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Amig cobra dívida de R$ 2 bi da Vale com municípios

Teve início nesta semana em Ouro Preto, na região Central do Estado, uma campanha pública de municípios mineradores contra a Vale. Organizada pela Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil (Amig), o movimento exige o pagamento de uma dívida de R$ 2 bilhões em royalties que, segundo a entidade, não são pagos desde o ano de 1996.

As cidades cobram o recolhimento da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem) referente à pelotização do minério de ferro por parte da mineradora. 

O consultor de relações institucionais e desenvolvimento econômico da Amig, Waldir Salvador, recorda que desde 2005 tentam um diálogo com a mineradora. “Já se somam 17 anos essas tentativas para um acordo. Isso quer dizer que, se verificarmos o período em que foi auditada a dívida, ou seja, de 1996 até 2005, daqui há quatro anos essa dívida faz 30 anos. É uma loucura. É um absurdo”, avalia.

O valor é cobrado por 28 cidades brasileiras que possuem atividade de extração minerária Destas, 17 cidades são de Minas Gerais. Já as outras 11 cidades estão distribuídas por Amapá, Goiás, Mato Grosso do Sul, Pará e Sergipe. 

Segundo Salvador, em 2018 chegou a ser criado, a pedido da companhia, um grupo de trabalho no Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). “O DNPM criou esse grupo, chamou as prefeituras para rediscutir a dívida. Então, foi ratificada e confirmada toda a dívida de 2018 na presença da Vale, da DNPM e das cidades credoras. Foi quando achávamos que em dias, semanas ou no mês seguinte a Vale iria pagar, mas isso nunca ocorreu”, observa.

Nos últimos quatro anos as tentativas de negociações foram intensificadas, conforme conta o consultor. A Vale então afirmou que não teria condições de pagar a conta bilionária. Na tentativa de encontrar uma solução, a Amig mostrou que a tese defendida pela  Vale em não pagar a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cefm) resultou em 13 ações em primeira instância, e uma em segunda instância. 

Neste período, por sucessivas vezes, a Vale informou que não tinha conforto jurídico para quitar a quantia cobrada pelos municípios mineradores. “A Vale está esperando o quê? Continuar protelando para retirar o que é devido a essas cidades para usar o valor em distribuição de dividendos? Ninguém tem que esperar mais. Todos estão cansados e desgastados, apesar de fazermos essa campanha pela primeira vez. Nunca expomos uma empresa dessa maneira, pois a gente espera que por muito mais que o pagamento da dívida, seja uma mudança de postura”, dispara Waldir Salvador.

“Incompreensível e inaceitável essa postura que a mineradora Vale tem com os municípios do País. É uma dívida auditada pela Agência Nacional de Mineração (ANM), e depois judicializada. Diante disso, a Vale já perdeu todas as ações judiciais. Ou seja, não dá mais para compreender os motivos pelos quais ela nega a pagar ao País, e sobretudo aos municípios de onde vem essa riqueza”, afirma o presidente da Amig e prefeito de Conceição do Mato Dentro/MG, José Fernando Aparecido de Oliveira. 

Segundo José Fernando, é discrepante o valor da dívida da Vale quando comparado à soma total da receita anual.  “O lucro líquido desta mineradora é de R$ 120 bilhões. Ela se nega a pagar R$ 2 bilhões a mais de 20 municípios. Isso é intolerável por parte dessa companhia que acha que está além e acima da lei”, exclama o presidente considerado o caso à situação de calote.

Carta de Ouro Preto 

Os gestores municipais dessas cidades que formam o setor minerador brasileiro assinaram a “Carta de Ouro Preto”. O documento será entregue pela Amig ao Congresso Nacional e aos candidatos das eleições de 2022. Segundo José Fernando, essa carta vai para o Judiciário, Legislativo e também aos poderes Executivos de todo o País. “Vamos dar visibilidade a essa dívida, que se transformou em um verdadeiro calote da mineradora. A Vale utiliza de subterfúgios para ficar adiando uma cobrança líquida e certa com os municípios onde ela já retirou o minério, já vendeu e recebeu por ele”, reitera.

O que diz a mineradora Vale?

Procurada, a Vale pontuou os seguintes argumentos à reportagem do DIÁRIO DO COMÉRCIO. Em primeiro ponto, a companhia afirma realizar, regularmente, o recolhimento da Cfem. Para o recolhimento, a empresa destaca que é observado tanto as normas aplicáveis quanto os limites constitucionais existentes. 

