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Recursos liberados para venda de veículos atingem R$ 92,8 bi

O primeiro semestre de 2022 – mesmo com a instabilidade gerada pela pandemia de Covid-19 e também pela crise mundial dos semicondutores – registrou crescimento nos recursos liberados para financiamentos de veículos, totalizando R$ 92,8 bilhões em comparação aos R$ 92,6 bilhões registrados no mesmo período do ano anterior. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira pela Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef).

“O segmento automotivo sempre busca novas soluções e flexibilizações para chegar às melhores condições de negociação com os clientes, o que mostra os números das linhas de crédito: as modalidades crescem em diferentes ritmos conforme a demanda, mas sempre apresentam acréscimo”, afirma Paulo Noman, presidente da Anef.

O saldo total das carteiras cresceu para R$ 350,4 bilhões no primeiro semestre de 2022, um aumento de 14,4% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando totalizou R$ 306,2 bilhões.

“A estratégia de adaptação que as instituições adotaram, como flexibilização dos prazos e condições especiais para veículos usados, ajudou o mercado a manter a tendência de crescimento. E em um ano tão atípico, com Copa do Mundo próxima às festas de final de ano e férias escolares, além da eleição presidencial”, declarou Noman.

No âmbito das vendas de veículos de passeio e comerciais leves, manteve-se a tendência no crescimento com pagamento à vista (58%). As vendas via Financiamento CDC, entretanto, apresentaram decréscimo (38%) e, juntamente com o Consórcio (4%) somam 42% do total registrado em 2022.

As vendas de caminhões e ônibus mantêm uma média próxima à registrada no total de 2021: o Financiamento CDC somou 40% do total e compôs a maioria, assim como foi também na soma do ano anterior (45%). As negociações por meio do Finame aumentaram para 28% e as por meio do Consórcio permaneceram em 4%. O pagamento à vista subiu para 27% e o Leasing manteve-se com o 1% restante.

Nas vendas de motocicletas, entretanto, houve uma mudança na tendência de compras: um decréscimo do Consórcio (28% frente aos 32% alcançados no total do ano de 2021), e um aumento no financiamento (39% contra 37% no total de 2021) e negócios à vista (33% frente aos 31% registrados em todo 2021).

Fonte: Monitor Mercantil
Seção: Automobilística & Autopeças
Publicação: 04/10/2022

Veja os planos de Lula e Bolsonaro para a economia

Os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), que terminaram o primeiro turno das eleições em primeiro e segundo lugar, respectivamente, disputam a Presidência da República em uma nova votação em 30 de outubro.

Os postulantes ao Planalto apresentaram planos para a área econômica que apontam para rumos opostos em temas-chave como leis trabalhistas e privatizações.

VEJA AS PRINCIPAIS PROPOSTAS DOS CANDIDATOS

PLANOS ECONÔMICOS DOS CANDIDATOS

O que querem na economia os candidatos à Presidência

Privatizações

Salário mínimo

Auxílio Brasil ou transferência de renda

Emprego e retomada econômica

Teto dos gastos

Reforma tributária

Reforma trabalhista

Reforma da Previdência

Banco Central

Indústria

Energia

PRIVATIZAÇÕES

Lula: Defende a proteção do patrimônio do país e uso das estatais para o desenvolvimento econômico. Fortemente contrário à privatização da Petrobras, da Eletrobras e dos Correios. Quer também fortalecer bancos públicos para fomentar o desenvolvimento

Bolsonaro: Privatizações e concessões para o meio privado são fundamentais, assim como outras parcerias de investimento. Defende que estado foque em saúde, educação, segurança e bem-estar

SALÁRIO MÍNIMO

Lula: Em material publicitário, campanha prometeu reajustes acima da inflação para o salário mínimo. Política de valorização recuperaria poder de compra da população e é considerada essencial para dinamizar a economia

Bolsonaro: Plano de governo não contempla esse item (Bolsonaro só propôs aumento real em 2019; depois, reajustes só pela inflação)

AUXÍLIO BRASIL OU TRANSFERÊNCIA DE RENDA

Lula: Em material publicitário veiculado no fim de agosto, campanha passou a prometer mais R$ 150 por criança de até seis anos (além do mínimo de R$ 600 por lar). Programa prevê recuperar características do Bolsa Família e ampliar garantia de cidadania para os mais vulneráveis. Objetivo é avançar por etapas em direção a um sistema universal com renda básica de cidadania

