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Falta de gás para soldagem atinge indústrias de Caxias do Sul

A ausência de um gás utilizado para soldagem na indústria, o dióxido de carbono (CO²), é sentida em ao menos duas empresas de Caxias do Sul. Marcopolo e Randon confirmaram na quinta-feira (31) que estão com a matéria-prima em falta, mas que buscam alternativas para suprir a demanda.

Por meio de nota, a Marcopolo informou que a companhia busca alternativas para minimizar os impactos causados pelo desabastecimento de CO?2; em todo o mercado nacional. Ainda conforme a empresa, neste momento, a falta do gás não provoca “reflexos significativos” na produção.

Já a Randon informou, também por meio de nota, que a companhia acompanha uma “situação pontual” de alteração no fluxo de abastecimento de CO?2;, que vem sendo contornada e analisada diariamente. A companhia diz ainda que este insumo é necessário para realização das atividades de solda em algumas operações industriais.

"Não são todas as empresas que consomem esse tipo de gás", diz presidente do Simecs

De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul e Região (Simecs), Paulo Antônio Spanholi, falhas na entrega da matéria-prima chegaram ao conhecimento da entidade ainda na semana passada e atingem, nesse momento, as maiores indústrias da cidade, que utilizam o CO?2; para a soldagem. O dióxido de carbono permite redução no aquecimento da área soldada, possibilitando maior resistência na solda e maior penetração do material base. 

— Não são todas as empresas que consomem esse tipo de gás devido à sua funcionalidade. Por isso, essa falha não atinge tanto a nossa região. Sei que existe mais demanda (do gás) em indústrias de máquinas agrícolas, mas aqui afeta as maiores porque consomem mais do que as menores — explica. 

Ainda conforme Spanholi, a justificativa apresentada pela distribuidora de gás White Martins, que atende a cerca de 80% da demanda, é que a sua fornecedora de CO?2; bruto, precisou fazer uma manutenção nos equipamentos, procedimento que se estendeu além do planejado e acabou impactando no abastecimento para as indústrias.

— Nos informaram que essa manutenção seria de dois dias, mas que se estendeu e deve durar cerca de 20 dias. A partir disso, devem normalizar o fornecimento — afirma Spanholi. 

O Simecs, junto com as empresas, afirmam que estudam alternativas, mas esbarram em falta de opções no mercado. Segundo Spanholi, há tratativas com outros produtores para substituição desse gás, mas que dependem de ajustes internos nas empresas e nos equipamentos, o que levaria mais tempo ainda para solucionar a demanda.  

— Seria mais demorado talvez que o retorno do CO?2; — explica Spanholi.

A diretora do Simecs, Daiane Catusso, afirma que a entidade acompanha os casos e que a ausência do produto não impacta negativamente na produção das empresas.

Empresa diz que está empenhada em manter o fornecimento

A White Martins, que distribui o gás para empresas de Caxias do Sul, diz que o desabastecimento está relacionado a uma parada para manutenção da fornecedora do CO?2; bruto. Com isso, outras fornecedoras também enfrentam essa dificuldade. Em nota, a White Martins afirma também que tem feito todos os esforços para garantir o abastecimento para os clientes. Confira abaixo a nota na íntegra:

 "A White Martins informa que seus clientes continuam sendo abastecidos com CO?2; em todo o Brasil, com restrições em algumas localidades específicas, em função da parada de manutenção da empresa que fornece CO2 bruto para a principal planta de produção da companhia, localizada em Cubatão (SP). Os clientes foram avisados antecipadamente de que poderia haver restrições temporárias no fornecimento de CO2 em função da prioridade do fornecimento destinado ao armazenamento de vacinas e transporte de órgãos, assim como aplicações ambientais. A companhia reitera que está empreendendo todos os esforços para manter o fornecimento aos seus clientes, trazendo o produto da Argentina e da Bolívia, além da transferência do CO?2; de outras plantas da companhia na Bahia e em Minas Gerais".