Perguntada em relação à dívida cobrada pelos municípios credores, a mineradora informou que aguarda uma manifestação definitiva por parte do Poder Judiciário. Segundo ela, nos últimos cinco anos, foram recolhidos cerca de R$ 17,6 bilhões em Cfem. 

Em resposta às críticas por parte das gestões municipais para uma possível resolução da dívida, a empresa reforçou a sua conduta de ética e transparência.  “A Vale continua empenhada em gerar valor compartilhado e sustentável para todos os municípios onde atua. A empresa segue empenhada também em contribuir para o crescimento das economias locais, nacionais e global, por meio de suas operações, investimentos, tributos e royalties“. 

Esses recolhimentos, ainda segundo a Vale, fazem parte do relacionamento com a sociedade, tendo a sua divulgação publicada de forma transparente em seu relatório de transparência fiscal.

Fonte: Diário do Comércio
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 26/08/2022

Governo mantém redução de 35% no IPI, mas exclui produtos da Zona Franca de Manaus

O governo federal editou nesta quarta-feira (24) um novo decreto sobre a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), após decisões liminares do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O ministro suspendeu trechos de três decretos que cortavam em 35% o IPI da maioria dos produtos fabricados no país. Ele havia proibido a redução do tributo em produtos concorrentes aos fabricados na Zona Franca de Manaus (ZFM).

O decreto foi publicado em edição extraordinária do Diário Oficial da União (DOU). O governo restaurou as alíquotas de IPI de 109 produtos fabricados na Zona Franca de Manaus. "Nesse novo decreto, além dos 61 produtos anteriores, a gente adiciona mais 109 produtos. No total, teremos 170 produtos cujas alíquotas ficam no patamar original desde as primeiras reduções em fevereiro deste ano", disse o secretário especial de Produtividade e Competitividade, Alexandre Ywata.

Entre esses 170 itens estão xarope de refrigerantes, isqueiro, carregador de bateria, lâmina de barbear, caixa registradora, relógio de pulso, caneta esferográfica e máquina de lavar louça. Já entre os produtos que receberam a redução de 35% do IPI estão geladeiras, fogões de cozinha, produtos de limpeza, insumos metalúrgicos (aço, cobre, alumínio, etc.), móveis, chocolates, sorvetes, cervejas, vinhos, pneus para automóveis e para máquinas agrícolas.

Na prática, o Ministério da Economia blindou os produtos da Zona Franca para atender a determinação do STF e liberar a redução do imposto em aproximadamente 4 mil itens fabricados em outras regiões do país.

Moraes atendeu a pedido de empresas da Zona Franca, que alegavam que o corte do IPI tornaria inviável a atividade na região. Como as empresas instaladas na Zona Franca são isentas de IPI e geram créditos do tributo, a redução de alíquotas em todo o país tira a vantagem competitiva do polo industrial.

De acordo com o Ministério da Economia, o aumento das alíquotas, na maior parte dos produtos, tem impacto fiscal neutro. A exceção são os xaropes concentrados de bebidas, que estão submetidos a um regime especial de IPI. A restauração das alíquotas desses produtos terá custo para o governo de R$ 164,3 milhões em 2022, R$ 715,4 milhões em 2023 e R$ 761,7 milhões em 2024.

Governo já editou quatro decretos sobre o tema

Desde o início do ano, o governo tem desonerado o IPI em todo o país, como medida de estímulo à economia. Em fevereiro, o corte tinha sido de 25%, mas foi ampliado para 35% em maio. Essa ampliação criou atritos entre o governo e os empresários da Zona Franca de Manaus.

Por mais de uma vez, Moraes reverteu a medida para os itens produzidos na região. Em maio, o ministro do STF suspendeu os efeitos para produtos fabricados na Zona Franca de Manaus de três decretosque reduziam o imposto, atendendo a ações do governo do Amazonas e do partido Solidariedade.

No fim de julho, o governo editou um decreto que suspendia o corte do IPI para 61 produtos fabricados na Zona Franca. Na ocasião, o Ministério da Economia havia informado que a medida ajudaria a “preservar praticamente toda a produção efetiva da Zona Franca de Manaus”.

Parlamentares do Amazonas e empresários, no entanto, argumentaram que o decreto não contemplava as necessidades do polo industrial e trazia insegurança jurídica. No último dia 8, Moraes concedeu nova decisão, em que suspendeu o corte de 35% para itens fabricados na Zona Franca. Segundo o ministro, o decreto do fim de julho continuava a reduzir “linearmente o IPI de centenas de produtos produzidos na Zona Franca de Manaus”.

