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CSN tenta manter preços de aço estáveis no Brasil, avaliará aumento em setembro

A CSN está produzindo aço em ritmo maior desde julho, após um primeiro semestre em que enfrentou problemas operacionais em sua usina no Rio de Janeiro, e espera conseguir manter os preços da liga no mercado interno no curto prazo, apesar do forte aumento das importações no Brasil.

Porém, como a empresa está vendo uma tendência de alta nos preços do aço na China nos próximos meses, a companhia vai avaliar um eventual aumento no Brasil em setembro, disse nesta quinta-feira o diretor comercial da CSN, Luis Fernando Martinez, em conferência com analistas.

“Vamos lutar muito para ter estabilidade de preços e, dependendo do que acontecer na China, poderemos pensar em realinhamento de preços no Brasil para setembro”, disse Martinez. “Chegamos a ter margem de 500 dólares por tonelada e hoje caiu muito. Vamos ter que puxar (o crescimento de margem) de alguma maneira com redução de custos e tentar recuperar um pouco com o preço”, acrescentou.

Segundo o executivo, a tendência de alta nos preços de aço da China decorre de uma previsão de produção menor no segundo semestre por preocupações ambientais, siderúrgicas locais com margens negativas diante dos preços baixos da liga e pacote de estímulo econômico do governo.

A companhia divulgou na noite da véspera queda de 23% no lucro líquido sobre um ano antes, pressionada por preços baixos de aço e minério de ferro e produção menor de aço, enquanto o segmento de cimento viu queda de margem também por preços internos “em recuperação”.

IPO em cimentos?

A operação de cimento da CSN viu a margem desabar de 34,2% no segundo trimestre do ano passado para 19,6% no mesmo período deste ano. Mas diante de fatores que incluem captura de sinergias derivadas da aquisição dos ativos da LafargeHolcim a empresa espera chegar a entre 25% e 30% nos próximos trimestres.

A área de cimentos está há anos nos planos da CSN para um IPO, e uma eventual operação do tipo poderia ajudar a frear o momento de elevação da alavancagem do grupo, que alcançou 2,78 vezes ao final de junho ante 1,31 vez um ano antes. A meta da companhia em 2023 é ter relação dívida líquida sobre Ebitda de 1,75 a 1,95 vez.

O diretor financeiro da CSN, Marcelo Cunha Ribeiro, afirmou que o IPO, se realizado, tem potencial para reduzir o endividamento em 3 bilhões de reais e que a entrada de eventual sócio nas operações de energia elétrica do grupo poderá reduzir a alavancagem em outros 3 bilhões.

“Temos tido conversas bastante interessantes (sobre parceria em energia), mas não temos pressa”, afirmou Ribeiro, citando, porém, que uma decisão sobre um sócio para o negócio pode ocorrer “até o final do ano”.

Enquanto isso não acontece, a CSN vai reduzir para 1 bilhão de reais o pagamento de dividendos no segundo semestre em relação aos valores “extraordinários” pagos nos últimos trimestres, disse Ribeiro.

“O plano é retornar a este nível anterior. Vai melhorar o fluxo de caixa, o que vai ajudar na redução da alavancagem, junto com potencial parceria em energia e IPO em cimentos”, afirmou sem dar detalhes sobre prazos.

Fonte: Reuters
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 04/08/2023

Corte da Selic é bem-vindo, mas indústria só sentirá efeito em 2024, diz Fiesp

A decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) de cortar a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual, para 13,25%, é bem-vinda, mas não altera por ora a situação da indústria brasileira, disse nesta quarta (2) o economista-chefe da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Igor Rocha.

"Não esperamos efeitos grandes. Só em seis meses, ou seja, no próximo ano", afirmou Rocha à Folha logo após a publicação da decisão dos diretores do Banco Central.

O economista destaca que o patamar da Selic no país ainda é muito alto e, ao contrário de outros setores, a indústria de transformação não é beneficiada por créditos subsidiados, como o agronegócio, por exemplo.

Por isso, Rocha explica que a indústria é a mais sensível aos juros altos, sendo 50% mais afetada ao aperto monetário em comparação com os outros setores da economia.