Bolsonaro: Manutenção do valor de R$ 600, com R$ 200 extras para quem começar a trabalhar (o que já está previsto em lei desde 2021, mas jamais foi regulamentado pelo governo Bolsonaro). Implementar tecnologias para corrigir distorções e anomalias no pagamento dos benefícios, e modernizar o Cadastro Único para ter mais efetividade no direcionamento dos recursos para o público-alvo

EMPREGO E RETOMADA ECONÔMICA

Lula: Retomada dos investimentos em infraestrutura e saneamento, reindustrialização em bases tecnológicas e ambientais, além de promover reforma agrária, a economia criativa e a economia verde. Apoio ao cooperativismo, empreendedorismo e às micro e pequenas empresas

Bolsonaro: Crescimento sustentado no médio e longo prazo, com ganho de produtividade e recuperação do equilíbrio fiscal; cita busca por políticas de formalização do emprego e de ligação de empregabilidade com educação

TETO DE GASTOS

Lula: Revogar o teto dos gastos e rever atual regime fiscal brasileiro, para um que disponha de credibilidade, previsibilidade e sustentabilidade. Objetivo é "colocar os pobres no Orçamento e os super-ricos pagando impostos"

Bolsonaro: Plano de governo não cita especificamente o teto, mas afirma que governo vai continuar com esforços para garantir estabilidade econômica e sustentabilidade da trajetória da dívida pública através de ajuste fiscal no médio e longo prazo

REFORMA TRIBUTÁRIA

Lula: Propõe reforma que simplifique tributos e que faça os pobres pagarem menos e os ricos, mais. Também promete combate à sonegação, simplificação de impostos, redução da tributação do consumo, e desoneração de produtos com maior valor agregado

Bolsonaro: Isenção de Imposto de Renda para trabalhadores que recebam até cinco salários mínimos; redução e simplificação de impostos

REFORMA TRABALHISTA

Lula: Revogação de trechos da reforma trabalhista e nova legislação com proteção social, focada em autônomos, domésticos, teletrabalho, home office e trabalhadores mediados por aplicativos

Bolsonaro: Políticas para formalização dos trabalhadores informais e na redução da taxa de informalidade, por meio de contratos de trabalho específicos

REFORMA DA PREVIDÊNCIA

Lula: Reconstrução da seguridade e da previdência social para ampla inclusão dos trabalhadores, revisando medidas aprovadas pelo governo Bolsonaro

Bolsonaro: Governo continuará e fortalecerá o aprimoramento do sistema previdenciário, com o objetivo de garantir a sustentabilidade financeira e a justiça social

BANCO CENTRAL

Lula: Tarefa prioritária será coordenar a política econômica para combater a inflação e enfrentar a carestia, em particular a dos alimentos e a dos combustíveis e eletricidade

Bolsonaro: Governo continuará rigorosamente respeitando o regime de metas da inflação e independência do Banco Central

INDÚSTRIA

Lula: Reverter o processo de desindustrialização e promover a reindustrialização de setores e dos associados à transição para a economia digital e verde; política industrial deve manter o foco nas prioridades do país e alavancar a capacidade tecnológica nacional e a inovação

Bolsonaro: Agregar valor em exportações, aumentar a produção nacional de fertilizantes; siderurgia, metalurgia e indústrias de base também devem receber especial atenção

ENERGIA

Lula: Garantir a soberania e a segurança energética do país, com ampliação da oferta, aprofundando a diversificação da matriz, com expansão de fontes limpas e renováveis a preços compatíveis com a realidade brasileira

Bolsonaro: Oferecer energia de acordo com a demanda atual; diversificação na produção e utilização de energia renovável e limpa, sem comprometer aspectos como gás natural com alternativa para diversos setores produtivos, como petroquímica e fertilizantes.

Fonte: Folha de São Paulo
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 03/10/2022

Desemprego cai para 8,9% em trimestre encerrado em agosto, diz IBGE

O desemprego no Brasil caiu para 8,9% com a queda de 0,9 ponto percentual registrada no trimestre encerrado em agosto, em comparação com o período anterior, terminado em maio.