Em nota, o Ministério da Economia informou que o decreto editado nesta quarta, o quarto sobre o tema, resolve o impasse jurídico, reduzindo impostos para a indústria e, ao mesmo tempo, garantindo a competitividade da Zona Franca de Manaus. "O texto garante avanço das medidas de desoneração tributária, com reflexos positivos no Produto Interno Bruto do país e na competitividade da indústria", destacou a pasta. Com informações da Agência Brasil.

Fonte: Gazeta do Povo
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 25/08/2022

CEOs da siderurgia defendem ações políticas em prol da competitividade

O setor de siderurgia está apostando suas fichas no crescimento do Brasil e na redução da carga tributária para impulsionar seu crescimento, em painel que reuniu CEOs da Gerdau, Usiminas, Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) e ArcelorMittal Brasil, que ocupam o conselho do Instituto Aço Brasil (IABR), em painel do congresso da entidade realizado nesta quarta-feira.

"O Brasil tem tudo para se tornar um exportador de automóveis e isso pode impulsionar a indústria do aço. O Brasil precisa crescer e voltar aos patamares de 2021", disse Marco Polo de Mello Lopes, presidente executivo do IABR.

O executivo disse que está conversando com o ministro Paulo Guedes como melhorar as questões que, no entendimento da entidade, atrapalham a competitividade da indústria nacional, como a desoneração das exportações, e que o IABR contratou a Fundação Getúlio Vargas para fazer esse acompanhamento do custo de produzir no Brasil, que atualmente é de R$ 1,5 bilhão, incluindo tributos da ordem de R$ 380 milhões. "A abertura da economia deve ser feita em sintonia com a redução do custo Brasil. Países protegem seus mercados, precisamos do cumprimento de regras", disse em suas considerações finais durante o painel.

O executivo também disse que a guerra entre Rússia e Ucrânia trouxe práticas predatórias, com EUA e Europa tentando proteger seu mercado interno. Além disso, a China também tem um peso muito forte no setor, passando a representar 42,2% do total de importações do mercado global em 2021, de 1,4% em 2020, segundo dados apresentados pelo IABR.

O presidente da Gerdau, Gustavo Werneck, disse que é preciso continuar defendendo a redução do tamanho do estado para que o país volte a crescer, mas também defendeu políticas públicas para impulsionar o mercado, sem detalhar quais. "O curto prazo não deve ser debatido, já que o setor demanda capital intensivo e faz aportes de longo prazo, mas queeste ano o setor deve sofrer impacto da retração do crédito", acrescentou.

Marcelo Botelho, presidente da CSP, defendeu a adoção de "políticas públicas que incentivem a renovação do Brasil e onde a indústria do aço possa agir". "Estamos fazendo a nossa parte, investindo e modernizando nosso parque industrial", acrescentou .

Para Botelho, a diferença entre o Brasil e os Estados Unidos, por exemplo, é a necessidade de mão de obra muito maior na administração contábil e financeira da empresa.

O presidente da CSP, Marcelo Botelho, disse que a indústria siderúrgica é muito cíclica e que sofreu com a volatilidade do preço do minério de ferro e do carvão após a guerra da Rússia com Ucrânia. "A CSP sofre muito mais com as oscilações de mercado, nesse ambiente bastante desafiador, desenvolvemos produtos para vários tipos de clientes diferentes", comentou.

De acordo com Jefferson De Paula, presidente da ArcelorMittal Brasil, a ArcelorMittal Brasil representa entre 10% e 15% da produção e 20% do resultado financeiro do grupo, mas boa parte do seu contencioso. "A infraestrutura é muito ruim, gastamos mais com transporte que a China, a energia elétrica e impostos são mais altos. Sabemos do problema e vamos atrás para resolver", comentou.

"A guerra é política. Nosso sucesso vai passar por mobilização política. Nossa meta é custo-Brasil zero", disse Carlos Loureiro, presidente executivo do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), que estava na plateia do painel e pediu para falar.

REVISÃO DAS PROJEÇÕES

Ontem, os executivos do IABR afirmaram que as projeções do setor para o ano devem ser reduzidas e anunciadas nas próximas semanas. A entidade projetava alta de 2,5% nas vendas internas e de 2,2% na produção de aço bruto em 2022, com expansão de 1,5% no consumo aparente. No ano passado, as siderúrgicas brasileiras produziram 36 milhões de toneladas de aço bruto e 26 milhões de toneladas de produtos laminados, impulsionadas por vendas domésticas e exportações.

ESG

Para o presidente da Gerdau, "o aço é o orégano da pizza de emissão de carbono, com participação de 0,15% nos 50 bilhões de toneladas de emissão de CO2. Tenho dúvida de onde virá o funding para reduzir as emissões", comentou o CEO, no painel do congresso.