O economista vê como positiva, contudo, a indicação dada pelos membros do comitê, no comunicado divulgado junto da decisão, de mais cortes na mesma proporção da Selic nas próximas reuniões do Copom.

O economista estima que a taxa básica de juros deve chegar ao fim do ano um pouco abaixo de 12%, se não houver nenhuma surpresa negativa até lá.

Segundo Rocha, caso o real se valorize ainda mais ante o dólar e a inflação mantenha trajetória de queda, pode haver espaço ainda neste ano para um corte mais intenso dos juros, de 0,75 ponto percentual.

O economista-chefe da Fiesp diz que não se surpreendeu com a decisão do Copom, já que a maioria dos operadores de mercado já apostavam nesse resultado.

SETOR PRODUTIVO DIZ QUE DECISÃO É 'ACERTADA'

O presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Robson Braga de Andrade, considera acertada a decisão do BC desta quarta-feira. "Não compromete o processo de combate à inflação e evita um desaquecimento maior da indústria e da economia."

Andrade também diz acreditar que, se o cenário de descompressão da inflação se mantiver nos próximos meses, há espaço para cortes mais intensos da Selic.

"As expectativas de inflação têm passado por sucessivas revisões para baixo e a apreciação da taxa de câmbio, nos últimos meses, também representa mais um elemento positivo para esse cenário de controle da inflação", diz Andrade.

Em nota, a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) também usou a palavra "acertada" para se referir à deliberação do Banco Central sobre os juros.

"A inflação no Brasil é hoje umas das mais baixas do mundo", diz a entidade. "O início do ciclo de queda da taxa de juros é um primeiro passo para um novo momento do varejo brasileiro."

A entidade indicou que, para o setor varejista, o movimento de ciclo de baixa dos juros já poderá ser sentido em breve.

"Mesmo que gradual, esse movimento vai aliviar o orçamento das famílias e das empresas que se endividaram muito na pandemia, abrindo espaço para o aumento do consumo e para a melhoria das condições de crédito", afirma a CNC.

Setor também fortemente afetado pela alta da taxa básica de juros, a construção civil comemorou o corte da Selic.

A Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias) diz, em nota, que considera positiva a redução dos juros em 0,5 ponto percentual, e que espera um movimento contínuo para que a Selic se estabilize em patamar baixo no longo prazo.

Segundo o presidente da entidade, Luiz França, o corte na taxa básica de juros é essencial para a incorporação imobiliária e a construção civil, uma vez que os financiamentos habitacionais de imóveis de médio e alto padrão são impactados pela contração da política monetária.

Fonte: Folha de São Paulo
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 03/08/2023

CSN Mineração: Vendas de minério somam 11,258 mi/ton no 2º trimestre

A CSN Mineração vendeu 11,258 milhões de toneladas de minério de ferro no segundo trimestre de 2023, alta de 49% ante o mesmo período do ano anterior e 31% a mais em relação aos três primeiros meses do ano, segundo balanço da companhia.

A CSN Mineração informou que o trimestre foi marcado por uma atividade mais fraca na China, principalmente no setor imobiliário, enfraquecendo as expectativas de maior demanda de minério de ferro e pesando sobre as perspectivas de preço.

O preço do minério apresentou média de US$ 110,9/dmt (tonelada métrica seca) ao longo do segundo trimestre deste ano, patamar 11,6% inferior ao do primeiro trimestre (US$ 125,5/dmt), mas 12,1% maior ante o quarto trimestre (US$ 99,0/dmt).

Em relação ao frete marítimo, a Rota BCI-C3 (Tubarão-Qingdao) atingiu média de US$ 21,06/wmt (tonelada métrica úmida) no período, o que representa um aumento de 15,7% em relação ao custo de frete do trimestre anterior. Segundo a companhia, o resultado reflete a menor oferta de navios no Oceano Atlântico, em razão de uma maior demanda do mercado australiano.

O custo dos produtos vendidos (CPV) da mineração totalizou R$ 2,620 bilhões, um aumento de 17,6% frente ao primeiro trimestre. “Impactado por um maior volume de minério, incluindo maior volume de compras”, informou a empresa.