O percentual é ainda o menor patamar desde o trimestre encerrado em julho de 2015, quando atingiu 8,7%. O contingente de pessoas ocupadas ficou em 99 milhões, batendo novamente o recorde na série histórica, iniciada em 2012. Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, foram divulgados hoje (30) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O percentual de pessoas ocupadas em idade de trabalhar, que representa o nível de ocupação, foi estimado em 57,1%. O resultado significa avanço em relação ao trimestre anterior. Naquele período o nível de ocupação ficou em 56,4%. Ficou também acima do mesmo período do ano passado, quando registrou 53,4%.

Para a coordenadora da Pnad, Adriana Beringuy, o mercado de trabalho mostra recuperação. “O mercado de trabalho segue a tendência demonstrada no mês passado, continuando o fluxo que ocorre ao longo do ano, de recuperação”,observou.

De acordo com a pesquisa, três atividades contribuíram para o recuo do desemprego em agosto com aumento da ocupação. O setor de Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas teve alta de 3% em relação ao trimestre anterior, adicionando 566 mil pessoas ao mercado de trabalho.

O crescimento de 2,9% em Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais representou mais 488 mil pessoas empregadas, enquanto a alta de 4,1% no grupo Outros serviços significou a entrada de 211 mil pessoas.

Evolução

O número de trabalhadores desocupados atingiu 9,7 milhões de pessoas e caiu ao menor nível desde novembro de 2015. Segundo a pesquisa, o resultado corresponde a uma queda de 8,8% ou menos 937 mil vagas formais na comparação trimestral e queda e 30,1%, (menos 4,2 milhões de trabalhadores), na comparação com o mesmo período do ano passado.

O contingente de empregados sem carteira assinada no setor privado chegou a 13,2 milhões de pessoas. O número é o maior da série histórica, iniciada em 2012. Na comparação com o trimestre passado, houve alta de 2,8% no trimestre ou mais 355 mil trabalhadores sem carteira assinada. Na comparação anual, houve alta de 16% na informalidade - 1,8 milhão de pessoas.

Já o total de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado, sem contar os trabalhadores domésticos, subiu 1,1% e atingiu 36 milhões.

O número de trabalhadores por conta própria ficou em 25,9 milhões de pessoas e manteve a estabilidade se comparado ao trimestre anterior. No setor público alta foi de 4,1% e contingente chegou a 12,1 milhões.

A pesquisa indicou ainda que há 4,3 milhões de pessoas (3,8%) que o instituto classifica como desalentada - que gostariam de trabalhar e estariam disponíveis, porém não procuram vagas por achar que não encontrariam. O resultado neste quesito manteve a estabilidade.

Rendimento médio

Após dois anos sem crescimento, pelo segundo mês seguido, o rendimento real habitual registrou alta. Em agosto, o salário médio do trabalhador brasileiro alcançou R$ 2.713. O valor representa um avanço de 3,1% em relação ao trimestre anterior, apesar de mostrar estabilidade na comparação anual.

“Esse crescimento está associado, principalmente, à retração da inflação. Mas a expansão da ocupação com carteira assinada e de empregadores também são fatores que colaboram”, completou a coordenadora.

Fonte: Agência Brasil
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 03/10/2022

Ibre: Índice da Confiança da Construção cresce 3,5 pontos em setembro

O Índice de Confiança da Construção (ICST) calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV-Ibre) avançou 3,5 pontos em setembro e alcançou 101,7 pontos.

É o maior nível desde novembro de 2012, quando ficou em 102,3 pontos. A alta no acumulado do ano atingiu 5 pontos. Já nas médias móveis trimestrais, o índice registrou elevação de 1,4 ponto.

De acordo com o Ibre, a melhora das avaliações sobre o momento atual e das perspectivas para os próximos meses contribuíram para o resultado no mês. O Índice de Situação Atual subiu 1,3 ponto e atingiu 97,7 pontos. Desde janeiro de 2014, quando ficou em 98,3 pontos, não tinha nível tão alto.

