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ArcelorMittal amplia fábrica em Santa Catarina e passa a produzir tipo de aço inédito no Brasil

Oferecer um produto de alta resistência ao mercado e, ao mesmo tempo, manter o compromisso de realizar ações que contribuam para a construção de um planeta sustentável. Esses são alguns objetivos da ArcelorMittal, maior produtora de aço no país, que inaugurou a expansão da Unidade de Vega, em São Francisco do Sul (SC), no último dia 13 de novembro.

O projeto é um dos mais modernos e sustentáveis da indústria no mundo para laminação e galvanização de aço. Foram investidos mais de R$ 2 bilhões nos últimos três anos.

"Essa obra de expansão reflete a decisão estratégica do Grupo de ampliar a produção no país, desenvolver aços tecnológicos e competitivos e agregar valor ao nosso portfólio", disse Jorge Oliveira, CEO da ArcelorMittal Aços Planos América Latina.

Com a expansão, Vega passa a ser a primeira unidade da companhia fora da Europa a produzir o Magnelis®, uma solução em aço patenteada da ArcelorMittal, de altíssima resistência à corrosão, voltada para construção de usinas de energia solar.

O Magnelis® contém magnésio e alumínio no revestimento, o que garante uma camada de proteção estável e duradoura, proporcionando altíssima resistência à corrosão. O revestimento é formado por uma película protetora que se regenera quando a chapa é cortada, soldada, perfurada ou arranhada. Devido a essa capacidade regenerativa, as partes expostas são gradualmente recobertas, o que amplia a vida útil da peça feita com Magnelis®.

Além de projetos de energia solar, as características do Magnelis® favorecem a utilização na construção de silos, estufas e cercamentos do agronegócio, na linha branca, móveis, construção civil e infraestrutura rodoviária (com defensas metálicas e sinalização viária) e em sistemas de armazenagem, entre outros segmentos.

A Unidade de Vega tem o reconhecimento ResponsibleSteel, principal certificação internacional ESG (sigla para ambiental, social e de governança) da indústria de aço, que estabelece padrões de processamento e de produção responsável, comprometida com a sustentabilidade e com as comunidades onde atua.

EXPANSÃO

Iniciada em 2021, a expansão da Unidade de Vega ampliou a capacidade de produção anual da unidade de 1,6 milhão para 2,2 milhões de toneladas. Desde 2003, quando foi inaugurada, Vega recebeu um total de R$ 4,5 bilhões em investimento, o maior da indústria de aço no estado de Santa Catarina.

A ampliação da Unidade de Vega é considerada um negócio estratégico pela ArcelorMittal e faz parte de um pacote de investimentos de cerca de R$ 25 bilhões, que serão feitos pelo grupo até 2028 no Brasil.

Esse é o maior aporte financeiro já realizado pela indústria do aço brasileira. Os recursos serão utilizados para aquisições, ampliações de unidades do parque industrial, modernização tecnológica, além de iniciativas de geração de energia limpa e renovável.

NOVA LINHA DE PRODUTO

Na expansão, a ArcelorMittal construiu uma nova linha de galvanização, processo de proteção do aço com camada de zinco metálico, e de recozimento contínuo do produto. Isso permite o beneficiamento combinado do aço do tipo laminado a frio com produtos revestidos. O sistema é conhecido como ‘‘combiline’’, que permite uma produção flexível e adaptável às demandas do mercado.

A ampliação da unidade abriu 350 novas vagas permanentes em Vega. Atualmente, a planta industrial mantém mais de 1.300 empregos diretos, entre empregados próprios e de empresas que atuam no seu condomínio industrial.

"Esse é um investimento que coloca a Unidade de Vega em um novo patamar competitivo, com capacidade para produzir aços que abrem novas perspectivas de mercado. Isso fortalece a presença da ArcelorMittal no país e, também, a economia industrial de Santa Catarina", disse Jorge Adelino, vice-presidente de Operações da ArcelorMittal Aços Planos América Latina.