Fonte: GaúchaZH
Seção: Metalurgia
Publicação: 04/04/2022

Preço do ferro-gusa dispara com guerra

A guerra entre a Rússia e a Ucrânia continua fazendo estragos na economia mundial, em especial nos setores que possuem commodities, que têm seu preço determinado pela oferta e procura internacional, entre as matérias-primas. A indústria da fundição, por exemplo, que tem enfrentado sucessivos aumentos no preço do ferro-gusa, acaba de receber mais um, agora de 60%, que vem a se somar aos reajustes de  41,6% praticados em janeiro e fevereiro. 

A Associação Brasileira de Fundição (Abifa) e o Sindicato da Indústria da Fundição no Estado de Minas Gerais (Sifumg) destacam que o impacto do reajuste do preço do insumo no custo industrial do setor gira em torno de 30% e alegam que a solução imediata passa pelo repasse dos preços. Mas alertam sobre a necessidade de uma política industrial que proteja o mercado doméstico.

De acordo com o presidente das entidades, Afonso Gonzaga, trata-se de uma questão de oferta e demanda. Ele lembra que Rússia, Ucrânia e Brasil são os maiores produtores mundiais de ferro-gusa e que os dois primeiros países eram responsáveis, por exemplo, pelo abastecimento de 80% da Europa. Mas, como estão em guerra, resta ao Brasil atender todo o mercado com seu produto.

“Entendemos a dinâmica de mercado da lei de oferta e procura, mas como país, precisamos salvaguardar a indústria de transformação brasileira, responsável pela geração de 20% do PIB (Produto Interno Bruto) e 20% dos empregos formais. Se por um lado é uma oportunidade para os produtores brasileiros, por outro, impacta profundamente a indústria nacional. Por isso, precisamos de uma política industrial que proteja o mercado interno”, afirma.

Segundo ele, as associadas acabam de ser notificadas do aumento de 60% dos preços do ferro-gusa. Este percentual vem a se somar aos 41,6% de aumentos já praticados em janeiro e fevereiro. E, em vistas de se evitar uma reação em cadeia, a orientação é de repasse destes custos. “Reajustar contratos é um processo longo, mas não temos tempo. A fundição não trabalha com estoques. A única saída é o diálogo entre fornecedores e clientes. É necessária a compreensão daqueles que precisam do produto fundido de que, daqui pra frente, teremos novos preços”, diz.

A reportagem tentou contato com o Sindicato da Indústria do Ferro no Estado de Minas Gerais (Sindifer-MG) para falar sobre o aumento do preço do gusa, mas não obteve sucesso. Há duas semanas, o presidente do sindicato, Fausto Varela Cançado, atribuiu o aumento às sanções dos Estados Unidos contra a Rússia.

Vale dizer que, em Minas, 25% da produção de ferro-gusa vai para as fundiçõese o restante para as aciarias e mercado externo. Já o principal cliente do setor de fundição é a indústria automobilística, que consome 46% da produção. O Estado é o segundo maior fabricante de peças fundidas do Brasil, depois de São Paulo, respondendo por 25% da produção nacional. São 257 plantas em Minas, que ocupam 24 mil trabalhadores e produziram 670 mil toneladas em 2021.

Conforme publicado recentemente, a cadeia produtiva corre o risco de colapso, se o setor não conseguir repassar os custos. “O problema se chama repasse de custo industrial. Se não conseguirmos, não há como produzir”, disse Gonzaga ao DIÁRIO DO COMÉRCIO há duas semanas.

Incertezas

Por fim, o dirigente admite que é difícil prever como serão os próximos meses para o setor e que neste contexto de alta volatilidade, não dá para garantir que os preços voltarão ao nível de antes da guerra. Mas mantém o otimismo quanto ao desempenho da atividade, uma vez que a demanda segue aquecida e os parques fabris estão tomados. “A agroindústria segue puxando nosso crescimento e a expectativa ainda é de que haja um incremento entre 15% e 20% na produção em 2022”, conclui.