Na avaliação dos pesquisadores, a variação resulta, principalmente, de uma percepção mais favorável dos empresários sobre a situação atual dos negócios. Esse indicador subiu 1,8 ponto, passando para 98 pontos. Outro aumento foi registrado no indicador que mede volume da carteira de contratos (0,9 ponto), que com o desempenho atingiu 97,4 pontos.

O Índice de Expectativas (IE-CST) subiu 5,6 pontos chegando a 105,7 pontos. A alta, segundo o Ibre, teve impacto do otimismo em relação à tendência dos negócios nos próximos 6 meses e da demanda no curto prazo, cujos indicadores avançaram 8,8 ponto e 2,5 pontos para 106,1 pontos e 105,3 pontos, respectivamente.

Capacidade – Com a variação de 0,3 ponto percentual (p.p), atingindo 78%, o Nível de Utilização da Capacidade (Nuci) da Construção ficou relativamente estável, como também o Nuci de Mão de Obra, que se manteve aos 78,9%. Já o Nuci de Máquinas e Equipamento variou 0,5 ponto percentual para 73,2%.

Ainda em setembro, 26,1% dos empresários continuaram apontando o custo da matéria-prima como a principal limitação à melhoria dos negócios. Apesar de ainda ser um patamar muito superior ao período pré-pandemia, já representa uma queda expressiva após alcançar um recorde 40% de citações em 2021, o que reflete o movimento de desaceleração de alta nos preços dos materiais no período. Se comparado a setembro de 2021, a queda é de 11,5 pontos percentuais.

A coordenadora de Projetos da Construção do FGV-Ibre, Ana Maria Castelo, considerou bastante significativa a indicação de melhora do ambiente de negócios da construção em setembro.

Para ela, o índice de confiança ultrapassou a marca de neutralidade, revelando a prevalência de um sentimento de otimismo. A coordenadora ressaltou que nem todos os segmentos setoriais avançaram na mesma direção, mas no segmento de Edificações houve uma recuperação importante, que mostra um sentimento de confiança semelhante ao alcançado no início de 2014.

“O resultado da sondagem de setembro fortalece as projeções de um crescimento vigoroso para a construção em 2022, impulsionado pelo ciclo de negócios das empresas. No entanto, os desafios para a continuidade desse crescimento permanecem ante as fragilidades fiscais, que devem comprometer os investimentos públicos e a perspectiva da manutenção das taxas de juros elevadas por muito mais tempo”, disse.

Fonte: Grandes Construções
Seção: Construção, Obras & Infraestrutura
Publicação: 03/10/2022

 

Por que o titânio não é usado na construção civil no lugar do aço?

Se o titânio é tão forte como mostrado no cinema, por que esse metal não pode ser usado na construção civil para erguer prédios ou construir pontes "inquebráveis"? A reposta é simples: o titânio, apesar de toda sua resistência, é pior que o aço para este tipo de finalidade.

É verdade que algumas ligas de titânio são mais fortes que certos tipos de aço, mas alguns aços especiais — principalmente aqueles amplamente utilizados em projetos de construção civil — são muito mais resistentes, maleáveis e baratos que o melhor pedaço de titânio já encontrado.

"O titânio é 10 vezes mais raro, cinco vezes mais caro e emite cinco vezes mais dióxido de carbono do que o aço convencional. Só esses fatores já são suficientes para explicar porque esse metal não é utilizado na fabricação de vergalhões no lugar do aço", explica o professor do Departamento de Engenharia e Construção Civil da Escola Politécnica da USP Vanderley John.

Metal dos Titãs

O titânio é um metal de transição que agrega valor a ligas metálicas por ser leve e resistente. No entanto, ele não é um bom condutor elétrico ou térmico, o que o torna ideal para aplicações em materiais refratários ou que necessitem de um nível superior de resistência à oxidação.

Esse metal foi descoberto em 1791 pelo mineralogista inglês William Gregor, que extraiu fragmentos do titânio de uma rocha de ilmenita. Quatro anos mais tarde, o mineral também foi encontrado numa rocha de rutilo pelo farmacêutico alemão Martin Heinrich Klaproth, que deu ao material o nome de titânio — uma referência à força dos titãs, personagens da mitologia grega.