A ampliação da Unidade de Vega permite ainda fortalecer a atuação da ArcelorMittal no mercado automotivo, com a oferta de um mix de produtos de alta tecnologia. A nova linha de galvanização abre espaço para os novos tipos de aços revestidos. A unidade também passará a produzir bobinas de aço de alta resistência não revestidas, reforçando sua presença no setor de automóveis.

A ArcelorMittal tem cerca de 127 mil empregados no mundo e atende a clientes em 140 países. No Brasil, o Grupo soma cerca de 20 mil colaboradores, com atuação em oito estados com unidades industriais, além de ter a maior rede de distribuição do país.

Ao todo, as plantas brasileiras têm capacidade de produção anual de 15,5 milhões de toneladas de aço bruto e de 5,1 milhões de toneladas de minério de ferro.

 
Fonte: Folha de São Paulo
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 02/12/2024

 

Conheça as novas montadoras chinesas que estão chegando ao Brasil

O Brasil é, de novo, a bola da vez entre as empresas asiáticas. Nos últimos meses, oito montadoras chinesas confirmaram projetos de produção ou importação de carros elétricos e híbridos no Brasil, algumas com parceria local. O movimento é e resultado de um excesso de produção chinesa e do aumento do protecionismo em algumas partes do mundo.

Embora a China continue sendo o maior mercado consumidor de veículos no mundo, o setor começa a mostrar sinais de saturação. Além disso, as exportações chinesas enfrentam barreiras significativas em regiões como Europa, Estados Unidos, Índia e Canadá. Atualmente, as fábricas na China operam com cerca de 20 milhões de veículos em capacidade ociosa.

Nesse cenário, o Brasil voltou a ser atrativo pelo seu mercado de mais de 2 milhões de veículos anuais e do crescimento das vendas de modelos eletrificados registrado nos últimos anos, apesar de os volumes ainda serem pequenos. Fabricantes veteranas como Geely e GAC e recém-criadas como Omoda/Jaecoo e Riddara chegam ao País com planos de ocupar nichos no mercado premium ou segmentos específicos, como os de picapes elétricas.

Essas novatas se unirão à BYD e à GWM, que vão inaugurar suas linhas de produção no início de 2025. Nos últimos três anos, elas trouxeram ao País modelos de elétricos e híbridos com alta qualidade e preços competitivos. Provocaram uma disputa de preços que levou as montadoras tradicionais a reduzirem valores dos carros que trazem das matrizes.

Desde então, o mercado brasileiro assiste a uma escalada dos carros 100% elétricos. Neste ano, até outubro, o crescimento é de quase 420% em relação a 2023. O mercado total de automóveis e comerciais leves teve alta de 10% no período.

 

“O mercado doméstico chinês teve uma expansão muito rápida, chegou a um ponto de maturidade grande e não tem muito para onde expandir volumes”, diz Leandro Teixeira, responsável pela área de produtos da Omoda/Jaecoo. “É normal que as montadoras passem a prestar atenção em outros mercados onde podem ser competitivas e o Brasil tem muito potencial”.

Maior aceitação

O sócio-líder do Setor Automotivo da KPMG no Brasil, Ricardo Roa, vê o Brasil como “a bola da vez para as empresas chinesas”. Para ele, o momento é diferente de anos atrás, quando ocorreu a primeira onda de marcas da China com seus carros populares, mas sem qualidade. “Agora há uma aceitação maior do produto chinês e a produção local tem uma baita atratividade”, diz.

Márcio de Lima Leite, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), concorda com a chegada das empresas que vão produzir no Brasil, mas teme que muitos projetos se concentrem apenas na montagem de CKD, conjunto de peças que vem pronto da China e são agregados aqui, com pouco ou nada de componente local.