O custo C1 (custo direto de produção), por sua vez, atingiu USD 21,7 por tonelada, valor 5,7% abaixo do verificado nos três primeiros meses do ano, refletindo a maior diluição de custo fixo e os menores custos unitários de despesas de vendas, gerais e administrativas (SG&A) verificados no período.

Fonte: Isto É Dinheiro
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 03/08/2023

9 perguntas (e respostas) sobre o Acordo Mercosul - União Europeia

Você já deve ter ouvido falar sobre o Acordo Mercosul-União Europeia, mas sabe o que ele representa para a indústria brasileira e para a economia do país? Discutido por mais de duas décadas, o acordo é o mais ambicioso e abrangente já negociado pelo Mercosul e deve se tornar um novo marco para a integração internacional do setor industrial brasileiro. Para que isso aconteça o quanto antes, a indústria defende a celebração formal do acordo sem reabertura das negociações, concluídas em junho de 2019.

A agência de notícias da indústria preparou um Perguntas e Respostas para tirar as suas dúvidas sobre o tema. 

Antes de começar, vamos lembrar o que são acordos: são tratados firmados entre países ou grupos de países para obter benefícios mútuos a fim de fomentar o comércio e/ou os investimentos entre eles. Os acordos definem regras que podem resultar em mais previsibilidade e segurança jurídica para o ambiente de negócios e podem prever mecanismos como a redução de tarifas de importação e fim de barreiras não tarifárias ao comércio entre seus membros, por exemplo.

No caso, o acordo facilita a relação comercial comércio entre os países do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) e os da União Europeia.

O que você vai entender nesse conteúdo? 

O que é o acordo
Quem faz parte
Quais os benefícios para o Brasil
Como o acordo ajuda a neoindustrialização no Brasil
O que tá faltando pra entrar em vigor
Os prazos 
O acordo e compras governantes 

1) O que propõe o acordo Mercosul - União Europeia?

O Acordo entre o Mercosul e a União Europeia estabelece uma série de medidas para facilitar o comércio entre os dois blocos. Por exemplo, o Imposto de Importação será eliminado para mais de 90% dos bens comercializados entre os países dos dois blocos após um período de transição.

Mas não se trata só de um tratado de livre comércio. Como um acordo de associação entre dois blocos regionais, ele prevê regras que vão reacender e tornar mais dinâmico o diálogo político e institucional entre os envolvidos, além, é claro, de abrir aos poucos os mercados dos blocos.

Pelo lado econômico e comercial, o acordo vai permitir que as empresas brasileiras sejam mais competitivas, barateando os custos de insumos produtivos e permitindo maior acesso preferencial ao mercado europeu. Além disso, a sociedade brasileira vai ser beneficiada com produtos mais baratos, mais investimentos no país e mais empregos formais. 

Pelo lado político e de cooperação, o acordo vai viabilizar diversos instrumentos de diálogo e coordenação política em assuntos estratégicos para o desenvolvimento econômico, social, ambiental e industrial do país, em temas como paz e segurança, democracia, mudanças climáticas, energia, direitos humanos, entre outros. 

2) Quantos países estão envolvidos no acordo Mercosul-União Europeia?

Ao todo, são 31 países: quatro do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) e 27 da União Europeia (Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Croácia, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Polônia, Portugal, República Tcheca, Romênia e Suécia).

3) Por que o acordo com a União Europeia é importante para o Brasil?

Nas últimas décadas, a integração internacional da indústria de transformação tem enfrentado desafios. Por um lado, o Brasil está exportando cada vez mais produtos primários de menor valor agregado; por outro, há uma concentração das nossas vendas externas em poucos mercados. Em um mundo complexo como o atual, em que tensões geopolíticas voltaram à tona, este contexto da integração internacional da economia brasileira requer uma atenção especial. 

Assim, o acordo com a UE é essencial para revitalizar o comércio exterior e os investimentos bilaterais. Aprofundar as relações com o segundo principal parceiro comercial do Brasil e o principal investidor estrangeiro na nossa economia significa, também, promover a competitividade e a produtividade da indústria nacional de forma equilibrada, pragmática e sustentável. 