Fonte: Monitor do Mercado
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 25/08/2022

 

Usiminas realiza manutenção do alto-forno 3 e equipamento terá parada programada

A Usiminas realizará, nesta quinta-feira (25), uma parada programada no alto-forno 3 para manutenção do equipamento. O comunicado foi divulgado pela empresa à comunidade nesta quarta-feira (24). Esse alto-forno é o maior da planta siderúrgica em Ipatinga, com capacidade para produzir 2,3 milhões de toneladas de ferro gusa por ano.

Conforme o comunicado da Usiminas, foi identificada uma condição atípica no alto-forno 3, que pode gerar ruído perceptível em algumas localidades no entorno à Usina de Ipatinga, especialmente, no período noturno. “Devido à complexidade, o tempo necessário para execução das atividades de manutenção e atenção com segurança para as pessoas, foi planejada uma parada programada para intervenção no equipamento nesta quinta-feira (25)”, explica o texto.

O comunicado também ressalta que o processo, “que não oferece riscos à segurança e à saúde da comunidade, é devidamente monitorado pelas equipes de Segurança do Trabalho, Meio Ambiente, Produção e Manutenção”.

Reforma

Em entrevista à imprensa, no dia 21 de junho deste ano, o novo presidente da Usiminas, Alberto Ono, afirmou que a reforma do alto-forno 3 deve ocorrer no segundo trimestre de 2023. “A expectativa é que a reforma vá gerar um pico de 8 mil pessoas trabalhando na planta, entendemos que terá um impacto positivo, embora seja temporário (durante 110 dias), mas durante esse período terá um número de vagas expressivo disponibilizado para a comunidade”, destacou na entrevista.

Mão de obra

O executivo também esclareceu, no dia, que a Usiminas Mecânica será um importante fornecedor de serviços durante a reforma do alto-forno 3. “Estamos discutindo isso, mas deve ser a principal prestadora de serviço da reforma. Teremos a necessidade de mão de obra qualificada para esse período, estamos trabalhando com parceiros e entidades como o Senai, para formar essa mão de obra, para que seja, à medida do possível, aqui do Vale do Aço. Mas será um grande desafio conseguir essas 8 mil pessoas e esse assunto vem sendo discutido junto com outras áreas na usina de Ipatinga”, salientou.

 
Fonte: Diário do Aço
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 25/08/2022

Vale testa caminhões elétricos no Brasil e Indonésia

A Vale informou nesta quinta-feira (18) que deu início a testes com os primeiros caminhões 100% elétricos para transporte interno em minas do Brasil e da Indonésia, dando mais um passo na busca por redução de emissões de gás carbônico conforme suas metas.

A mineradora comprou dois veículos, com capacidade de transportar até 72 toneladas cada, da fabricante chinesa XCMG Construction Machinery, subsidiária da Xuzhou Construction Machinery Group, e as primeiras operações também apontam redução nos custos em relação aos veículos a diesel.

Na mina indonésia de Sorowako, os testes com o primeiro caminhão no transporte de níquel começaram há duas semanas. Na semana que vem, será a vez do Brasil, com o segundo veículo, que transportará minério de ferro na mina de Água Limpa, em Minas Gerais.

A operação dos veículos pela Vale, que afirma ser pioneira no uso de tais caminhões entre as mineradoras globais, faz parte do programa PowerShift da companhia, que tem o objetivo de substituir combustíveis fósseis por fontes limpas.

As emissões dos caminhões fora de estrada a diesel, veículos enormes que operam nas minas, representam cerca de 9% do total de emissões de escopo 1 e 2 da Vale, em todo o mundo, informou a companhia.

ESG da Vale

A Vale tem adotado várias estratégias para cumprir a meta de zerar suas emissões líquidas diretas e indiretas até 2050, entre elas a eletrificação de equipamentos usados nas operações. Para isto, estima investir entre US$ 4 bilhões e US$ 6 bilhões.

“No caso do caminhão elétrico, é o melhor dos mundos porque zera as emissões de gás carbônico, então atende de imediato ao objetivo”, disse à Reuters o vice-presidente executivo de Soluções Globais de Negócios da Vale, Alexandre Pereira, acrescentando que a intenção da mineradora é fazer novas aquisições, inclusive de outros fornecedores.

As baterias dos veículos terão autonomia para mais de um dia de operação nas minas e serão recarregadas com energia de fontes hidráulica, solar e eólica.