Ele ressalta que a China tem “condições perfeitas” para vender seus carros eletrificados pelo alto volume de produção, tecnologia e subsídios do governo. Mas, ao espalhar seus produtos pelo mundo, teria provocado a desindustrialização em diversos locais. “Por isso muitos países passaram a taxar seus produtos e o Brasil passou a ser o principal destino.”

Os EUA e o Canadá taxaram os carros chineses em 100% de imposto de importação, a União Europeia aprovou taxa de 46% e a Turquia, de 40%. O Brasil está ampliando o imposto local gradualmente desde janeiro (antes era zero), e hoje a taxa está em 18% para elétricos a 25% para híbridos - e chegará a 35% em julho de 2026.

Leite tem pedido ao governo para antecipar o prazo. Em sua opinião, se for vantajoso importar da China, as montadoras que estão há anos no País poderão reduzir seus investimentos e também trazer veículos de suas coligadas na China. Ele afirma que a indústria chinesa tem capacidade para produzir 50 milhões de veículos ao ano e, atualmente, produz 30 milhões.

A oportunidade agora é de atuar no mercado brasileiro no longo prazo, e o que ocorreu nos anos 2000, quando várias marcas chinesas vieram para o País, mas ficaram pouco tempo, não deve se repetir, afirma Rafael Avila, especialista em produtos da Riddara/Timber. A marca terá rede própria de distribuição das suas picapes elétricas.

Não há invasão chinesa

Para o presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), Ricardo Bastos, com o retorno gradual do imposto de importação, a oportunidade para trazer carros com novas tecnologias está se fechando. Em sua opinião, quando alcançar os 35%, daqui a dois anos, será difícil para as marcas importarem volumes grandes, como ocorreu com a BYD e a GWM, que chegaram antes da alta.

Segundo ele, desde julho, quando a alíquota do imposto voltou a ser parcialmente cobrada, o volume de importados caiu. “Então, não está havendo nenhuma invasão chinesa e a importação está mudando para a produção local”, afirma. “O que eu vejo entre várias empresas que estão chegando é uma combinação de importação com produção local.”

“Os chineses estão vindo fortes para o Brasil, com diferentes marcas, bons produtos, preços atraentes, boas margens de operação e estão fazendo um trabalho voltado ao consumidor para entender o que ele quer”, afirma Geovani Fagunde, sócio da PwC Brasil. Segundo ele, as marcas mais tradicionais têm o concessionário no meio do caminho e é ele que se relaciona com o cliente. “A gente sempre comprou aqui o que a montadora quer nos vender, mas os chineses querem ouvir quais são os anseios do consumidor”, diz.

- Marcas com projetos de produção local

GAC (Guangzhou Automobile Group)

Quinta maior montadora da China, com produção de 2,5 milhões de carros em 2023, vai investir US$ 1 bilhão (mais de R$ 5 bilhões) até 2029 para produzir modelos elétricos, híbridos e a combustão no Brasil. Ela não revela quando iniciará fabricação mas, segundo fontes do setor automotivo, está em negociação com o governo de São Paulo. Uma opção é a compra da planta da Toyota em Indaiatuba, que será desativada até 2026. A GAC emprega 110 mil pessoas na China e atua em vários setores, além de produzir modelos para marcas como Honda e Toyota. O grupo ainda não tem diretor no Brasil, mas iniciou contratações para o administrativo. Tem vários modelos em seu portfólio e uma das apostas para o mercado brasileiro é o SUV elétrico Aion Plus.

Neta Auto

Com seis anos de existência, a empresa faz parte do grupo Hozon, provedor de tecnologia criado em 2014. Sua produção de carros elétricos e híbridos soma pouco mais de 500 mil unidades na China e recentemente inaugurou uma filial na Tailândia. A marca quer fazer de sua operação no Brasil um centro de exportação para a América do Sul. O plano é inaugurar a fábrica em 2026 e, segundo fontes do setor, também estaria de olho na planta da Toyota em Indaiatuba. Neste mês de novembro, iniciou a pré-venda de dois SUVs elétricos com preços a partir de R$ 129 mil. Por enquanto, tem cinco pontos de vendas em shoppings de São Paulo (Mogi das Cruzes), Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Paraíba e Ceará. Até dezembro terá 24 centros de atendimento aos clientes em 13 Estados.