Fonte: Diário do Comércio
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 28/03/2022

 

CSN Mineração visa ser líder global em minério premium

A mineradora de ferro de Benjamin Steinbruch, que listou suas ações na B3 em fevereiro de 2021 e é uma grande geradora de caixa, espera em cinco anos dobrar sua participação no mercado global da commodity do aço. Com plano de R$ 12 bilhões que começa a ser executado, a CSN Mineração se vê como a empresa do setor que tem um plano de expansão delineado até 2032. Na primeira fase, até 2026, duplica a capacidade. Em outro salto, até 2032, prevê crescer mais 75%, indo a 116 milhões de toneladas por ano.

O foco, neste momento, está centrado no projeto de expansão de cinco anos. Segundo a empresa, já está estruturado e com grande parte dos equipamentos encomendada. Eneas Diniz, ex-diretor executivo da área de aço da CSN, alçado à presidência da CMIN, comanda os planos com o suporte da principal acionista, a própria siderúrgica, que têm sócios asiáticos.

Está previsto em várias fases, começando em 2023 com uma primeira ampliação da oferta de minério. Parte do funding para os aportes nas obras e instalações já está encaminhada, diz Pedro Oliva, diretor financeiro (CFO) e de relações com investidores, e novas idas ao mercado financeiro para captações estão previstas.

Ao abrir o capital um ano e um mês atrás, a empresa levantou, em ofertas primária e secundária, R$ 5,2 bilhões, considerado, até então, um dos dez maiores IPOs da bolsa paulista. Desse montante, a mineradora colocou R$ 1,7 bilhão em seu caixa.

 

Em 2021, a CMIN, que opera uma das maiores e mais ricas minas de ferro do mundo - Casa de Pedra, em Congonhas-MG -, beneficiou-se da escalada do preço da commodity no mercado internacional, assim como suas concorrentes. O minério atingiu média histórica de US$ 160 a tonelada.

A empresa fechou o ano com lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de R$ 10,38 bilhões - margem de quase 58% ante a receita líquida. O lucro líquido atingiu R$ 6,4 bilhões. E virou 2021 com caixa líquido de mais de R$ 6 bilhões - ou seja, dívida negativa.

As ações da mineradora, porém, com exceção de um pico de alta ocorrido por volta de maio, não acompanharam a evolução dos resultados. Negociada no IPO a R$ 8,50, o papel da CMIN fechou a R$ 6,15 no pregão da B3 na sexta-feira, após ter ido a R$ 5,15 em novembro. (ver gráfico acima)

Em relatório na semana passada, o banco Morgan Stanley cortou recomendação de compra do papel para neutro e o preço alvo de R$ 7,50 para R$ 6,50. Os analistas argumentaram perspectiva de queda do preço do minério nos próximos anos - US$ 110 em 2023 e US$ 66 em 2024. Para eles, o setor, como um todo, pode ser impactado com alta de inflação e baixa perspectiva de crescimento. No caso da CMIN, disseram, “pesou a redução nas metas de investimento até 2026”, vindo a reduzir a capacidade de produção.

A visão da empresa é diferente, ressaltam Diniz e Oliva - a CMIN está levando avante o plano de crescimento traçado antes do IPO. “Ha pouca oferta prevista nos próximos três anos e a China - maior comprador mundial da matéria-prima - relaxou a política monetária e fiscal e sinalizou novos investimentos para a área de infraestrutura do país”, afirma Oliva. “Hoje há essa leitura mais positiva”.

Especialistas veem um vácuo de oferta futura de até cinco anos. No Brasil, a Vale tem capacidade travada de produção da ordem de 100 milhões de toneladas que depende de licenças ambientais para mudanças no sistema de barragens e depósito de rejeitos para retomar produção. As australianas Rio Tinto e BHP não tem projetos; apenas a FMG começa operação de uma mina de 20 milhões de toneladas. A Anglo American, no Brasil e África do Sul, também não tem nada robusto, dizem.