Quando estiver em vigor, o tratado vai formar uma das maiores áreas de livre comércio do planeta, com quase 720 milhões de pessoas e cerca de 20% da economia global. Isso vai possibilitar às empresas brasileiras de todos os tamanhos novas oportunidades de integrarem uma corrente comercial que registrou, em 2022, mais de US$95 bilhões. Na prática, a expectativa é que o país cresça mais, criando mais empregos e mais desenvolvimento.

 

4) Quais são os principais benefícios para o Brasil?

> Menos imposto de importação: mais de 6,6 mil produtos que hoje têm algum imposto de importação cobrado pela UE deixarão de ter essa cobrança com a entrada em vigor do acordo. A expectativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) é que cerca de 95% de todos os bens industriais tenham o imposto de importação zerado em até 10 anos ao entrar no mercado europeu, sendo que mais da metade destes produtos, quase três mil bens industriais, terão o benefício imediatamente quando o acordo entrar em vigor. Se os compromissos já valessem em 2022, cerca de R$ 13 bilhões em exportações brasileiras à UE não teriam pago imposto de importação.

> Incentivo à criação de empregos: no ano passado, China e UE foram, respectivamente, o primeiro e o segundo principais parceiros comerciais do Brasil. Para cada R$ 1 bilhão em exportações brasileiras à União Europeia, mais de 21,4 mil empregos foram criados no Brasil, segundo estimativas da CNI. Na relação com a China, a cada bilhão exportado, 15,7 mil empregos são criados, apesar do maior volume de vendas para o mercado chinês.

Essa diferença acontece por dois principais motivos: 

O Brasil exporta à UE mais bens industriais do que à China e;
A  indústria de transformação provoca um efeito positivo na economia muito maior do que outros setores.

É por isso que aprofundar as relações comerciais com o bloco europeu tem enorme potencial de criar empregos e promover o desenvolvimento socioeconômico ao atrair mais investimentos em território brasileiro.

> Diversificação das exportações: em 2022, apenas os dez produtos brasileiros mais exportados à UE representaram mais de 60% do valor total das vendas do Brasil ao mercado europeu. A entrada em vigor do acordo vai possibilitar a diversificação do que exportamos e ajudar a retomar a participação da indústria de transformação no comércio bilateral com a UE – que caiu mais de 18 pontos percentuais (p.p.) nas últimas duas décadas, de 68% para 49%.

> Fomento ao desenvolvimento sustentável: a implementação do acordo é um avanço adicional a favor de políticas trabalhistas, ambientais e climáticas nacionais. Vale lembrar que o acordo Mercosul-União Europeia tem um capítulo dedicado à promoção do desenvolvimento sustentável nas duas partes. Por exemplo, uma das regras proíbe que qualquer país alivie suas políticas ambientais ou trabalhistas para fazer mais comércio ou atrair mais investimentos. Além disso, o tratado reafirma os compromissos assumidos pelas partes de cumprir o Acordo de Paris e a Convenção Quadro de Mudanças Climáticas da ONU.

 

5) Como o acordo vai ajudar a neoindustrialização do Brasil?

Além dos benefícios já apresentados, é importante lembrar que o acordo reconhece os diferentes estágios de desenvolvimento econômico e industrial dos países do Mercosul e da União Europeia. Esse reconhecimento permite que o acordo seja balanceado e equilibrado para as duas partes.

Na prática, isso significa que os países do Mercosul vão ter alguns benefícios a mais. Por exemplo, terão cinco anos a mais para zerarem as tarifas nos produtos que ofertaram à UE (os europeus vão retirar tarifas em até 10 anos, e o Mercosul em até 15 anos). Bens de indústrias sensíveis e estratégicas, como veículos de passageiros, máquinas, autopeças e químicos, não terão suas tarifas removidas imediatamente pelo Brasil quando o acordo começar a valer. 

No caso de automotivos, por exemplo, os veículos europeus vão deixar de ter tarifas no Brasil só depois de 15 anos após a entrada em vigor – nada muda para esses produtos pelos primeiros sete anos, e, depois, o imposto de importação do Mercosul vai ser gradualmente reduzido e os carros europeus estarão sujeitos a cotas de 50 mil unidades (32 mil sendo do Brasil). Esses benefícios vão possibilitar que os membros do Mercosul se adaptem e se ajustem à competição com os produtores europeus.