Omoda/Jaecoo (O&J)

As duas submarcas da Chery - terceira maior fabricante chinesa que já opera no País com o Grupo Caoa -, foram lançadas em abril de 2023 e estão à venda em 30 países, incluindo México e Chile. Em março de 2025, o Brasil receberá os SUVs Omoda 5 elétrico e híbrido leve e o Jaecoo 7 híbrido plug-in. O local da fábrica para montagem de CKDs (kits) em 2025 está em negociação, mas é possível que seja na planta da Caoa Chery em Jacareí (SP), fechada há dois anos. A empresa tem memorandos com 34 grupos de revendas que abrirão 50 lojas em 20 Estados, diz Leandro Teixeira, responsável pela área de produtos no País. A meta é vender 30 mil carros/ano. O aporte para a fase inicial é de R$ 200 milhões e mais adiante será revelado o plano para a fábrica.

Riddara

Foi criada há dois anos com o nome Radar pela Geely, quarta maior da China, dona da sueca Volvo e de outras marcas chinesas que também estão vindo para o País. Nos mercados externos leva o nome Riddara. Sua representante oficial é a brasileira Timber, braço automotivo da Rodoparaná, empresa de máquinas e transporte rodoviário no Paraná. Chega para atuar no nicho de picapes e seu primeiro produto, a elétrica RD6 4x2, está em fase de encomendas com preço a partir de R$ 250 mil. A versão 4x4 chegará em janeiro, afirma Rafael Avila, da Riddara/Timber. O grupo brasileiro negocia com a Geely a montagem local das picapes futuramente, além da importação de outro tipo de veículo comercial ainda não revelado.

Comexport/Multimarcas

O grupo brasileiro Comexport vai investir R$ 400 milhões para preparar a antiga fábrica da Ford no Ceará para a produção terceirizada de seis carros elétricos e a etanol, de três marcas diferentes. Nomes ainda não foram revelados, mas a aposta do mercado é de que deve envolver marcas chinesas que estão chegando ao País. A nova linha da fábrica onde foram produzidos os jipes Troller está prevista para voltar a operar em 2025 e terá capacidade para 40 mil unidades/ano. A fábrica foi cedida pelo governo estadual à Comexport, uma das maiores no ramo de comércio exterior no País. É responsável pela importação de carros de diversas marcas como Volkswagen, Toyota, Honda e Mercedes-Benz.

- Projetos de importação

Zeekr

Também pertencente à Geely, foi lançada como marca global de carros elétricos de luxo em março de 2021. Tem sete modelos disponíveis, alguns em duas versões, e acumula mais de 340 mil unidades vendidas na China e em outros 35 países. O primeiro a chegar ao Brasil, em outubro, foi o Zeekr 001, sedã com preço a partir de R$ 475 mil. O SUV compacto Zeekr X, com preço a partir de R$ 272 mil, foi lançado neste mês de novembro, quando o grupo também inaugurou sua primeira loja na Av. Europa, tradicional ponto de venda de carros de luxo em São Paulo. Mais nove revendas estarão abertas nos próximos meses em Ribeirão Preto (SP) e grandes capitais. A própria Geely é responsável pela operação e, no momento, não há planos de produção local.

Leapmotor

Foi criada em 2015 por Jiangming Zhu, dono de uma das maiores empresas de segurança e vigilância por vídeo, a Dahua. Desde 2019, quando lançou seu primeiro modelo, a marca produziu cerca de 500 mil unidades na China. No fim de 2023, a Stellantis (dona da Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën), adquiriu 20% da Leapmotor e ficou com 51% de sua divisão internacional, com sede na Holanda. Agora é a responsável pela importação, venda e suporte de peças em todos os mercados fora da China. No Brasil, o primeiro elétrico chega em 2025 e será vendido em rede própria, diz o presidente da Stellantis América do Sul, Emanuele Cappellano. Atualmente não há planos de produção local, mas ele não descarta a possibilidade no futuro.