Segundo Diniz, a CMIN já superou a questão dos rejeitos após investir R$ 400 milhões em sistemas de filtragem, depositando todo o material a seco em pilhas próprias. E garante que suas barragens tem nível zero de risco dado pelo órgão fiscalizador e que está trabalhando em linha com legislação. “Nosso crescimento não passa por barragens e já temos as licenças que precisamos para avançar com os projetos, pois já operamos com 100% nessa tecnologia”, afirma.

Uma das fontes de minério na expansão é justamente a recuperação de rejeitos existentes na grande barragem de Casa de Pedra, acumuladas ao longo de décadas - estima-se 140 milhões de toneladas. Vai começar com 3 milhões de toneladas em 2023. O volume subirá gradualmente até 2026, chegando a 8 milhões por ano a partir de 2027. “Há muito rejeito a ser processado e com teor de ferro cada vez mais rico, uma vantagem”, informa o CEO.

O grande salto, segundo a CMIN, se dará em 2024, com a adição de 23 milhões de toneladas de minério pellet-feed, de alto teor de ferro (67% após processo de concentração do material). Os equipamentos para as plantas de beneficiamento P-15 e P-4 já estão adquiridos, informam.

Em 2026, explicam os executivos, a fase 1 de expansão da CMIN se completa com 5 milhões e 2,5 milhões de toneladas, respectivamente, adicionais. “Vamos ter um mix de produto muito mais rico em teor. Vamos sair dos 62% atuais e passar para 67%, ficando na liderança dos players globais com um produto premium em 2032, quando a CMIN será a quinta maior do setor”, afirma Oliva.

Atualmente, há três tipos de produto - o pobre, com 58% de teor de ferro, o referência (benchmark), de 62%, e o rico, com 65%.

No processo de descarbonização das clientes (siderúrgicas) a empresa vai levar vantagem, assegura o CFO, ao dispor de produto com 67%, pois o mercado vai demandar minério de alto teor de ferro para produzir pelotas (pellets) e de briquetes (HBI). “Nosso minério vai para esse mercado crescente de matéria-prima que será cada vez mais usada para fazer aço em fornos elétricos”, diz.

Para dar suporte ao crescimento e escoar a produção, a CMIN vai, nesse pacote de investimentos, elevar a capacidade de seu terminal portuário, o Tecar, situado em Itaguaí (RJ). O plano prevê atingir 60 milhões de toneladas em 2025, com um novo berço no píer, novos pátios e nova correia transportadora para carregamento dos navios. Para carregar desde Congonhas ao Tecar, a ferrovia da MRS, concessionária na qual a CMIN tem 18%, só precisará comprar mais locomotivas e vagões, segundo os executivos.

Na avaliação de Oliva, o plano de investimento não vai afetar a política de pagamento da mineradora, que prevê distribuir aos acionistas R$ 4,8 bilhões, incluindo pagamento de juros sobre o capital, referente ao exercício de 2021. “Vamos acessar fontes de recursos de longo prazo para suportar o plano de expansão e, assim, manter a política de dividendos de 80% a 100% do lucro líquido, suportada pela geração de caixa da companhia”.

Para 2022, a mineradora está prevendo produção mais compras de terceiros de 39 milhões a 41 milhões de toneladas, aumento de 10% sobre o ano passado. No volume de vendas, avalia que a empresa conta a vantagem de ter virado 2021 com volume de 4,8 milhões de toneladas de estoques de produto pronto. Além disso, prevê preço médio comercializado por ela melhor que o do ano passado, que foi de US$ 101,31 a tonelada.

Sobre a perspectiva de preços da commodity no mercado internacional, a companhia trabalha com projeção da consultoria especializada Platts, que aponta cotação de US$ 147 até fim do ano.