6) Se o acordo já foi negociado, o que falta para entrar em vigor?

Primeiro, o tratado precisa ser formalmente assinado pelas partes. O que ocorreu em junho de 2019 foi a finalização das negociações, resultando em um acordo inicial. Agora, esse texto precisa ser celebrado pelas autoridades dos dois blocos – etapa que a CNI defende que seja realizada ainda em 2023.

Já para entrar em vigor, os compromissos precisam ser ratificados pelos países. No Mercosul, isso acontece nos congressos nacionais de cada um dos quatro membros. Já na UE, o parlamento europeu precisa autenticar parte do acordo, e os parlamentos dos estados membros precisam ratificar outras partes. 

Neste momento, o processo está em fase de negociação de um instrumento adicional ao texto acordado em 2019 – conhecido como side letter ou joint instrument –, apresentado ao Mercosul pelo bloco europeu no primeiro semestre deste ano. 

7) O que é o instrumento adicional apresentado pela UE ao Mercosul e o que propõe?  

Um documento adicional para reforçar as regras do capítulo de Comércio e Desenvolvimento Sustentável (CDS). No começo deste ano, os europeus propuseram a side letter ao bloco sul-americano para evitar que o aumento no comércio e nos investimentos entre as duas regiões tenha impactos socioambientais como desmatamento, perda de biodiversidade, redução de direitos trabalhistas etc. No momento, os dois blocos estão negociando uma contraproposta. 

8) Existe prazo para a conclusão do acordo?

Oficialmente, não há prazo definido. Os governos e setores privados envolvidos, no entanto, defendem o avanço e a assinatura formal ainda neste ano, aproveitando a janela de oportunidade aberta no segundo semestre com a presidência brasileira do Mercosul e com a presidência espanhola – que apoia o Acordo – no Conselho Europeu.

9) O que o acordo diz sobre compras governamentais e por que este tema está em debate ultimamente?

Todos os acordos comerciais mais modernos têm um capítulo dedicado à abertura do mercado de compras públicas. Na prática, o capítulo de compras governamentais define as regras para permitir que as empresas estrangeiras possam participar de licitações no Brasil, e vice-versa, sem que haja tratamento discriminatório entre fornecedores nacionais e estrangeiros. O Brasil já tem um acordo em vigor com essas regras com o Chile.

Com o texto atual do acordo Mercosul-UE, o Brasil terá acesso preferencial ao mercado dos 27 países membros do bloco europeu. Isso beneficia as empresas brasileiras com tratamento igualitário ao dos fornecedores europeus nas compras públicas de mais de 1,4 mil entidades dos países membros da UE. 

O setor de compras públicas da UE alcança mais de US$ 2 trilhões por ano, representando um mercado cerca de 13 vezes maior do que o brasileiro, de cerca de US$157 bilhões por ano.

Além disso, as regras acordadas preservam o espaço necessário para a implementação das políticas públicas estratégicas no Brasil. Por exemplo, o texto atual permite que os compromissos de abertura de mercado não sejam aplicados às licitações de parcerias de desenvolvimento produtivo (PDPs) ou a compras de insumos estratégicos da lista do SUS.

O acordo ainda preserva a exclusão das compras públicas feitas pelos estados e municípios e as licitações de menor valor que estejam fora das regras do acordo, ou seja, aquelas abaixo de R$ 2,3 milhões para aquisição de bens ou serviços ou contratos de serviços de construção e concessões de obras públicas de até cerca de R$ 55 milhões.

Fonte: CNI
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 02/08/2023

China ainda não anima e minério patina em julho

Depois de tocarem o maior nível em mais de três meses, os preços do minério de ferro voltaram a ceder na reta final de julho, encerrando o mês com queda acumulada de 1,4% no mercado à vista, em torno de US$ 110 a tonelada.

Embora Pequim tenha anunciado medidas de estímulo econômico em algumas regiões e para determinados setores, os dados ainda fracos de atividade industrial, incluindo os do importante setor de construção - que é grande consumidor de aço -, seguem no foco dos participantes do mercado.