Xpeng

Criada em 2014 para atuar em projetos de mobilidade elétrica, a empresa fez, no ano passado, uma parceria com a Volkswagen, que adquiriu 4,99% de suas ações. As marcas já trabalham no desenvolvimento conjunto de um SUV a bateria. A XPeng tem vários modelos de automóveis elétricos, entre eles o recém-lançado P7+ que, segundo a empresa, é o primeiro gerenciado por IA. Produtos da marca começarão a ser vendidos no Brasil em 2025 por um distribuidor a ser anunciado. Não há projeto de produção local. Até agora focada em modelos premium, a empresa lançou recentemente a marca Mona, que terá carros de baixo custo. A companhia também tem uma divisão de carros voadores e realizou, neste mês de novembro, o primeiro teste de seu e-VTOL.

Polestar

É uma marca sueca de carros elétricos de luxo que pertencia à Volvo, mas agora opera sob controle da chinesa Geely. Comunicado da empresa divulgado em junho anunciou sua chegada ao Brasil para 2025 por meio de um representante local, sem dar detalhes sobre esse futuro parceiro nem sobre os modelos que pretende trazer ao País. A ideia é realizar vendas apenas pela internet. A Polestar, antiga preparadora de carros esportivos, entrou no ramo de elétricos em 2017 e tem três modelos à venda - um quarto será lançado em breve. No mesmo comunicado, o grupo informou que, além do Brasil, vai operar na França, Alemanha, Eslováquia, República Tcheca, Polônia e Tailândia. Apesar de pertencer à Geely, mantém sua produção na Suécia e utiliza algumas plataformas da Volvo.

Fonte: Estadão
Seção: Automobilística & Autopeças
Publicação: 02/12/2024

Após queda de 23% em 2024, receita de vendas de máquinas agrícolas deve crescer em 2025

A receita líquida da indústria de máquinas e equipamentos agrícolasdeve apresentar uma recuperação de 8% em 2025, após dois anos consecutivos de queda, segundo Pedro Estevão, presidente da Câmara Setorial de Máquinas Agrícolas da Associação Brasileia da Indústria de Máquinas (Abimaq). Neste ano, a estimativa é que a receita do setor fique em R$ 56 bilhões, 23% menor que em 2023.

A previsão para o ano que vem considera a base baixa de comparação em 2023 e 2024, quando as vendas recuaram muito relacionadas ao menor nível de preços da soja e do milho. “Este ano, teve uma seca muito severa que diminuiu a rentabilidade do produtor desses dois principais produtos do agronegócio nacional. Estamos contando que a próxima safra, colhida a partir de fevereiro, apresente uma produtividade e uma rentabilidade melhor para o produtor, que deve voltar às compras de equipamentos”, disse ele.

“Sabemos que café, cacau, algodão, cana estão com preços ótimos, mas soja e milho representam 60% a 70% das vendas de máquinas agrícolas, por isso vemos esse resultado em 2024”, completou.

Estevão também lembrou que 2022 foi um ano com resultado recorde, de R$ 95 bilhões, que não deve se repetir tão cedo.

Cenário

O executivo afirmou que o dólar em patamar mais alto que o real, apesar de elevar os custos do produtor na aquisição de insumos, por exemplo, também aumenta a receita em real. “Esse câmbio, somado as perspectivas de safra é que justificam a perspectiva de crescimento”, argumentou.

“Os juros, porém, atrapalham, porque como acabaram os recursos do Moderfrota o do Pronaf [do Plano Safra], temos que lidar com taxas de 16% ao ano, que são muito proibitivas”, afirmou.