Diniz lembra que a empresa tem vastas reservas no Quadrilátero Ferrífero de Minas, para mais de 100 anos de vida, o que garante a segunda etapa de crescimento, no período 2026-2032: serão mais duas instalações aptas a processar, cada uma, 28 milhões de toneladas de minério por ano. Para isso, estão previstas mais duas fases de ampliação da capacidade no Tecar: na primeira, ir a 84 milhões de toneladas; na segunda visa 130 milhões daqui a 10 anos.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 28/03/2022

Vale e CSN Mineração: Morgan Stanley corta recomendações com perspectiva de queda do minério

O Morgan Stanley cortou a recomendação de Vale de compra para neutro e elevou o preço-alvo dos recibos de ação (ADRs) negociados na Bolsa de Nova York (Nyse) de US$ 19 para US$ 22, potencial de alta de 10,3% sobre o fechamento de ontem. O banco americano também cortou a recomendação de CSN Mineração de compra para neutro e diminuiu o preço-alvo de R$ 7,50 para R$ 6,50, potencial de alta de 4,33%.

Os analistas Carlos De Alba, Jens Spiess e Ricardo Monegaglia Neto escrevem que a perspectiva de queda do minério de ferro nos próximos anos, indo a US$ 110 a tonelada em 2023 e US$ 66 a tonelada em 2024, de acordo com projeções do Morgan Stanley, vão prejudicar o desempenho das ações e evitar que elas mudem de nível.

O banco destaca que a Vale é negociada a um múltiplo de 2,6 vezes o preço sobre o Ebitda, enquanto na CSN Mineração a relação é de 2,1 vezes, com forte rendimento de geração de fluxo de caixa de 19,1% para Vale e de 14,2% para CSN Mineração.

“Para Vale, vemos pouco potencial de alta para a ação após a forte alta da ação contra o Ibovespa e também sobre as pares no setor”, comentam. No caso de CSN Mineração, pesou a redução nas metas de investimento até 2026, o que vai reduzir capacidade de produção.

O setor de mineração como um todo pode ser impactado com o cenário de alta inflação mundial e baixa perspectiva de crescimento, afirma o Morgan Stanley. Os preços das commodities ainda devem ficar voláteis, em altos patamares, no curto prazo, apontam.

No entanto, a oferta limitada desses insumos, com reduzida perspectiva no aumento da capacidade por parte das empresas, em um momento de alta na demanda por metais, deve sustentar as companhias do setor quando os desafios macroeconômicos reduzirem, ponderam os analistas.


Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 25/03/2022

Severstal: O primeiro calote russo na guerra, siderúrgica não paga dívida no exterior

 Severstal é a primeira empresa da Rússia a perder o prazo para pagamento de juros sobre a dívida externa desde o início da guerra na Ucrânia. O Citigroup barrou a transação e agora a siderúrgica pode ser declarada inadimplente pelos credores.

Embora tenha muito dinheiro em caixa, a companhia não conseguiu liquidar um cupom de US$ 12,6 milhões referente a títulos denominados em dólar. O período de carência de cinco dias terminou na quarta-feira.

A Severstal afirma que deseja pagar, mas que o Citigroup — correspondente bancário da subsidiária que emitiu a dívida — está bloqueando o pagamento. Segundo uma pessoa a par do assunto, o Citigroup orientou a empresa a solicitar permissão do Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros dos EUA (conhecido pela sigla OFAC) antes que o dinheiro seja remetido.

No entanto, nem a empresa nem seus controladores foram sancionados pelo governo americano.

“É uma situação extraordinária para nós”, afirmou o CEO Alexander Shevelev. “Seguimos em consultas com parceiros e fazendo o possível para garantir que os detentores dos títulos recebam os recursos de acordo com os termos da emissão dos títulos. Espero que essa injustiça seja resolvida logo e que os direitos dos detentores dos títulos sejam respeitados.”

Nesta quinta-feira, dois deles confirmaram que não foram pagos.

A empresa em si não está em nenhuma lista de sanções, mas o acionista majoritário, Alexey Mordashov, entrou nas listas da União Europeia e do Reino Unido. Nessas jurisdições, sanções a pessoas físicas geralmente se estendem a todas as empresas que possuem ou controlam.

Mas como Mordashov não foi incluído em sanções dos EUA, a Severstal não fez uma solicitação preventiva ao OFAC, segundo uma fonte com conhecimento da questão.

Um porta-voz do Tesouro dos EUA afirmou na quarta-feira que não poderia fazer comentários sobre interações com uma pessoa ou empresa não sancionada pelo país.