No norte da China, segundo índice Platts, da S&P Global Commodity Insights, o minério com teor de 62% de ferro subiu 0,6% ontem, para US$ 110,05 por tonelada, sem fôlego para compensar as perdas da semana passada. No ano, a desvalorização segue superior a 6%.

Com esse desempenho, observa o analista Daniel Sasson, do Itaú BBA, o preço médio em julho ficou em US$ 112,50 por tonelada, muito perto da média de cerca de US$ 111 por tonelada vista no segundo trimestre. “Ou seja, o terceiro trimestre começou, em termos de preço, mais ou menos nos mesmos níveis dos resultados que a Vale acabou de publicar”, disse.

A diferença, para o analista, foi a mudança recente no tom do governo chinês, agora um pouco mais concreto em relação às medidas de apoio. “De forma geral, os anúncios recentes vieram em linha com o que o mercado esperava e podem dar algum suporte ao setor de propriedades”, afirmou. “Mas é preciso lembrar que medidas anunciadas desde o fim do ano passado não tiveram tanto efeito”.

Para o segundo semestre, o Itaú BBA mantém a expectativa de preço médio entre US$ 100 e US$ 110 por tonelada. Para os resultados da Vale, porém, a perspectiva é mais otimista, uma vez que o intervalo costuma ser marcado por volume de produção e vendas sazonalmente mais fortes, com maior diluição de custo fixo.

Nesse cenário, avalia Sasson, se os preços da commodity se sustentarem perto dos níveis atuais, é possível que os resultados das mineradoras no terceiro e no quarto trimestre sejam melhores do que os vistos no segundo trimestre.

Já o petróleo ganhou força com a expectativa de redução da oferta global. Os contratos do tipo WTI subiram 16% em julho, para US$ 81,80 o barril (para setembro), maior ganho mensal desde janeiro de 2022. O Brent acumulou alta mensal de 13,59%, para US$ 85,43 (para outubro).

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 01/08/2023

Minério de ferro sobe com novo suporte da China

Os contratos futuros do minério de ferro subiram nesta segunda-feira depois que as autoridades chinesas anunciaram medidas para aumentar o consumo, embora a lentidão do setor manufatureiro na China e preocupações persistentes sobre a demanda por aço tenham limitado os ganhos.

O contrato de minério de ferro de setembro mais negociado na Dalian Commodity Exchange da China encerrou as negociações diurnas com alta de 0,5%, a 841,5 iuanes (117,79 dólares) por tonelada, após recuar nas duas sessões anteriores.

Na Bolsa de Cingapura, o minério de ferro de referência em setembro subiu 0,9%, para 107,6 dólares a tonelada, também após duas sessões de quedas.

O Conselho de Estado da China emitiu medidas para restaurar e expandir o consumo nos setores automobilístico, imobiliário e de serviços, com o objetivo de desempenhar plenamente o “papel fundamental” do consumo no desenvolvimento econômico.

As maiores cidades da China, incluindo Pequim e Shenzhen, disseram no fim de semana que implementariam medidas para atender melhor as necessidades dos compradores de imóveis, sem dar detalhes, com o objetivo de sustentar um setor imobiliário que vê poucos sinais de recuperação.

A atividade manufatureira na segunda maior economia do mundo caiu pelo quarto mês consecutivo em julho, embora em um ritmo mais lento, mostrou uma pesquisa industrial oficial, reforçando a necessidade de mais apoio político para impulsionar a demanda doméstica.

“Achamos que o mercado entrará em superávit com o início dos crescentes controles de produção de aço, reduzindo as vendas; enquanto isso, esperamos que a oferta de minério de ferro permaneça relativamente estável no segundo semestre de 2023”, disseram analistas do Citi em nota.

As siderúrgicas da província de Yunnan, no sudoeste da China, foram instadas a se preparar para cortes de produção, a fim de cumprir um mandato do governo de limitar a produção de 2023 ao nível do ano passado, disseram duas consultorias chinesas na sexta-feira passada.

A maioria dos benchmarks de aço na Bolsa de Futuros de Xangai registrou ganhos. O contrato de vergalhão mais ativo subiu 0,2%, a bobina laminada a quente caiu 0,2%, fio-máquina subiu 1,2%, e o aço inox teve alta de 1,0%.

Fonte: Infomoney
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 31/07/2023