Dados de outubro

O faturamento da indústria de máquinas e equipamentos agrícolasdiminuiu 4% em outubro, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, para R$ 5,7 bilhões, segundo a Abimaq.

“Entramos agora em um efeito estatístico, com quedas mais moderadas que nos meses anteriores, mas isso não é porque as vendas melhoraram em 2024 e sim porque elas começaram a cair em outubro de 2023”, explicou Estevão.

No ano, a receita líquida do setor caiu 23,3%, ao somar R$ 50,9 bilhões.

Ao considerar apenas vendas internas, a receita líquida da indústria de máquinas agrícolas apresentou queda de 3,4% em setembro em uma base anual, com R$ 5,04 bilhões. No ano, a receita das vendas internas recuou 23,9%, para R$ 44,4 bilhões.

A receita com exportações do setor caiu 9,1% em outubro, no comparativo anual, para R$ 124,69 milhões.

Em números absolutos, as vendas de tratores e colheitadeiras somaram 6.262 unidades em outubro, o que representa uma queda de 16,9% em relação ao mesmo mês de 2023. Desse total, 5.695 unidades foram para o mercado interno, com baixa anual de 16,9%.

No acumulado do ano, as vendas de tratores e colheitadeiras totalizaram 60.125 unidades (queda de 26,9%), sendo 53.245 para o mercado interno (-26,4%).

Fonte: Globo Rural
Seção: Agro, Máquinas & Equipamentos
Publicação: 28/11/2024

 

País conta com vantagens em agronegócio e área de energia

Entre as vantagens competitivas que o Brasil apresenta em relação a outros países estão a abundância de terras agricultáveis, essenciais para produzir alimentos em larga escala, sua riqueza mineral e uma matriz energética limpa. No futuro, segundo economistas, estes serão elementos que o mundo vai buscar e, por isso, o Brasil poderá estar muito bem posicionado para atender a essa demanda. Para ter uma posição vantajosa, porém, o país precisará se preparar para enfrentar a evolução tecnológica, tendo a educação como um dos pilares centrais para o sucesso nesse cenário.

“O que a gente faz com eficiência e produtividade vai ser a escassez do futuro. O mundo vai ter escassez de alimento, terras agricultáveis e de minerais, provavelmente. Estamos bem posicionados para o mundo do futuro, mas o que a gente vai colher desse mundo do futuro depende de nós”, disse a economista-chefe do Santander Brasil, Ana Paula Vescovi.

Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG Pactual, concorda que o potencial agrícola é uma das fortalezas para o crescimento futuro do Brasil. Depois de uma safra de grãos recorde de 322,8 milhões de toneladas no ano passado, o país deve encerrar este ano com produção de 299 milhões de toneladas, que, apesar de menor que a anterior, será a segunda maior da história do país, ressalta o economista.

“A expectativa é que no próximo ano a safra de grãos do Brasil cresça para perto de 330 milhões de toneladas. Isso vai continuar crescendo até o final da década”, projetou Mansueto, reforçando que o país está bem posicionado no cenário geopolítico, mesmo com um risco de maior protecionismo no comércio internacional, especialmente com a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos.

"O que vamos colher desse mundo do futuro depende de nós”
— Ana P. Vescovi

A questão do agronegócio é fundamental para se falar no Brasil do futuro, ressalta Caio Megale, economista-chefe da XP Investimentos. “O Brasil era uma superpotência agrícola 20 anos atrás. Hoje nós somos muito mais do que éramos 20 anos atrás. Continuamos sendo uma superpotência em mineração e viramos uma superpotência em petróleo agora também. Então, o Brasil certamente é a maior superpower de commodities no mundo atualmente”, afirmou.

O economista da XP acrescenta que a matriz energética de baixa emissão de carbono brasileira é outro diferencial competitivo em um cenário em que a demanda global por fontes limpas está crescendo.