O titânio está entre os 10 elementos mais abundantes da crosta terrestre, podendo ser encontrado em minerais e em 97,9% das rochas ígneas (constituídas pela solidificação do magma fundido). Os países com as maiores reservas desse metal são Austrália, África do Sul, Canadá, Noruega e Ucrânia, que, juntos, representam 86% do titânio mundial.

Aço x titânio

Um dos principais fatores que impossibilitam o uso do titânio em vez do aço na construção civil é o preço. Enquanto uma tonelada de titânio custa aproximadamente US$ 7 mil (quase R$ 38 mil na cotação atual), enquanto a mesma quantidade de aço é vendida por US$ 1,5 mil (cerca de R$ 8 mil).

Outra desvantagem do titânio é a resistência. Qualquer titânio tem a metade da rigidez — até que ponto um material vai esticar quando uma tensão é aplicada — de qualquer aço já fabricado. Para comparação, para um aço e uma liga de titânio com a mesma resistência, o titânio sempre dobrará e esticará duas vezes mais que o aço.

"O titânio tem uma elasticidade de 100GPa, ou seja, menos da metade do módulo do aço que é de 210GPa. Na prática, muito do consumo de materiais metálicos é dependente desta propriedade. Além disso, a produção global de titânio anual é de cerca de 8 milhões de toneladas, enquanto a do aço é de quase 2 bilhões de toneladas", acrescenta John.

Quando o titânio é melhor que o aço?

Os aços geralmente são fáceis de soldar, modelar, esculpir e perfurar, enquanto as ligas de titânio geralmente necessitam de processos de soldagem especiais, são difíceis de forjar ou laminar, e precisam passar por técnicas especiais de usinagem e perfuração, devido a sua estrutura pegajosa.

Como é um material caro, as aplicações do titânio se voltam para produtos de alto valor agregado. A maior parte é usada na fabricação de pigmentos e bloqueadores de UV (óxidos para filtro solar, polímeros e tintas). O metal também pode ser usado em implantes biológicos por conta do baixo índice de rejeição.

"Tirando o museu Guggenheim de Bilbao, na Espanha, eu não conheço nenhuma outra construção que utiliza titânio em sua estrutura principal. Uma das poucas vantagens nesse sentido é que esse metal não corrói, mas sua interface sofre incrustações que deixam o produto vermelho. Resumindo, o titânio jamais substituirá o aço na construção civil", encerra o professor Vanderley John.

Fonte: Terra
Seção: Construção, Obras & Infraestrutura
Publicação: 03/10/2022

Brasil importa mais da China com energia solar e insumo agrícola

De carona na expansão da energia solar no Brasil e aproveitando a demanda por insumos agrícolas, as importações chinesas avançam neste ano mais que a média das importações totais brasileiras. De janeiro a agosto deste ano a importação de produtos chineses somou US$ 39,74 bilhões, com alta de 35,1% em relação ao ano passado e de 63,8% em relação a 2019, período pré-pandemia, sempre considerando o acumulado dos oito meses. A média do total das compras externas brasileiras cresceu 32,3% e 44,3%, respectivamente.

Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex/ME) mostram que as importações de produtos chineses foram puxadas por painéis e equipamentos solares e insumos agrícolas. Juntos, esses dois grupos somaram pelo menos US$ 8 bilhões em compras externas de janeiro a agosto de 2022, o equivalente a 20% dos desembarques made in China do período. Foram US$ 5,12 bilhões a mais em importações desses produtos chineses, o que responde por quase metade do avanço de US$ 10,3 bilhões nas compras originadas do país asiático de janeiro a agosto do ano passado para mesmos meses deste ano.

O primeiro no ranking dos itens chineses mais importados pelo país são equipamentos e dispositivos elétricos e eletrônicos que somam US$ 3,55 bilhões e dos quais 95% são módulos ou painéis solares ou fotovoltaicos. O valor representa 8,9% do total desembarcado da China nos oito primeiros meses deste ano, é mais que o dobro dos US$ 1,43 bilhão importados em igual período do ano passado e cinco vezes os US$ 700 milhões de 2019, sempre considerando de janeiro a agosto.

Mais do que aumentar a exportação, a China é praticamente a única fornecedora externa desses itens, por enquanto. Vendeu ao Brasil 95% do que o país importou de janeiro a agosto em módulos e painéis fotovoltaicos.