O Citibank de Nova York é o correspondente bancário da subsidiária da siderúrgica em Luxemburgo que emitiu os títulos. O Citibank de Londres atua como agente pagador e fiduciário dos papéis, segundo comunicado da empresa.

O não pagamento é um marco indesejável para os investidores e para as empresas da Rússia. Apesar das muitas sanções e dos novos controles de capital que vêm enfrentando desde a invasão da Ucrânia, a maioria das companhias russas conseguiu liquidar dívidas em moeda estrangeira em tempo hábil. 

A operadora ferroviária do país, por exemplo, atrasou o pagamento de juros, mas transferiu recursos para os detentores dos títulos antes do final da carência.

Para a Severstal, o período de carência foi curto demais para solucionar o problema levantado pelo Citigroup.“A Severstal tem duas opções – a primeira é obter uma licença do OFAC para fazer pagamentos”, disse Dmitry Dorofeev, gestor de carteiras da Alfa-Capital Asset Management em Moscou.

“Se isso não der certo, então haverá um default formal, criação do comitê de credores, contratação de assessores e comunicação com a empresa de reestruturação. Mas é um processo longo.”

Os títulos de dívida somando US$ 800 milhões vencem em 2024 e pagam taxa anual de 3,15%.

Fonte: O Globo
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 25/03/2022

Crise na Ucrânia terá consequências abrangentes nos próximos meses, especialmente pelo impacto nos preços do aço, petróleo e energia

Em meio à guerra, várias empresas globais de construção estão saindo da Rússia, mas não se espera que esses movimentos tenham um impacto significativo na geração de receitas.

Todavia, os efeitos mais amplos da crise, particularmente nos preços de materiais e na energia, terão impacto generalizado no setor, projeta a GlobalData.

Embora não sejam diretamente afetados pelo conflito, os projetos de construção planejados ou já em andamento na Rússia podem ser afetados por questões de financiamento, caso investidores ou líderes de projetos sejam afetados diretamente por sanções e pela retirada de financiadores internacionais.

Ou mesmo pela forte contração do rublo, o que poderia significar que os projetos não são mais viáveis. “Há ainda o risco de grandes rupturas na cadeia de fornecimento”, diz a consultoria.

O envolvimento direto de investidores estrangeiros em projetos na Rússia é baixo, cerca de 1% do total. Empresas chinesas são as mais envolvidas nos megaprojetos atualmente em execução no país, porém atuam em apenas 30 de um total de cerca de 2.000 projetos rastreados pela consultoria.

Por outro lado, haverá uma interrupção significativa na produção e entrega de equipamentos de construção na Rússia, com os principais fabricantes tomando medidas que incluem a suspensão total das operações em território russo.

A Hitachi, por exemplo, decidiu interromper gradualmente a produção em sua fábrica de Tver e cessou as remessas do Japão. As operações comerciais da empresa no país representaram 2,8% de suas receitas no ano passado.

Da mesma forma, a Komatsu anunciou que interromperá temporariamente as entregas, citando restrições da cadeia de fornecimento como resultado da instabilidade geopolítica. A região responde por 5,1% das receitas totais obtidas pela empresa em 2021.

Já a Caterpillar suspendeu suas operações de fabricação devido às interrupções na cadeia de suprimentos, enquanto a John Deere operava um escritório em São Petersburgo e um centro de distribuição de peças em Moscou.

Em 2021, a John Deere obteve 6,1% de suas receitas na Europa Central e na região da CEI (Comunidade de Estados Independentes).

Em paralelo, o governo russo vem elaborando planos para confiscar ativos de empresas estrangeiras que retiraram suas operações do país. “Olhando para as condições de mercado, as empresas de construção global não serão significativamente afetadas por essas ações”, avalia a GlobalData.

“Entretanto, a crise terá consequências de longo alcance para a indústria da construção nos próximos meses, especialmente pelo impacto nos preços do aço, petróleo e energia”, conclui.

Fonte: Revista M&T
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 24/03/2022