Mesmo para o petróleo, fonte que seguirá sendo necessária durante o processo de transição energética, o Brasil está em boa posição, acrescentou Mansueto. Ele lembra que, se há alguns anos, o país era um importador da commodity, o cenário atual é de uma balança comercial positiva para o país.

Os economistas concordam, no entanto, que o crescimento robusto e o desenvolvimento econômico de longo prazo dependem da resolução de desafios estruturais.

"O Brasil é a maior superpower de commodities no mundo atualmente”
— Caio Megale

Para Vescovi, é fundamental preparar a sociedade, por meio da educação, para reaprender a lidar com a nova dinâmica do mundo tecnológico. Ela defende que as lideranças empresariais e pessoas que estejam à frente da política trabalhem para incluir as pessoas. E tudo isso num cenário macroeconômico estável, com inflação baixa e sob controle. Também é preciso buscar uma taxa de juro que permita investimento em mais projetos, além de atrair capital estrangeiro para este grande conjunto de oportunidades que o país oferece.

“Educação é capaz de gerar coesão social e paz social. O Brasil está bem posicionado. Eu olho para o lado e é difícil achar um país tão bem posicionado para o futuro. Como a gente vai chegar lá depende de nós” ponderou Vescovi.

Para Megale, a visão para o potencial brasileiro é otimista. O economista destaca que ajustes no curto prazo são fundamentais para que o país consiga aproveitar as oportunidades de mais longo prazo. “Faz mais reformas e cresce mais. Aproveita essa onda internacional favorável, atrai os investimentos de empresas e grupos econômicos que estão com dúvida em relação ao país e, aí, a gente tem condições de crescer e nos desenvolver muito mais”, disse.

Megale observou que o mercado interno do país é absolutamente “fantástico” e nenhuma multinacional pode não pensar no Brasil como um lugar de estratégia, de investimento e de crescimento. “Nós temos grupos comerciais e econômicos aqui no Brasil, brasileiros, muito fortes e que muitas vezes a gente nem conhece, que não exportam, não importam, mas estão ligados ao mercado interno e são gigantescos. O país oferece essas oportunidades.”

Fonte: Valor
Seção: Agro, Máquinas & Equipamentos
Publicação: 28/11/2024

 

Aço: Worldsteel revê dados de outubro e produção mundial cresce 1%

A worldsteel divulgou revisão para alguns dados da produção mundial de aço bruto em outubro de 2024. A produção global atingiu 152,1 milhões de toneladas no mês, um aumento de 1% em comparação a outubro de 2023. A África produziu 2 milhões de toneladas em outubro de 2024, queda de 0,4% em outubro de 2023. Ásia e Oceania produziram 111,3 milhões de toneladas, 1,7% a mais que no mesmo mês do último ano.

Já os países da União Europeia produziram 11,3 milhões de toneladas, alta de 5,5%, enquanto outros países da Europa registraram 3,4 milhões de toneladas e caíram 6,2% no mês. A produção de aço bruto no Oriente Médio atingiu 5 milhões de toneladas em outubro, 5,4% a mais do que em outubro de 2023. A América do Norte produziu 8,8 milhões de toneladas, queda de 3,6%. Rússia e outros CIS + Ucrânia produziram 6,7 milhões de toneladas, 12,2% a menos, enquanto a América do Sul produziu 3,8 milhões de toneladas em outubro de 2024, um crescimento de 7,2% na comparação com o mesmo mês de 2023.

A China produziu 81,9 milhões de toneladas em outubro de 2024, alta de 2,9% em outubro de 2023. A Índia produziu 12,5 milhões de toneladas, alta de 1,7%, enquanto o Japão produziu 6,9 milhões de toneladas e viu o desempenho cair 7,8%. Os Estados Unidos produziram 6,6 milhões de toneladas, queda de 2%. Já a Rússia teve produção estimada de 5,6 milhões de toneladas, queda de 15,2%. A produção da Coreia do Sul caiu 1,8%, para 5,4 milhões de toneladas em outubro. A Alemanha produziu 3,2 milhões de toneladas, alta de 14,7% e a Turquia teve um volume de 3 milhões de toneladas, 0,7% a mais em relação a outubro de 2023. Brasil e Irã produziram 3 milhões de toneladas cada um, sendo que a produção brasileira cresceu 16,2% e a iraniana caiu 1,9% no mês.