Por um acordo de confidencialidade com a XCMG, a Vale não revela o valor dos caminhões, mas afirma que conseguiu adquiri-los a preços abaixo de veículos equivalentes a combustão. “Só nas duas primeiras semanas de testes na Indonésia, a performance indica que a redução do custo operacional será de quatro vezes o necessário para rodar um caminhão a diesel”, acrescentou Pereira.

Nessa estratégia de eletrificação do transporte, os dois caminhões se somarão às duas locomotivas elétricas que já operam no Brasil, nos pátios de portos dos Estados do Espírito Santo e do Maranhão.

Fonte: Money Report
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 19/08/2022

 

China raciona energia e indústria tenta garantir suprimento às cadeias

A Tesla e a estatal SAIC Motor disseram ao governo de Xangai que podem ter dificuldade em manter a produção se a crise de energia em Sichuan continuar afetando seus fornecedores, segundo pessoas familiarizadas com o assunto. Autoridades de Xangai perguntaram à província do sudoeste se poderia ser priorizado o fornecimento de eletricidade aos fornecedores das montadoras.

As duas empresas informaram às autoridades em Xangai que partes importantes de suas cadeias podem ser afetadas pelos cortes de energia em Sichuan, que está passando por sua pior seca.

Em uma carta às autoridades de Sichuan datada de terça-feira, a Comissão Municipal de Economia e Informatização de Xangai pediu à província que priorize o acesso à energia para 16 fornecedores da Tesla e da SAIC Motor, com sede em Xangai, para proteger a estabilidade da cadeia de suprimentos.

“A Tesla e a SAIC Motor nos informaram recentemente que seus principais fornecedores de autopeças são afetados pelas restrições parciais de energia em Sichuan, o que afetará a montagem de seus veículos”, diz o documento que posteriormente circulou nas mídias sociais chinesas. “Por favor, reduzam o tempo de restrição de energia durante o dia para os fornecedores mencionados acima.”

Entre os fornecedores mencionados na carta está a Chengdu Yinli Automobile Accessory, cujos produtos incluem rodas de alumínio, bagageiros, botas e manoplas de câmbio, para-choques e alças.

A Tesla está em contato com os governos de Xangai e Sichuan para que seus fornecedores tenham amplo fornecimento de energia, disseram as fontes, acrescentando que as montadoras ainda não sofreram atrasos na produção.

Um representante da Tesla na China não quis comentar. Um porta-voz da SAIC, disse via WeChat que a empresa está “em coordenação ativa com o governo local de Sichuan” e trabalhando para reduzir qualquer impacto da crise de energia.

A ideia de que os fornecedores da Tesla e da SAIC possam ser priorizados enquanto a população sofre com o calor intenso provocou uma reação nas mídias sociais chinesas, com pessoas chamando o governo de Xangai e suas entidades de egoístas e arrogantes.

“Muitas fábricas suspenderam a produção em Sichuan recentemente, as empresas de Xangai não são as únicas afetadas. Por que apenas o governo de Xangai está pedindo a Sichuan que garanta a produção de suas fábricas Tesla e SAIC Motor?”, escreveu um residente de Sichuan no Weibo.

“As pessoas estão morrendo por causa da onda de calor aqui. Os condados e cidades ao redor estão sofrendo alternadamente cortes de energia e cortes no fornecimento de água. Como Xangai ousa nos pedir para economizar energia para eles", postou outro usuário do Weibo de Sichuan.

“A vida das pessoas em Sichuan parece menos importante do que a Tesla”, dizia outro post.

Sichuan é uma das províncias mais populosas da China e é altamente dependente de energia hidrelétrica, tornando-a particularmente vulnerável à onda de calor e seca que eleva a demanda de ar-condicionado e secando os reservatórios das hidrelétricas.

A Toyota Motor e a chinesa Contemporary Amperex Technology Co (CATL), maior fabricante de baterias do mundo, suspenderam a produção em Sichuan, com a montadora japonesa fechando uma fábrica na capital Chengdu e a CATL interrompendo a atividade em sua principal base de baterias de lítio em Yibin. Ambas as paralisações devem durar até 20 de agosto.

A fábrica de iPads da Foxconn em Chengdu também suspendeu as operações de 15 a 20 de agosto, segundo relatos da mídia chinesa. A vizinha Chongqing, lar de muitos fabricantes de automóveis, também ordenou que as fábricas, suspendam as operações até 24 de agosto para economizar energia.

Há preocupações de que, se o calor persistir, a escassez de energia poderá afetar as potências econômicas da China no leste, como as províncias de Zhejiang e Jiangsu, que dependem em parte da compra de eletricidade de Sichuan.

Fonte: Valor
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 19/08/2022