimentos que vêm ao longo do tempo.

O acordo de repactuação está sendo discutido há dois anos. Por que o sr. acredita que a conclusão está mais próxima?

Hoje temos atores maduros à mesa, que estão acompanhando a discussão há dois anos. Não é uma discussão fácil e passamos por vários momentos. Hoje, vejo uma condução firme e técnica do processo e as pessoas entenderam o que é necessário. Os principais pontos não estão ainda totalmente resolvidos, mas hoje existe uma boa vontade enorme de fazer com que tudo aconteça. Tem uma data colocada pelo TRF-6, de 5 de dezembro (para a conclusão), que não é escrita em pedra, mas é importante impor data para avançarmos. A BHP acredita muito que esse acordo é a melhor saída para esse problema, que o Brasil vai fazer isso acontecer e temos os elementos necessários na mesa de negociação.

Quando o sr. fala que todos entenderam, se refere a Estados, órgãos de governo, Ibama e atingidos?

Refiro-me especialmente às nove entidades sentadas no TRF-6, às três defensorias públicas da União, seis ministérios públicos, ao governo do Estado de Minas Gerais e do Estado do Espírito Santo e ao Governo Federal. Essas nove entidades representam, de certa forma, todos os outros atores. É impossível ter 100% em uma mesa, que já tem 30, 40 pessoas. Sobre os atingidos, no processo houve milhares de audiências públicas. O próprio CNJ realizou, no ano passado, algumas dezenas de audiências públicas para ouvir as pessoas, que vem sendo atendidas por diferentes órgãos. Todos têm uma voz nesse acordo e os atingidos estão representados. Uma das funções principais da defensoria pública e do Ministério Público é esse.

Qual o teor desse acordo?

Renova tem 42 programas, socioeconômicos e socioambientais, do ponto de vista como prosseguir daqui em diante em temas como, por exemplo, os rejeitos que estão no fundo do Rio Doce. Adianta colocar areia e continuar jogando esgoto? Ou fazer um cheque qualquer, que não melhora a vida das pessoas na região?

Qual é o maior desafio dessa conversa?

É ter os alinhamentos técnicos necessários e, a partir disso, as quitações e a segurança jurídica para fechar o acordo. Não conseguimos nem precificar um acordo se não estiver muito claro o que estamos negociando. Estou recebendo quitação pelo quê? Vai tirar rejeito ou investir para ter economia sustentável na região; continuamos recuperando nascentes ou já se chegou a um ponto de maturidade? Estamos falando de áreas totalmente distintas uma das outras. Já evoluímos muito nesse sentido, uma vez que estamos a dois anos conversando. Apesar da mudança de governo, o corpo técnico está atuando nisso há algum tempo.

Dos 42 programas, quais têm os maiores desafios?

O grande desafio é em rejeitos e há temas delicados, como pesca, que discutimos muito. A execução dos programas também daqui para a frente também é outro tema sensível. Todos concordam em ter uma governança complexa, mas mais ágil, sem perder a transparência do processo. Quem executa a estratégia é a Fundação Renova, com um conselho e supervisionado pelo Ministério Público. Há ainda o Comitê Interfederativo, composto por vários membros, que gera uma complexidade e é natural ao processo.

A BHP tem expectativa de se desligar desse processo da reparação e de saída da Samarco, a partir da repactuação?

Não vamos sair do processo e nem da Samarco. Esses R$ 33 bilhões que já gastamos não foram à toa. A BHP fez uma aposta no Brasil e esse processo é uma questão muito maior, não é de livramento. Acompanhei de perto e é muito mais do que jurídico, é quase que uma missão que a BHP tem de fazer a coisa certa. Isso sempre foi muito forte. Em três anos, a gente construiu 80% das casas e pagou 430 mil pessoas. A mineração é uma atividade maior do que operar uma mina, tem um trabalho social e é uma questão reputacional que temos de resolver e ir até o final. Não existe essa possibilidade.

O acordo favorece de alguma forma o processo em Londres?

Ele comprova o que temos dito há muito tempo e vai mostrar que o Brasil é um País que tem suficiente maturidade e independência técnica para resolver isso. Mas não encerra o processo lá fora e, em termos de argumento, não muda muita coisa.

Quando aconteceu o acidente, a BHP tinha pouco mais de 10 representantes no Brasil, sendo que a Samarco era uma unidade dentro de um braço de negócios não operacional. A BHP acredita que a Vale tem maior responsabilidade no acidente?

A Samarco é operada independentemente. Desde o começo, sempre assinamos responsabilidade 50 a 50, somos sócios 50% a 50%, e essa discussão nunca foi feita. A nossa posição no Brasil sempre foi a de assumir a metade.

Lá fora, na Justiça de Londres, a BHP pode pedir eventualmente uma responsabilização maior?

Lá fora é outra discussão, que não temos de entrar nesse mérito ainda. Aqui já admitimos que temos 50% (de responsabilidade).

O sr. falou em consenso. Vale e BHP têm consenso suficiente sobre o acordo de repactuação?

Sim, a Vale está na mesa e tem tido o mesmo entendimento e estamos na mesma página. Todos estão dispostos a tentar. Esse mês de novembro vamos fazer bastante coisa e, se chegarmos a um consenso razoável, tem chance de termos o acordo de repactuação firmado em 5 de dezembro.

Fonte: Estadão
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 06/11/2023

Sigma Lithium inicia análise final para vender ativos em Minas Gerais

A canadense Sigma Lithium, proprietária do projeto Grota do Cirilo, estimado em US$ 155 milhões e localizado em Minas Gerais, iniciou a rodada final de seu processo de revisão estratégica que pode resultar na venda de ativos.

Em setembro, a empresa recebeu diversas propostas para sua subsidiária brasileira Sigma Mineração e controladora Sigma Lithium Corporation, bem como para o projeto Grota do Cirilo.

O “processo de revisão estratégica está avançando para uma rodada final, com consórcios formados entre certas partes estratégicas, reforçando a posição do Brasil como uma das jurisdições de mineração mais amigáveis ao investidor global do mundo”, afirmou a empresa em comunicado.

“O significativo interesse estratégico global no processo é resultado da grande escala de recursos minerais da empresa, juntamente com suas reservas minerais a céu aberto de baixo custo e posição de liderança em sustentabilidade ambiental e social”, acrescentou, sublinhando que pretende completar o processo este ano.

Entretanto, a fase 4 do programa de exploração da Grota do Cirilo conduziu a um aumento “no potencial de exploração […] para aproximadamente 26 a 30 Mt [milhões de toneladas], com extensões de corpos de minério continuando para leste, com base nos resultados de perfuração recebidos até à data. Este é um aumento potencial significativo de 25% na estimativa de recursos minerais da Grota do Cirilo”, afirmou a empresa.

Entretanto, a Sigma enfrenta dificuldades, em meio a uma divisão entre a CEO Ana Cabral-Gardner e Calvin Gardner, seu ex-marido e co-CEO anterior do grupo, o que gerou vários processos judiciais e uma disputa sobre os direitos de mineração.

No início deste ano, a empresa entrou com uma ação judicial num tribunal de Nova York, acusando Calvin Gardner de roubar segredos comerciais.

 
Fonte: BN Americas
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 06/11/2023