Fonte: Brasil Mineral
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 27/11/2024

Após forte pressão, CEO global do Carrefour deve pedir desculpas ao Brasil; carta já está pronta

O presidente global do Carrefour, Alexandre Bompard, decidiu voltar atrás e deve pedir desculpas ao país e aos frigoríficos brasileiros pelas declarações controversas a respeito dos requisitos e padrões de venda da carne oriunda do Mercosul, apurou o Valor. Pelo teor do documento,  Bompard não deve afirmar que a França voltará a comprar carne dos países do bloco econômico, pois a rede entende que o volume é ínfimo. A questão, portanto, não deve ser mencionada.

A decisão foi tomada com a escalada das pressões políticas e econômicas nas últimas horas, contra a empresa, e contra Bompard, seu principal executivo. Anúncios de empresas de boicote de venda de produtos para a varejista cresciam, e nas redes sociais, críticas de consumidores vinham aumentando desde o início desta segunda-feira (25).

Há o risco de o Atacadão perder a liderança para o Assaí no quarto trimestre, se a questão não for resolvida rapidamente, confirmou o Valor com três fontes a par do tema.

A ideia é que uma carta com esse teor seja oficialmente entregue, primeiramente, pela embaixada da França ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, num respeito à posição do governo, num encontro que deve ocorrer possivelmente amanhã. As conversas para o contato estão em andamento.

No texto, Bompard, que assina o documento, deve ressaltar a longa história de parceria com a indústria do setor, numa parceria de 50 anos, e reforçar a qualidade do produto brasileiro.

O Valor apurou que o ministro só aceitará o pedido se o teor for claramente entendido como uma confissão de erro, e esse recado já chegou à rede, e esse é o maior cuidado do Carrefour na elaboração desse texto. Uma versão pode ser enviada previamente ao ministro, inclusive, dizem fontes.

Inicialmente, é esperado que o embaixador francês na capital federal, Emmanuel Lenain, faça esse contato com o ministro, mas caso exista alguma dificuldade de agenda, o atual presidente do Carrefour no Brasil, Stéphane Maquaire, deve ir no encontro.

A expectativa da rede é que, com as desculpas diretas do próprio CEO global, que criou toda a crise em torno do tema, a situação seja resolvida. Como o Valor noticiou no sábado (23), houve soluções iniciais estudadas no fim de semana para resolver a questão, como uma retratação pública de outro executivo do grupo na França, ou do CEO brasileiro. Mas o governo brasileiro não aceitaria um pedido de desculpas que não fosse de Bompard, apurou o Valor.

Na última quarta-feira (20), Bompard disse que os produtos sul-americanos não atendem às exigências e às normas francesas, e esse problema vinha afetando os fabricantes locais. Ainda disse que a rede na França não iria mais comercializar qualquer carne proveniente do Mercosul e esperava que a sua atitude mobilizasse a sociedade local.

Um crise diplomática, política e econômica, causada por Bompard, avançou rapidamente nos últimos dias — para pessoas a par do tema, o executivo agiu de forma errada ao se posicionar sobre um tema sensível sem medir as consequências. No fim da tardedesta segunda, cerca de 40 empresas já estariam na lista de boicote ao Carrefour e deputados anunciavam apoio a campanhas de boicote de consumidores às lojas da empresa, formada pelos grupos Carrefour, Atacadão e Sam’s Club.

Sobre o tema da carta de retratação, a empresa não comenta as informações.

Fonte: Valor
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 26/11/2024