Os fornecedores chineses aproveitam um momento de expansão de energias renováveis no Brasil ao mesmo tempo em que o país asiático precisa diversificar sua própria matriz energética, aponta José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). Com a promessa de tornar-se neutra na emissão de carbono até 2060, a China, aponta Castro, tem na energia solar uma das suas apostas, dentro de um plano que propicia o desenvolvimento de tecnologias na área e viabiliza a diversificação na exportação de produtos ligados a fontes renováveis.

Dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) mostram o avanço da energia solar no Brasil. A potência instalada no país nessa fonte saltou de 13,82 GW em 2021 para mais de 19 GW em setembro deste ano. A energia fotovoltaica representa atualmente 9,1% da matriz energética brasileira. Segundo a Aneel, em agosto o Brasil ultrapassou 185 GW na capacidade total de geração de energia elétrica. Dos 650,14 MW de potência agregada no mês, 57% vieram de usinas solares.

Rafael Cagnin, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), lembra ainda a chamada “taxação do sol”, que deve valer a partir de 2023, trazendo tributação não existente hoje para quem instala painéis solares em casa. Isso, diz, também pode ter acelerado a instalação do sistema fotovoltaico em 2022, não só em razão do benefício tributário previsto para quem adotar a fonte até janeiro do ano que vem como também estimulada pelo alto custo da energia. “É preciso lembrar que a China tem competitividade quase imbatível na produção de painéis solares no mundo”, diz.

Outro grupo que chama a atenção na pauta de importação origem China neste ano é o formado por inseticidas, fungicidas, herbicidas, fertilizantes, adubos e suas matérias-primas. A importação desses insumos agrícolas somou pelo menos US$ 4,46 bilhões de janeiro a agosto deste ano, três vezes o US$ 1,45 bilhão do ano passado e mais de quatro vezes o US$ 1 bilhão de 2019. sempre em iguais meses.

Para Castro, é surpreendente que a China, grande destino da soja brasileira, agora se destaque com o fornecimento de insumos agrícolas para o Brasil. O quadro, diz Cagnin, se explica pela escassez desses produtos no mundo, intensificada pela guerra entre Ucrânia e Rússia, e pela grande dependência brasileira desse itens. Segundo dados do governo, cita o economista do Iedi, 85% da demanda interna por fertilizantes é atendida pelas importações.

A grande entrada de produtos chineses no Brasil fica mais evidente quando se decompõe as inportações por preço e volume. O volume importado do país asiático avançou 13% de janeiro a agosto deste ano contra 2021 e 34,9% contra 2019. Taxas bem maiores que a da importação total brasileira, que aumentou em 3% e 12%, respectivamente, mantendo sempre a comparação em relação ao acumulado até agosto.

A compensação se deu pelos preços, mais contidos nas importações origem China, com alta de cerca de 20% tanto em relação ao ano passado quanto contra 2019, sempre de janeiro a agosto. Sob o mesmo critério, os preços médios da importação total brasileira subiram em torno de 28% também nas duas comparações.

Os dados de preços e volumes foram levantados no âmbito do Indicador de Comércio Exterior (Icomex) apurado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre).

A dinâmica das importações de produtos chineses contrasta com a do fornecimento dos Estados Unidos, segundo país que mais exporta ao Brasil.

O desembarque de produtos americanos somou US$ 34,93 bilhões de janeiro a agosto deste ano, com alta de 48,1%, em relação a iguais meses do ano passado. O desempenho foi puxado por preços, que avançaram 49,3% enquanto o volume caiu 1,2%. Em relação a igual período de 2019, os preços subiram 56,9% e a quantidade caiu 25%.

O movimento diverso, aponta Castro, é explicado pela diferença entre a pauta de importação origem China e a de origem EUA. Enquanto as compras externas originadas do país asiático são mais pulverizadas, há maior concentração na cesta brasileira de compras de produtos americanos. Nas importações de origem EUA, 31,3% dos desembarques são em petróleo bruto e seus óleos combustíveis, incluindo minerais betuminosos, o que explica o avanço de preços, sob influência das altas cotações do barril do Brent no decorrer de 2022, após a invasão da Ucrânia pela Rússia.


Fonte: Valor
Seção: Energia, Óleo & Gás
Publicação: 03/10/2022